O dia em direto nos mercados e na economia – 7 de abril

  • ECO
  • 7 Abril 2025

Ao longo desta segunda-feira, 7 de abril, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Federação Espanhola de Parkinson lança uma campanha para eliminar o estigma da doença

  • Servimedia
  • 7 Abril 2025

A campanha, por ocasião do Dia Mundial da Doença de Parkinson, salienta que o desconhecimento sobre a doença gera uma imagem social construída sobre estereótipos.

A Federação Espanhola de Parkinson (FEP) e as suas associações federadas promoveram a campanha “Não tome nada por garantido” na véspera do Dia Mundial da Doença de Parkinson, que se comemora todos os anos a 11 de abril. O objetivo é desmantelar o estigma de que são alvo as pessoas com esta doença e tornar visível a sua realidade diversa e complexa, através de um vídeo protagonizado por vários doentes.

A doença de Parkinson afeta mais de 160.000 pessoas em Espanha e mais de 8,5 milhões em todo o mundo. No entanto, o tremor, um dos sintomas mais conhecidos, e a associação da doença à velhice, construíram uma imagem social que não reflete a diversidade de sintomas nem as diferentes realidades de quem vive com a doença em diferentes fases da sua vida.

Neste sentido, a Federação pretende dar visibilidade a sintomas menos conhecidos, como a rigidez, a insónia ou os problemas de equilíbrio, e a outras realidades, como a doença de Parkinson de início precoce. O objetivo é mostrar que a falta de conhecimento sobre a doença de Parkinson e o estigma que lhe está associado têm consequências graves, uma vez que muitas pessoas evitam ou adiam a partilha do seu diagnóstico por receio de serem mal interpretadas, enquanto outras sentem que os seus sintomas são mal compreendidos, o que limita as suas oportunidades e a sua participação em áreas como o trabalho, a vida social e familiar.

O vídeo da campanha “No des nada por sentado” simula um jogo em que uma pessoa tem de adivinhar quem tem a doença de Parkinson. Guiado por estereótipos sociais, o jogador (Eduard Farelo) toma uma decisão que revela os preconceitos existentes.

ELIMINAR O ESTIGMA

A doença de Parkinson é crónica e neurodegenerativa, e a sua prevalência duplicou nos últimos 25 anos. A falta de conhecimento sobre a realidade das pessoas afetadas favorece a estigmatização e dificulta a inclusão social.

Neste sentido, a diretora da Federação Espanhola de Parkinson, Alicia Campos, explica que a campanha “convida a sociedade a refletir sobre os seus próprios pressupostos em relação à doença de Parkinson, a informar-se e a não julgar precipitadamente o que não pode ser visto a olho nu. O estigma deve ser eliminado e a mudança começa com o conhecimento e a compreensão da doença.

“É necessário garantir que a informação sobre a doença de Parkinson chega à sociedade de forma clara e exata, para quebrar os preconceitos que perpetuam o estigma”, sublinha o presidente da federação, Andrés Álvarez. “Juntos podemos criar um futuro em que a inclusão, o respeito e a empatia guiem a sociedade, garantindo um ambiente justo para todas as pessoas”, sublinha.

ASSOCIAÇÕES

As associações de doentes de Parkinson desempenham um papel fundamental na eliminação do estigma, oferecendo cuidados, apoio e criando espaços onde as pessoas podem partilhar as suas experiências sem receio de serem julgadas.

As associações de Parkinson desempenham funções essenciais para as pessoas diagnosticadas com Parkinson, as suas famílias e cuidadores, proporcionando acompanhamento, formação, informação e orientação. Também preenchem as lacunas terapêuticas existentes, oferecendo as terapias necessárias para melhorar a qualidade de vida das pessoas com Parkinson (fisioterapia, terapia da fala, psicologia, terapia ocupacional, serviço social, etc.). No entanto, enfrentam desafios significativos em termos de recursos, financiamento e apoio.

A FEP é uma organização com mais de 25 anos de experiência que representa mais de 160.000 famílias que vivem com a doença de Parkinson em Espanha. Atualmente, inclui mais de 70 associações e a sua missão é representar o movimento associativo a nível nacional e internacional para defender os interesses das pessoas afetadas pela doença de Parkinson.

A campanha foi realizada com o financiamento do Ministério dos Direitos Sociais, Consumo e Agenda 2030, e com a colaboração de Esteve, Bial, Zambon, Organon, Stada, Boston Scientific, Abbvie, Medtronic e Abbott.

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Instituto Coordenadas diz que há um “grave risco de colapso” na chefia dos serviços devido ao novo Estatuto Quadro da Saúde

  • Servimedia
  • 7 Abril 2025

O Instituto Coordenadas afirmou que o projeto do novo Estatuto Quadro do Ministério da da Saúde suscitou grande preocupação nos públicos espanhóis.

Uma das suas medidas mais controversas é a exigência de dedicação exclusiva ao sistema público para determinados cargos médicos – como chefes de serviço ou diretores – proibindo-os de trabalhar também no setor privado. Perante isto, os médicos alertam para um potencial impacto negativo, uma vez que poderá haver uma fuga maciça dos chefes de serviço mais experientes para o setor privado e/ou reformas em massa”.

De acordo com um relatório da equipa de investigação em saúde do Instituto Coordenadas de Governação e Economia Aplicada, uma das principais razões que podem motivar a saída de chefes de serviço para o setor privado é a diferença salarial. “Os salários no setor privado são 20-30% superiores aos do setor público para cargos equivalentes. Enquanto no setor público o salário médio anual de um médico é de cerca de 54 000 euros brutos – antes de impostos e subsídios -, no setor privado os salários em cargos de responsabilidade são consideravelmente mais elevados. Por exemplo, dados de 2020 indicavam que, nos hospitais privados, um chefe de unidade ou serviço poderia ganhar ≥70.000 euros por ano; enquanto um diretor médico poderia ganhar até 90.000-100.000 euros, ou um gestor hospitalar privado entre 100.000 e 120.000 euros”.

“Em contrapartida, na saúde pública, os chefes de serviço não recebem uma remuneração proporcional à sua dedicação e responsabilidade”, acrescenta. Segundo o sindicato médico Amyts, tornar-se chefe de serviço num hospital público custa apenas cerca de 300 euros brutos por mês a mais do que o salário de um assistente comum. Este subsídio (de chefe de serviço ou de chefe de secção) é geralmente modesto – os sindicatos estimam que não ultrapassa geralmente os 400 euros por mês – e “não compensa” o esforço de gestão e a enorme responsabilidade acrescida. Segundo os porta-vozes do Amyts, “o aumento do salário é de apenas 300 euros brutos por mês, o que desencoraja as pessoas a aceitarem este tipo de cargo”.

Assim, um chefe de serviço do Sistema Nacional de Saúde, segundo o Instituto Coordenadas, com muitos anos de experiência, pode ganhar cerca de 60.000 euros por ano (dependendo da Comunidade Autónoma, da antiguidade e do serviço de urgência), enquanto no setor privado esse mesmo profissional pode ganhar cerca de 80.000-90.000 euros ou mais, sem contar com os rendimentos das consultas privadas. A Fundação IDIS (setor privado da saúde) afirma que a aplicação da exclusividade sem equiparação salarial “não parece adequada, pois poderia levar a uma saída de profissionais do setor público para o privado”.

COMUNIDADES

“A medida de exclusividade proposta teria um impacto direto em todos os chefes de serviço dos hospitais públicos que atualmente trabalham no setor privado. O Ministério da Saúde ‘garante que não tem números oficiais’ sobre quantos seriam, e até sugere que a maioria já é exclusiva devido à intensidade do cargo. No entanto, os sindicatos médicos discordam dessa visão complacente”, argumenta o Instituto Coordenadas.

O Instituto Coordenadas afirma que “em todas as regiões, a incompatibilidade seria uma mudança drástica. Comunidades como Madrid não têm atualmente exclusividade, permitindo aos médicos combinar os dois setores dentro dos limites legais. Outras, como a Andaluzia, a Catalunha, Valência, a Galiza e o País Basco, também permitem a compatibilidade (algumas com exclusividade voluntária). Apenas Navarra e a Extremadura exigiam já há anos a exclusividade aos seus chefes de departamento. Por conseguinte, os chefes de serviço das principais ACs passariam para um regime mais restritivo do que o atual, e uma percentagem significativa optaria provavelmente por abandonar o seu cargo público. De facto, a Confederação Estatal dos Sindicatos Médicos (CESM) adverte que forçar uma escolha no contexto atual (*“carência de recursos”, ‘exaustão’) “levará muitos médicos a considerar a possibilidade de exercer no setor privado, onde a necessidade de pessoal é cada vez maior” devido ao aumento dos seguros de saúde privados”.

