Fatores ESG esquecidos nos planos de pensões em Portugal
Muitas entidades que gerem planos de pensões na Europa consideram os riscos ambientais, sociais e de governança (ESG), indicam resultados de um inquérito em mais de 10 países, Portugal incluído.
Num setor que gere ativo total estimado em um bilião de euros (€1 trillion), a Mercer realizou levantamento junto de 850 investidores institucionais em mais de 10 países, incluindo Portugal, para descobrir como as entidades gestoras respondem às preocupações de sustentabilidade. Resultados de inquéritos analisados em documentos da série European Asset Allocation Insights 2021 (Mercer), mostram que 76% da amostra considera os riscos ESG nos planos de pensões.
A realidade é diferenciada quando se comparam países: enquanto na Bélgica 100% dos inquiridos afirmam que o fazem, em Portugal a proporção dos planos que ponderam tais riscos é de 40%.
Rui Guerra, Partner and Business Leader da área Wealth na Mercer Portugal, comenta: “Embora estejamos num momento extremamente desafiador para muitos investidores, o período de pandemia viu surgir um aumento de ativos em fundos de investimento sustentáveis em toda a Europa, inclusivamente em Portugal”.
O destacável “Investing in the Future – Sustainable Investment Survey” revela que em certos países, entre os quais o Reino Unido, já é obrigatório o reporte dessas informações (conforme recomendações TCFD – Task Force on Climate-Related Financial Disclosures). Segundo registou o mesmo inquérito, o setor das pensões na Europa começa a ampliar o foco em fatores sociais (27%), como capital humano e direitos laborais para o próximo ano, enquanto 24% procuram direcionar as preocupações ambientais para temas como a biodiversidade.
“Apesar das questões ambientais continuarem a ser o foco principal, é interessante assistir ao facto de muitos investidores começarem a considerar o impacto social dos seus investimentos. Com a responsabilidade corporativa no topo das agendas, mais empresas querem ter um papel decisivo, apoiando questões como os direitos humanos, a igualdade de remuneração e a igualdade social,” complementa Rui Guerra.
Planos de pensões que consideraram riscos da mudança climática
Na parte dedicada às questões da mudança climática e transição para uma economia livre de emissões de carbono (net-zero), o documento da Mercer (empresa do grupo Mars McLennan) refere que em cinco dos países inquiridos, mais de metade dos planos de pensões prestam atenção aos riscos colocados pela mudança climática.
Portugal apresenta percentagem nula de planos que integram riscos de investimento colocados pela mudança climática. Entre os inquiridos nos países da Europa (mais o Reino Unido) que não consideram estes riscos, a consultora refere que, de um equivalente a 54% das repostas negativas, pelo menos 24% pensam fazê-lo a partir de 2022.
A crescente importância da sustentabilidade no conjunto dos países estudados reflete-se num grande aumento de investidores “que já utilizam indexação low-carbon ou climática“, em comparação com o ano transato (26% vs 6%). O estudo conclui ainda que a grande maioria dos investidores europeus integra fatores ESG em todos os aspetos dos seus processos operativos, incluindo: seleção de gestores (83%), monitorização de investimentos (88%), reporte (79%) e alocação de ativos (64%).
“Podem ser suficientes pequenos passos para melhorar os fatores ESG nas carteiras de ativos dos investidores. A Mercer está a trabalhar com os investidores na identificação dos objetivos que fazem sentido para cada organização em específico e que possam ter um impacto relevante,” referiu ainda o partner da consultora líder global.
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