Maior risco para os clientes faz bancos voltarem a liderar vendas de seguros Vida
O que voltou a entusiasmar seguradoras e bancos foi o lançamento de produtos com menores exigências de capital e que passam maior risco para os segurados.
Refletindo a pujança evidenciada este ano no ramo Vida, os bancos aproveitaram a disponibilidade dos clientes para apostarem na possibilidade de obterem algum rendimento e voltaram a ultrapassar o peso dos canais concorrentes na atividade de distribuição de seguros.
Segundo fontes do mercado, a diferença está no lançamento e relançamento de produtos Vida ligados a fundos (unitlinked) e está ligado a menores exigências de capitais por parte dos seguradores. No tipo de produtos Vida unit linked que, agora, as seguradoras estimulam, o risco de capital apenas existe para elas nos finais dos contratos. Ou seja, se existir um resgate antecipado durante o período de vigência de produto, o valor a devolver aos segurados será calculado tendo em conta o valor do ativo que lhe está subjacente. O capital só será garantido no final da vigência do contrato.
Esta é uma mudança em relação aos contratos tradicionais que, se já não garantiam rendimento, pelo menos garantiam capital ao longo de toda a sua vigência, mesmo em caso de resgate antecipado. Agora só garantem no fim. “Espero que os bancos estejam a informar bem os clientes sobre estas novas regras”, comentou um segurador.
Assim, o canal bancário representou 51% do total de seguros colocados no mercado até agosto de 2021, deixando aos outros canais da intermediação os restantes 49% da produção total (Vida e Não Vida). Assumindo liderança por margem mínima (1 p.p.), o canal bancário representava 41% no acumulado até agosto do ano passado, contra 59% da mediação (restantes canais), indicam números da Associação Portuguesa de Seguradores (APS).
A alteração no panorama da distribuição reflete disparo na produção/vendas de seguros de Vida. Com este ramo a representar 55% da estrutura total da produção este ano, acima dos 42% até agosto de 2020, mas menos do que os 58% de peso relativo em igual período de 2019, os bancos foram canal privilegiado para intermediar o incremento de 76% na produção emitida (seguro direto) do ramo Vida, distribuindo 80% do total Vida comercializado nos primeiros oito meses de 2021, um pouco menos face aos 83% em igual mês de 2019.
Já em Não Vida, a repartição por canal ficou inalterada face a 2020, cabendo 16% aos bancos e 84% aos restantes (mediação e corretagem). Os bancos, com 55% do total dos seguros distribuídos em agosto de 2019, já representava 16% da distribuição Não Vida.
Os números do organismo associativo mostram que o peso relativo dos bancos na atividade de distribuição de produtos de Não Vida se mantém inalterado há, pelo menos, 3 anos.
Em 2020, a perda da liderança do canal bancário pode ser explicada por quebra de 45% (em termos reais) na produção emitida de seguro direto do ramo Vida face ao acumulado em 2019.
Nos primeiros oito meses de 2021, a produção do setor Vida cresceu perto de 75%, um movimento provocado por variação de 113% na produção de produtos de capitalização, entre os quais se conta a aplicação de aforro em unidades de conta (unit linked).
Beneficiando do impulso no negócio Vida, as maiores seguradoras reforçaram negócios e quota respetiva. Além dos ganhos evidenciados Fidelidade e Ageas, grupos líderes do ramo, o efeito da subida do ramo Vida levou a alterações significativas na ordenação das maiores seguradoras até julho.
De acordo com o ranking ECO Seguros (até julho), a BPI Vida & Pensões (grupo VidaCaixa), que se tornou 4ª maior do país, era 8ª há um ano, duplicando as vendas em sete meses para perto de 500 milhões de euros. A GamaLife, em primeiro ano de pleno funcionamento também duplicou vendas e é agora a 8ª maior do país vinda de 10ª. Por seu lado, a Real Vida saltou do 18º para o 13º lugar, aumentando as vendas 90% no mesmo período.
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