BRANDS' CAPITAL VERDE A importância do stakeholder na tomada de decisão
O valor financeiro deve ser visto como um resultado e não como um objetivo, referem Manuel Mota, Climate Change and Sustainability Services Leader EY, e Pedro Mota, Manager EY.
A sociedade exige uma responsabilidade cada vez maior das instituições na demonstração dos seus contributos para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. As organizações estão a ser pressionadas de forma crescente nos últimos anos para alterar a mentalidade de criação de valor focada no acionista para passar a ter em conta uma diversidade de stakeholders.
Uma das respostas a este desafio centra-se na criação de estratégias de negócio orientadas para o propósito. Assim torna-se essencial demonstrar que a abordagem da organização para gerar valor vai para além da distribuição de dividendos a curto prazo, reforçando que a mesma está ancorada numa criação de valor a longo prazo. Esta alteração deve demonstrar a existência de benefícios para um grupo mais abrangente de stakeholders, desde os colaboradores, aos fornecedores, clientes, investidores ou a sociedade em geral.
Contudo, a operacionalização deste conceito não é fácil. É necessário identificar as áreas onde existe um maior potencial de criação de valor a longo prazo e definir a forma de demonstrar o impacte e monitorizar, o desempenho dos aspetos ESG (environmental, social e governance), aspetos intangíveis que até recentemente não eram medidos, comunicados e considerados de forma equiparável ao desempenho financeiro.
O primeiro passo para esta operacionalização é perceber que, mais do que criarem estratégias de sustentabilidade individuais, as empresas devem integrar a sustentabilidade (e por inerência os “aspetos ESG”) na sua estratégia de negócio, de modo a demonstrar em pleno a sua criação de valor a longo prazo.
O “Business case” para a integração do stakeholder value na decisão nunca foi tão claro.
Esta alteração, no valor percebido de uma organização, para uma perspetiva de longo prazo é também cada vez mais importante para as administrações. O recente EY CEO Outlook Survey 2022 demonstra que 82% dos CEO identificaram fatores ESG como importantes ou extremamente importantes para a sua tomada de decisão.
No entanto, subsiste alguma resistência a esta mudança de foco, com 21% dos CEO a revelar que os investidores não demonstram o apoio necessário aos investimentos no longo prazo e que ainda se fixam nos rendimentos trimestrais.
Ainda assim o mercado financeiro tem dado sinais claros que o investimento com foco ESG cresce fortemente, com a Bloomberg a estimar que os ativos ESG caminham para atingir um valor de 53 biliões de dólares em 2025, o que representaria um terço dos ativos sob gestão globais.
A orientação dos grandes fundos de investimento internacionais relativamente a este tema é também cada vez mais evidente. A carta de 2022 do CEO da Blackrock Larry Fink coloca o business case para o stakeholder capitalism de forma simples e clara para os mais céticos a esta alteração de foco para o longo prazo.
In today’s globally interconnected world, a company must create value for and be valued by its full range of stakeholders in order to deliver long-term value for its shareholders.
We focus on sustainability not because we’re environmentalists, but because we are capitalists and fiduciaries to our clients.
Independentemente da visão individual de cada um sobre qual deve ser a motivação para uma organização ser mais sustentável, estas mensagens transparecem a necessidade de reorientação do foco das empresas, e tornam cada vez mais urgente uma maior preparação das mesmas na criação de respostas estratégicas integradas, que consideram todo o espetro de riscos e tendências em temas financeiros e não financeiros.
Números vs palavras: é a altura de as organizações avançarem na criação da sua narrativa de valor para a sociedade e acompanhá-la com dados, mais do que apenas palavras.
Os processos de decisão terão de ser cada vez mais orientados pelo largo potencial de criação de valor, onde as organizações podem caminhar para um processo de “evidence-based decision making”, tentando internalizar nas contas as complexas interações de valor intangível que se situa entre as letras E, S e G.
O que isto quer dizer é que as organizações que entreguem valor nas dimensões Consumidor, Humana e Sociedade vão gerar valor Financeiro como resultado e não como um objetivo à partida.
Alguns dos exemplos onde as empresas têm já aplicado esta lógica de decisão mais informada, baseada em dados concretos e orientada para a criação de valor passam pelas áreas de:
Este diverso conjunto de processos de tomada de decisão vai impactar de forma crescente o nível de confiança dos stakeholders. Como tal, torna-se imperativo que a informação utilizada seja robusta, credível e cada vez mais direcionada aos públicos-alvo. Isto implica que se integrem cada vez mais aspetos que até agora eram tratados de forma separada, e que se monitorize, trate e analise informação não financeira com o mesmo rigor da financeira.
Estamos neste momento na presença de um ripple effect de reorientação dos fluxos de capital para atividades mais sustentáveis. Este efeito gerado pelo conjunto das novas exigências legais relativas aos aspetos ESG, com efeito direto no setor financeiro, juntamente com o poder de influência de grandes gestores de capital a nível mundial passam rapidamente para as grandes empresas transformadoras, pelos seus fornecedores a todos os níveis, impactando assim a vida de todos os cidadãos.
O stakeholder value pode ser visível agora em temas centrais do negócio como estratégia, investimentos, financiamentos ou transações. A sua consideração e valorização deixaram de ser opcionais, e passou a ser um fator crítico para o sucesso no processo de tomada de decisão das organizações.
A jornada da EY na criação de valor a longo-prazo
Na EY, acreditamos que, quando as organizações alinham os seus objetivos com os da sociedade, são mais valiosas e viáveis a longo prazo. Iniciamos essa jornada em 2018 com o Projeto Embankment for Inclusive Capitalism (EPIC), uma iniciativa conjunta com outras 30 empresas e a Coalition for Inclusive Capitalism, para redefinir e medir como as empresas criam valor.
Em 2019, criámos o NextWave, a nossa estratégia orientada para o propósito e ambição de criar valor de longo prazo para clientes, pessoas e sociedade da EY. Essa estratégia tem sido usada para catalisar nossa própria agenda de transformação.
Neste momento estamos a progredir na forma como medimos e comunicamos o valor que criamos. Tendo como guia o mote de “builing a better working world”, tornámo-nos carbon negative em 2021 e estamos comprometidos em ser net zero in FY25. Já impactamos positivamente a vida de 20 milhões de pessoas com o programa de responsabilidade social EY Ripples e queremos chegar aos 1000 milhões em FY30.
Pode consultar mais detalhes sobre o progresso da EY no cumprimento do seu propósito em:
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