ESPECIALIDADES

Acrescenta ainda que “a eventual fuga de chefes de serviço teria um impacto transversal em todas as especialidades médicas e cirúrgicas dos hospitais públicos. Por exemplo, especialidades cirúrgicas como a Cirurgia Geral, a Traumatologia, a Neurocirurgia ou a Urologia, entre outras, são áreas em que muitos chefes trabalham no setor privado, operando em clínicas durante as tardes. Se saíssem do setor público, perderiam cirurgiões de referência com décadas de experiência, essenciais para cirurgias complexas e para a supervisão de equipas cirúrgicas. Esta situação poderia obrigar a encaminhar mais cirurgias para o setor privado ou para hospitais de maior dimensão, abrandando a atividade cirúrgica pública. Além disso, aumentariam ainda mais os tempos de espera para as operações, que hoje já ultrapassam em média 4 meses no SNS, ~128 dias para intervenções não urgentes”.

Em outras especialidades médicas, como Medicina Interna, Oncologia, Cardiologia ou Neurologia, os chefes de serviço costumam coordenar o atendimento de pacientes complexos, orientar protocolos e formar jovens atendentes. A sua saída, diz o Instituto Coordenadas, significaria uma perda de liderança clínica. Serviços como a oncologia e a cardiologia “poderiam ver comprometida a continuidade” de certos programas, afetando a qualidade dos cuidados e a segurança dos doentes. A Ordem dos Médicos de Espanha (OMC) advertiu que é essencial tornar a saúde pública atrativa, uma vez que “as medidas restritivas não são particularmente boas” e podem reduzir a motivação destes profissionais.

“Em relação a outras áreas críticas e de diagnóstico – Urgência, UCI, Anestesia, Radiologia, Laboratório… – muitas delas também têm chefes com uma vasta experiência. A demissão ou reforma antecipada destes cargos pode levar ao colapso de departamentos inteiros. Por exemplo, a saída de vários diretores de Anestesiologia ou de Medicina Intensiva do sistema público reduziria a capacidade operacional dos blocos operatórios e das UCI. Este facto, por sua vez, saturaria as Urgências por não poderem admitir doentes devido à falta de camas nas UCI ou no pós-operatório, aumentando as consultas externas. Os sindicatos de Madrid, da Catalunha e do País Basco alertaram conjuntamente para o facto de que a imposição desta medida “num contexto de pressão e exaustão dos cuidados” só irá agravar a precariedade dos serviços e ameaçar um colapso dos cuidados de saúde”, acrescenta.

“Em suma, todas as especialidades seriam afetadas de alguma forma. Atualmente, estima-se que cerca de 40% dos médicos em Espanha combinam cuidados de saúde públicos e privados, embora com variações consoante a especialidade e a região. Entre estes contam-se muitos chefes de serviço de especialidades muito procuradas no setor privado (traumatologistas, cirurgiões, dermatologistas, ginecologistas, etc.). Se uma fração significativa destes profissionais optar por sair, cada hospital público perderá uma parte da sua estrutura de comando clínico. Os mais afetados seriam os pequenos hospitais de condado e de província, onde, por vezes, o chefe de serviço é o único especialista sénior estável. A sua saída poderia levar ao encerramento de unidades locais (obrigando os doentes a deslocarem-se para hospitais maiores) e ao desmantelamento de equipas”, continua.

Diz que “num cenário crítico a curto prazo, se o Estatuto Quadro for aprovado nos termos atuais, isso poderia levar, entre outras coisas, a demissões e vagas generalizadas, uma vez que muitos chefes de serviço poderiam demitir-se precocemente dos seus cargos públicos para evitar incompatibilidades, aceitando ofertas no setor privado ou reformando-se antecipadamente. Também seria difícil preencher os lugares de diretor porque os gestores hospitalares teriam sérias dificuldades em encontrar substitutos. Além disso, as direções dos hospitais podem ser obrigadas a fundir serviços ou a redistribuir responsabilidades para evitar a paralisia. Por exemplo, em caso de escassez de chefes de várias especialidades, um hospital regional pode integrar diferentes serviços sob um único comando, ou responder perante o chefe de serviço de um hospital de maior dimensão situado nas proximidades. Soluções de emergência que comprometeriam a qualidade dos cuidados e a capacidade de resposta local”.

E acrescenta que “outras possibilidades são o aumento das listas de espera e dos atrasos nos cuidados de saúde, uma vez que, com menos pessoal especializado disponível, a produtividade e o prestígio dos hospitais públicos diminuirão a curto prazo. Haverá menos cirurgias programadas (devido à falta de anestesistas ou cirurgiões seniores), a atribuição de consultas com o especialista certo demorará mais tempo, etc. As listas de espera cirúrgicas no SNS já são longas (128 dias em média); este cenário poderia agravá-las para níveis históricos, aproximando-se do colapso. Os próprios médicos referem que esta situação “acabará com a saúde pública” se não for corrigida. Poderá também verificar-se uma sobrecarga dos serviços de urgência e dos cuidados primários, uma vez que, quando os doentes se veem confrontados com maiores demoras para serem vistos por um especialista ou para serem operados, tendem a dirigir-se mais frequentemente aos serviços de urgência devido ao agravamento das suas doenças, ou saturam ainda mais os cuidados primários em busca de uma solução. Num curto espaço de tempo, podemos ver os serviços de urgência sobrecarregados por casos que não puderam ser resolvidos a tempo em ambulatório”.

“Em suma”, acrescenta, “dentro de 1 a 2 anos, poderia verificar-se um efeito dominó, com uma fuga de chefes médicos, vagas por preencher, um declínio imediato dos cuidados e um aumento sensível dos tempos de tratamento. O resultado seria uma deterioração percetível dos cuidados públicos, com o risco de alguns hospitais não conseguirem manter a sua carteira de serviços. Este cenário crítico é precisamente o que as associações médicas e os sindicatos tentam evitar ao oporem-se ao Estatuto-Quadro na sua atual redação”.

MÉDIO E LONGO PRAZO

O Instituto Coordenadas afirma que, “se a situação não for invertida a médio prazo, preveem-se cenários negativos a 5-10 anos para a saúde pública espanhola. A imposição prolongada da exclusividade, aliada à falta de melhorias substanciais das condições, poderá consolidar um êxodo de profissionais de topo. Não só os atuais responsáveis terão abandonado o sistema público, como também a nova geração de especialistas fugirá às responsabilidades da saúde pública. Muitos jovens médicos altamente qualificados poderiam optar diretamente por uma carreira no setor privado ou emigrar para o estrangeiro em busca de melhores condições, pelo que existe o risco de uma fuga de cérebros: os melhores médicos formados no MIR público, depois de cumprirem a obrigação de 5 anos, não continuariam no SNS se este não oferecer incentivos”.

Prossegue dizendo que “outro risco é a existência de um fosso geracional nos cargos de chefe de serviço, uma vez que, dentro de 5 a 10 anos, muitos dos atuais chefes de serviço estarão reformados (a maioria tem mais de 60 anos). Se o talento não for retido, haverá uma geração perdida ao nível dos chefes de serviço. Poderemos encontrar hospitais onde nenhum médico quer assumir a direção, deixando vagas ou nomeando chefes inexperientes. A carreira no SNS seria encurtada: os jovens médicos não aspirariam à promoção interna, pois considerariam o cargo de chefe pouco atrativo ou inviável.

