Militares portugueses podem ter sido usados como “correio” em tráfico de diamantes
"Uma vez esclarecidas as responsabilidades, as Forças Armadas tomarão as devidas medidas sendo absolutamente intransigentes com desvios aos valores e ética militar", sublinha o EMFGA.
Alguns militares portugueses em missões na República Centro-Africana podem ter sido utilizados como “correios no tráfego de diamantes, ouro e estupefacientes”, revelou esta segunda-feira o Estado-Maior-General das Forças Armadas, adiantando que o caso foi reportado em 2019.
Em comunicado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) revelou que “o que está em causa de momento é a possibilidade de alguns militares que participaram nas FND [Força Nacional Destacada], na RCA, terem sido utilizados como correios no tráfego de diamantes, ouro e estupefacientes” e que “estes produtos foram alegadamente transportados nas aeronaves de regresso das FND a território nacional“.
Vários órgãos de comunicação social noticiaram esta segunda-feira que a Polícia Judiciária está a fazer buscas no Regimento de Comandos, e noutros cerca de 100 locais, por suspeitas de tráfico de diamantes e ouro em missões militares noutros países, como na República Centro-Africana (RCA).
De acordo com a nota do EMGFA, “em dezembro de 2019 foi reportado ao Comandante da 6ª Força Nacional Destacada (FND), na República Centro Africana (MINUSCA), o eventual envolvimento de militares portugueses no tráfico de diamantes”.
“O comandante da FND relatou prontamente ao EMGFA a situação, tendo esta sido de imediato denunciada à Polícia Judiciária Militar (PJM) para investigação. A PJM fez a respetiva denúncia ao Ministério Público que nomeou como entidade responsável pela investigação a Polícia Judiciária“, explicou.
Além da denúncia imediata, lê-se ainda na nota, o EMGFA “mandou reforçar os procedimentos de controlo e verificação à chegada dos militares das FND e respetivas cargas”.
De acordo com o EMGFA, “os inquéritos militares e respetivas consequências estão pendentes das investigações em curso, com o cuidado de não interferir neste processo, ainda em segredo de justiça”.
“Uma vez esclarecidas as responsabilidades, as Forças Armadas tomarão as devidas medidas sendo absolutamente intransigentes com desvios aos valores e ética militar. As Forças Armadas repudiam totalmente estes comportamentos contrários aos valores da Instituição Militar”, sublinham.
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