Administradores de insolvência dizem que Groundforce é viável e defendem recuperação

Relatório de Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell propõe que a assembleia de credores delibere "a manutenção da atividade da empresa", com a consequente suspensão da liquidação.

Os administradores de insolvência da Groundforce, Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell, consideram que a companhia de handling é viável e defendem a apresentação de um plano de recuperação. Vão, por isso, propor à assembleia de credores, que se realiza no dia 22 de setembro, “a manutenção da atividade do estabelecimento, com a consequente suspensão da liquidação e da partilha da massa Insolvente”.

A informação consta do relatório já enviado aos credores e a que o ECO teve acesso. Para os administradores de insolvência, a “posição que melhor acautelará o interesse dos credores” passa, no imediato, “por se deliberar no sentido da manutenção do estabelecimento em atividade, com a consequente suspensão da liquidação e partilha do ativo, e a concessão e prazo para que se possa ver apresentado um plano de recuperação”.

Segundo o relatório, a SPdH (designação societária da Groundforce) tinha no final de 2020 capitais próprios negativos superiores a 17 milhões de euros, pelo que o saneamento da empresa “apenas será passível de ocorrer por via da aprovação de um plano de insolvência”, que permita redimensionar ou reescalonar o reembolso dos passivos existentes.

As contas da companhia eram positivas antes da pandemia, com lucros de 6 milhões em 2018 e 2019, e um EBITDA positivo na ordem dos 9 milhões de euros, mas agravaram-se de forma irreversível com a covid-19. O ano de 2020 fechou com um prejuízo de 24 milhões de euros.

"É crível que o EBITDA mensal até final do exercício e, caso inexistam fatores exógenos adversos, possa manter-se positivo, possibilitando que se possa encarar a recuperação da empresa com tranquilidade.”

Relatório dos administradores de insolvência

Este ano, a Groundforce regista já alguma recuperação até agosto, “com perspetiva positiva até final do ano”, indica o relatório. O volume de negócios cresce 3%, os custos desceram 2%, mas o EBITDA continua a ser negativo em 10,1 milhões. No entanto, olhando apenas para o mês de agosto aquele indicador foi já positivo em 700 mil euros. Os administradores de insolvência consideram que “é crível que o EBITDA mensal até final do exercício e, caso inexistam fatores exógenos adversos, possa manter-se positivo, possibilitando que se possa encarar a recuperação da empresa com tranquilidade”.

Na defesa da viabilização, Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell notam que “o valor de liquidação sempre será escasso para afrontar a dimensão dos passivos da insolvente“, que cresceriam “de forma exponencial” com as indemnizações por despedimento que teriam de ser pagas aos cerca de 2.400 trabalhadores.

Primazia a um plano de insolvência

Pelo contrário, consideram que com “um controlo apertado da estrutura de custos (…) a empresa terá todas as condições para se manter no mercado e gerar riqueza que lhe permita afrontar o pagamento aos seus credores em condições francamente mais favoráveis das que decorreriam de uma liquidação do respetivo ativo”. Daí que considerem que “deve ser dada primazia à apresentação de um plano de insolvência“.

Acrescentam ainda que “por força da especificidade do negócio desenvolvido pela insolvente, o encerramento sempre redundaria em dificuldades sérias na gestão aeroportuária, com consequências nefastas que não se circunscrevem no perímetro dos diretamente envolvidos no presente processo e que poderiam prejudicar, em última instância, a imagem externa do País“.

Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell assinalam que “a postura construtiva, cooperante e compreensiva que vem caracterizando as interações com os credores e dos diversos representantes dos trabalhadores da empresa reforça a confiança” de que será possível viabilizar um plano de recuperação.

O plano de recuperação pode ser apresentado pelos credores, pela própria Groundforce ou pelos administradores de insolvência, o que não tinha acontecido até à entrega do relatório. Pedem por isso a fixação de um prazo que permita a negociação com os vários credores de uma solução que mereça a aprovação de uma larga maioria. Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell mostram-se disponíveis para encabeçar a apresentação do plano de recuperação. Pedem 120 dias e uma remuneração de 25 mil euros para o fazer.

A Groundforce foi declarada insolvente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa a 4 de agosto. Excluindo a companhia aérea, que foi quem pediu a insolvência, a empresa de handling devia, em 30 de junho, 13,5 milhões de euros a cinco credores: ANA (12,8 milhões de euros), Prosegur (177 mil euros), Iberlim (140 mil euros), UCS (125 mil euros), Climex (126 mil euros), MEO (52 mil euros) e Eurest (49 mil euros).

A companhia aérea é a segunda maior credora individual: 5,65 milhões de euros, a título de capital, e créditos não vencidos no valor de 1,1 milhões de euros. Os trabalhadores associados do SITAVA reclamam 47 milhões.

(Notícia atualizada às 20h30)

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