BCP: Outro aumento de capital? “Claro que não”

  • ECO
  • 11 Fevereiro 2017

Agora que está concluído o aumento de capital do BCP, Nuno Amado olha para a frente e exclui a possibilidade de ser necessário outro reforço. Sobre o Novo Banco, diz que o BCP está fora da corrida.

Nuno Amado está preparado para começar um novo capítulo. Isto depois de ter realizado um aumento de capital para reforçar os rácios do BCP e libertar-se do Estado — uma linha de ajuda que o presidente do banco português diz que podia ter sido mais bem aproveitada. Não considera que tenham sido anos perdidos, mas anos de ajuste, durante os quais nem todos os bancos fizeram o que era suposto. “Não se pode pode por toda a gente no mesmo barco”, defende Nuno Amado, que apesar de ter colocado o banco no caminho dos lucros, reconhece que ainda há problemas por resolver, como o malparado. Mas será necessário outro aumento de capital? “Claro que não”, diz.

Numa entrevista ao Expresso (acesso pago), Nuno Amado diz que o pior já passou. “Hoje, o sistema financeiro, após o reforço de capitais que o BCP e aquele que presumivelmente a Caixa vai fazer, ficará em condições bastante mais adequadas e com um nível de solidez não comparável com o ano passado”, refere. Apesar de problemas, com o crédito malparado, continuarem a pesar na banca, o presidente do banco português acredita que “estamos no caminho certo, a caminho da rentabilidade”.

E isto com a ajuda do Estado, uma dívida que já foi saldada. No entanto, Nuno Amado diz ao jornal que não entende porque é que os 12 mil milhões de euros não foram utilizados na íntegra e que esta linha de ajuda podia ter sido mais bem aproveitada. Para o presidente do BCP, foram anos de ajuste — e não perdidos — onde nem todos os bancos fizeram a sua parte. Dá o exemplo do BES e do Banif, dois bancos que acabaram por desaparecer.

Outro aumento de capital? “Claro que não”

O BCP concluiu com sucesso o aumento de capital. Foi “totalmente subscrito”, sem recurso à tomada firme por parte dos bancos colocadores, tendo em conta que a “procura total registada no presente aumento de capital representou cerca de 122,9% do montante da oferta” realizada pelo banco liderado por Nuno Amado. Mas será preciso fazer outro aumento de capital? “Claro que não”, diz Nuno Amado ao Expresso. “Fizemos este aumento de capital porque precisávamos de pagar os CoCos que nos custavam 10% ao ano. Já pagámos a última tranche de 700 milhões esta quinta-feira.”

Sobre a emissão de dívida que conta para o capital, Nuno Amado diz que não está previsto no plano base. “Não precisamos”, diz. O presidente do BCP prefere ver primeiro o que é que a Caixa vai fazer. “Em 2018 logo veremos. Não queremos ser os primeiros, e como a Caixa vai ter de o fazer, deixemos a Caixa avançar e saber onde vai colocar essa dívida obrigacionista”, refere.

CGD obrigou BCP a reforçar imparidades

Questionado se a situação da Caixa e o registo de imparidades que foi anunciado de 2,7 mil milhões de euros também tiveram efeito na adequação das imparidades contabilizadas no BCP, Nuno Amado responde claramente: “Sim, houve um efeito colateral”. E acrescenta: “Tivemos de reforçar as imparidades e fizemos bem”. O BCP baixou em 2015 o nível das imparidades e em 2016 voltou a aumentar. Isto porque o banco teve de contabilizar um nível de imparidades grande para um conjunto de ativos, “facto que não se vai repetir em 2017”, nota.

Nuno Amado considera que a injeção feita pelo Estado na Caixa é concorrência desleal. O presidente do Banco Comercial Português questiona: “Gostariam que a RTP tivesse um conjunto de subsídios muito significativos e que concorresse com a SIC?”.

“Venda-se o Novo Banco”

Nuno Amado diz que houve um concorrente que andou a atuar de uma forma menos adequada e agora o sistema português vai pagar o que se passou. O presidente do BCP refere-se ao BES. “Não é só irónico, é profundamente injusto”, defende. E acrescenta que o efeito do BES no Fundo de Resolução “já ultrapassou há muito o limite de responsabilidades e risco que está determinado no Fundo de Resolução Europeu. Os fundos têm limites de risco por situação”.

Mas o BCP ainda está na corrida ao Novo Banco? Nuno Amado deixa claro que não. “Existem dois concorrentes que estão a fazer o seu caminho para comprar o banco.” Caso estas negociações falhem, o presidente do BCP diz que se o dossiê “fora reaberto veremos na altura, mas neste momento o BCP não está nessa”. No entanto, continua a acreditar que a venda é o melhor caminho. “A minha recomendação para o Novo Banco é: venda quem o pode vender”.

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