Portuguesa Laskasas fecha loja de móveis na Rússia

Exportar para a Rússia tornou-se “tão complexo e dispendioso” que o grupo de Paredes foi obrigado a encerrar o espaço comercial em Moscovo, que valeu receitas de 1,2 milhões de euros em 2021.

É mais uma baixa empresarial provocada pela guerra na Ucrânia. A portuguesa Laskasas, que produz e comercializa mobiliário e artigos de decoração, acaba de encerrar a loja de 240 metros quadrados que tinha inaugurado há apenas ano e meio em Moscovo, muito perto do Kremlin.

“Devido a todo o contexto que estamos a viver, esta seria a única decisão possível a tomar. Não só pela dificuldade que já estávamos a sentir em termos logísticos, de exportação de todo o material, como na redução do poder de compra, visto que parte das pessoas viu o seu rendimento familiar reduzido”, justificou Celso Lascasas, em declarações ao ECO.

O fundador e presidente executivo insistiu que “o fornecimento de materiais e o transporte de Portugal para a Rússia tornou-se um processo tão complexo e dispendioso que fechar a loja foi a única opção” do grupo de Paredes, que emprega mais de 450 pessoas e tem três fábricas. A empresa-mãe que produz mobiliário e artigos de decoração para o lar, a DomKapa especializada em estofos e a Serralux no fabrico de mobiliário em metal.

Do volume de negócios total de 26 milhões de euros registado em 2021, perto de 35% foram faturados em perto de três dezenas de mercados internacionais. E logo a seguir ao Médio Oriente e ao Reino Unido, foi precisamente a Rússia que figurou como terceiro melhor destino no estrangeiro, com receitas equivalentes a 1,2 milhões de euros.

Era a única decisão possível. Não só pela dificuldade que já estávamos a sentir em termos logísticos, como na redução do poder de compra.

Celso Lascasas

Fundador e CEO do grupo Laskasas

Nesta unidade comercial na capital russa trabalhavam seis pessoas, entre comerciais e designers, que “estão a ser acompanhados de forma constante” e a colaborar com o departamento de exportação do grupo. O empresário confia ainda que “a loja irá continuar a pertencer à Laskasas e o restante stock irá permanecer neste espaço”.

Celso Lascasas, fundador e CEO da Laskasas

Depois do encerramento em Moscovo, o grupo nortenho fundado em 2004 soma atualmente nove lojas em Portugal e mantém as áreas comerciais em Londres (Reino Unido), Dubai (Emirados Árabes Unidos), Punta Cana (República Dominicana), Marbella (Espanha) e Luanda (Angola), além de “dezenas de showrooms multimarca” noutras localizações.

No início de março, mas “por uma questão moral e de responsabilidade social”, uma outra empresa de Paredes decidiu boicotar a compra de madeira na Rússia. Como o ECO noticiou, a Alfredo Nunes Correia avisou os fornecedores russos que vai deixar de lhes comprar matéria-prima que transforma para a indústria de mobiliário.

O cluster industrial que integra o mobiliário, a colchoaria, os assentos e outras atividades complementares gerou 1.780 milhões de euros em vendas ao exterior em 2021. Significou uma subida de 12% face a 2020, mas ficou ainda 3% abaixo do montante registado no ano recorde de 2019.

O mercado francês tem a maior quota de mercado desta indústria concentrada nos concelhos vizinhos de Paredes e Paços de Ferreira, no distrito do Porto, sendo o destino de 34% do total das exportações nacionais, seguido por Espanha, com 26% das vendas ao exterior. Bélgica, Alemanha e Países Baixos foram outros dos mercados de importação que mais cresceram em 2021.

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