“Além disso, a longo prazo, a saída dos médicos mais experientes conduz a uma perda de qualidade dos cuidados de saúde difícil de inverter. São processos forjados com um esforço coletivo bem sucedido, mas que se perdem em poucos anos. A saúde pública espanhola poderia deixar de ser uma referência em certas especialidades de ponta. A experiência e o saber-fazer acumulados ao longo de décadas perder-se-iam, afetando a formação dos residentes e a capacidade de investigação dos hospitais públicos (muitos responsáveis lideram ensaios clínicos, inovação, etc.). Existe o risco de a perceção pública dos cuidados de saúde públicos piorar radicalmente, incentivando ainda mais os seguros privados (atualmente, 25% da população tem um seguro privado, geralmente para acelerar as consultas com especialistas). Esta dualidade aumentaria a desigualdade no setor da saúde: apenas os que podem pagar terão acesso rápido a especialistas de elite, enquanto os restantes terão de enfrentar um sistema público empobrecido. Na pior das hipóteses, algumas especialidades poderiam entrar em colapso no setor público e deixar de ser oferecidas (por exemplo, as unidades de referência que não conseguem manter pessoal especializado)”, afirma.

Além disso, salienta que “se o SNS enfraquecer, é previsível que os cuidados de saúde privados cresçam para colmatar essa lacuna. Atualmente, cerca de 90% dos utentes privados recorrem também ao setor público, mas esta proporção poderá inverter-se em certos serviços. Dentro de 10 anos, poderíamos assistir a um cenário em que, por exemplo, as cirurgias programadas mais complexas fossem efetuadas em clínicas privadas, porque os hospitais públicos não têm capacidade ou não dispõem de especialistas de nível superior. A colaboração público-privada poderia aumentar de facto: contratualização de serviços, encaminhamento maciço de doentes públicos para centros privados, etc., com o consequente custo económico para o erário público e diluição do caráter universal do SNS”.

“A longo prazo, se a fuga de profissionais continuar, algumas áreas hospitalares poderão tornar-se inviáveis. Em termos globais, o panorama daqui a 5-10 anos seria o de um SNS enfraquecido e segmentado. Sindicatos como o CESM e o Amyts falam de um “ultraje inaceitável” e alertam para o facto de estas medidas poderem “acabar com a saúde pública” tal como a conhecemos. Os especialistas insistem que, para o evitar, é necessário reforçar o sistema e reter talentos, criando “condições de trabalho atrativas” (melhorar o modelo remuneratório, reduzir a precariedade, facilitar a formação contínua). Se o rumo não for corrigido, o cenário catastrófico será um SNS com menos recursos humanos altamente qualificados, serviços em colapso e uma crescente perda de confiança da população”, acrescenta.

CONDIÇÕES DE TRABALHO

Na sua análise, o ICGEA compara vários aspetos fundamentais das condições de trabalho no setor público e no setor privado da saúde. Em termos gerais, o salário base no setor público é mais baixo. Os médicos do SNS dependem de prémios (antiguidade, carreira, noites de permanência, para os quais não são pagas contribuições e que, como em todo o serviço público, não têm impacto positivo na reforma) que muitas vezes não compensam a diferença em relação ao setor privado. No setor privado, embora varie consoante as empresas, os salários dos especialistas mais procurados são frequentemente mais elevados (ou incluem incentivos à produtividade). Além disso, um médico do setor público pode aumentar o seu rendimento fazendo trabalho suplementar no setor privado; se tal fosse proibido, o seu salário seria congelado no setor público. Os sindicatos sublinham que “se os salários [públicos] fossem melhores, todos prefeririam ter mais tempo livre” em vez de procurar trabalho privado). ) Por outras palavras, muitos médicos fazem turnos duplos porque o setor público não paga o suficiente.

Além disso, em termos de horário de trabalho e de serviço de permanência, no setor público, o dia de trabalho normal é de cerca de 37,5 horas por semana, mas, na prática, os médicos cumprem regularmente 17-24 horas adicionais de serviço de permanência. Estas horas de permanência, que são obrigatórias em muitas especialidades, são mal pagas e, por vezes, não contam como horas extraordinárias, mas a um valor inferior ao da hora normal, e não se refletem na pensão, o que constitui uma exceção em qualquer sistema de proteção social. O novo estatuto propunha consolidar até 48 horas de trabalho por semana para certos grupos, sublinhando a elevada carga de trabalho. No setor privado, por outro lado, não é comum fazer turnos tão longos. Os médicos do setor privado tendem a ter um horário de trabalho mais diurno ou por turnos. No caso do plantão, ele costuma ser voluntário ou mais bem remunerado, uma vez que a empresa precisa competir para manter o profissional, para o qual são pagas contribuições à previdência social. A flexibilidade do horário de trabalho também tende a ser maior no setor privado, pelo menos para os médicos seniores, o que facilita a conciliação da vida profissional com a vida familiar. Em suma, o setor público exige longos dias e noites de trabalho no hospital, enquanto o setor privado tende a oferecer horários de trabalho mais confortáveis.

Em relação ao volume de doentes e à carga de cuidados, a pressão dos cuidados no sistema público de saúde é muito elevada. Os consultórios sobrelotados, as quotas saturadas e a escassez de pessoal fazem com que um médico do SNS atenda muito mais doentes por dia do que o seu homólogo do setor privado. Por exemplo, nos cuidados primários, foi registada uma média de 3 minutos por doente devido à sobrecarga; nas especialidades hospitalares, a situação é semelhante, com agendas cheias e longas listas de espera. Em contrapartida, nos cuidados de saúde privados, o rácio doente/médico é inferior, porque a qualidade percebida (tempo de tratamento, rapidez) é o seu valor acrescentado. Um especialista privado pode limitar as suas consultas diárias para garantir a satisfação do cliente, o que é difícil no setor público, afirma.

“Paradoxalmente, os cuidados de saúde públicos oferecem estabilidade a longo prazo, mas precariedade no início. Muitos médicos estão presos a contratos temporários durante anos no SNS, antes de conseguirem uma posição permanente. No setor privado, pelo contrário, um especialista pode obter um contrato permanente desde o primeiro dia (embora sujeito ao desempenho, mas protegido por uma indemnização elevada): isto dá-lhe segurança imediata para contrair uma hipoteca, planear a sua vida, etc. Muitos jovens médicos dão mais valor a esta estabilidade privada do que à incerteza dos concursos ou à espera de ofertas públicas. Mesmo assim, a longo prazo, o posto de trabalho público é mais seguro (as clínicas privadas podem fechar ou reestruturar-se, e não há garantia vitalícia). Em termos de promoção, o setor público dispõe de carreiras (chefe de secção, chefe de departamento) mas, como analisámos, os incentivos são escassos; o setor privado pode oferecer promoções para a direção médica, mas também sem garantias em caso de mudança de direção. Na formação e na investigação, o setor público tem tradicionalmente oferecido mais oportunidades (hospitais universitários, etc.), embora o crescimento dos ensaios farmacológicos e outras atividades de investigação superior comecem a ser visíveis em Espanha, mas se se perder uma massa crítica de especialistas, este aspeto também será afetado”, afirma o Instituto Coordenadas.

“O Estatuto Quadro poderá afundar definitivamente o sistema público de saúde, uma vez que as atuais condições de trabalho favorecem a atratividade dos cuidados de saúde privados para muitos profissionais: salários mais elevados, menor sobrecarga e horários de trabalho mais suportáveis, em troca da renúncia à estabilidade dos funcionários públicos, que, por sua vez, se está a tornar menos atrativa para os profissionais altamente qualificados. O novo Estatuto Quadro, na sua atual redação, acentuaria estas diferenças (obrigando a escolher entre um ambiente público menos flexível e um privado mais rentável). Se não forem introduzidas melhorias no ambiente público (salários competitivos, equilíbrio entre vida profissional e familiar, reconhecimento profissional, tempo para formação), é previsível que os chefes de serviço optem pela alternativa privada e que os mais qualificados o façam. Tal como as sociedades profissionais já salientaram, “o conhecimento, a experiência e a formação não podem ter fronteiras” e os médicos votarão com os seus pés, migrando para o local onde lhes é permitido exercer com melhores recursos e melhor remuneração. Proteger a exclusividade por lei, sem igualar as condições, pode tornar a ‘fuga das batas brancas’ uma realidade, com graves consequências para o sistema público de saúde em Espanha”, continua.

