António Costa diz que seria um erro histórico não ratificar o acordo UE-Mercosul
“Seria um erro histórico não avançar com a ratificação de um acordo [UE-Marcosul] que tem o potencial para criar um mercado de quase 800 milhões de pessoas", defendeu António Costa.
O primeiro-ministro, António Costa, considerou esta sexta-feira que seria um erro histórico não avançar com a ratificação do Acordo UE-Mercosul, “o maior acordo económico e comercial à escala global”.
“Seria um erro histórico não avançar com a ratificação de um acordo [UE-Marcosul] que tem o potencial para criar um mercado de quase 800 milhões de pessoas, em particular quando conjugado com a modernização dos acordos com o México e o Chile”, afirmou o governante no encerramento do Fórum La Toja, na Galiza, em Espanha.
A sua implementação daria um sinal de que a União Europeia permanece aberta ao mundo, após os importantes acordos celebrados com o Canadá e o Japão, bem como as negociações com a Índia, entendeu.
Tendo o homologo espanhol, Pedro Sánchez, na primeira fila, Costa ressalvou que o Mercosul é decisivo tanto para exportadores como investidores da União Europeia.
“É um espaço de 260 milhões de consumidores e mercado para mais de 60 mil empresas da União Europeia. Antes do início da pandemia, as exportações da União Europeia para o Mercosul representavam mais de 40 mil milhões de euros em bens e mais de 20 mil milhões em serviços. A União Europeia é também o maior investidor externo no Mercosul, com um stock de perto de 400 mil milhões de euros”, adiantou.
Portugal e Espanha dão acesso ao mercado de 500 milhões de consumidores da União Europeia e têm sido, no interior desta, as vozes mais ativas na defesa do Acordo UE-Mercosul, frisou.
Além disso, o primeiro-ministro falou ainda na necessidade de uma Europa “forte e aberta ao mundo”. Acrescentando que a União Europeia não se deve fechar sobre si própria ou tornar-se prescindível enquanto parceiro ou aliado.
Deve, isso sim, ser uma União Europeia confiante, afirmou António Costa, dando como exemplo a resposta dada à pandemia de Covid-19. “Quanto mais forte e coesa for a União Europeia, mais relevante será também para os Estados Unidos e para outros parceiros. A União Europeia não tem de ser forte para sobreviver sozinha, mas para ser um ator global, no mundo multipolar”, salientou.
Costa avançou ainda que ao nível da defesa, a União Europeia deve reforçar as suas capacidades, mas não numa lógica de isolamento ou de duplicação de meios em relação à NATO. A NATO tem de retirar lições dos acontecimentos no Afeganistão e definir o seu novo Conceito Estratégico, que deverá ser aprovado na Cimeira de Madrid, no próximo ano, advertiu.
O Fórum La Toja, que começou na quarta-feira e encerrou esta sexta-feira, reuniu políticos, pensadores e empresários e teve como tema nesta edição de 2021 “Uma Oportunidade para Relançar o Vínculo Atlântico”.
Entre os vários oradores esteve o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Português, Augusto Santos Silva, que defendeu a necessidade de a Europa ser mais autónoma, dona do seu destino e aberta ao mundo, e apontou perigos e ameaças de confrontação e divisão.
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