Setor das TIC polui duas vezes mais do que a aviação. 5G vai ajudar a reduzir emissões
A indústria das tecnologias de informação e comunicação consome hoje mais energia do que nunca. As emissões de CO2 do setor conseguem ser maiores do que os da aviação.
A culpa é da pandemia de Covid-19. Com o teletrabalho e a escola online, as reuniões intermináveis via plataformas digitais e as séries em streaming horas a fio, em 2020 e 2021 disparou a procura global por comunicações digitais, o que está a ter vários impactos ambientais devido ao crescente consumo de energia.
Nunca antes as tecnologias de informação e comunicação consumiram tanta eletricidade. Como resultado, o setor das TIC está agora debaixo de olho pelo seu elevado impacto ambiental.
De acordo com o estudo da Boston Consulting Group (BCG), intitulado “Putting Sustainability at the Top of the Telco Agenda”, o setor das TIC é agora responsável por 3 a 4% das emissões globais de CO2. Ou seja, o dobro do nível do setor da aviação.
Mais: diz o estudo desenvolvido pela consultora BCG que com a previsão de um crescimento de 60% da utilização de dados móveis a nível global em 2021, a indústria poderá mesmo vir a ser responsável por um recorde de 14% das emissões mundiais de CO2 até 2040. Destas, a esmagadora maioria (90%) das emissões provém de atividades da cadeia de distribuição, tais como o consumo de energia dos seus fornecedores.
Prevê-se ainda que o uso de data centers consumirá 8% da eletricidade global até 2030. Para mitigar este cenário, conclui o estudo, são necessários mais investimentos em eficiência energética e energias renováveis. De acordo com a análise do BCG, a evolução para o 5G irá reduzir o consumo de energia das redes móveis em 70% por gigabyte.
“A sustentabilidade é, cada vez mais, um fator de escolha ou exclusão por parte dos consumidores e, com a crescente consciência sobre o impacto das telecomunicações no ambiente, este setor enfrentará uma grande pressão nos próximos anos. Assim, as empresas que liderarem as políticas de sustentabilidade não só conseguirão beneficiar de condições mais competitivas, como fidelizar mais consumidores”, afirma José Ferreira, managing director e partner da BCG.
O estudo indica ainda que existem sinais de um aumento de preocupação por parte da indústria em diminuir a sua pegada carbónica, tanto direta como indiretamente. A maioria das grandes empresas de telecomunicações comprometeram-se já a reduzir a energia necessária por unidade de tráfego em cerca de 70% até ao final desta década.
A consultora estima que esta tomada de ação da indústria das TIC poderá eliminar até 15% de todas as emissões globais até 2030, mais de um terço do total das reduções de emissões necessárias para cumprir os objetivos de sustentabilidade global. No total, poderiam ser poupados 12,1 gigatoneladas de CO2, o que equivaleria a mais de 5 biliões de euros, diz o BCG em comunicado.
Para se tornar “verde”, continua o estudo, uma empresa de telecomunicações deve “alinhar os seus objetivos com os de uma economia com baixas emissões de carbono e implementar uma estratégia sustentável. Para isso, é necessário que as TIC olhem para a sustentabilidade como uma oportunidade para gerarem valor, captarem investimento, e como uma ferramenta para gerar poupanças de custos e/ou novas receitas, através da eficiência energética, dos possíveis preços a praticar e da fidelização dos clientes” remata a consultora.
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