Segundo Jesús Sánchez Lambás, “a análise da opção política e regulamentar deve basear-se em fundamentos reais e comprovados, e não em clichés populistas de um passado distante. Os sistemas públicos têm de se adaptar aos meios e à realidade social. Devem ser o pilar da retenção do talento, uma vez que esta qualificação foi conseguida com recursos públicos e perdê-la constitui uma fraude ao interesse geral. Os nossos políticos devem julgar respeitando, também aqui, a presunção de inocência, baseando os seus julgamentos em provas e considerando que o prestígio é um valor em si mesmo, do qual emana o conhecimento para as gerações futuras. Esta é também a tarefa dos chefes de serviço que são líderes admirados no seu domínio, que atraem jovens capazes. Em suma: procuram quebrar o círculo virtuoso do conhecimento. Estas coisas acabam sempre em catástrofe.

 

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Iberdrola, Telefónica e Inditex encabeçam o pódio das empresas do IBEX com maior Ebitda

  • Servimedia
  • 7 Abril 2025

São as únicas empresas do IBEX com um Ebitda superior a 10.000 milhões de euros.

A Iberdrola, a Telefónica e a Inditex são os três únicos componentes do IBEX 35 que alcançaram um Ebitda (resultado antes de juros, impostos, desvalorizações e amortizações) superior a 10.000 milhões de euros.
Em 2024, a empresa do IBEX com o Ebitda mais elevado foi a Iberdrola. No ano passado, a companhia elétrica presidida por Ignacio Sánchez Galán alcançou um Ebitda de 16.848 milhões de euros, mais 16,9% do que no ano anterior.

No caso da Telefónica, a empresa presidida por Marc Murtra obteve um resultado antes de juros, impostos, desvalorizações e amortizações de 13.276 milhões de euros, mais 1,2% do que no ano anterior.

O pódio foi completado pela Inditex, cujo Ebitda ultrapassou pela primeira vez a barreira dos 10.000 milhões de euros durante o seu último exercício. A empresa têxtil presidida por Marta Ortega registou um Ebitda de 10.728 milhões de euros, mais 8,9% do que no ano anterior.

PREVISÃO

O mercado espera que as três empresas prolonguem a sua liderança no IBEX para manter um Ebitda claramente acima dos 10.000 milhões de euros em 2025. De acordo com o consenso de mercado da Bloomberg, a Iberdrola voltará a alcançar um Ebitda superior a 16.000 milhões de euros em 2025.

O Ebitda da Telefónica, de acordo com as previsões dos analistas, manter-se-á claramente acima dos 10.000 milhões de euros, enquanto se aguarda a quantificação do possível impacto das mudanças de perímetro devido à venda do negócio na Argentina, ao qual se junta o possível encerramento da venda do negócio na Colômbia. No caso da Inditex, o Ebitda do seu exercício atual – o seu exercício fiscal decorre de fevereiro de 2025 a janeiro de 2026 – cresceria para 11.500 milhões de euros.

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TÜV SÜD junta-se à Adecúa, a nova associação empresarial do setor dos ensaios, inspeção e certificação

  • Servimedia
  • 7 Abril 2025

A empresa fará parte, juntamente com outras entidades do setor, desta aliança estratégica, que foi apresentada em Madrid com a participação do Ministro da Indústria e Turismo.

A TÜV SÜD é uma das empresas fundadoras da recém-apresentada Adecúa, a Associação Espanhola de Empresas de Ensaios, Inspeção e Certificação, que foi criada com o objetivo de representar um setor chave para a economia, sustentabilidade e segurança industrial em Espanha.

A cerimónia de apresentação, que teve lugar em Madrid, contou com a presença do Ministro da Indústria e Turismo, Jordi Hereu, e de representantes institucionais, parlamentares e empresariais. A associação Adecúa é constituída por entidades independentes acreditadas pela ENAC, responsáveis por garantir que os produtos, serviços, processos e sistemas cumprem as normas mais exigentes. Globalmente, o setor gera mais de 35.000 empregos diretos, contribui com mais de 3.000 milhões de euros por ano para o PIB e desempenha um papel fundamental em áreas como a cibersegurança, a sustentabilidade, as inspeções industriais ou a certificação de sistemas de gestão.

A TÜV SÜD, representada no Conselho de Administração da Adecúa por Raúl Sanguino, CEO da empresa em Espanha e Portugal, assume também o papel de tesoureiro da associação. Raúl Sanguino, Diretor-Geral da Adecúa em Espanha e Portugal, assume também o papel de tesoureiro da associação, referindo que a sua presença reflete o compromisso da empresa com o desenvolvimento técnico, a qualidade e a cooperação público-privada como eixos estratégicos para fazer avançar os desafios regulamentares, industriais e ambientais do país.

“Estamos muito satisfeitos por fazer parte do compromisso da Adecúa de dar visibilidade a um setor que oferece um valor único como garante de que os produtos, processos e serviços de que todos usufruímos cumprem padrões ótimos de segurança, sustentabilidade e respeito pelo ambiente”, afirmou Sanguino.

Por sua vez, o Ministro Jordi Hereu sublinhou que “é uma honra participar no nascimento de um projeto como a ADECÚA, que é estratégico para o país, especialmente num momento como o atual”. O ministro reconheceu “a contribuição do setor da avaliação da conformidade para o reforço da cultura da qualidade industrial”.

Para além da TÜV SÜD, a Adecúa é composta por empresas e associações como a AENOR, APPLUS+, Bureau Veritas, SGS, OCA Global e Alter Technology, entre outras. A associação também representa a Espanha no Conselho TIC, a organização global para o setor de testes, inspeção e certificação.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 7 Abril 2025

O Conselho dos Negócios Estrangeiros da UE debate as tarifas de Trump e o Eurostat mostra a evolução do comércio a retalho. Arrancam os debates das legislativas com transmissão televisiva.

No início de uma semana marcada desde logo pela descida do preço do gasóleo, o Conselho dos Negócios Estrangeiros da União Europeia debate as relações comerciais entre os Estados Unidos e a Europa. No mesmo dia em que termina o prazo para a entrega das candidaturas às eleições legislativas, tem início o ciclo de debates das legislativas com transmissão televisiva. A Galp divulga o seu relatório de contas relativo ao ano passado.

Conselho dos Negócios Estrangeiros da UE debate tarifas de Trump

O Conselho dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) reúne esta segunda-feira os ministros responsáveis pela área do comércio para debater as relações comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia, assim como com a China. A reunião surge menos de uma semana depois de o Presidente dos EUA Donald Trump ter anunciado tarifas recíprocas para “países em todo o mundo”. Os produtos europeus vão pagar 20% de tarifa recíproca.

Eurostat divulga evolução do comércio a retalho

O Eurostat divulga a evolução do comércio no retalho em fevereiro na União Europeia (UE) e na Zona Euro. No mês anterior, em janeiro, o volume do comércio a retalho aumentou 2,2% na Zona Euro e 2,3% na UE, em termos homólogos. Portugal registou um aumento homólogo de 5,2%. O Gabinete de Estatísticas da União Europeia divulga ainda a evolução da produção de serviços na UE em janeiro.

Termina o prazo para a entrega das candidaturas às legislativas

Termina hoje o prazo para as candidaturas às eleições legislativas antecipadas de 18 de maio, uma vez que as mesmas tinham de ser entregues ao juiz presidente do tribunal da comarca com sede na capital do círculo eleitoral até ao 41.º dia anterior à data das eleições. A campanha eleitoral inicia-se a 4 de maio e termina a 16 de maio. Já o voto antecipado em mobilidade decorre no dia 11 de maio.

Arrancam debates das legislativas

Os debates televisivos que vão colocar frente a frente os candidatos às eleições legislativas de 18 de maio arrancam esta segunda-feira e em dose dupla. Enquanto Luís Montenegro (AD – Coligação PSD/CDS) e Paulo Raimundo (PCP) se enfrentam na TVI às 21h00, André Ventura (Chega) e Inês Sousa Real (PAN) debatem uma hora mais tarde, na RTP3. Pode consultar o calendário completo dos debates aqui.

Preço do gasóleo desce

Com o preço do petróleo em queda acentuada, o preço do gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, deverá descer esta semana 1,5 cêntimos, embora o da gasolina se mantenha inalterado. Quando for abastecer, passará assim a pagar 1,583 euros por litro de gasóleo simples e 1,745 euros por litro de gasolina simples 95.

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IRS dá isenção de mais de 4.350 euros a trabalhadores e pensionistas. Como aumentar a dedução específica?

Os ganhos anuais brutos não são totalmente tributados. A dedução específica permite que uma parcela fique livre de imposto. E é possível incrementar este brinde para ter um reembolso maior.

