UE muito determinada em libertar-se da dependência do gás russo, diz Von der Leyen
“A Rússia tem instrumentalizado a energia nos últimos meses, para não dizer anos, para pressionar não só a Ucrânia, mas também a União Europeia", reiterou a presidente da Comissão Europeia.
A presidente da Comissão Europeia reiterou esta terça-feira a forte determinação da UE em “libertar-se da dependência do gás russo”, sobretudo tendo em conta que Moscovo “instrumentaliza a energia” para pressionar não só a Ucrânia como o bloco europeu.
Numa declaração à imprensa ao receber na sede do executivo comunitário o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, destacou a importância da parceria muito próxima e forte entre UE e Noruega, comentando que, nos tempos atuais, em que “as autocracias estão a desafiar as democracias, é muito bom ter parceiros que pensam da mesma forma”, partilham os mesmos valores e cumprem a sua palavra.
Von der Leyen disse que um dos assuntos a ser discutido é, naturalmente, a energia, sublinhando então uma vez mais a necessidade imperiosa de a UE diversificar as suas fontes de aprovisionamento, de modo a não estar dependente da Rússia. “A Rússia tem instrumentalizado a energia nos últimos meses, para não dizer anos, para pressionar não só a Ucrânia, mas também a União Europeia. E agora estamos realmente determinados em deixar a dependência do gás russo”, declarou.
Dirigindo-se a Gahr Store, a presidente do executivo comunitário disse por isso ser um prazer discutir estas questões com o chefe de Governo de um país que sempre foi “um fornecedor de confiança”, com o qual a UE “sempre pôde contar”, e que foi “sempre honesto, cumprindo o prometido”.
“E também partilhamos o entendimento de que sim, o gás é importante e precisamos de diversificar e modernizar os sistemas. Mas, com o tempo, é uma fonte de energia de transição e queremos ir para as energias renováveis. Para nós, o lema é muito simples para a União Europeia: livrarmo-nos da dependência do gás russo e apostar mais nas energias renováveis. Este é o nosso futuro, este é o investimento estratégico na nossa independência, e sei que também aqui partilhamos a mesma perspetiva”, concluiu Von der Leyen.
O primeiro-ministro norueguês corroborou as palavras da presidente da Comissão, comentando que a partilha de valores comuns é efetivamente “a pedra angular” da cooperação entre UE e Noruega, algo ainda mais evidente quando se assiste aos desenvolvimentos na Ucrânia.
Jonas Gahr Store reiterou que a UE pode contar sempre com a Noruega, que alinhou a sua reação “ao que a Rússia fez esta semana” na Ucrânia com os parceiros europeus, pois as posições são semelhantes.
Na terça-feira, ao reagir ao anúncio da adoção de um pacote de sanções contra a Rússia pelos 27 – face ao reconhecimento das “regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk” e à decisão do Presidente russo, Vladimir Putin, de mobilizar forças militares para estas autoproclamadas repúblicas, Von der Leyen saudou também a decisão do Governo alemão de interromper o processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, para a distribuição de gás natural russo à Alemanha.
“O Nord Stream 2 tem que ser avaliado à luz da segurança do aprovisionamento energético para toda a Europa. Porque esta crise mostra que a Europa ainda está demasiado dependente do gás russo. Temos de diversificar os nossos fornecedores e investir fortemente em energias renováveis. Este é um investimento estratégico na nossa independência energética”, declarou então.
O pacote de sanções adotado pela UE surge após Vladimir Putin ter assinado, na segunda-feira à noite, um decreto que reconhece as autoproclamadas repúblicas de Lugansk e de Donetsk, no Donbass (leste da Ucrânia), e de ter ordenado a mobilização do exército russo para “manutenção da paz” nestes territórios separatistas pró-russos.
A decisão de Putin foi condenada pela generalidade dos países ocidentais, que temiam há meses que a Rússia invadisse novamente a Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.
Em 2014, a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia, depois da queda do Governo pró-russo em Kiev, e elaborou um referendo sobre o regresso do território à Federação Russa. Desde então, Kiev está em conflito com separatistas pró-russos no leste do país.
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