Fecho da fábrica da Saint-Gobain em Loures é “irreversível”

Fabricante de vidro para automóveis indicou aos representantes dos trabalhadores e do Estado que continuidade da unidade industrial “não está em cima da mesa das negociações”.

A Saint-Gobain Sekurit Portugal (SGSP) garante que é “irreversível” a decisão de encerramento da unidade industrial em Santa Iria de Azoia, no município de Loures.

A garantia de que a continuidade da atividade fabril “não está em cima da mesa das negociações” foi deixada pelos gestores que representam a empresa no processo relativo ao despedimento coletivo de 130 trabalhadores.

Numa reunião em que participaram representantes dos trabalhadores e um da Direção-Geral do Emprego e Relações de Trabalho (DGERT), para este fecho, a administração apontou como “razões objetivas” os 8,5 milhões de euros de prejuízos acumulados entre 2018 e 2020 – e que até agosto deste ano já ascendiam a 1,8 milhões –, além da “impossibilidade de reversão dos problemas estruturais” da empresa, a que se somou a atual crise no setor automóvel.

Os problemas da SGSP têm mais de uma década, tendo a empresa sido alvo de várias restruturações na tentativa de minimizar os gastos de estrutura e operacionais. Até agora, tinha sido possível manter a empresa em laboração com a compreensão e o envolvimento dos trabalhadores, e por via da constante capitalização da empresa por parte dos sócios”, resume a empresa.

No entanto, prossegue numa nota distribuída esta manhã, a pandemia de Covid-19 “agravou uma situação já de si frágil, aumentando substancialmente a retração do mercado automóvel, sem possibilidades de recuperação a curto, médio e longo prazo”. A única atividade desta empresa do grupo Saint-Gobain era a transformação de vidro para os automóveis.

Plano para indemnizar e… investir

Na reunião desta terça-feira, a multinacional indicou que, além da indemnização 50% acima do valor legal para os 130 trabalhadores abrangidos, que já tinha sido proposta na primeira ronda negocial, realizada a 31 de agosto, já contratou uma empresa especializada em recolocações para “apoiar os trabalhadores a encontrarem um novo emprego no mercado de trabalho, bem como a conseguir colocar alguns noutras empresas Saint-Gobain em Portugal”.

A partir dos contactos já realizados, foi ainda dada a indicação de que cerca de 20 podem encontrar colocação noutras empresas da zona de Santa Iria de Azoia e que outros seis podem passar para um armazém que vai ser instalado em Palmela. “Esta questão das recolocações é uma das razões por que a empresa pretende avançar rapidamente com o processo negocial, pois as oportunidades de recolocação são sempre muito efémeras e se o processo se alongar podem perder-se”, avisa.

Em Portugal, o Grupo Saint-Gobain emprega cerca de 800 pessoas, distribuídos por 11 empresas e oito fábricas, com um volume total de faturação a rondar os 180 milhões de euros. Após renovar o parque industrial e o forno para transformação de vidro da unidade de produção da Covipor, em Santo Tirso, está a construir na Maia uma nova fábrica de 9 mil metros quadrados para a Saint-Gobain Abrasivos.

Da lista de projetos em curso ou recentemente concluídos, que representam um investimento superior a sete milhões de euros, fazem ainda parte o aumento da capacidade de produção da linha de pastas da unidade da Saint-Gobain Portugal SA, em Aveiro, e a expansão do armazém de picking da unidade desta empresa no Carregado.

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