Tavares propõe “eco-geringonça” que junte PS, PAN, PEV e Livre

  • Lusa e ECO
  • 9 Janeiro 2022

A solução ideal seria “um entendimento o mais amplo possível à esquerda, multilateral, multipartidário", mas Rui Tavares propõe, em alternativa, uma "eco-geringonça".

O historiador Rui Tavares propõe uma “eco-geringonça” na qual Livre, PAN e PEV se juntem a PS para atingir uma maioria parlamentar, ressalvando que a solução ideal continua a ser um entendimento mais amplo à esquerda.

“Caso se mantenha esta situação de alguma intransigência entre uma esquerda que devia ser da convergência, há também outras soluções. Não está excluído, por exemplo, que possa haver uma maioria parlamentar que seja com o Livre, PAN e eventualmente até com o PEV, que já algumas vezes votou de maneira diferente do PCP no Orçamento. A isso nós poderíamos chamar uma ‘eco-geringonça’”, sugeriu Rui Tavares.

Em entrevista à agência Lusa, o cabeça-de-lista em Lisboa do Livre às eleições legislativas de 30 de janeiro ressalvou, no entanto, que a alternativa preferida do partido continua a ser “um entendimento o mais amplo possível à esquerda, multilateral, multipartidário”, que resultasse em acordos assinados.

Uma maioria social, progressista e ecológica tão ampla quanto possível é a melhor maneira para ninguém se pôr de fora, nem se dedicar ao taticismo ou a tentar, no fundo, ser oposição antes do tempo. Mas é importante que as pessoas saibam que não estamos obrigados ao dilema entre maioria absoluta ou bloco central, entre a arrogância de uns ou a intransigência de outros. Um voto no Livre é um voto que nos livra desses dilemas”, sustentou.

Para o partido, é essencial que haja um compromisso à esquerda para “viabilizar um orçamento e um Governo desde já, para que depois até ao 25 de Abril se apresente uma agenda de um novo modelo de desenvolvimento para Portugal, que não seja a geringonça do passado, mas uma do futuro”.

Não a geringonça dos gabinetes, entre direções partidárias e secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, mas algo que envolva a sociedade civil, em que haja grupos de trabalho, em que os partidos nomeiem técnicos independentes, em que as organizações não governamentais também participem”, explicou.

Tavares alertou para uma tentativa de colocar o eleitorado “perante dilemas e chantagens” defendendo que “é ao contrário”: são os eleitores que vão dizer “com que linhas” os partidos se vão “coser” no pós-eleições. O dirigente disse ainda que o Livre não vai fazer “exigências de lugares no Governo ou de cargos para o partido” caso se sente à mesa das negociações.

Entre as preocupações do Livre, incluídas no programa eleitoral, está o aumento do salário mínimo nacional para mil euros até ao final da legislatura e ainda a “indexação dos salários à inflação”. O Livre propõe ainda um “plano de reconversão do edificado” que permita “viver de forma mais confortável nas casas, baixando a fatura da energia e ajudando a salvar o planeta”.

Rui Tavares referiu que atualmente já existe “uma devolução de 85% nos gastos com a climatização das casas” mas que este processo “é muito burocrático” e que “as pessoas têm que meter o dinheiro primeiro e portanto ninguém está a usar”.

Para além disto, o Livre prioriza uma “nova modalidade de transporte público, baseada numa rede de transportes escolares”.

Em 2019 o Livre conquistou pela primeira vez representação na Assembleia da República: a deputada Joacine Katar Moreira que, em fevereiro de 2020, passou à condição de deputada não inscrita, deixando de representar o partido depois de este lhe ter retirado a confiança política.

Livre diz que voto no PSD leva a “encruzilhada”, Rio alerta para risco de novas eleições

O dirigente do Livre Rui Tavares afirmou este sábado que o voto no PSD levará a uma “encruzilhada”, com Rui Rio a contrapor que o partido “foi muito claro” sobre cenários de governabilidade para não haver novas eleições em breve.

Rui Rio e Rui Tavares assumiram estas posições num debate na RTP em período de pré-campanha para as eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro, em que os dois protagonistas não estiveram frente a frente, já que o presidente do PSD esteve nos estúdios do Porto e o dirigente do Livre em Lisboa.

O debate foi dominado pelas diferenças entre os dois partidos no modelo económico e social que defendem para o país – em áreas como os impostos, salários e prestações sociais -, com a questão da governabilidade a surgir na reta final.

“Um voto no PSD leva-nos a uma encruzilhada, não sabemos com quem o PSD pretende governar, se com a extrema-direita, mesmo por apoio tácito, se com CDS e IL, se com o PS”, criticou o dirigente do Livre, avisando que os entendimentos de Rui Rio com António Costa resultaram em menos debates parlamentares de escrutínio ao Governo.

Na resposta, Rui Rio defendeu que “quem foi muito claro foi o PSD”, classificando o debate já realizado entre o secretário-geral do PS, António Costa, e o cabeça de lista do Livre por Lisboa como “uma conversa de amigos”, numa demonstração de que “o PS está cada vez mais encostado à esquerda”.

Para nós é muito claro que eu ganhando as eleições, a preferência é obviamente dialogar com o CDS e IL, mas se esse diálogo não der os 116 deputados, eu entendo que o PS deve democraticamente estar disponível para negociar e viabilizar a governabilidade. Eu, em sentido contrário, tenho de ser honesto e fazer o mesmo”, afirmou.

Se os partidos não estiverem “abertos ao diálogo”, avisou, daqui a seis meses (prazo constitucional durante o qual não pode haver novo sufrágio) o país “estará na iminência de eleições”. “É isto que os portugueses querem, que possamos andar de eleições em eleições, ou querem que tenham abertura ao diálogo?”, questionou Rui Rio.

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