Há uma regra antiga no IRS que isenta uma parcela do rendimento dos trabalhadores dependentes e reformados. Chama-se dedução específica da categoria A (trabalho por conta de outrem) e H (pensões) e, durante mais de uma década esteve congelada nos 4.104 euros. Mas, no ano passado, por proposta do BE, aprovada pelo Parlamento, foi atualizada para 4.350,24 euros. Isto significa que, na entrega da declaração de IRS este ano, trabalhadores por conta de outrem e reformados podem beneficiar de uma isenção de pelo menos 4.350,24 euros sobre os ganhos obtidos em 2024.

Numa altura em que vários contribuintes estão a ser confrontados com reembolsos menores e outros têm, inclusivamente, que pagar imposto, saiba como podia ter incrementado este brinde para, agora, ter uma devolução maior do imposto ou uma fatura menor.

“O valor de dedução específica é de aproximadamente 4.350 euros e representa o valor abaixo do qual não incide qualquer tributação em sede de IRS sobre os rendimentos do trabalho dependente e de pensões”, diz o fiscalista Ricardo Reis da Deloitte, em declarações ao ECO. Outra definição possível é aventada pela advogada especializada em Direito Fiscal da J+Legal, Maria Nunes da Fonseca: “A dedução específica corresponde ao valor que irá ser subtraído ao rendimento bruto, de uma determinada categoria, para efeitos de apuramento do rendimento coletável, ao qual será aplicada a respetiva taxa de IRS”.

Ou, por outras palavras, trata-se de uma dedução “que abate ao rendimento bruto dos contribuintes e que como tal, reduz o valor da matéria coletável, ou seja permite que o valor sobre o qual incide o imposto seja menor”, segundo Maria Inês Assis e Joana Monteiro de Oliveira, Abreu Advogados.

Há vários casos em que a dedução específica ou a parcela de rendimento isento das categorias A e H pode ser aumentada. “Se as contribuições obrigatórias para os regimes de proteção social e para subsistemas legais de saúde, suportadas pelo sujeito passivo, excederem aquele montante”, de 4.350 euros, “a dedução passa a corresponder ao montante total dessas contribuições obrigatórias”.

Um trabalhador com um salário mensal bruto de 3.000 euros terá descontado para a Segurança Social, durante o ano de 2024, 4.620 euros, um valor superior à dedução específica de 4.350 euros. Neste caso, o montante das contribuições sociais (4.620 euros) vai corresponder à fatia livre de imposto. Noutra situação, quem teve um ordenado de 4.000 euros mensais ilíquidos descontou 6.160 euros para a Segurança Social. Será esse o valor a abater à matéria tributável. Mas estes exemplos são apenas para rendimentos de trabalho dependente e não para pensões, uma vez que não pagam contribuições sociais.

Quotas para ordens profissionais e sindicatos aumentam a dedução

A dedução específica também pode ser majorada para “4.583,34 euros se a diferença resultar de quotizações para ordens profissionais suportadas pelo próprio sujeito passivo, que sejam indispensáveis ao exercício da atividade desenvolvida exclusivamente por conta de outrem”, aponta Ricardo Reis. Maria Nunes da Fonseca esclarece que, neste caso, o valor da dedução específica “pode ser elevado até 75% de 12 vezes o Indexante dos Apoios Sociais (IAS)”, que, no ano passado, estava nos 509,26 euros. Ou seja, trabalhadores que paguem quotas para ordens profissionais podem deduzir mais 233 euros face aos 4.350 da regra geral do IRS.

Também quem teve encargos com sindicatos terá direito a um alargamento da parcela do rendimento livre de imposto. “As quotizações sindicais poderão ser adicionadas ao valor de dedução específica, na parte em que não constituam contrapartida de benefícios de saúde, educação, apoio à terceira idade, habitação, seguros ou segurança social, aplicável tanto à categoria A, relativo a trabalho dependente como H, de pensões”, aponta Maria Nunes da Fonseca, da J+Legal.

Neste caso, “as quotizações poderão ser majoradas em 100%, ou seja, o trabalhador poderá deduzir o dobro do valor pago em quotizações ao sindicato”, salienta a advogada. “No entanto, este valor terá um limite: não poderá exceder 1% do rendimento bruto. Por exemplo, num rendimento anual de 20.000 euros, a dedução máxima relativa às quotizações sindicais será de 200 euros”, sinaliza. Isto significa que o trabalhador poderá deduzir 4.550,24 euros ao rendimento sujeito a imposto, mais 200 euros face à dedução específica universal, de 4.350,24 euros.

Quanto maior for a parcela isenta de IRS, menor será a taxa de imposto a aplicar. Logo, o reembolso pode ser maior ou a fatura da liquidação será menor, aliviando assim a carga fiscal sobre o contribuinte.

Pela primeira vez em 13 anos, a dedução específica foi atualizada. Estava congelada nos 4.104 euros e, em 2024, subiu para 4.350,24 euros, o que corresponde a um salto de 6% ou de 246,24 euros. Tal decorre da lei n.º 32/2024, de 7 de agosto da Assembleia da República, emanada de uma iniciativa do BE, que determina que o valor “é atualizado anualmente à taxa de atualização do IAS” (Indexante dos Apoios Sociais).

Como, no ano passado, o IAS subiu 6%, passando de 480,43 euros para 509,26 euros, a dedução específica também teve o mesmo incremento, de 6%, o que significa que aumentou de 4.104 euros para 4.350,24 euros.

Esta atualização vai traduzir-se numa poupança adicional de até 90 euros para um trabalhador ou de até 120 euros para pensionistas. Mas este descongelamento da dedução específica só vai beneficiar salários até cerca de 2.830 euros brutos, porque a partir daí o trabalhador pode abater ao rendimento o valor que desconta para a Segurança Social, uma vez que é superior ao da dedução específica. No caso daquele ordenado, os 11% de contribuições sociais a 14 meses correspondem a 4.358,2 euros, ou seja, é superior em cerca de oito euros à dedução específica. Para os reformados, não existe esta limitação, uma vez que não descontam para a Segurança Social.

Salários e pensões ganham brinde adicional em 2026

A dedução específica vai aumentar novamente este ano, para 4.462,15 euros, com efeitos na entrega da declaração de IRS em 2026, por via do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), que voltou a alterar a regra de atualização. Assim, trabalhadores por conta de outrem e pensionistas podem contar com um brinde extra que pode chegar aos 79 euros de poupança anual no imposto a liquidar em 2026 por referência aos ganhos obtidos em 2025, segundo as simulações da consultora Ilya para o ECO.

Este pequeno bónus na carteira só é possível porque a dedução específica, isto é, o valor que abate ao rendimento para apurar a matéria tributável, sobe dos atuais 4.350,24 euros para 4.462,15 euros. São mais 111,91 euros limpos de imposto.

O OE2025 voltou a alterar o mecanismo da dedução específica. Em vez de se guiar pela taxa de atualização do IAS passou a corresponder a 8,54 vezes o valor desse mesmo indicador. Como o IAS foi atualizado em 2,6%, este ano, tendo em conta a inflação de novembro de 2024 sem habitação, apurada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), aquele referencial subiu igualmente 2,6%, passando de 509,26 euros para 522,50 euros. Aplicando a regra inscrita no diploma orçamental, 8,54 vezes o IAS (509,26 euros), dá uma dedução específica de 4.462,15 euros.

Para um trabalhador solteiro sem filhos ou um pensionista que receba de 900 euros brutos por mês, significa uma poupança adicional de 15 euros, no IRS a liquidar em 2026. Este valor está integrado no ganho global, de 342 euros, conseguido também graças à atualização dos escalões em 4,6% e ao mínimo de existência, que é o patamar até ao qual os rendimentos estão isentos de imposto, e que subiu dos atuais 11.480 euros para 12.180 euros, correspondendo assim a 14 vezes o salário mínimo do próximo ano, que deu um salto de 50 euros para 870 euros. Os cálculos realizados pelo fiscalista da Ilya Luís Nascimento já incluem os 250 euros de limite para a dedução à coleta das despesas gerais.

No caso de um solteiro ou reformado a auferir 1.000 euros, a subida da dedução específica vai dar um bónus extra anual de 18 euros, aquando da entrega da declaração do IRS. Vencimentos brutos mensais de 1.500 terão um ganho adicional, para o conjunto do ano, de 25 euros, salários de 2.000 euros terão um benefício de 36 euros e remunerações de 2.500 euros vão sentir um alívio fiscal de 40 euros por via da atualização da dedução específica. Veja mais simulações aqui.

