Vacinas contra a Covid-19 “pouparam 2.300 vidas”, estima Henrique Barros

O especialista Henrique de Barros estima que as vacinas contra a Covid-19 tenham poupado 2.300 vidas em Portugal.

O efeito da vacinação desde maio traduz-se em menos 200 mil infeções, menos 55 mil dias nas UCI, menos 135 mil dias nos internamentos e menos 2.300 óbitos, de acordo com as estimativas de Henrique Barros apresentadas esta sexta-feira na reunião do Infarmed sobre o aumento de casos de Covid-19. Foi isto que se “preveniu”, em termos probabilísticos, nos últimos seis meses.

O especialista em saúde pública e epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto recorda que as notícias positivas que vê na situação epidemiológica atual acontecem numa altura em que as medidas restritivas são “diminutas” em comparação com o passado. Tal deve-se essencialmente ao elevado nível de cobertura vacinal em Portugal, argumentou.

“É com isto que podemos e devemos pensar o futuro e pensar as respostas”, disse Henrique Barros, relembrando que a situação atual é “muito melhor” à do ano passado por esta altura. Graças à cobertura vacinal da população portuguesa, a qual tem um “impacto extraordinário” e que é superior à média europeia, Portugal tem uma situação mais controlada do que outros países europeus.

Para o especialista adivinha-se a “transformação endémica” da Covid-19 e sazonalidade deste vírus, quase dois anos depois de convivermos com a pandemia. Ainda assim, “poderia fazer sentido, se não queremos estar como podemos esperar estar com duplicações de casos num período relativamente curto, desaconselhar as reuniões com muitas pessoas, acima sobretudo de 50 pessoas“, recomendou.

Independentemente disso, “a vacinação é a nossa medida fundamental de proteção” e, por isso, as crianças — a maior incidência regista-se até aos nove anos — também devem ser vacinadas assim que as autoridades europeias de saúde o permitirem.

Tal como Henrique Barros, também outros especialistas presentes mostraram dados que corroboram a importância das vacinas. Foi o caso de Baltazar Nunes, responsável pela Unidade de Investigação Epidemiológica do Instituto Ricardo Jorge, que estimou que, na faixa dos 65 aos 79 anos, a vacinação tenha reduzido em 90% a taxa de óbitos por 100 mil habitantes.

Já segundo a epidemiologista Ausenda Machado, as vacinas “são efetivas na redução de doença”, cortando em 80% as hospitalizações e mortes por Covid-19. No encontro nas instalações do Infarmed, a responsável disse ainda que “a efetividade varia com a idade, mas é mais elevada na população” entre 30 e 49 anos.

Ausenda Machado alertou, contudo, que já se nota um “decaimento da proteção” na faixa dos 65 e mais anos, que é mais “significativo” quando se analisa as infeções sintomáticas. É a prova da “importância da vacina de reforço”, acrescentou.

Na reunião, Pedro Pinto Leite, especialista da Direção-Geral da Saúde, disse por sua vez que a mortalidade por Covid-19 continua abaixo do 20 óbitos — o limite do ECDC — por um milhão de habitantes nos últimos 14 dias, mas acima do nível de 10 óbitos por milhão de habitantes definido a nível nacional. A idade média das pessoas que morreram por Covid-19 é de 83,3 anos.

Os últimos dados relativos a agosto mostram que o risco de internamento é de 2 a 2,5 vezes menor nas pessoas vacinadas, principalmente nos grupos etários acima dos 50 anos. Relativamente à letalidade, esta foi 1,4 a 4 vezes menor nas pessoas com esquema vacinal completo.

(Notícia atualizada às 16h23 com mais informação)

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