Que nova variante é esta? 5 perguntas e respostas sobre a B.1.1.529

Chama-se B.1.1.529, tem mais de 30 mutações e foi identificada na África do Sul, mas já se espalhou por mais países. O ECO preparou um guia com cinco respostas sobre a variante.

Há uma nova variante a causar preocupação na comunidade científica. É conhecida por B.1.1.529, foi identificada na África Austral e já há casos detetados em vários países, incluindo um na Europa. Com um número elevado de mutações, esta estirpe já levou a Comissão Europeia a propor a suspensão das viagens aéreas provenientes dos países do sul africano, sendo que há outros países a tomar medidas semelhantes.

O que está em causa? E porque é que está a concentrar mais atenções? O ECO preparou um guia com cinco perguntas e respostas.

Que variante é esta?

Existem muitas variantes a provocar casos de Covid-19. No entanto, as autoridades de saúde concentram-se naquelas que têm mutações que, aparentemente, tornem o coronavírus mais contagioso, ou que sejam comprovadamente mais perigosas. Até ao momento, o Centro de Europeu para o Controlo de Doenças (ECDC na sigla em inglês) classificou três variantes como “variantes de preocupação” e outras quatro como “variantes de interesse”, nas quais se inclui a variante B.1.1.529.

No caso concreto desta nova variante, está gerar preocupação na comunidade científica por ter um número “extremamente elevado de mutações”. Apresenta 32 mutações na proteína “spike”, também conhecida por proteína do “espinho”, que serve de base ao nome coronavírus e é a parte do vírus usada por muitas das vacinas para proteger as pessoas contra a Covid-19.

Onde teve origem?

Esta estirpe do coronavírus foi detetada pela primeira vez na África do Sul, depois de o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis do país ter confirmado, na quinta-feira, que havia 22 casos positivos. Além disso, o ECDC aponta, que, além da África do Sul, os primeiros casos desta variante possam também ter surgido no Botswana.

O surgimento desta variante pode ter origem no aumento “exponencial” das novas infeções por Covid-19 nas últimas semanas na África do Sul, disse o ministro da Saúde do país, Joe Phaahla, numa conferência de imprensa na quinta-feira, citado pela Euronews.

Os cientistas acreditam, inclusivamente, que cerca de 90% dos novos casos detetados na província sul-africana de Gauteng possam estar relacionados com a variante B.1.1.529, numa altura em que as infeções no noroeste do país e em Limpopo têm aumentado consideravelmente num curto espaço de tempo.

Por onde se espalhou?

Apesar de ainda estar sob investigação, já foram identificados casos associados a esta variante em Hong Kong, em Israel e na Bélgica. Segundo a Bloomberg, o caso identificado em Israel diz respeito a um um homem que regressou recentemente do Malawi. Além disso, as autoridades israelitas suspeitam que dois outros casos, que também regressaram recentemente do estrangeiro, também possam estar relacionados com a nova variante.

A imprensa internacional revelou ainda que foi detetado um caso desta estirpe na Bélgica. Segundo a Reuters, envolve uma cidadã que regressou ao país vinda do Egito a 11 de novembro. Os sintomas terão surgido na passada segunda-feira

Face a desta variante, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vai reunir-se esta sexta-feira para avaliar a situação.

“Ainda não sabemos muito sobre esta variante. Aquilo que sabemos é que esta variante tem um grande número de mutações. A preocupação é que, quando temos tantas mutações, isso pode ter um impacto no modo como o vírus se comporta“, disse Maria Van Kerkhove, responsável pela gestão da Covid-19 na OMS, numa conferência de imprensa na quinta-feira. Esta sexta, o regulador mundial da Saúde revelou que foram reportadas mais de 100 sequências da B.1.1.529.

Porquê tanto alarido?

A Delta continua a ser variante responsável pela maioria das novas infeções em todo o mundo, fazendo, naturalmente, parte do leque de variantes “de preocupação” do ECDC.

Contudo, o elevado número de mutações da variante B.1.1.529 pode fazer com que seja ainda mais transmissível do que as variantes já identificadas, ou até conseguir resistir à imunidade que tem vindo a ser desenvolvida junto das populações (quer pela doença natural, quer pelas vacinas). E isso gera receios nos políticos, nos cientistas e nas pessoas.

Mas não é só na saúde que a variante está a ter impacto. Esta estirpe já está a provocar estragos bem reais nos mercados de capitais. As bolsas europeias abriram com correções superiores a 3% e os índices em Wall Street caem mais de 1%, num dia em que a sessão é mais curta do que o habitual, no rescaldo do feriado do Dia de Ação de Graças.

Que medidas estão a ser tomadas?

Apesar da incerteza em torno desta variante, a Comissão Europeia anunciou que vai propor a suspensão de viagens aéreas provenientes dos países da África Austral. “A Comissão Europeia irá propor, em estreita coordenação com os Estados-membros, ativar o travão de emergência para interromper as viagens aéreas da região da África Austral devido à preocupação com a variante B.1.1.529″, escreveu Von der Leyen no Twitter.

Vários países também estão a tomar medidas de prevenção semelhantes. Reino Unido, Israel e Singapura já anunciaram o encerramento das suas fronteiras a viajantes vindos da África do Sul e de países vizinhos.

Ao mesmo tempo, Itália anunciou a proibição de entrada de pessoas que visitaram estados da África Austral, incluindo Moçambique, África do Sul e Zimbabué, nos últimos 14 dias, enquanto o Governo da República Checa optou por proibir a entrada no país, a partir de domingo, a cidadãos de países terceiros que tenham passado mais de 12 horas nas últimas duas semanas num dos países da sua “lista vermelha”.

Em declarações transmitidas pelas televisões, a ministra da Saúde garantiu esta sexta-feira que o Governo português acompanha “com muita preocupação a nova variante”.

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