Pandemia condiciona campanha eleitoral. Partidos privilegiam ações ao ar livre e redes sociais

Esta já não é a primeira campanha eleitoral da pandemia, pelo que os partidos já tiraram algumas lições. Ainda assim, há ações que estão ainda dependentes da evolução da situação.

Portugal vai voltar a ter eleições durante a pandemia, pelo que os partidos vão ter de fazer campanha condicionados pela situação que se vive. Os planos estão ainda a ser fechados, mas muitas das forças políticas não estão a planear avançar com as tradicionais arruadas, sendo que os eventos que vão mesmo realizar-se terão algumas limitações. A aposta em mais uma campanha a conviver com a Covid-19 será assim nas redes sociais e nas ações de rua.

Para a campanha eleitoral, que vai decorrer oficialmente entre os dias 16 e 28 de janeiro, o PS não tem programadas arruadas, segundo avançou ao Público (acesso condicionado) Duarte Cordeiro. “Estamos a construir a campanha de forma muito condicionada pela pandemia”, assegurou o diretor de campanha do PS.

O programa para a campanha ainda não está completamente fechado, existindo ainda dúvidas quanto a iniciativas que o partido costuma levar a cabo, como a descida do Chiado, em Lisboa. “A esta distância, só posso dizer que a descida do Chiado, se acontecesse, teria de ser condicionada”, concede Duarte Cordeiro.

O PSD está também ainda a avaliar certos momentos, como o encerramento. Para esta altura, “era hábito fazê-lo em Lisboa, com arruada, mas ainda estamos a ver como isso está” nessa altura, explica José Silvano, o secretário-geral do partido, ao ECO. De resto, já as últimas campanhas foram feitas durante a pandemia, pelo que a questão dos almoços ou jantares comício “estava resolvida”: não se vão realizar, diz.

Não vamos fazer almoços ou jantares comício, a questão já estava resolvida.

José Silvano

PSD

Nos outros momentos, “é tomarmos as medidas de segurança necessárias”, aponta. O que o partido está a pensar fazer são “ações de campanha pelos comércios ou instituiçoes”, que deverão terminar com uma sessão por volta das 18h nos distritos onde o partido estiver, mas “pequenas e completamente temáticas”, refere Silvano.

Do lado do Bloco, o partido também tirou ensinamentos das últimas eleições em pandemia. “Esta é a terceira campanha no espaço de um ano e, portanto, já tivemos facilidade acrescida em progamá-la, porque já estivemos no contexto da pandemia”, sublinha fonte da campanha ao ECO. O partido “levou sempre muito a sério questões de segurança sanitária, o que fez com que tivessemos eliminado almoços e jantares nas campanhas”, recorda.

Já os comicios o Bloco vai tentar manter, estando a preparar-se para ter “campanha o mais próximo do normal”, com cerca de três iniciativas diárias: contactos com a população de manhã, sessões temáticas à tarde e comícios ao final do dia. Estes comícios “respeitarão a limitação das salas definidas pela DGS, com todas as regras de segurança, inscriçoes para eventos”, explica.

Veremos como é que irá evoluir, mas como se provou nas presidenciais e autárquicas, é possível ter iniciativas de rua com segurança.

Bloco de Esquerda

No que diz respeito às arruadas, neste momento o partido está a “prever possibilidade de existirem”. “Veremos como é que irá evoluir, mas como se provou nas presidenciais e autárquicas, é possivel ter iniciativas de rua com segurança e, portanto, não estamos a pensar eliminar”, concede. Dependerá, ainda assim, do “evoluir dos números nas próximas semanas e sempre que necessário” será adaptada a campanha. No Porto, serão feitas algumas reuniões por Zoom, enquanto várias atividades estão ainda restritas, mas a partir da semana seguinte vão ser feitas distribuições de material do partido e algumas visitas e contactos quer sugeridos pelo Bloco como instituições que o pediram, adianta fonte oficial ao ECO.

Quanto à campanha eleitoral da CDU, que indica que tem como objetivo “contribuir para uma ampla ação de esclarecimento democrático e de mobilização para o voto”, fonte oficial garante ao ECO que “serão asseguradas as medidas de proteção sanitária, como em todos os outros
momentos se verificou, privilegiando sempre que possível o contacto directo e o diálogo com o maior número de pessoas”.

Serão asseguradas as medidas de proteção sanitária, como em todos os outros momentos se verificou, privilegiando sempre que possível o contacto direto e o diálogo com o maior número de pessoas

CDU

“A campanha da CDU afirmar-se-á também nas redes sociais onde manterá a sua presença”, acrescenta a coligação composta pelo PCP e pelos Verdes, que tem a expectativa de eleger “mais deputados comprometidos com melhores salários e pensões, por vínculos e horários de trabalho estáveis, com o Serviço Nacional de Saúde e a Escola Pública, para garantir o direito à habitação”.

Já o CDS indica que “comícios, almoços e jantares estão condicionados à evolução da pandemia”. A realização deste tipo de eventos não está posta de parte, mas “depende muito da evolução”. Se se realizassem neste momento, por exemplo, “teriam de ser muito limitados”, admite fonte oficial do partido.

A agenda da campanha ainda não está completamente fechada, mas a aposta será nas redes sociais e na volta do presidente do partido por todos os distritos do continente. A caravana vai para a estrada no primeiro dia oficial de campanha, sendo que se fará uma média de dois a três distritos por dia.

Comícios, almoços e jantares estão condicionados à evolução da pandemia. O CDS vai fazer campanha nas redes sociais e na rua.

CDS

“O CDS vai fazer campanha nas redes sociais e na rua, além do tempo de antena” e outros meios, explica. Assim, as ações que estão quase certas durante a volta serão pelas ruas de Portugal, em feiras e mercados.

Quanto ao PAN, o partido “já pensou a campanha para estas Legislativa numa lógica de ajustamento à evolução da pandemia”, segundo explica ao ECO fonte oficial. “Não serão feitas arruadas, sendo que “os eventos serão maioritariamente ao ar livre e com uma lotação muito restrita”. Para estes eventos, o PAN vai fazer uma “forte aposta na testagem”.

Os eventos serão maioritariamente ao ar livre e com uma lotação muito restrita e com forte aposta na testagem.

PAN

“O PAN está sensível aos dados atuais da Pandemia e respeitará as normas de segurança”, assegura fonte oficial. Neste contexto, o partido decidiu que vai também ter uma presença forte nos meios digitais durante esta campanha para as eleições legislativas.

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