Cristas: Candidatura do PSD a Lisboa dá mais hipóteses a Medina
Se vencer as autárquicas, "as questões sociais" estarão no topo das prioridades de Assunção Cristas. Mas chegar a presidente de um concelho dominado pelo PS será "difícil", admite a líder do CDS.
A coligação PSD-CDS chegou ao fim — pelo menos, em Lisboa. E isso fragiliza a direita e dá mais hipóteses a Fernando Medina de ganhar as autárquicas. É Assunção Cristas quem o diz, em conversa no ECO Talks que decorreu esta quinta-feira.
"Com mais uma candidatura à direita, Fernando Medina fica mais garantido na possibilidade de continuar na Câmara de Lisboa.”
Para Assunção Cristas, “é muito claro que, neste momento, os dois partidos têm a sua autonomia, a sua estratégia, o seu espaço”. O facto de Passos Coelho ter anunciado que o PSD terá um candidato a Lisboa “encerra definitivamente a questão” de uma possível coligação, ao mesmo tempo que traz um desafio. “Certamente que, com mais uma candidatura à direita, Fernando Medina fica mais garantido na possibilidade de continuar na Câmara de Lisboa“, admitiu a líder do CDS.
Aliás, salienta, “quem está em posição de continuar mandatos, normalmente continua”, daí que exista uma lei de limitação de mandatos”, recorda. “No plano autárquico a tendência é haver uma continuidade”, reforça.
"Trabalharei intensamente para que os lisboetas possam olhar para mim como uma presidente da Câmara de Lisboa.”
Seja como for, Assunção Cristas já está em modo pré-campanha para a presidência da Câmara de Lisboa. E quer ganhar. A líder do CDS está convicta de que poderá fazer um “muito bom trabalho” na capital, ainda que reconheça que a vitória não será fácil. Não só pela fragmentação da direita, mas, sobretudo, porque o concelho é dominado pelo PS.
“Trabalharei intensamente para que os lisboetas possam olhar para mim como uma presidente da Câmara de Lisboa. Gostaria muito de o fazer e acho que o faria bem”, sublinhou. Contudo, admite, não será fácil. “Temos um PS que domina a cidade, que em 24 freguesias tem 18. E com obra feita. É um objetivo muito difícil de atingir”. Sobretudo, quando o CDS vai sozinho à corrida pela capital. “Já seria difícil com o PSD, com candidaturas separadas ainda mais difícil se torna”, admite.
"Fernando Medina começou uma guerra aos carros sem garantir que há uma alternativa, e isso é desrespeitoso.”
Questionada sobre o trabalho de Fernando Medina, a líder centrista concede que “a cidade está a mudar”. Mas a pergunta, para Assunção Cristas, não devia ser essa. “A pergunta é se essa é a urgência e a prioridade para a cidade. Tenho as maiores dúvidas. Quando vemos as praças, que estão bem e onde vamos gostar de estar, não nos podemos esquecer que estamos numa das cidades mais envelhecidas da Europa, onde há muitos idosos a viver em prédios sem elevador que não têm sequer hipótese de descer e ver a praça. É sobre essa cidade que não vejo ação”, critica.
Por isso mesmo, sublinha, “certamente que as questões sociais estão no topo das minhas prioridades“. O que não significa que não haverá espaço para atacar outras áreas. “Obviamente que o meu programa cobrirá todas as áreas”. Desde logo, a habitação e a mobilidade serão dois aspetos chave da candidatura de Cristas, que critica a atuação do atual presidente da Câmara nesta área. “Fernando Medina começou uma guerra aos carros sem garantir que há uma alternativa, e isso é desrespeitoso“, atira.
Carris: Investimento anunciado deixa Cristas desconfiada
Sobre a passagem da Carris para a tutela municipal, a candidata à Câmara de Lisboa pelo CDS-PP começa por criticar Fernando Medina por anunciar “investimentos acima do dinheiro que aparentemente tem projetado”. Embora concorde que é preciso renovar frotas, Assunção Cristas acusa: “Não se percebem os anúncios que [Medina] já fez”.
Se o investimento anual anunciado por Fernando Medina é de 20 milhões de euros, e “o fundo de mobilidade previsto para financiar a Carris só tem um orçamento de 15 milhões, ficam a faltar cinco milhões”, afirma Cristas. “A questão é saber como é que isto se vai pagar”.
Reveja aqui o ECO Talks com Assunção Cristas.
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