Tailândia suspende 2 seguradoras que já não conseguem pagar sinistros Covid-19
Volume de responsabilidades financeiras assumidas com coberturas de Covid-19 está a surpreender seguradoras tailandesas. Duas vergaram ao peso dos sinistros e enfrentam processos de dissolução.
O ministério das Finanças da Tailândia revogou licenças comerciais às seguradoras Southeast Insurance e Thai Insurance, depois de terem falhado pagamentos aos clientes por um montante superior 18 mil milhões de bahts tailandeses (cerca de 493,3 milhões de euros ao câmbio corrente) em compensações relacionadas com sinistros de Covid-19, segundo foi divulgado pelo Office of Insurance Commission (OIC), regulador local do setor.
A Southeast Insurance sucumbiu a 13,5 mil milhões de baht (THB) em créditos relacionados com sinistros Covid-19 por pagar e a Thai Insurance acumulou 4,6 mil milhões da mesma natureza que a seguradora não tem condições de honrar. Estas companhias são subsidiárias do Thai Group Holdings, entidade controlada pelo multimilionário Charoen Sirivadhanabhakdi, considerado empresário mais rico do país.
As seguradoras foram advertidas pelo organismo regulador e foi-lhes concedido um prazo e possibilidade de suspenderem a venda de novas apólices do ramo não Vida, venderem parte dos ativos e usar o encaixe para reforço de capitais que permitisse proceder ao pagamento das indemnizações por infeções de Covid-19, mas não o fizeram. Agora, além de terem as licenças canceladas desde 1 de abril, a OIC vai aprofundar investigação comportamental que pode levar a ações legais visando os respetivos dirigentes por incumprirem indemnizações em atraso e porque, deliberadamente, também não aplicaram medidas para corrigir a insuficiências de capital.
Já no final de janeiro, os acionistas destas companhias recusaram apoiar o necessário reforço de capital, optando por devolver as respetivas licenças à entidade de Supervisão e suspender atividade, explicou Suttipol Taweechaikarn, secretário-geral do OIC. Agora, face ao desfecho anunciado, caberá ao Fundo de Garantia de seguros acompanhar um processo regulamentado de dissolução das seguradoras e dar destino aos clientes lesados que serão transferidos para outras 31 companhias de seguro.
Em 2020, cerca de uma dúzia de companhias procurou dar resposta à emergência da pandemia (de Covid-19) na Tailândia com oferta de apólices para cobrir despesas associadas com doença. Com incremento da oferta no mercado e preços cada vez mais atrativos para os consumidores venderam-se milhões de apólices. As duas companhias cujas licenças foram revogadas reúnem entre si perto de 1,2 milhão de apólices envolvendo coberturas Covid.
Com prolongamento da crise pandémica (mais os efeitos das novas variantes do coronavírus), as seguradoras demoraram a perceber que acumulavam responsabilidades de cobertura muito acima das suas reservas prudenciais e, consequentemente, começaram a enfrentar problemas operacionais decorrentes da expansão dos gastos com sinistros. O impacto da Covid-19 no setor não fez apenas aquelas duas vítimas. A OIC tem tido reuniões com outras 15 empresas (10 do ramo não Vida e cinco do ramo Vida) para lidar com os efeitos da Covid-19.
Em conjunto Southeast e a Thai geriam carteiras somando oito milhões de clientes no total.
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