TAP fecha o ano de 2021 com números acima do plano de reestruturação
A TAP vai apresentar os resultados oficiais de 2021 em março. Números provisórios apontam para um crescimento da receita 15% acima do previsto no plano de reestruturação.
A TAP já fechou os números provisórios de 2021, e registou um desempenho operacional acima do que consta no plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia no final do ano. De acordo com informações apuradas pelo ECO, as receitas da TAP cresceram 14% acima do previsto, enquanto as despesas operacionais ficaram 5% aquém do valor constante do plano de reestruturação. “Embora as contas apenas sejam apresentadas em março, estamos concentrados no cumprimento do plano, cuja implementação está a correr melhor do que o inicialmente previsto“, afirmou ao ECO uma fonte oficial da companhia.
Oficialmente, a TAP não revela detalhes sobre os números de 2021 nem sobre o que consta do plano de reestruturação, e remete mais informação para março/abril, quando as contas de 2021 forem aprovadas em conselho de administração e assembleia geral, para posterior comunicação ao mercado. Mas não desmentiu os números do ECO.
A TAP, recorde-se, entrou na campanha eleitoral por causa das afirmações de Rui Rio no debate com António Costa. O líder do PSD confrontou o líder do PS com um quadro com as tarifas de um voo da TAP de Madrid para São Francisco, e que faz escala em Lisboa. “Um voo da TAP que faz Madrid-São Francisco, e faz escala em Lisboa. Sabe quanto paga o espanhol? 190 euros de Madrid a São Francisco com escala em Lisboa. O português, se apanhar o avião em Lisboa para ir para São Francisco, paga 697 euros”.
Em resposta, numa mensagem escrita enviada ao ECO, a companhia aérea explicou a diferença de preços com o facto de um voo ser direto e o outro não. “Os preços são determinados pela lei da oferta e da procura. Há uma forte concorrência na oferta de voos de qualquer aeroporto da Europa para os EUA“. Por outro lado, “os voos diretos entre dois destinos têm sempre uma maior procura do que os voos com escalas. A lei da oferta e da procura funciona, pelo que são normalmente mais caros do que os voos com escalas, um produto mais demorado, menos confortável e pior, desse ponto de vista”.
De acordo com as informações apuradas pelo ECO, a pandemia atrasou a recuperação da atividade da TAP, mas isso acabou por ter dois efeitos positivos no desempenho operacional de 2021: por um lado, a despesa foi inferior ao previsto, por outro, a menor disponibilidade de voos pressionou a procura de voos de longo curso, o que permitiu aumentar preços. Particularmente para o Brasil. Num voo de ida para São Paulo, por exemplo, para o próximo dia 31 de janeiro, a tarifa mais baixa é de 675 euros em classe económica e, como se lê, já há poucos lugares disponíveis. Em business, já ultrapassa os mil euros.
De resto, o aumento de casos de covid-19 entre o pessoal das companhias aéreas está a deixar aviões em terra um pouco por todo o mundo e a TAP não é exceção. A transportadora portuguesa confirma a existência de voos cancelados. Como o ECO revelou, “a TAP tem estado a ajustar a operação para fazer face a um pico de baixas de tripulantes (maioritariamente devido ao Covid), que já levou ao cancelamento de alguns voos, estando os passageiros a ser acomodados noutros voos da companhia ou de companhias parceiras“, respondeu fonte oficial da companhia, sem indicar números concretos.
Em resposta, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) revelou que via “com apreensão o cancelamento de inúmeros voos da TAP nas últimas semanas” e acrescentou que isso refletia um “desajuste” do quadro de pessoal face às necessidades.
No final do ano, a Comissão Europeia deu luz verde ao plano de reestruturação da TAP, mais de um ano depois do envio da primeira proposta pelo Governo, considerando que a companhia tem viabilidade a longo prazo. Bruxelas impôs, no entanto, compromissos. A TAP terá de ceder 18 slots no aeroporto de Lisboa e vender empresas. A decisão abre caminho à entrada de mais 1.526 milhões de euros do Estado na transportadora, de um total global de 3,2 mil milhões de euros ao longo até 2025, ano em que já deverá registar lucros. O equilíbrio orçamental deverá ser atingido em 2023, de acordo com o plano de reestruturação.
Em declarações à agência Lusa, a presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, disse estar confiante de que qualquer governo que saia das próximas legislativas verá que o plano de reestruturação da companhia pode criar valor ao país. “Estou confiante que qualquer governo vai ver como este plano [de reestruturação] está bem organizado e bem estruturado e que é um plano que conseguirá trazer valor, não só à companhia, mas também ao país”, defendeu Ourmières-Widener, em entrevista à agência Lusa.
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