A dedução específica esteve congelada nos 4.104 euros entre 2011, ou seja, até à entrada da troika em Portugal, e 2023, tendo sido atualizada em 2024 e 2025. Até 2010, seguia uma regra de atualização em que o seu valor deveria ser igual a 72% de 12 vezes o salário mínimo nacional, que, este ano, está nos 870 euros. Se este mecanismo ainda fosse aplicado, a dedução específica devia estar nos 7.516,8 euros, o que significaria uma subida de 3.054,65 euros ou de 68,5% face ao montante em vigor, de 4.462,15 euros.

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Guerra de tarifas pressiona bancos centrais e aumenta incerteza sobre rumo das taxas de juro

Mercados aumentam a expetativa de que BCE corte os juros na próxima reunião, enquanto presidente da Fed considera "demasiado cedo" para dizer qual será o caminho apropriado para a política monetária.

A dimensão do impacto guerra de tarifas será diferenciada de país para país, mas já é certo que se projeta uma desaceleração do crescimento da economia mundial. Com uma travagem na expansão do Produto Interno Bruto (PIB) esperada para os Estados Unidos e para a Zona Euro, os banqueiros centrais ficam mais pressionados, aumentando a incerteza sobre o rumo da política monetária.

O Banco Central Europeu (BCE) tem defendido prudência nas decisões sobre as taxas de juro perante a “elevada incerteza” provocada pelas tarifas que os Estados Unidos vão aplicar sobre as importações, nomeadamente europeias (20%). No entanto, o vice-presidente da instituição, Luís de Guindos, reconheceu na quinta-feira que “a menor procura por exportações da Zona Euro e menor crescimento resultante do impacto de tarifas mais altas ou tensões geopolíticas podem representar uma ameaça à economia”.

A menor procura por exportações da Zona Euro e menor crescimento resultante do impacto de tarifas mais altas ou tensões geopolíticas podem representar uma ameaça à economia.

De Guindos

Vice-presidente do BCE

“Uma escalada nas tensões comerciais pode levar à depreciação do euro e os custos de importação aumentarem, enquanto a, muito necessária, despesa com defesa e infraestrutura pode aumentar a inflação através da procura agregada“, disse numa intervenção numa conferência em Amesterdão. Segundo o responsável do BCE, as tensões geopolíticas também podem levar “a uma inflação mais elevada devido a interrupções comerciais, aumento dos preços das matérias-primas e custos de energia“.

De acordo com as atas da última reunião (realizada em março, antes do mais recente anúncio do Presidente norte-americano), o Conselho do BCE considera que “a combinação de tarifas americanas e medidas de retaliação pode gerar riscos em alta para a inflação”, sobretudo no curto prazo.

A este cocktail junta-se na perspetiva do Conselho outro elemento: as empresas também poderão aumentar os preços mais rapidamente em resposta a um novo choque inflacionista.

Perante este choque, os mercados já descontam uma probabilidade de 60,4% de as taxas de juros reduzirem-se para 2,25% na reunião de 17 de abril. “Para o BCE, outro corte de 25 pontos base nas taxas de juros em abril parece agora ainda mais provável”, prevê Jan von Gerich, analista do Nordea, numa nota de research, considerando “que os riscos estão inclinados para novos cortes de taxa do BCE nas próximas reuniões”.

Uma posição semelhante à de Carsten Brzeski, economista do ING, que destaca numa nota de research que o choque no comércio e na confiança e a diminuta perspetiva de negociações rápidas levará o BCE a cortar os juros em 25 pontos base na reunião de abril. No entanto, a decisão não é ainda dada como garantida, com governadores com diferentes pontos de vista.

O governador do Banco de Portugal (BdP) defendeu que os bancos centrais devem “continuar a fazer” aquilo que considera estar a ser feito “até hoje, com enorme sucesso: controlar a inflação”. Em declarações aos jornalistas em Cabo Verde, citado pela Lusa, Mário Centeno argumentou que os riscos que as medidas venham a induzir na evolução dos preços “têm de ser avaliados, tem de se perceber se são temporários ou não”.

Governador do Banco de Portugal defende que os bancos centrais devem “continuar a fazer” aquilo que considera estar a ser feito “até hoje, com enorme sucesso: controlar a inflação”.

“É essa a função dos bancos centrais e vamos continuar a desempenhá-la”, disse aquele que tem sido uma das vozes que no Conselho de Governadores tem defendido um corte de juros pelo banco central.

Um dia antes sublinhou, sobre o impacto na inflação, que os “se a tarifa é um imposto, o preço nessa transação vai subir, mas como existem todos estes mecanismos de compensação e de comércios alternativos que são estabelecidos, pode até acontecer que esse comércio se torne mais competitivo e seja uma competição através do preço e até que se consigam, no final, preços mais baratos neste comércio que se vai agora impor“.

Por seu lado, o presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, já veio afirmar que o BCE terá de analisar o impacto do novo capítulo da guerra comercial, alertando que levará a uma redução do crescimento e a uma aceleração da inflação. No entanto, o governador do Banco de Itália, Fabio Panetta, defende cautela por parte do BCE no corte de juros, enquanto o governador do Banco Nacional Austríaco, Robert Holzmann, argumentou recentemente que a inflação se situa em níveis baixos, pelo que Frankfurt não precisará de reduzir mais as taxas.

Do outro lado do Atlântico, o dilema de Jerome Powell é maior. O presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed) alertou na sexta-feira que as tarifas anunciadas por Trump são “significativamente maiores do que o esperado” e que irão acelerar a inflação e travar a economia, criando incerteza sobre o rumo das taxas de juro.

As tarifas muito provavelmente irão gerar uma subida temporária da inflação, mas é também possível que os efeitos sejam mais persistentes.

Jerome Powell

Presidente da Fed

É demasiado cedo para dizer qual será o caminho apropriado para a política monetária”, avisou Powell, que realçou que “a dimensão e a duração destes efeitos permanecem incertas”. Para o responsável da Fed, “as tarifas muito provavelmente irão gerar uma subida temporária da inflação, mas é também possível que os efeitos sejam mais persistentes“.

Paralelamente, Donald Trump continua a pressionar o responsável da Fed a cortar os juros. “É a altura perfeita para o presidente da Fed Jerome Powell cortar as taxas de juro. Está sempre ‘atrasado’, mas poderá agora mudar a sua imagem, e rapidamente”, escreveu Trump na sua rede social, acrescentando: “Corta as taxas de juro, Jerome, e para de brincar à política”.

Jan von Gerich, do Nordea, considera que “o impacto da inflação ascendente das tarifas manterá o Fed em espera, mas se a deterioração da confiança piorar e o crescimento sofrer um golpe mais notável, os cortes de taxa podem voltar rapidamente ao ativo“.

“Afinal, a Fed ainda considera que a política atual está claramente em território restritivo. O preço de mercado dos cortes de taxa da Fed aumentou rapidamente, e um corte de 25 pontos base está atualmente descontado nos preços até a reunião de junho, enquanto um total de cerca de 100 pontos base de cortes está nos preços até o final do ano”, refere.

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Ranking: Fidelidade é a 5ª maior seguradora ibérica, dona da BPI Vida é líder

VidaCaixa, dona da BPI Vida e Pensões é a maior seguradora ibérica que inclui no TOP 50 14 grupos com atividade em Portugal. Veja o ranking, as marcas e companhias e quanto vale cada país.

Analisando o montante de prémios emitidos pelas seguradoras em 2024, a Fidelidade é o 5º maior grupo segurador da península ibérica segundo dados compilados por ECOseguros, aproveitando – de Espanha – dados da INESE Data, publicados na revista Actualidad Economica, e de Portugal a informação disponibilizada pela Associação Portuguesa de Seguradores.

No Top 50, sete grupos estão apenas em Portugal: Ageas, GamaLife, Lusitania, CA, Real Vida, Caravela e Victoria. E 29 têm ação apenas em Espanha, sendo a Mutua Madrilena, terceira maior, a grande ausente em Portugal. Catorze têm presença nos dois países, entre elas a VidaCaixa, a líder ibérica que detém a BPI Vida e Pensões.

