Com 100 mil no bolso, jovens põem em depósitos. Mas também em ações

Inquérito à literacia financeira dos mais novos, realizado pela CMVM, revela maior apetência dos jovens por produtos com mais risco que os mais velhos.

O que faria com 100 mil euros? Esta foi a questão colocada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a milhares de jovens no inquérito à literacia financeira dos mais novos, no âmbito da Semana Mundial do Investidor, com a segurança dos depósitos a ser a preferência. Mas também há uma “fatia” que revela apetência pelo sobe e desce do mercado acionista, ou seja, pelo risco.

“Os jovens escolheriam investir 23% dos 100 mil euros euros em ações, um produto com mais risco, e 39% em depósitos”, sendo a percentagem colocada nestes produtos de baixo risco “mais baixa quando comparada com o grupo de idade superior”, revela o inquérito, realizado entre 2020 e o início de 2021, que teve como objetivo caracterizar o perfil do investidor e do não investidor nacional.

As obrigações, o ouro e os fundos de investimento seguem-se na lista de aplicações desta poupança, com alocações de 12%, 11% e 10% dos 100 mil euros, respetivamente, segundo o inquérito realizado pelo regulador do mercado de capitais português.

Se nesta alocação virtual nota-se uma maior apetência por ativos de risco, no mundo real o resultado não é muito diferente. “Mesmo que a grande maioria detenha depósitos (77,8% contra 81,7% entre os mais velhos), uma parte considerável detém produtos mais voláteis“, diz a CMVM. Entre eles estão ações, fundos de investimento e depósitos estruturados.

“Neste sentido, em relação ao resto dos inquiridos detêm três vezes mais produtos estruturados (3,6% contra os 1,1% dos inquiridos mais velhos), seis vezes mais derivados (2,4% contra 0,4%) e mais do dobro dos produtos associados a criptoativos e crowdfunding (4,8% contra 2% entre os mais velhos)”, nota o regulador.

Tendo em conta a “emergência de ativos transacionados de forma digital, que são especialmente atrativos para faixas etárias mais jovens, reforça a importância de promover iniciativas que sensibilizem este grupo para os riscos inerentes ao investimento e para a importância da ponderação adequada de diferentes alternativas de investimento”.

Informação financeira? É na internet

No inquérito realizado aos jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos, constata-se que “apesar de terem níveis de escolaridade superiores, os jovens evidenciam níveis de literacia financeira semelhantes aos dos mais velhos (5,7 questões corretas entre os mais jovens contra 5,8 questões certas dos mais velhos, num total de 10 questões)”.

Entre as questões colocadas estão o significado de juros compostos ou o de decréscimo seguido de crescimento de valor. “Apenas 47% dos jovens acertou no cálculo para estimar o efeito de juros compostos e só 34% acertou no valor final de um investimento sujeito a um choque negativo de 50% seguido de uma valorização de 80%”, nota a CMVM. E quanto à Euribor, só 21% sabe o que é esta taxa que é utilizada como indexante na maioria dos contratos de financiamento para a compra de habitação.

Estes conhecimentos, ou falta deles em alguns casos, podem ser atribuídos às fontes a que os jovens recorrem para obterem informação. O inquérito revela que “a internet é a fonte de informação a que mais recorrem os jovens (utilizada por 60% dos jovens contra 43% dos mais velhos) e que cerca de um em cada 10 não procura informação sobre produtos e questões de natureza financeira (11% contra 15% registados entre os de idade superior)”. Só 16% dos jovens recorre a aconselhamento financeiro, contra 26% do resto dos inquiridos.

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