Sustentabilidade 4.0: Temos de educar e preparar os consumidores para o impacto das suas escolhas no nosso futuro

  • Inês Sequeira
  • 9 Dezembro 2021

Afinal, qual o real peso e impacto das nossas ações, como consumidores e membros da sociedade, na desaceleração das alterações climáticas? Poucas organizações nos respondem com clareza.

Passada a black friday e com o Natal à porta, entramos no pico da altura do ano marcada pelo consumismo. Mesmo sendo “consumir menos” a regra de ouro, nem sempre as opções que podem gerar menos impacto ambiental são claras. Faltam meios para perceber o real impacto de produção dos bens que compramos todos os dias.

São ainda pouco largos os passos tomados em direção à sustentabilidade do nosso planeta. Consumir menos, em geral, partilhar transportes e optar por veículos movidos a eletricidade, comer menos carne e peixe (ou eliminar por completo estas opções da nossa alimentação), optar por alimentos e refeições produzidas perto de nós em vez de opções processadas e produzidas do outro lado do mundo – são tudo opções que sabemos serem pequenos passos para uma existência mais sustentável.

Estas podem parecer decisões fáceis, partindo do pressuposto que temos acesso a toda a informação sobre o processo de produção de um produto ou de quem fornece os serviços que utilizamos. Mas sem um padrão claro de medição e comunicação da pegada ecológica de cada organização, marca de produto ou serviço, tudo se complica mais do que imaginamos.

Afinal, qual o real peso e impacto das nossas ações, como consumidores e membros da sociedade, na desaceleração das alterações climáticas? Poucas organizações nos respondem com clareza. É por isso que se torna cada vez mais urgente a educação para a sustentabilidade. Só capacitando as pessoas para exigirem das organizações a transparência necessária para tomarem decisões de compra conseguimos alcançar resultados.

Empresas como a Patagónia já comunicam a pegada de carbono de cada um dos seus produtos, mas nem todas as marcas são transparentes a este ponto. Também a GoParity, plataforma de crowdlending, apresenta o impacto de cada um dos projetos. Mas para nos direcionar para os melhores produtos há dois projetos que podem ajudar-nos muito:

  • The Good Shopping Guide: um guia que apresenta um ranking das marcas mais sustentáveis: de roupa aos consumíveis de limpeza para casa, a eletrodomésticos, podemos encontrar as mais variadas marcas neste ranking.
  • Ethical Consumer: um site que define alguns critérios pelos quais nos podemos guiar no momento de fazer uma compra, também aplicado aos mais variados tipos de produtos.
  • Lisboa Para Pessoas: numa lógica de maior proximidade e adaptado à nossa realidade, o site Lisboa para Pessoas apresenta alguns guias de mobilidade e sustentabilidade com informação sobre espaços de agricultura e corredores verdes da cidade.

Estes são alguns exemplos de guias úteis para o nosso dia a dia. Mas nós acreditamos que há mais a ser feito:

  • Melhor regulamentação: existe ainda pouca concertação sobre a comunicação obrigatória das marcas no que respeita à pegada carbónica dos seus produtos. Encontrar KPIs standard que ajudem as pessoas a comparar produtos é essencial para garantir a transparência da comunicação das marcas e evitar o greenwashing.
  • Educação: dar às pessoas ferramentas para que possam avaliar produtos e tomar decisões mais conscientes é um factor crítico – sem educação nas escolas e empresas não é possível chegarmos a ações concretas e com real impacto na desaceleração das alterações climáticas.

Estamos no momento certo para colocar o conhecimento e o poder à disposição das pessoas, para que tomem consciência das opções verdes e sustentáveis que existem. Formar e capacitar novos profissionais para soluções inovadoras no campo é também essencial se queremos dar o passo para a transição para a sustentabilidade ambiental e social.

Investir na inovação da indústria é, por outro lado, pensar no desenvolvimento local, económico e sustentável. A transição deve acontecer por causa das e para as pessoas, envolvendo-as em todos os processos; desde a formação, ao emprego, terminando no consumo.

  • Inês Sequeira
  • Diretora da Casa do Impacto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

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