Rússia enfrenta “ameaça grave, muito grande”
“A utilização da Ucrânia como instrumento de confronto com o nosso país representa uma ameaça grave, muito grande para nós”, disse Putin durante uma reunião do conselho de segurança russo.
Presidente russo, Vladimir Putin, declarou esta segunda-feira que a Rússia enfrenta uma ameaça “grave, muito grande” na Ucrânia, num contexto de tensão crescente com o Ocidente, que acusa Moscovo de se preparar para invadir o país vizinho.
“A utilização da Ucrânia como instrumento de confronto com o nosso país representa uma ameaça grave, muito grande para nós”, disse Putin numa reunião extraordinária do conselho de segurança russo, afirmando que a prioridade de Moscovo “não é o confronto, mas a segurança”.
Na mesma intervenção, Putin afirmou que a Rússia está a analisar o pedido feito pelos dois territórios separatistas do leste da Ucrânia para Moscovo reconhecer a sua independência. “O objetivo da nossa reunião de hoje é ouvir os nossos colegas e determinar os nossos próximos passos nesse sentido”, disse Putin.
Os dirigentes dos dois territórios separatistas do leste da Ucrânia – Donetsk e Lugansk – apelaram esta segunda ao Presidente Putin para reconhecer a sua independência e estabelecer uma “cooperação em matéria de defesa”.
A Rússia é considerada a instigadora do conflito no leste do território ucraniano e a patrocinadora dos separatistas, tendo a guerra eclodido há oito anos, na sequência da anexação russa da península ucraniana da Crimeia, após a chegada ao poder de pró-ocidentais em Kiev, no início de 2014.
Por seu lado, Moscovo acusa as autoridades ucranianas de minar os acordos de paz de Minsk sobre o conflito que opõe a Ucrânia aos separatistas pró-russos, datados de 2015. Na reunião do conselho de segurança russo, Putin afirmou que não existe qualquer perspetiva de aplicação desses acordos, acusando novamente Kiev de os sabotar. “Vemos bem que eles não têm absolutamente qualquer hipótese”, sustentou.
Esta observação seguiu-se a uma apresentação do seu encarregado das negociações de paz na Ucrânia, Dmitri Kozak, segundo quem o processo negocial “está em ponto morto desde 2019” e “nunca” as autoridades ucranianas aplicarão os acordos.
Quanto à via diplomática para tentar solucionar o conflito entre a Rússia e o Ocidente em torno da Ucrânia, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, acusou mais uma vez os Estados Unidos de não considerarem as exigências russas, mas que contava, no entanto, encontrar-se com o seu homólogo norte-americano, Antony Blinken, na quinta-feira em Genebra.
Os russos negam ter qualquer projeto de invasão da Ucrânia, mas não apresentam razões para o destacamento de dezenas de milhares de soldados, apoiados por tanques e lança-mísseis, ao longo da fronteira ucraniana e também em território da Bielorrússia junto à fronteira desse país com a Ucrânia.
O Kremlin exige o fim da política de alargamento da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte) a leste, incluindo a não-aceitação de uma adesão da Ucrânia, e a retirada das forças norte-americanas estacionadas na Europa de leste para as fronteiras de 1997, exigências rejeitadas pelo Ocidente.
Os aliados da Aliança Atlântica, ameaçam, em contrapartida, Moscovo com sanções devastadoras em caso de ofensiva contra a Ucrânia, o que o Kremlin desvaloriza.
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