IL é um “parceiro com o qual PSD facilmente se entenderá”, diz Rio
Rui Rio e João Cotrim de Figueiredo sentaram-se frente a frente onde falaram dos "muitos pontos" de convergência e divergência. Ambos admitem unir-se para um possível Governo.
Rui Rio admitiu esta segunda-feira uma possível união com a Iniciativa Liberal, por considerar que o partido liderado por João Cotrim de Figueiredo é um partido com o qual os sociais-democratas “facilmente se entenderão”. Durante o debate que sentou frente a frente os dois líderes esta segunda-feira, João Cotrim de Figueiredo afirmou que o PSD “precisa da energia” da Iniciativa Liberal “para chegar mais à frente”.
“Há muitos pontos de convergência com a Iniciativa Liberal, mas também muitos pontos de divergência”. Foi assim que Rui Rio abriu o debate desta segunda-feira, na SIC. “Temos tanto socialismo e Estado em cima de nós que a convergência não é difícil”, continuou o presidente social-democrata, ressalvando, contudo, que “o problema” é o facto de a Iniciativa Liberal “querer menos Estado”.
João Cotrim de Figueiredo concordou. “Concordamos [com o PSD] no diagnóstico, mas não é só no caminho que divergimos”, disse, apontando a “falta de sentido de urgência e de pressa” dos sociais-democratas. “Temos demasiado socialismo e demasiado Estado e isso é algo que temos de mudar depressa”, afirmou o líder da Iniciativa Liberal.
O líder liberal afirmou que a posição atual do PSD “pode conduzir a uma espécie de alternância, mas não a uma alternativa verdadeira”. “É evidente que falta ambição, pressa e coragem — que Rui Rio já exibiu noutras circunstâncias”, acrescentou.
“Quer o CDS quer a Iniciativa Liberal são parceiros com os quais o PSD facilmente se entenderá”, disse Rui Rio, enquanto João Cotrim de Figueiredo afirmou: “Com o PSD parece que não conseguimos andar muito para trás, mas não vemos a força necessária para andar para a frente. O PSD precisa da energia da Iniciativa Liberal para chegar mais à frente”.
Dos impostos à saúde, o papel do Estado marca a divergência
Rui Rio começou logo por salientar que o papel do Estado era dos pontos que denunciava a divergência entre os dois partidos. A Iniciativa Liberal quer “menos Estado” — diz que é “demasiado” — e o PSD tem o Estado como “elemento fundamental”. E isso é notório em vários tópicos, a começar pelo ensino e pela saúde. Há aqui uma “diferença notória” entre os dois partidos, disse Rui Rio.
“Defendemos que os prestadores possam ser de qualquer natureza e que as pessoas possam escolher a quem recorrer, mantendo-se o financiamento público”, disse João Cotrim de Figueiredo, referindo-se aos serviços de saúde — mas também às instituições de ensino. Isso resultará numa “melhor qualidade de atendimento e em muito menos listas de espera”.
A Iniciativa Liberal “quer que os cidadãos possam escolher entre o privado e o público e o Estado paga”, atirou Rui Rio, admitindo que “isso pode acontecer se as coisas estiverem contratualizadas”. Contudo, sublinhou que essa é uma hipótese que não está em cima da mesa para o PSD, uma vez que, para os sociais-democratas, “o Estado tem a obrigação de prestar um excelente serviço de saúde e educação público”.
Outro ponto de divergência tem a ver com o IRS e IRC. “Convergimos em descer o IRS e o IRC. Propomos manter o modelo de IRS, mas a Iniciativa Liberal quer uma taxa única. E isso resulta num buraco orçamental de todo o tamanho ou numa grande injustiça”, disse Rui Rio. “Queremos mexer nos escalões de forma a que as pessoas passem a pagar menos, mas de forma faseada”, continuou.
Cotrim de Figueiredo explicou. “A nossa proposta de duas taxas a caminho da taxa única custa cerca de dois mil milhões de euros de receita fiscal de IRS e (…) produz crescimento económico”, disse o líder liberal, explicando que “o caminho para uma taxa única produziria salários muito superiores”.
A TAP foi outro dos pontos do debate. Ambos os partidos concordam que a TAP estaria melhor privatizada, mas há uma diferença: a Iniciativa Liberal defende que a companhia aérea não devia receber nem mais um euro, enquanto o PSD afirma que, já que se chegou até aqui, então não se deve perder o dinheiro que foi investido até agora. “Este Governo fez asneira e agora tem uma criança grande e gorda nos braços”, disse Rui Rio.
(Notícia atualizada às 22h27 com mais informação)
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