Sintomas ligeiros ou riscos mais elevados? O que se sabe sobre a Ómicron

Chama-se Ómicron, foi identificada na África do Sul e já está presente em vários países. Provoca sintomas ligeiros, mas o elevado número de mutações poderá levar a que seja mais transmissível.

A variante Ómicron, que foi identificada na África do Sul e já se espalhou por vários países, incluindo em Portugal, está a preocupar os cientistas. Com um número elevado de mutações, a OMS alerta que o risco global representado por esta estirpe “é muito alto”.

Em causa está a variante B1.1.529, também designada por Ómicron, que está gerar preocupação na comunidade científica por ter um número “extremamente elevado de mutações”. Esta estirpe apresenta 32 mutações na proteína “spike”, também conhecida por proteína do “espinho”, que serve de base ao nome coronavírus e é a parte do vírus usada por muitas das vacinas para proteger as pessoas contra a Covid-19.

A variante Ómicron foi sequenciada pela primeira vez na África do Sul, mas já se espalhou por vários países, incluindo Botswana, Hong Kong, Israel, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Itália, Austrália ou Canadá. Em Portugal, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) confirmou esta segunda-feira a existência de 13 casos positivos associados a esta estirpe, sendo que todos eles são, para já, jogadores ou ligados à equipa técnica do Belenenses SAD.

Face a este casos, a diretora-geral da Saúde esclareceu que estas pessoas vão ser submetidas a um isolamento preventivo bem, como a uma testagem rigorosa, que vai envolver um primeiro teste ao quinto dia de isolamento e “em princípio um segundo teste ao 10 dia”, isto “independentemente do estado vacinal ou da intensidade dos contactos”. Estas medidas serão gradualmente aliviadas, à medida que forem conhecidos mais detalhes sobre esta variante, revelou Graça-Freitas, em declarações à RTP3. Paralelamente, o INSA está também a elaborar um plano para analisar mais casos positivos associados a esta estirpe.

Graça Freitas adiantou ainda os 13 casos positivos associados à variante Ómicron estão “com sintomas ligeiros”, sendo que alguns dos quais são assintomáticos, pelo que “a sua situação clínica não inspira preocupação”. Apesar de ainda estar sob investigação, a médica Angelique Coetzee, presidente da Associação Médica da África do Sul, que foi uma das primeiras a suspeitar da existência desta nova variante, assegura que os pacientes “têm sintomas ligeiros” diferentes dos associados à variante Delta, que continua a ser responsável pela maioria dos novos casos a nível mundial, e que não tem grande expressão ao nível dos internamentos.

Face ao elevado número de mutações, esta variante é já classificada como “variante de preocupação” por parte do ECDC e está a gerar receios pelo facto de este elevado número de mutações poder implicar uma maior infecciosidade ou até fazer com que escape à imunidade conferida pelas vacinas. Apesar destas incertezas, o INSA veio garantiu que ainda “não existem ainda quaisquer dados científicos que suportem a sua maior transmissibilidade ou a sua capacidade para diminuir a eficácia das atuais vacinas”.

Especialistas ouvidos pela Reuters, apontam que existam “fortes motivos” para acreditar que as vacinas atuais poderão ser menos eficazes contra esta variante, dado que a Ómicron tem mutações idênticas às variantes Beta e Gamma, que são, segundo os especialistas, menos vulneráveis às vacinas. Além disso, esta estipe tem 26 mutações exclusivas, muitas delas em regiões visadas pelos anticorpos da vacina.

Também a Organização Mundial de Saúde (OMS) veio alertar que o risco da variante ser transmitida mundialmente é “alto” e que “pode haver novas ondas de Covid-19 com consequências graves, dependendo de muitos fatores, como os locais onde essas ondas ocorrem”, refere um documento divulgado pela entidade liderada por Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Perante estes riscos, a OMS pediu aos Estados-membros que tomem algumas prioritárias, incluindo “acelerar a vacinação contra a Covid-19 o mais rápido possível, especialmente entre a população de risco que permanece não vacinada”, mas não recomenda abertamente a suspensão de voos para determinadas regiões.

Apesar da incerteza em torno desta variante, a Comissão Europeia propôs a suspensão de viagens aéreas provenientes dos países da África Austral, sendo que fora da Europa vários países estão a tomar medidas de prevenção semelhantes, como é o caso do Reino Unido, Israel e Singapura. O Governo português decidiu suspender os voos de e para Moçambique a partir desta segunda-feira, mas garante voos de repatriamento.

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