Setor dos transportes é o mais intensivo em energia em Portugal

Segundo uma análise do Banco de Portugal, o setor dos transportes terrestes é o mais dependente da energia para produzir. Seguem-se as indústrias, agricultura e pecuária.

O setor dos transportes terrestres é o mais depende de energia para produzir valor acrescentado bruto (VAB) para a economia portuguesa. A conclusão é de uma análise do Banco de Portugal republicada esta sexta-feira na rubrica “Economia Numa Imagem”, perante a crise energética que se vive agravada pela invasão russa na Ucrânia. Do lado oposto estão as atividades de emprego e o tabaco como os setores com menor dependência energética para operar.

O peso dos gastos com energia face ao VAB nas empresas é uma medida aproximada da sua intensidade energética“, começa por explicar João Amador, economista do Banco de Portugal e autor do estudo “Mix e intensidade energética em Portugal: Retratos com dados agregados e de empresa”, assinalando que “as diferenças registadas no rácio médio ente setores de atividade refletem as especificidades setoriais e as decisões das empresas”.

Calculando a média do rácio da despesa total com energia no VAB, com base nos dados de 2018, “observam-se diferenças importantes entre os setores, com ‘transporte terrestre’ a apresentar um rácio de 78%, em contraste com as ‘atividades de emprego’ e ‘tabaco’ com valores médios inferiores a 5%“. Ou seja, a despesa com energia nos transportes terrestres equivale a cerca de 78% do VAB produzido.

Intensidade energética é maior nos transportes, indústria, agricultura e pecuária

Fonte: Revista de Estudos Económicos, volume VIII – nº1. Banco de Portugal.

O estudo refere ainda que “mesmo perante a disponibilidade de veículos elétricos, as empresas de transporte gastam quase exclusivamente em combustíveis líquidos, enquanto as empresas de serviços gastam quase exclusivamente em eletricidade”, sendo que “muitas empresas combinam os dois tipos de gastos com energia”.

O setor ‘transportes’ é, de longe, mais intensivo em energia“, nota o autor, acrescentando que “o nível do indicador em 2017 neste setor é 53% superior em Portugal ao da área do euro”. Seguem-se outros setores intensivos em energia como várias indústrias e a agricultura e a pecuária. Dentro das indústrias, a química e petroquímica e o papel, celulose e impressão dos dos mais intensivos em energia tanto em Portugal como na Zona Euro.

“Esses resultados não são surpreendentes e devem-se à natureza específica dessas atividades, onde tecnologias economizadoras de energia trariam ganhos importantes”, explica o autor, argumentando que “a energia é um fator produtivo indispensável e a forma como as empresas o utilizam condiciona fortemente a sua capacidade competitiva“.

“Para empresas de um mesmo setor, quanto menor a sua intensidade energética, ou seja, quanto menor a quantidade de energia consumida por unidade de VAB, melhor será a sua situação, com reflexos positivos em termos da fatura energética agregada e em termos de cumprimento de metas ambientais”, nota.

Em Portugal, o grau de dependência energética — corresponde à proporção de energia que uma economia tem de importar — é superior ao da Zona Euro em cerca de dez pontos percentuais (80% e 70%, respetivamente), assim como é maior a intensidade em energia dos setores. Por outro lado, há um maior contributo da energia renovável na economia portuguesa em comparação com a média europeia.

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