Novos casos Covid podem chegar aos 2.000 por dia no início de dezembro

  • Lusa
  • 9 Novembro 2021

A maioria dos novos casos de infeção ocorreu já em pessoas completamente vacinadas, ainda que as vacinas se mantêm “altamente protetoras contra doença grave”.

Especialistas da Universidade de Lisboa defendem que, se o índice de transmissibilidade (Rt) se mantiver acima de 1,1, o número de novos casos de covid-19 pode chegar aos 2.000 diários na primeira quinzena de dezembro.

Num artigo divulgado no site da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Manuel Carmo Gomes (epidemiologista) e Carlos Antunes (matemático) dizem que o Rt se tem situado acima de 1,1 e defendem que, se se mantiver como está, “o número de novos casos deverá duplicar a cada 30 dias”, podendo chegar aos 2.000 casos diários na primeira metade de dezembro.

Lembram que, nas últimas semanas, as idades onde o risco de infeção tem sido mais elevado se situam entre os 18 e os 25 anos, seguidos das crianças com menos de 10 anos e dos jovens adultos entre 25 e 40 anos de idade, faixas que aumentaram a socialização após 1 de outubro.

Recordam ainda que tem havido surtos pontuais em lares de idosos, sublinhando que esta faixa etária não é aquela onde os casos mais têm aumentado, mas é a que tem maior risco de desenvolver doença grave, que pode obrigar a hospitalizações e levar à morte.

Os especialistas revelam que, desde o início de outubro, a maioria dos novos casos de infeção ocorreu já em pessoas completamente vacinadas, sublinhando que as vacinas se mantêm “altamente protetoras contra doença grave”, mas que a sua efetividade contra infeção pela variante Delta do vírus (a dominante em Portugal) é inferior a 80% e decai com o passar do tempo.

“Por exemplo, os dados relativos à vacina mais administrada em Portugal (Comirnaty®, Pfizer) mostram que em setembro ocorreram 1,7 infeções por cada 1.000 pessoas que tinham sido vacinadas em julho, enquanto para os vacinados antes de março, ocorreram 3,9/1.000 infeções”, escrevem.

Sublinham que, após cinco a seis meses pós-vacinação, o risco de infeção se acentua e, nos mais idosos ou em pessoas com comorbilidades, “têm ocorrido casos de doença grave com hospitalização e óbito”.

Os especialistas insistem na importância do reforço vacinal e frisam que, nos mais idosos, se for suficientemente rápido, “deverá compensar o decaimento da proteção que tinham obtido por vacinação no início do ano, permitindo que atravessem o inverno com baixa probabilidade de contrair doença grave”.

No entanto, escrevem que a possibilidade de os vacinados contraírem infeção, sugere que “qualquer país terá grande dificuldade em interromper totalmente a circulação do vírus”, mesmo com coberturas vacinais muito elevadas.

“Na prática, isto significa que o SARS-CoV-2 provavelmente persistirá entre nós nos próximos anos, podendo qualquer um de nós vir a ter um encontro com o vírus e, eventualmente, ser infetado”, acrescentam.

Manuel Carmo Gomes e Carlos Antunes recordam ainda que, desde o início de outubro, a incidência da doença tem apresentado uma “tendência de subida persistente” e avisam que a persistência de um Rt acima de 1 “origina um crescimento exponencial da incidência, o qual é passível, em situação prolongada, de originar situações de elevada pressão hospitalar”.

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