Cavaco Silva mede “nível de coragem política” do Governo. O de Costa é “muito baixo”
Antigo primeiro-ministro e Presidente da República considera que a pandemia e a guerra na Ucrânia tornam ainda mais necessário que o Governo tenha coragem política para fazer reformas estruturais.
Exceto na Administração Pública, Aníbal Cavaco Silva não encontra um “ímpeto reformista” no Programa do Governo, discutido na semana passada na Assembleia da República. O antigo primeiro-ministro e Presidente da República assina esta segunda-feira um artigo de opinião no Público, no qual avalia a “coragem política” do novo Executivo. A António Costa, o antigo Chefe de Estado atribui um grau de coragem política “muito baixo”.
Tomando como indicador o perfil político do primeiro-ministro, Cavaco Silva baseia-se na atuação de António Costa nos seis anos de chefia do Governo, em que considera que “sobressaiu a aversão a políticas de cariz estrutural” e, por isso, “obter-se-ia um grau de coragem política muito baixo”. Segundo o antigo Chefe de Estado, a única exceção é o mercado de trabalho, no qual Costa “revelou resistência às pressões da extrema-esquerda no sentido do aumento da rigidez da legislação”.
Cavaco Silva dá também nota ao novo ministro das Finanças, Fernando Medina, a quem aponta “um grau médio de coragem política”, tendo em conta a sua ação enquanto presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Contudo, a maioria absoluta do Governo “faz com que a atuação do primeiro-ministro no passado e o próprio conteúdo do programa sejam indicadores da avaliação do grau de coragem política de relevância limitada“, afirma.
A retórica e a mentira não produzem riqueza.
No entender do antigo Presidente da República, Portugal precisa de um “choque reformista”, sobretudo em quatro áreas, que exigem “uma forte coragem política”: a Administração Pública, o sistema fiscal, a Justiça e o mercado de trabalho. Para tal, continua, o Governo deve assumir como objetivo a alcançar até 2030 “um nível de exportações de bens e serviços de 60% do PIB”.
“O objetivo deve ser o de, dentro de dez anos, trazer Portugal de volta à 15.ª posição entre os 27 países da UE [União Europeia], em termos de rendimento per capita, em que se encontrava em 2002“, defende Cavaco Silva, acrescentando que, se este objetivo não for alcançado, poderá dizer-se que “o poder político falhou”, dado o montante “elevadíssimo” da bazuca europeia destinado a Portugal.
Sublinhando que “a retórica e a mentira não produzem riqueza”, o ex-primeiro-ministro conclui que a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia tornam a coragem política ainda “mais necessária”. “Na prática, o Governo, confrontado com o empobrecimento relativo do país, pode ir além das medidas constantes do programa aprovado pelo Parlamento e o primeiro-ministro pode adotar um perfil mais favorável ao crescimento económico”, aponta.
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