Banca defende apoios pontuais aos setores vulneráveis ao choque energético
Com a subida dos preços da energia, empresas do setor da cerâmica e siderurgia correm o risco de fechar. Banqueiros defendem apoios específicos como se fez na pandemia em relação ao turismo.
Tal como na pandemia se avançou com apoios direcionados aos setores mais vulneráveis como hotelaria e restauração, também agora, na sequência da escalada dos preços da energia, vai ser preciso medidas pontuais e específicas para proteger indústrias como da siderurgia e cerâmica, defendem os bancos.
“É imperativo desenhar apoios pontuais do Estado que protegem o tecido empresarial desta situação conjuntural”, considerou o presidente do BCP, Miguel Maya, na conferência da Ordem dos Economistas sobre “Portugal: objetivo crescimento”, realizada na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
“Estaríamos melhor e mais resilientes se tivéssemos capacidade financeira e contas públicas equilibradas para responder a este choque”, acrescentou o gestor.
Já o presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, lembrou que há “setores que podem fechar, caso das siderurgias, cerâmicas” com a subida dos custos energéticos, pelo que “o pacote que está a ser preparado em termos da União Europeia, se houver este apoio muito direcionado e específico, para Portugal será indispensável, porque o país sai com o setor produtivo em grande medida preservado”.
Ninguém quer a Rússia, mas estão todos a pensar na China
Na sua intervenção, Paulo Macedo considerou que a guerra russa na Ucrânia vai promover uma grande redefinição geopolítica a nível mundial, o que “vai afetar as relações das nossas empresas e as suas cadeias de produção, onde nos vamos abastecer e quem nos vai fornecer”.
“Ninguém vai querer ficar tão independente da Rússia, mas estão todos a pensar na China. Mas, depois [da crise] dos chips, como vão ser as relações com esta parte?”, questionou o líder da Caixa.
Miguel Maya estimou que os impactos de primeira ordem da guerra em Portugal vão ser reduzidos, devido à fraca relação comercial e exposição à Rússia e Ucrânia, além da baixa dependência da energia russa. Contudo, o líder do BCP sublinhou que os impactos de segunda ordem como o aumento dos preços da energia e da inflação e o abrandamento da economia da Zona Euro “terão mais impacto nos países financeiramente mais vulneráveis como Portugal.”
Já António Ramalho, presidente do Novobanco, disse que, “num cenário de disrupção energética, é provável ter uma recessão já a partir de 2023, com reduções de crescimento em 2022″. Portugal ficaria com uma perspetiva de crescimento abaixo de 5%, mas superior a 2%, sublinhou.
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