Sines ganha força para receber refinaria de lítio. Galp volta a descartar Matosinhos
Afastada a hipótese de Matosinhos, o líder da Galp “olha para várias localizações” possíveis e promete decidir “nas próximas semanas”. Nesta fase há uma probabilidade de 50% de ser instalada em Sines.
A Galp continua a insistir que o local exato onde vai ser instalada a futura refinaria de lítio em Portugal ainda não está fechado, com o presidente executivo a prometer esta quarta-feira que a decisão será anunciada “nas próximas semanas”. O ECO sabe que nesta fase há uma probabilidade de 50% de ser instalada em Sines, mas a empresa de energia ainda está em contacto com várias autarquias e a avaliar outras localizações.
“A única decisão é que não vamos fazer a refinaria de lítio em Matosinhos. Estamos a olhar para várias localizações e a olhar para tudo o que possa tornar bem-sucedido o processo de reconversão de instalações, em termos logísticos, de utilities, de ligações de gás. É uma decisão técnica, mas também um estudo social. Vamos divulgá-la nas próximas semanas”, referiu Andy Brown.
O responsável da Galp falou sobre o tema durante a conferência de imprensa em que foi anunciado que a refinaria de Matosinhos vai ser reconvertida numa cidade dedicada à inovação e às energias do futuro (Innovation District) e acolher um polo da Universidade do Porto. Esta quarta-feira assinou um acordo com a Câmara de Matosinhos e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) para assegurar “enquadramento jurídico e económico” ao projeto em que prevê que sejam criados até 25 mil empregos.
A Galp quer também que a “nova cidade” que vai nascer na antiga refinaria se dedique às energia do futuro e faça parte da “inevitável e necessária transição energética para um mundo mais sustentável”. No entanto, a empresa não revela para já que “energias limpas” são estas.
Ao que o ECO apurou, este projeto será mais baseado no desenvolvimento de novas tecnologias que contribuam para a descarbonização da economia, e não tanto numa lógica mais tradicional de instalação de painéis solares, aposta na energia eólica, no hidrogénio verde ou na refinação de lítio.
Em vez disso, a ideia é desenvolver projetos como os da participada GoWithFlow — que está a desenvolver soluções de mobilidade elétrica para os EUA e até já está instalada no local — e outros que possam contribuir diretamente para temas como a cadeia de valor das baterias de lítio ou do hidrogénio verde.
“Várias centenas de milhões” de investimento
Andy Brown calculou que o processo de desmantelamento e de descontaminação dos terrenos onde estava instalada a unidade industrial, que deixou de produzir a 30 de abril do ano passado, vai custar “várias centenas de milhões de euros” e será pago pela Galp, que já tem esse dinheiro provisionado. Estimou que “haverá partes desta área que vão ficar disponíveis mais cedo (…) e uma libertação progressiva do imóvel para o novo projeto”.
“Isto vai demorar muitos, muitos anos. É um grande projeto. Temos de ver a quantidade de área que precisa de ser descontaminada, mas provavelmente a primeira área vai ser libertada em 2023 e as restantes mais tarde na década”, acrescentou o gestor, assegurando não ter nenhuma estimativa sobre o investimento total que será realizado pela empresa controlada pelo grupo Amorim.
Quanto ao parque logístico que estava integrado na refinaria, onde trabalhavam cerca de 400 pessoas — as primeiras 120 já saíram no âmbito de um despedimento coletivo –, Andy Brown salvaguardou que “ainda está em operação” e que será “mantido separadamente” do Innovation District. “Abastece combustíveis e produtos para todos o norte de Portugal. É estratégico e temos de ver a melhor solução”, apontou.
O presidente da CCDR-N, António Cunha, confirmou esta quarta-feira que estão garantidos para Matosinhos perto de 60 milhões de euros do chamado Fundo para a Transição Justa da União Europeia. Parte dessa verba será direcionado também para a APDL, que descreveu como a estrutura mais diretamente afetado, em termos de faturação, pelo encerramento da refinaria. Em causa está, entre outras medidas, a reconversão do molhe norte do Porto de Leixões, que deixou de ter atividade ligada à transfega de combustíveis fósseis.
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