Continental de Vila Real reduz semana de trabalho para 4 dias por falta de semicondutores
Além da escassez de semicondutores, há também dificuldades no transporte dos materiais provenientes do continente asiático, onde se localizam muitas das fábricas.
A unidade industrial de Vila Real da Continental reduziu a semana de trabalho para quatro dias, uma medida que é temporária e está a ser provocada pela falta de semicondutores, disse fonte da empresa.
A medida foi explicada esta terça-feira pelo diretor-geral da Continental Advanced Antenna, Miguel Pinto, que afirmou que a alteração da jornada de trabalho, com paragem à sexta-feira e cedendo aos colaboradores um dia de férias, “é transitória”, foi uma solução “ajustada às exigências do momento” e que acredita “no célere regresso à normalidade”.
A unidade de Vila Real da Continental é uma das principais especialistas e fabricantes mundiais de antenas para veículos e a quase totalidade da sua produção é exportada.
Com mais de 500 funcionários, esta é uma das maiores empregadoras privadas do distrito de Vila Real.
O responsável disse que as interrupções causadas pela crise imposta pela Covid-19 provocaram uma “extrema volatilidade em toda a indústria automóvel”.
Explicou que, durante a pandemia, verificou-se o aumento da procura de equipamentos pessoais (‘laptops’, ‘ipads’, ‘smartphones’) para os quais são necessários ‘chips’ e semicondutores, pelo que a aceleração da digitalização da economia, associada à maior recuperação do que inicialmente seria esperado na indústria automóvel, levou a que se registasse uma escassez destes componentes a uma escala mundial.
Há também dificuldades no transporte dos materiais provenientes do continente asiático, onde se localizam muitas das fábricas.
Em consequência, algumas fábricas estão a construir menos carros porque não têm componentes, o que afeta toda a cadeia de fornecimento, nomeadamente a Continental Advanced Antenna.
Também a Autoeuropa, em Palmela, volta a parar a produção a partir de segunda-feira e até 4 de outubro devido à “continuidade de escassez de componentes”, segundo uma nota da empresa de Palmela aos trabalhadores.
Miguel Pinto referiu que a empresa de Vila Real “tem consciência que se trata de uma situação impactante para o setor, mas de cariz transitória”, por isso, mantém “o foco na identificação de soluções ajustadas às exigências do momento”.
“Achamos que a melhor solução para salvaguardar os nossos colaborares era cada um de nós trabalhar só quatro dias por semana, cedendo um dia de férias. É o que estamos a fazer durante setembro e poderá haver necessidade de fazê-lo durante mais algum tempo. A nossa expectativa é que seja o mais breve possível, mas é uma forma de salvaguardar todos os colaboradores, todos os nossos colegas e, ao mesmo tempo, poder fazer face a esta situação que é transitória”, salientou o diretor-geral.
O responsável reforçou a “responsabilidade social que sempre pautou as decisões da empresa” e que esta “medida foi considerada como sendo a mais adequada e justa para todos os colaboradores”.
“Estamos constantemente na procura da melhoria contínua, utilizando sempre que possível materiais alternativos e fornecedores diferentes de forma a garantir a produção”, afirmou.
Acrescentou ainda que as “equipas de compras e engenharia continuam a explorar alternativas para reduzir os impactos causados por esta crise global de falta de componentes eletrónicos”.
Miguel Pinto referiu que “já se notam algumas tendências de melhoria” e considerou que “este é um problema global que irá ser resolvido”, lembrando que a procura pela compra de automóveis se manteve.
Fundado em 1871, o grupo Continental oferece soluções para veículos, máquinas, tráfego e transporte e, em 2020, gerou vendas de 37,7 mil milhões de euros e emprega atualmente cerca de 193 mil pessoas em 58 países e mercados.
O grupo celebra este ano os seus 150 anos.
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