Pedro Nuno Santos quebra silêncio sobre a CP. “Se dependesse de mim, estava resolvido”
Pedro Nuno Santos lamenta que a CP tenha perdido “o melhor presidente de sempre” e deixa críticas implícitas ao ministro das Finanças, João Leão. "Há um momento em que nós próprios nos fartámos".
Pedro Nuno Santos acaba de perder o que considera ser “o melhor presidente que a CP já teve na sua história“, que pediu a demissão antes do fim do mandato, e cansou-se: “Conheço as razões do eng. Nuno Freitas há muito tempo“, “é compreensível o desalento” do gestor e “se dependesse de mim, estava resolvido“. Os desabafos do ministro têm um alvo direto, o ministro das Finanças, João Leão, que tem a tutela conjunta da CP com o Ministério das Infra-estruturas. “Há um momento em que nós próprios nos fartámos”, atira o ministro.
Nuno Freitas comunicou a saída antecipada da CP ao fim de dois anos e três meses de gestão, com o argumento de que já tinha o seu dever cumprido. Mas para Pedro Nuno Santos, há outras razões. “É muito difícil gerir uma empresa pública com as regras que temos e é muito difícil pedirmos a um gestor que fique mais tempo” quando “não consegue ter um plano de atividade e orçamento aprovado“, quando “tem uma dívida histórica acumulada gigantesca e que não pode ser saneada, retirando capacidade e autonomia de gestão à empresa“, quando “demora meses para ter autorização para comprar umas rodas“.
Pedro Nuno Santos nunca pronuncia o nome do ministro das Finanças nestas declarações aos jornalistas, precisamente numa iniciativa sobre a ferrovia da Beira Alta, mas as referências são óbvias, porque é João Leão que tem a tutela conjunta da empresa ferroviária. “Se dependesse de mim, estava resolvido. Tínhamos um plano de atividades em tempo, a empresa não esperava meses para ter autorização para fazer compras” essenciais à sua atividade, atirou o ministro.
Questionado sobre as suas próprias responsabilidades políticas na avaliação que faz da CP, o ministro das Infraestruturas foi mais longe. Assumindo que partilha “a frustração” do gestor agora demissionário, Pedro Nuno Santos garante: “A minha luta vai continuar. Trabalho todos os dias para garantir que a CP é uma empresa a sério e não um departamento da Função Pública“.
Pedro Nuno Santos falava aos jornalistas após a cerimónia de consignação das empreitadas de modernização da ligação entre Sines e a Linha do Sul, no valor de 28 milhões de euros, e da Linha da Beira Alta, no valor de 68 milhões de euros, que decorreu nas instalações da Infraestruturas de Portugal, em Almada, no distrito de Setúbal.
Nuno Freitas vai deixar a liderança da CP a 1 de outubro. O presidente da empresa ferroviária, que assumiu o cargo há pouco mais de dois anos, pediu ao Governo para sair mais cedo da empresa por achar que já cumpriu os objetivos a que se propôs, de acordo com o Público (acesso condicionado).
Num comunicado aos trabalhadores, Nuno Freitas explicou que o seu “compromisso nesta missão contemplava apenas um mandato e, concluído o trabalho a que me propus, solicitei a antecipação do fim desse mandato em três meses”. Entre as metas já concluídas estão estabilização da operação da CP, a recuperação de material circulante, a abertura das oficinas de Guifões, a fusão da EMEF com a CP e o contrato de serviço público com o Estado.
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