Podemos fazer da sustentabilidade um estilo de vida?
O que acontece nas fontes de energia das nossas casas e edifícios de escritórios é tão importante para a sustentabilidade quanto os novos projetos de infraestruturas de energia renovável.
Nos últimos tempos, as investigações sobre sustentabilidade, alterações climáticas e metas de neutralidade carbónica têm feito manchetes. A verdade é que o futuro do planeta está nas mãos de todos nós, enquanto utilizadores de energia – desde as empresas multinacionais às casas particulares.
O que acontece nas fontes de energia das nossas casas e edifícios de escritórios é tão importante para a sustentabilidade quanto os novos projetos de infraestruturas de energia renovável.
A eletricidade, o gás e quaisquer outras emissões de carbono derivadas da utilização de energia são invisíveis – e por isso, embora o nosso planeta enfrente agora o maior desafio da história da humanidade, é incrivelmente difícil derrotá-lo, ou ter um impacto positivo, quando não o podemos ver.
Embora se saiba que até 80% do total de emissões de CO2 se deve à nossa utilização de energia, a verdade é que, até sermos capazes de realmente ver o seu custo para o ambiente, não conseguiremos alterar os nossos comportamentos com rapidez suficiente para enfrentarmos verdadeiramente as alterações climáticas e sermos sustentáveis a longo prazo.
Avisos globais
Não faltam personalidades a afirmar que ainda não estamos no caminho certo para cumprirmos os objetivos ambientais. O mais recente relatório de sustentabilidade do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) da ONU confirmou o que suspeitávamos há já algum tempo: não estamos a reduzir as emissões de carbono com a rapidez necessária. Esta crise está a acontecer agora mesmo – apesar de as alterações climáticas serem algo natural e que acontece a uma velocidade geológica, a verdade é que, desde os anos 80, duplicou o número de dias por ano em que a temperatura chegou a 50°C.
De facto, o último relatório do IPCC revelou que os fenómenos climáticos extremos estão a tornar-se “mais intensos e mais frequentes”; e que o planeta atingirá os 1.5°C de aquecimento em meados deste século. O mesmo documento prevê que, em 2050, Portugal seja um país “especialmente vulnerável a secas, aridez do território e deflagração de incêndios, devido à elevada probabilidade de se virem a registar aumentos da temperatura iguais ou superiores a 2°C”. Estas declarações são muito preocupantes – daí a necessidade de agir já.
Os nossos próprios cálculos no documento “2030 Imperatives White Paper” sugerem que, para nos mantermos no caminho certo, devemos reduzir as emissões para metade até 2030 e avançar a um ritmo muito mais acelerado. Com estes avisos globais de sustentabilidade cada vez mais proclamados por governos e líderes mundiais, os consumidores e empresas podem facilmente sentir-se perdidos, desencorajados ou sem saber como fazer a diferença. A questão principal é: será que cada um de nós pode mesmo causar um impacto mensurável e positivo no ambiente?
Força nos números
O desafio de sustentabilidade que enfrentamos atualmente é precisamente onde devemos começar a procurar a solução. A população humana – vasta e em crescimento – necessita que as iniciativas de eficiência energética sejam eficazes e tenham um efeito positivo rápido.
As casas representam, hoje, cerca de um terço das emissões globais de CO2. Isto significa que há uma enorme margem para implementar, nelas, mudanças drásticas em todo o mundo – desde que consigamos rastrear e reduzir a energia que estamos a desperdiçar sem saber; e reduzir as emissões de carbono, que não vemos, mas sabemos que são da nossa responsabilidade. A tecnologia pode ajudar-nos, mas também devemos alterar a nossa mentalidade e adotar comportamentos mais sustentáveis.
Por exemplo: o nosso mais recente estudo internacional demonstra que, embora muitos consumidores estejam realmente preocupados com o aumento das suas faturas de energia, o dobro desse número prefere investir numa coluna eletrónica para smart home do que comprar um termostato inteligente, que ajudaria a dar resposta ao aumento das contas de eletricidade e outras questões de sustentabilidade.
Para combater as alterações climáticas e reduzir a utilização de energia derivada de combustíveis fósseis, precisamos de força… numérica. Contudo, não podemos esperar que as pessoas assumam a empreitada da sustentabilidade por si mesmas: elas precisam do apoio das empresas, das autoridades locais e dos governos para adequarem as suas casas à era da neutralidade carbónica.
Fazer da sustentabilidade um estilo de vida
Um facto interessante é que os consumidores confiam nas empresas para os ajudarem a tornar-se sustentáveis e a consumir produtos e serviços mais ecológicos desde um primeiro momento. No entanto, talvez a maior contribuição que o setor privado pode fazer seja tornar a utilização de energia, as perdas de energia e as emissões mais “visíveis” para as pessoas comuns.
As empresas têm a importante responsabilidade de ajudar os consumidores a perceber a quantidade de emissões de CO2 pelas quais são responsáveis; a identificar a melhor maneira de as compensar; e a ajudar todas as pessoas, em todo o mundo, a progredir em direção a casas mais sustentáveis e neutras em carbono.
As tecnologias que ajudam a visualizar a utilização de energia e as emissões de carbono são fundamentais para incutir uma sensação de poder e responsabilidade nos consumidores, impulsionando-os a tomar medidas imediatas. E ainda pode fazer-se mais: desde sistemas de gestão de energia doméstica a consultoria em energia; passando pela desmistificação da energia solar e do carregamento de veículos elétricos; ou ainda por facilitar a monitorização e o controlo da utilização de energia através de uma aplicação móvel – e ainda mal começámos a descobrir a tecnologia que permite a revolução da vida sustentável.
O momento certo para adotarmos um estilo de vida sustentável é agora. Nenhuma promessa, objetivo ou tecnologia terá, por si só, o impacto necessário no clima – só mesmo se houver uma mudança fundamental no comportamento de todos nós.
O papel mais importante que a tecnologia pode desempenhar é o de nos motivar a implementar estas mudanças, para que deixemos de olhar para a sustentabilidade como um sacrifício e a consideremos como algo que não só queremos ativamente alcançar, como nos trará inúmeros benefícios.
A visibilidade sobre as emissões de carbono e a utilização de energia é fundamental; mas a sustentabilidade não termina com o clima. Neste caminho da economia circular existem também desafios de reciclagem, gestão de resíduos, plásticos e muito mais.
Não podemos esquecer-nos: a maior mudança (e a mais significativa) ocorre quando as pessoas são capacitadas para terem um papel ativo e contribuírem para o desafio de sustentabilidade que nos afeta a todos, enquanto planeta.
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