Perfis tecnológicos serão os mais procurados nos próximos 3 anos, diz Mercer

Apesar de muito apetecíveis, existe alguma dificuldade em recrutar perfis ligados à tecnologia. O reskilling surge como fundamental.

O reforço das equipas em funções relacionadas com dados e tecnologia constituem o principal foco das empresas nos próximos três anos. Business intelligence, data analytics e data science/big data mining são as áreas profissionais apontadas como as mais apetecíveis pela importância global, ritmo de evolução e necessidades de recrutamento do mercado. Para além do domínio das áreas tecnológicas, as empresas procuram profissionais com capacidade de adaptação, resiliência, tolerância ao stress e flexibilidade, dão conta os estudos “Future Jobs Survey Report” e “Future Skills Survey Report”, realizados pela Mercer, a que a Pessoas teve acesso.

“É quase um lugar comum dizer que as organizações estão em processo de transformação, mas essa é uma realidade que só veio ser acelerada com o contexto da pandemia. E essa transformação tem, invariavelmente, dois grandes pilares: a tecnologia e as pessoas. Daí que os skills e perfis tecnológicos estejam entre aqueles que são mais procurados e valorizados pelas organizações”, explica Tiago Borges, business leader de career da Mercer Portugal.

“Neste contexto, podemos verificar que no movimento transversal de reskilling, que afeta muitas organizações e funções, os temas tecnológicos estão no centro, mesmo em funções não puramente tecnológicas”, salienta, em declarações à Pessoas.

“Neste contexto, acreditamos que a evolução será num sentido favorecedor das skills mais tecnológicas, no entanto, com um contexto de estender este tipo de competências a um número mais alargado de funções, e não numa direção criadora de um gap entre perfis tecnológicos/ não tecnológicos.”

No que toca às profissões em destaque para os próximos três anos espera-se um aumento da importância das áreas relacionadas com dados, nomeadamente business intelligence & data analysis, data analytics e data science/big data mining. Os inquiridos — que pontuam de forma elevada a importância global destas funções — consideram que estas áreas requerem recrutamento externo, reconhecendo dificuldade na relação entre a procura e a oferta.

“A escassez de talento está relacionada com o problema de ‘skills mismatch’ e também com o facto de, para funções menos qualificadas, não haver pessoas suficientes disponíveis para executar essas funções aos valores que o mercado atualmente pode pagar”, esclarece Tiago Borges.

As organizações debatem-se cada vez mais com a dificuldade de encontrar as pessoas com as competências necessárias aos seus planos de negócio e processos de transformação, pelo que a ‘guerra do talento’ ganha contornos cada vez mais ‘agressivos’, e os melhores talentos e perfis detentores destas skills mais procuradas são altamente disputados.

Tiago Borges

Business leader de career da Mercer Portugal

“As organizações debatem-se cada vez mais com a dificuldade de encontrar as pessoas com as competências necessárias aos seus planos de negócio e processos de transformação, pelo que a ‘guerra do talento’ ganha contornos cada vez mais ‘agressivos’, e os melhores talentos e perfis detentores destas skills mais procuradas são altamente disputados”, defende.

No plano oposto, enquanto funções e áreas menos críticas a curto e médio prazo surgem contabilidade, web design e vendas presenciais. Segundo a opinião dos inquiridos, contabilidade (41%) e apoio ao cliente (35,9%) são as duas áreas mais suscetíveis à automatização parcial ou mesmo total.

Reskilling, a solução para “converter” trabalhadores

Neste sentido, o reskilling, podendo não responder a necessidades imediatas, é cada vez mais entendido pelas organizações como “absolutamente fulcral”. Não só é um imperativo em termos de responsabilidade social corporativa, mas também de negócio.

“As organizações poderão ‘converter’ colaboradores que, de outra forma caminhariam para a obsolescência e ficariam ‘presos’ a funções que, no limite, podem vir a ser automatizadas ou externalizadas no futuro, para funções que sejam relevantes para os seus planos de crescimento”, defende o business leader de career da consultora.

Além da tecnologia, conta (muito) a personalidade

A par da expectativa que as competências relacionadas com fluência tecnológica e inovação se tornem cada vez mais importantes para as empresas durante os próximos três anos, há traços de personalidade que são cada vez mais valorizados.

Mentalidade de crescimento e adaptabilidade; competências relacionadas com o desenvolvimento de pessoas; bem como resiliência, tolerância ao stress e flexibilidade são os três grandes grupos de soft skills identificadas como sendo as mais importantes para os próximos três anos.

Já no que toca às competências individuais menos valorizadas pelo mundo empresarial, os estudos da consultora identificam a influência política interna/network, competências de vendas e pensamento transdisciplinar.

Apesar da sua importância, competências associadas ao digital, TI e inteligência emocional foram identificadas como as mais difíceis de encontrar no recrutamento de talento, em oposição às áreas administrativas, recursos humanos e introdução de dados, normalmente mais fáceis de encontrar no mercado.

Um outro estudo divulgado esta semana, elaborado pela McKinsey e que a Pessoas teve acesso, concluiu que quanto maior o domínio de competências digitais, maior é a empregabilidade e a probabilidade de obter rendimentos mais elevados e realização profissional. Um inquirido com maior proficiência em todos os DELTAs — elementos distintivos de talento que combinam as competências e atitudes das pessoas — da categoria digital tem 41% mais probabilidade de obter rendimentos mais elevados.

Desenvolvido pela Mercer, empresa subsidiária da Marsh & McLennan Companies, o “Future Jobs Survey Report” inquiriu 118 empresas de diferentes setores de atividade e localização geográfica, com o objetivo de refletir o estado a médio e longo prazo do emprego. Para averiguar as tendências das competências empresariais durante os próximos três anos, 200 empresas em todo o mundo responderam ao questionário “Future Skills Survey Report”.

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