Amazon vai iniciar venda de seguros às PME britânicas. Especialistas afastam “pânico”

  • ECO Seguros
  • 29 Setembro 2021

A Amazon.com Inc está prestes a iniciar a venda de seguros às PME no Reino Unido. Especialistas admitem que pode ter efeito disruptivo, mas apontam-lhe uma fraqueza: falta do fator aconselhamento.

Trata-se da estreia da plataforma líder global de logística (consumo e distribuição) no negócio de seguros de linhas empresariais no mercado britânico, avançou a agência Reuters com base em informação da Superscript. Através desta corretora, os clientes locais dos serviços Business Prime da Amazon.com poderão adquirir apólices, entre outras, seguros dos pacotes postais, cibernéticos e coberturas profissionais, em que o risco será subscrito por “grandes seguradoras do Reino Unido”.

O lançamento da oferta será impulsionado com desconto de 20% sobre as tarifas atuais, para acelerar atração de clientes num mercado onde a Amazon já opera em coberturas pós-venda e garantias de vendas a crédito.

A indústria (de seguros) precisa de colmatar a distância que+ a separa dos clientes, proporcionando um processo de compra rápido e suave, centrado no cliente”, afirmou Cameron Shearer, cofundador e CEO da Superscript.

“À medida que as empresas saem da pandemia e retomam gradualmente a normalidade, queremos que os clientes tenham as melhores ferramentas para gerir os seus negócios“, disse Molly Dobson, Country Manager da Amazon Business UK & Ireland.

Segundo estudo global divulgado pela Capgemini, mais de 50% dos consumidores estão prontos para comprar seguros a operadores não tradicionais, como grandes empresas de tecnologia ou insurtechs. A chegada da plataforma fundada por Jeff Besos ao mercado britânico de seguros para PME acontece depois de, em março, a Next Insurance ter anunciado implementação de oferta semelhante através da Amazon Business Prime nos EUA.

Disruptivo, o caso não é para pânico

A parceria da Amazon Business com a insurtech Superscript reúne elementos que supõem antever impacto e alguma disrupção do mercado, em particular a nível do share e porque o produto se adequa a algumas características da procura. No entanto, especialistas afirmam que não é caso para pânico, e explicam porquê. A componente do aconselhamento, apanágio dos incumbentes e dos canais de distribuição tradicional (mediadores e corretores), não é atributo de que as big tech, enquanto fornecedores de soluções digitais automatizadas se podem valer junto das PME e dos empresários individuais.

Esta opinião é partilhada, entre outros, por Lea Cheesbrough, diretora geral da Movo Partnership que, concordando com a ideia de que a entrada da Amazon no mercado pode ter algo de disruptivo, afirma que os clientes continuam a precisar de serviço. “O aconselhamento é mais importante nesta altura,” considerou em declarações citadas pelo Insurance Post, explicando que “a pandemia recolocou o foco das pessoas sobre as coberturas” (do seguro).

Recorrendo às palavras passe que utilizam no acesso ao serviço UK Business Prime da Amazon, os membros da plataforma poderão receber proposta e comprar o seguro em apenas 10 minutos, detalhou a Superscript. A apólice é emitida com validade de um mês e passa a ser gerida totalmente online, podendo ser alterada a qualquer momento, bastando para isso aceder ao portal do cliente.

Simon Mabb, responsável do Romero Group, admitiu que, tratando-se de uma marca boa e com credibilidade, isso garante oportunidades, sobretudo porque o modelo oferece alguma flexibilidade ao comprador, condescendeu também Chris Sandilands, associado de Oxbow Partners. Mas, segundo Mabb, qualquer atividade “que não ofereça aconselhamento tem riscos”. Por isso, a mediação tradicional mantém essa vantagem competitiva.

Quanto à força das big tech no mercado, assume-se que não existem muitos operadores tradicionais a oferecer seguros numa base mensal. Acresce que, os concorrentes digitais apresentam-se com a sua capacidade de completarem o puzzle juntando as melhores peças da cadeia de valor, observou Sandilands.

 

 

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