Coreanos triplicam produção e empregos no Porto de Aveiro
A CS Wind ASM, especializada na produção de torres eólicas e fundações offshore, vai investir 265 milhões de euros até 2025 na fábrica de Ílhavo, onde tem um cais privativo com 200 metros.
A CS Wind ASM vai investir perto de 265 milhões de euros durante os próximos quatro anos com o objetivo de triplicar a capacidade de produção de torres eólicas e de fundações offshore nas instalações industriais ocupadas pelo grupo no Porto de Aveiro, apurou o ECO.
Este é o maior projeto incluído no pacote de 26 contratos fiscais de investimento aprovados esta quarta-feira pelo Governo, prevendo um crédito fiscal máximo de 92 milhões de euros, e que permitem fechar o ano de 2021 com um valor recorde de 2,7 mil milhões de euros de investimento estrangeiro contratualizado pela AICEP.
O grupo controlado desde o verão passado pela gigante sul-coreana CS Wind, que é a maior fabricante mundial de torres eólicas – comprou uma participação de 60% na portuguesa ASM Industries por 46,5 milhões de euros –, vai beneficiar de um crédito fiscal até 16,6 milhões de euros e estima contratar cerca de 400 pessoas até 2025.
A unidade dedicada ao segmento offshore (no mar) conta atualmente com uma capacidade de produção inferior a uma centena de equipamentos por ano e uma área total de 72 mil metros quadrados na chamada Zona de Atividades Logísticas e Industriais do Porto de Aveiro (ZALI), situada no concelho de Ílhavo. O grupo detém ainda uma fábrica em Sever do Vouga, que faz anualmente perto de 200 torres onshore, para instalar em parques eólicos em terra.
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Foi nesta zona do Porto aveirense que foi construído um cais privativo com 200 metros para a CS Wind ASM, apresentado como o único a nível nacional dedicado a cargas offshore. O primeiro navio atracou neste local a 26 de dezembro para descarregar 12 componentes para torres eólicas. Para afirmar-se como “hub estratégico para a indústria offshore”, a administração portuária planeia aumentar o comprimento do cais para 1.000 metros.
Faturar 100 milhões e liderar na Europa
No total, a CS Wind ASM soma hoje perto de 350 trabalhadores, dos quais 140 estão nesta unidade mais recente integrada na zona portuária. Adelino Costa Matos, que passou a acionista minoritário, mas manteve o cargo de presidente executivo após a venda da participação, prevê chegar aos 100 milhões de euros de faturação no próximo ano, antecipando assim o cumprimento da meta fixada antes para 2025. Direta ou indiretamente, exporta 99% da produção sobretudo para a Europa e alguns países da América Latina, como Bolívia, Paraguai e Uruguai.
Numa visita realizada a 10 de dezembro à fábrica de estruturas de construção metálica em Ílhavo, o ministro do Ambiente e da Ação Climática dizia estar “convencido de que uma das razões pelas quais [a CS Wind] veio para Portugal tem a ver com o know-how que esta empresa já tinha e que a A. Silva Matos [empresa-mãe fundado em 1980 pelo histórico industrial metalúrgico Adelino da Silva Matos, pai do atual CEO] sempre teve, e com a sua capacidade profissional e ganhadora de mercados”.
“Mas quero acreditar que não foi só por isso. Que foi também pelo facto de os investidores olharem para Portugal como um país líder nesta transição [energética], que aposta decididamente e vai fazer muitos destes investimentos, e ser cliente de muitas destas torres que aqui se fazem. Dá toda a estabilidade aos investimentos que são feitos em prol da sustentabilidade de Portugal e do mundo”, completou João Pedro Matos Fernandes.
Estou convencido de que uma das razões pelas quais veio para Portugal tem a ver com o know-how que esta empresa já tinha (…) e com a sua capacidade profissional e ganhadora de mercados.
Cotada em bolsa, a CS Wind fatura mil milhões de dólares por ano e tem uma capitalização de mercado de 3 mil milhões. Tem também fábricas na China, Vietname, Taiwan, Malásia e nos EUA, onde comprou este ano a maior fábrica do mundo à dinamarquesa Vestas. Quando adquiriram a ASM Industries para passar a ter uma base industrial na Europa, os coreanos definiram como objetivo torná-la na maior fabricante europeia do setor.
Metade dos investimentos promovidos por estrangeiros
A IKEA Industry (mobiliário), a Bondalti (indústria química), a Ferpinta (tubos de aço), a BorgWarner (componentes automóveis), a Renault Cacia (automóvel), a Renova (papel), a Amorim Cork Flooring (cortiça) e a Vila Galé (hotelaria) são algumas das outras empresas que, em conjunto, se comprometem a investir 937,5 milhões de euros em Portugal, ao abrigo deste último pacote de incentivos fiscais aprovado pelo Governo.
De acordo com a informação disponibilizada ao ECO pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, dos 26 contratos de concessão de benefícios fiscais, 22 vão ser celebrados pela AICEP e quatro pelo IAPMEI. A maioria vai ser realizada num prazo de 24 a 36 meses e, em conjunto, criam 1.886 postos de trabalho e mantêm outros 9.442 empregos.
Metade destes investimentos são promovidos por empresas de capital nacional e os restantes são projetos de IDE (investimento direto estrangeiro) da Alemanha, Bélgica, Brasil, Coreia do Sul, França, EUA, Suécia e Suíça, o que, segundo a mesma fonte, “comprova a confiança que os investidores mantêm em Portugal e nos seus fatores competitivos, que se mantêm intactos”.
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