Trabalhadores da Saint-Gobain pedem ao Governo soluções para despedimento coletivo
"O Governo ficou de ver alternativas de emprego credíveis e viáveis para estes trabalhadores, mas não assumiu nenhum compromisso", segundo o sindicato.
Os trabalhadores da Saint-Gobain em Santa Iria da Azoia, Loures, pediram esta segunda-feira ao Governo que trave o despedimento coletivo dos 130 funcionários da fábrica e ficaram desiludidos com a falta de compromissos nesse sentido.
“Compreenderam os motivos dos trabalhadores, mas isso não basta, precisamos de soluções. O Governo ficou de ver alternativas de emprego credíveis e viáveis para estes trabalhadores, mas não assumiu nenhum compromisso”, disse à agência Lusa Fátima Messias, coordenadora da Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (FEVICCOM).
Os representantes dos trabalhadores da Saint-Gobain reuniram-se esta segunda-feira, no Ministério do Trabalho, com os secretários de Estado do Emprego e Adjunto do ministro da Economia para debater esta situação.
“Tentámos que o Governo tomasse medidas antes de a empresa formalizar o despedimento coletivo, mas não nos parece que isso vá acontecer”, disse Fátima Messias após a reunião.
Enquanto decorreu o encontro no Ministério do Trabalho, os trabalhadores da Saint-Gobain estiveram concentrados junto ao edifício para protestar mais uma vez contra o encerramento da fábrica e o despedimento coletivo.
Durante a tarde reuniram-se em plenário, nas instalações da fábrica, para analisar o resultado das diligências feitas e definir a posição para a reunião de terça-feira com a empresa.
Depois de concentrações junto aos ministérios do Trabalho e da Economia, estes trabalhadores manifestaram-se no sábado junto à residência oficial do primeiro-ministro, António Costa, para pedir a sua intervenção.
“Temos vindo a pedir a intervenção do Governo junto desta multinacional, para que impeça o encerramento da fábrica e defenda os interesses do país e o aparelho produtivo nacional, dado que é a única fábrica do país que produz vidro para automóveis“, disse, a propósito, Fátima Messias.
O processo negocial no âmbito do despedimento coletivo na Saint-Gobain Sekurit Portugal deverá ser encerrado na terça-feira.
Segundo a dirigente da FEVICCOM, “com ou sem acordo, a empresa vai consumar a sua decisão e dar por terminada a negociação”.
Assim, a empresa deverá enviar de seguida as cartas de aviso prévio de despedimento aos trabalhadores, que, tendo em conta os prazos legais em função da antiguidade, deverão perder o vínculo laboral em novembro e dezembro.
Na última reunião para debater o despedimento coletivo na Saint-Gobain, na sexta-feira, a empresa apresentou propostas de recolocação para cerca de uma centena de trabalhadores e aumentou o valor das suas indemnizações, mas reiterou a irreversibilidade da decisão de encerramento da atividade produtiva em Santa Iria.
Os trabalhadores consideraram que a empresa apenas “apresentou perspetivas e não soluções”.
Segundo a empresa, os problemas da Saint-Gobain Sekurit Portugal têm mais de uma década, mas “a pandemia da covid-19 agravou uma situação já de si frágil, aumentando substancialmente a retração do mercado automóvel (a empresa transforma vidro para os automóveis, sendo essa a sua única atividade), sem possibilidades de recuperação a curto, médio e longo prazo”.
Em Portugal, o Grupo Saint-Gobain emprega cerca de 800 trabalhadores distribuídos por 11 empresas e oito fábricas e totaliza um volume de faturação correspondente a 180 milhões de euros.
A decisão de encerramento da atividade produtiva da empresa e o consequente despedimento coletivo dos 130 trabalhadores foi anunciada no dia 24 de agosto e desde então os trabalhadores têm-se concentrado diariamente junto à fábrica.
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