O paradigma dos líderes ambientalmente responsáveis
A execução de uma estratégia empresarial que resulte em menos danos para o ambiente e que seja equitativa para os interessados não tem de significar, necessariamente, o sacrifício de margens.
Mais conscientes do que nunca, os cidadãos procuram ter uma postura social e ambiental cada vez mais responsável e incentivam a mesma atitude naqueles com quem se relacionam. Assim, as empresas e muitos dos líderes mais visionários consideram esta a próxima grande oportunidade de crescimento.
Mas será assim tão fácil? Muitos CEO concordam que, para começar, as empresas devem deixar de contribuir para os problemas mais graves que enfrentamos e começar a participar na sua resolução. Na verdade, vontade não falta às empresas que procuram assumir compromissos sustentáveis, mas as dificuldades chegam quando se fala de custos.
Muitas empresas estão a assumir compromissos de sustentabilidade nas suas declarações de missão e planos estratégicos, mas quando se trata de atingir esses objetivos, tropeçam nas implicações financeiras. É certo que associamos uma postura mais responsável a preços mais elevados, mas será que não existem soluções para conciliar qualidade, acessibilidade, sustentabilidade e rentabilidade?
A ideia de transpor os custos da responsabilidade ambiental para os clientes, perdendo aqueles que não estão dispostos a pagar pela sustentabilidade, não é totalmente errada. Assim, a pergunta “como vamos pagar por isto?” torna-se letal para o progresso.
Na MIT Sloan Management Review deste outono, li que muitas vezes as ideias não avançam por estarem associados a custos, impostos e preços mais elevados. No mesmo artigo, os autores defendem que um novo pensamento criativo como forma de abordar estes desenvolvimentos pode permitir manter as margens. Ora, isto deixou-me a pensar que é essencial explicar às empresas como podem atenuar estes aumentos já que, atualmente, a maioria ainda opta por não tomar qualquer medida e diminuir a margem de lucro, a qualidade do produto/serviço ou pressionar os fornecedores.
Estas situações são muito frustrantes, principalmente para quem quer fazer a diferença. Emmanuel Faber acabou despedido por “mau desempenho financeiro”, depois de defender de forma proeminente um capitalismo mais responsável, que serve não só os acionistas, mas também o ambiente, os colaboradores e os fornecedores. Isto não deveria ser uma novidade, já que em 2017, o estudo “Higher Highs and Lower Lows: The Role of Corporate Social Responsibility in CEO Dismissal” destacava que há uma maior probabilidade de CEOs com prioridades ambientais serem despedidos face aos que não assumem este género de políticas.
O que é que os clientes vão pagar? Quem vai pagar? Quando e como fazemos transações? É urgente reformularmos as perguntas que servem de base para definirmos preços. Atualmente, uma série de novos acordos comerciais, tais como subscrições, modelos de pagamento por encomenda, consumo em colaboração, acordos de partilha de receitas e contratos baseados no desempenho, podem solucionar estes desafios sem transferir a propriedade.
Por fim, importa reter que é essencial ser transparente neste processo, mantendo o foco nos resultados e não só no produto e garantir que as mudanças estão alinhadas com as necessidades e comportamentos do consumidor, para que todos saiam a ganhar.
A execução de uma estratégia empresarial que resulte em menos danos para o ambiente e que seja equitativa para os interessados não tem de significar, necessariamente, o sacrifício de margens.
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