Líder do PAN recusa fazer “oposição de terra queimada” a futuro Governo
"Não podemos ter o país a atravessar esta crise social e económica e uma crise climática e escudar-nos numa oposição de terra queimada", disse Inês de Sousa Real.
A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, recusou este sábado fazer uma “oposição de terra queimada” a um futuro Governo, após as próximas legislativas, mas vincou estar indisponível para apoiar quem “viole os princípios” do partido.
“Não podemos ter o país a atravessar esta crise social e económica e uma crise climática e escudar-nos numa oposição de terra queimada, que não constrói pontes e que não apresenta soluções para o país”, afirmou. Inês Sousa Real, que falava aos jornalistas durante uma visita ao mercado de Pirescoxe, em Santa Iria da Azoia, no concelho de Loures, frisou que, após as eleições do dia 30, o PAN vai estar a defender as suas propostas.
Numa ação de campanha neste mercado, a líder do partido foi felicitada por um feirante, que considerou que Inês Sousa Real tem “coragem ao dizer que tanto governa com o PS como com o PSD”. “Pelo menos, dá uma demonstração de que é portuguesa”, afirmou Joaquim Henriques, com a porta-voz do PAN a responder que é preciso é “estar, em primeiro lugar, comprometidos com o país e com as respostas para as pessoas”.
Apesar do elogio à líder do PAN, este feirante, que comercializa roupa de cama e que está neste mercado há 50 anos, avisou que vota “sempre PSD” e que “não é fácil mudar” a orientação do voto.
Joaquim Henriques notou, porém, que o PAN tem propostas com as quais não concorda, como é o caso das touradas, que disse não assistir, justificando que “as pessoas têm que ser livres para escolher”. “O proibir para mim está mal e é a única coisa que não estou muito de acordo consigo”, sublinhou, assinalando que, apesar de nunca ter ido a uma tourada, não é contra as pessoas que vão.
Já a também deputada e cabeça de lista do PAN por Lisboa, que andou a distribuir panfletos, sacos de pano e marcadores com receitas vegetarianas, advertiu que o partido não é “contra as pessoas”, mas sim “contra o sofrimento do animal”. Manifestando-se contra o primeiro-ministro dizer que, “se não ganhar, não governa com ninguém”, o comerciante, de 72 anos, despediu-se de Inês Sousa Real ao dizer que espera vê-la “no Governo do PSD”.
Nas declarações aos jornalistas, a porta-voz do PAN indicou que o partido que lidera vai ter “sempre presente” a sua “componente identitária”, no caso de existirem negociações com o futuro governo. “É evidente que o PAN não vai apoiar um Governo que quer promover a tauromaquia no nosso país. O PAN nunca disse que estava disponível para integrar um governo que viole os seus princípios”, salientou.
Durante a visita ao mercado de Pirescoxe, Inês Sousa Real foi ainda interpelada por um outro feirante que propôs uma aplicação para telemóveis para “as pessoas irem votar” em tempos de pandemia. “Então, os infetados vão votar? São pessoas como as outras, têm direito, mas, se há tanta aplicação para tanta coisa, porque não criar uma aplicação”, propôs, avisando logo que a dica era “de graça” e sem “direitos de autor”.
A líder do PAN disse ao feirante acompanhar a “preocupação” da votação de eleitores em isolamento, devido à covid-19, e notou que o partido propôs a realização de “um estudo para o voto eletrónico”, mas a medida “foi rejeitada”. Sousa Real deslocou-se ainda a Amadora para distribuição de propaganda política e contacto com a população, seguindo, depois, de comboio, para Lisboa.
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