A Mapfre é o segundo maior grupo ibérico e também em Espanha, com um 9º lugar em Portugal. A Generali Espanha, já integrando a Liberty, tem o dobro da dimensão em Espanha comparando com Portugal. A Fidelidade ocupa o 5º lugar no ranking, embora ainda tenha uma atividade reduzida em Espanha. Allianz e Zurich estão próximas nos dois países. De registar que a MetLife tem maior dimensão em Portugal do que tem em Espanha, por volume de prémios.

As marcas e seguradoras dos grupos integrantes do TOP 50, têm notoriedade variada mas forte presença nos mercados dos países ibéricos.

Da soma aritmética da produção das seguradoras integrantes de cada um dos 94 grupos, resultou no TOP 50 Seguradoras ibéricas 2024.

Mercado português é mais concentrado, espanhol é 5 vezes maior

Para a construção do ranking foram reunidas as atividades de 120 companhias espanholas e 61 portuguesas, agrupadas em 71 grupos de Espanha e 37 em Portugal. Do seu agrupamento foram listadas os 50 maiores grupos dos dois países, correspondendo a 98% do total de prémios em Espanha, 96% de Portugal, resultando no final 98% dos prémios vendidos na península.

A concentração do negócio segurador é bastante diferente em Espanha e Portugal. Os três primeiros grupos em Espanha significam 37,6% do total de prémios (com VidaCaixa, Mapfre e Mutua Madrilena) e 59,2% em Portugal (com Fidelidade, Ageas e Generali Tranquilidade). Os cinco primeiros em Espanha detêm 47,8% (em Portugal 70%), o top 10 tem 68,7% (88,6%) e o top 20 em Espanha 82,7% e em Portugal 98,6%.

Em relação ao peso económico e demográfico dos dois países, existe alguma semelhança nas proporções. O PIB em Espanha em 2024 foi 5,6 vezes os 285,2 mil milhões estimados para Portugal. A população era 4,7 vezes os 10,4 milhões de residentes em Portugal. Os prémios totais de Espanha foram 5,1 vezes os 14,6 mil milhões registados em Portugal. Se por habitante o volume de prémios em Espanha é superior, já em relação à riqueza dos países os seguros têm maior importância em Portugal.

Entre os indicadores comparativos mais utilizados nos seguros está o rácio de densidade que determina prémios por habitante, ou seja, a média de euros que cada habitante gasta em seguros. Em 2024 esse valor na totalidade foi de 1.405 euros em Portugal e 1.546 em Espanha. Nos ramos Não Vida essa diferença é maior, de 684 euros por português para 953 euros por cada espanhol.

O rácio de penetração mede o peso dos prémios de seguro no PIB do país. Neste caso Portugal supera Espanha com 5,1% em 2024, contra 4,7% de Espanha, tudo devido à redução da atividade dos seguros de Vida em Espanha durante o ano passado, depois de um ano de grande crescimento em 2023. Pelos mesmos motivos, taxas de juro a favorecerem produtos poupança, subiram de venda dos seguros em Portugal, mas só em 2024.

O TOP 50 Seguradoras Ibéricas 2024 é o seguinte:

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Debates das legislativas já arrancaram. Veja o calendário completo

  • + M
  • 7 Abril 2025

No total serão transmitidos 28 frente a frente para as eleições legislativas agendadas para 18 de maio. Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos enfrentam-se a 28 de abril. Confira o calendário completo.

Os debates televisivos, que vão colocar frente a frente os candidatos às eleições legislativas de 18 de maio, arrancam esta segunda-feira. No primeiro dia do ciclo de debates, dia 7, a AD e a CDU enfrentam-se às 21h00 na TVI, seguindo-se Chega-PAN, às 22h00 na RTP3.

Já a encerrar este ciclo, no dia 28 de abril, os líderes dos dois principais partidos – Luís Montenegro (AD) e Pedro Nuno Santos (PS) – encontram-se para o grande debate, numa transmissão que será feita em simultâneo na TVI, RTP e SIC a partir das 21h00.

Por definir está ainda quem estará frente a frente com Nuno Melo, nos três debates em que o líder do CDS representa a AD – Coligação PSD/CDS.

 

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Começam os debates. Os pontos fortes e fracos da comunicação dos candidatos a primeiro-ministro

Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos enfrentam desafios diferentes em termos de comunicação. Três especialistas apontam os pontos fortes e fracos dos candidatos e antecipam a sua prestação.

Sete de abril. A partir de hoje faltam cerca de quatro semanas para o início da campanha eleitoral ou na prática, como dirão muitos, o arranque foi logo na segunda semana de março, altura em que o chumbo da moção de confiança ditou a queda do Governo, menos de um ano após a sua entrada em funções.

Certo é que, independentemente do que venha a acontecer nas ruas — e nas redes sociais —, muito do resultado de 18 de maio se começa a jogar esta segunda-feira, com o arranque dos 28 debates televisivos que vão colocar frente a frente os líderes partidários. A comunicação, e a estratégia adotada neste campo pelos candidatos, assume aqui um papel central e os desafios são distintos para o incumbente e para o líder da oposição.

Ambos estão perante dois grandes desafios: crescer no centro e esquerda e crescer no centro-direita”, diz João Tocha sobre os líderes do PS e da AD, agora AD – Coligação PSD/CDS. “O PSD terá o desafio de recuperar eleitorado que fugiu para o Chega. O PS tem de defender o voto do eleitorado que votou PS e recuperar parte do que votou na inesperada maioria socialista e que pode estar indeciso”, concretiza o diretor-geral da consultora F5C.

José Bourbon Ribeiro acredita que o maior desafio em termos de comunicação está do lado de Pedro Nuno Santos. “A sua maior dificuldade será afirmar, de forma positiva e concreta, alternativas de políticas públicas que o diferenciem do governo atual. O caminho mais fácil — e previsível — seria o de insistir nos casos relacionados com a empresa do primeiro-ministro, mas esse terreno parece cada vez mais estéril”, aponta. Com o eleitorado a mostrar “sinais de cansaço e alguma indiferença face a esses temas”, o managing parter da Wisdom diz que esse papel terá agora de ser assumido por segundas linhas do partido, logicamente sem a mesma visibilidade pública do secretário-geral.

A emotividade e a imprevisibilidade do passado deram lugar a uma ausência de emoção no discurso, uma aparente dependência de um guião, como se o processo de ajustar o estilo de comunicação não tivesse sido concluído. O desafio principal reside, portanto, em estabelecer uma conexão emocional com o eleitorado.

Afonso Azevedo Neves

Account director da AMP Associates

O verdadeiro teste para Pedro Nuno será construir uma narrativa credível, mobilizadora e orientada para soluções. Ou seja, deixar de ser apenas oposição e começar a ser percebido como alternativa — o que exige propostas claras, consistência discursiva e, sobretudo, coerência entre o que defende hoje e o que protagonizou enquanto governante”, aponta Bourbon Ribeiro.

Também Afonso Azevedo Neves atribui a Pedro Nuno Santos o maior desafio. “A emotividade e a imprevisibilidade do passado deram lugar a uma ausência de emoção no discurso, uma aparente dependência de um guião, como se o processo de ajustar o estilo de comunicação não tivesse sido concluído. O desafio principal reside, portanto, em estabelecer uma conexão emocional com o eleitorado”, defende o account director da AMP Associates. “Se o conseguir superar, Pedro Nuno Santos transforma-se num adversário político formidável e muito difícil de derrotar”, antecipa.

João Tocha é igualmente de opinião que Pedro Nuno Santos ainda não encontrou o tom e o posicionamento adequado para progredir eleitoralmente. “Por vezes é demasiado vocal. Tem também alguma potencial negatividade devido a episódios que protagonizou enquanto governante”, descreve. Por outro lado, “pela sua atuação no governo, sabemos que é determinado, que age, que não foge aos desafios”, destaca.

Forçado pela segunda vez a antecipar o seu calendário político, como realça Bourbon Ribeiro, esse facto “pode alimentar a perceção de que ainda não está pronto para liderar um Governo, especialmente num contexto que exige estabilidade e maturidade política face ao contexto nacional e internacional”. Mesmo assim, o managing parter da Wisdom atribui a Pedro Nuno Santos, como trunfos, “uma liderança mobilizadora, discurso combativo e visão clara de país, com forte presença mediática”.

“Montenegro demonstrou liderança e dinamismo. A cadeira do poder e o seu exercício transmitiram-lhe algum carisma e segurança. (…) A reputação pessoal é afetada, mas não o potencial eleitoral de Luís Montenegro e da sua coligação.

João Tocha

Diretor-geral da F5C

Luís Montenegro, por seu turno, parte com a vantagem de ser o atual primeiro-ministro, e em Portugal as eleições tendem a beneficiar o incumbente, aponta. “Ao fim de um ano, soma pontos pela estabilidade governativa, valorização de carreiras públicas, recuperação do eleitorado mais velho e atração de investimento estrangeiro. Destaca-se ainda pela capacidade de recentrar o debate sobre imigração, influenciando até a oposição”, descreve, com uma ressalva: “É inegável que enfrenta fragilidades políticas na saúde e na habitação — sobretudo pelas expectativas temporais de resolução que criou na última campanha eleitoral.”

João Tocha aponta como ponto forte de Luís Montenegro a agenda de iniciativas e projetos que o Executivo protagonizou em várias áreas, nomeadamente ao nível de infraestruturas. “Montenegro demonstrou liderança e dinamismo. A cadeira do poder e o seu exercício transmitiram-lhe algum carisma e segurança”, resume. Como ponto fraco, o episódio com a sua empresa, agora dos seus filhos, que poderá afetar a sua credibilidade. “Não é líquido que este episódio coloque em causa a sua base de apoio e a manutenção ou mesmo crescimento eleitoral, salvo se forem tornadas públicas novas informações controversas graves”, acredita o diretor-geral da F5C. Em suma, “a reputação pessoal é afetada, mas não o potencial eleitoral de Luís Montenegro e da sua coligação”.

Espera-se que os debates ultrapassem o ruído tático e se centrem nas escolhas de fundo que o país tem de fazer. Precisamos de confronto de ideias, não de troca de acusações; de propostas concretas, não de slogans.

José Bourbon Ribeiro

Managing partner da Wisdom

A vantagem inerente ao cargo é apontada também por Afonso Azevedo Neves como um ponto a favor de Luís Montenegro. “Como comunicador político, reúne muitas das qualidades que se adquirem nas juventudes dos partidos, nomeadamente foco, agilidade e assertividade. De facto, o primeiro-ministro em funções demonstra um elevado grau de concentração e assertividade nas mensagens que pretende transmitir, não demonstrando inclinação a evitar o que foi determinado.”

Mas, há um ‘mas’. “Esta conduta resulta frequentemente numa crítica comum, com a qual concordo, que aponta para a agressividade inerente ao estilo de comunicação do primeiro-ministro, em que palavras e gestos não são congruentes”, diz o especialista em comunicação.

Perante este cenário, e com a sondagem da última quinta-feira a apontar para um empate técnico, João Tocha antecipa que Luís Montenegro adote nos debates “uma postura de estadista, de fazedor e de alguém que pede que o deixem continuar a governar”. Pedro Nuno Santos tem “a equação mais difícil”, ou seja, “procurar retirar o capital de confiança do líder do PSD sem cair em exageros que fariam Montenegro vitimizar-se”. Por outro lado, acrescenta Tocha, caberá a Pedro Nuno Santos “demonstrar que este Governo viveu mais de anúncios do que de realizações e que o que inaugurou foram projetos e obras deixadas pelo Governo do PS”.

De Pedro Nuno Santos, exige-se mais do que combate: é necessário apresentar alternativas estruturadas, realistas e compatíveis com os compromissos europeus e orçamentais, para que o seu discurso não se esgote na crítica”, acrescenta José Bourbon Ribeiro.

Já de Luís Montenegro, “espera-se clareza na explicação do rumo iniciado e coragem para assumir as áreas onde ainda há muito por fazer, demonstrando visão de médio prazo”.

“Espera-se que os debates ultrapassem o ruído tático e se centrem nas escolhas de fundo que o país tem de fazer. Precisamos de confronto de ideias, não de troca de acusações; de propostas concretas, não de slogans” reforça o managing parter da Wisdom.

Com o Conselho de Ministros da última quarta-feira, no Mercado do Bolhão, já a confundir-se com uma ação de campanha, os três especialistas em comunicação ouvidos pelo +M desvalorizam o episódio.

O que aconteceu no Mercado do Bolhão é absolutamente normal, legítimo e até habitual na vida política portuguesa. Todos os primeiros-ministros o fizeram”, afirma José Bourbon Ribeiro, lembrando a técnica de António Costa, que tirava a gravata para sinalizar quando falava como secretário-geral do PS ou como primeiro-ministro.

“A questão essencial não está na presença em iniciativas públicas, mas sim na utilização de recursos do Estado — carros, motoristas, meios logísticos — em ações claramente de campanha. É aí que deve existir uma separação rigorosa”, conclui.

A delimitação da fronteira em causa é muito difícil de estabelecer e, apesar das recorrentes queixas à CNE, nunca houve grande vontade de a definir por parte de ninguém”, acrescenta Afonso Azevedo Neves.

João Tocha vai mais longe. “Os políticos deveriam sentar-se e reformular parte da legislação eleitoral disparatada que criaram, aprovaram e que os torna vítimas dos atos legislativos que viabilizaram, bem como de interpretações de quem as aplica. Em matéria eleitoral há uma série de impedimentos legais que não fazem sentido. São inúteis e não conduzem aos resultados pretendidos. Os atores políticos devem poder comunicar e demonstrar a sua atividade livremente”, defende o diretor-geral da F5C. “Não há separação possível, nem pode haver sem falácia, entre candidatos e titulares de cargos políticos. O julgamento eleitoral resulta dessa dualidade”, resume.

O account director da AMP Associates deixa ainda um outro alerta. O maior desafio na comunicação, seja ela política ou empresarial, reside na capacidade de transmitir autenticidade. “A capacidade de transmitir autenticidade é indissociável da própria autenticidade, uma exigência que não deve ser descurada”, reforça.

“Os políticos nacionais que alcançaram maior sucesso foram e continuam a ser, acima de tudo, autênticos. No entanto, a autenticidade não implica necessariamente a presença de atributos como a simpatia ou a empatia. Mário Soares, Cavaco Silva, Marcelo Rebelo de Sousa, José Sócrates, Passos Coelho ou António Costa são políticos com abordagens de comunicação muito diversas, mas todos eles — independentemente das preferências políticas de cada um de nós — foram e são autênticos na forma como comunicam. Esta característica constitui o elemento fundamental do seu sucesso”, dá como exemplos.

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Os novos negócios do espaço e a economia lunar. Oiça o À Prova e Futuro

Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, e Carlos Cerqueira, diretor de desenvolvimento de negócio da Neuraspace falam das novas tendências no espaço e a ambição de Portugal.

A conquista do espaço já não é só ciência e afirmação geopolítica. É cada vez mais um negócio onde florescem novas empresas e tecnologias. Este é um setor que tem crescido também em Portugal e prepara-se para dar um salto com o lançamento de duas constelações de satélites e um porto espacial, como conta Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa.

“A parte da comercialização de novos serviços e a evolução daquilo que são os satélites de alta e média resolução, que hoje estamos a fazer cá em Portugal, com vários players, o CEIIA, a Geosat, a Lusospace, e a parte do acesso ao espaço. Se fizermos esses dois componentes, nós estamos a dar para a Europa um sinal e uma capacidade como nunca demos no espaço. Chama-se a isso mudar o paradigma em Portugal”, afirma Ricardo Conde na entrevista ao podcast À Prova de Futuro.

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Carlos Cerqueira, diretor de desenvolvimento de negócio da Neuraspace, é o Gestor Sem Medo convidado para este episódio. A startup criada pelo fundador e CEO da Feedzai, Nuno Sebastião, é um exemplo das novas empresas do cluster português do espaço.

Criada em 2020, a Neuraspace recorre à inteligência artificial para ajudar os clientes a evitar que os seus satélites colidam com outros satélites e o “lixo espacial”. A startup já monitoria mais de 400 satélites e tem a ambição de se tornar “líder de mercado”. “Não é, digamos assim, uma afirmação vâ. É porque este é um mercado novo, é um mercado em construção e é um mercado onde ainda não há vencedores declarados”, afirma Carlos Cerqueira.

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