Maré vermelha. Bolsas prolongam quedas com escalada da guerra comercial

  • Joana Abrantes Gomes
  • 7 Abril 2025

Tarifas anunciadas por Donald Trump continuam a penalizar os mercados bolsistas e o preço do petróleo. Índice de volatilidade dispara quase 90%.

Os mercados financeiros dão sinais de que vão estender o colapso que teve início na semana passada face aos receios de uma guerra comercial global, após a China a retaliar contra os EUA com a aplicação de tarifas de 34% aos produtos norte-americanos e a União Europeia (UE) a prometer impor as suas próprias contramedidas se as negociações com Washington falharem.

Na manhã desta segunda-feira, o índice pan-europeu Stoxx 600 está a cair mais de 6%, depois de ter registado perdas de 8,4% na semana passada, a pior em cinco anos.

Mas é o DAX, na Alemanha, que regista o pior desempenho entre as principais bolsas da Europa, com uma queda acima de 7% (depois de, na abertura, ter estado a recuar quase 10%). O espanhol IBEX 35 e o francês CAC 40 cedem cerca de 5,9% cada um, enquanto o londrino FTSE 100 desliza 4,8%.

Em Lisboa, o PSI também acordou pintado de vermelho, ao desvalorizar 5,53%, para 6.267,70 pontos. As cotadas da família EDP registam as maiores quedas, na casa dos 6%, tal como a Galp e a Jerónimo Martins.

Este desempenho das bolsas europeias reflete o cenário das ações na Ásia durante a noite. Em Tóquio, o principal índice, o Nikkei, fechou a sessão a cair 7,83%, para 31.136,58 pontos, enquanto o segundo indicador, o Topix, também perdeu 7,79%, para 2.288,66 pontos. Em Seul, o índice Kospi encerrou igualmente em baixa (-5,57%). Mesmo Sydney fechou com uma queda de 4,2%.

Já em Wall Street, depois de as “Sete Magníficas” terem desvalorizado mais de um bilião de dólares num só dia na sexta-feira, os futuros do S&P 500 e do Nasdaq estão a negociar com quedas de 4,5% e 5%, respetivamente, antes da abertura desta segunda-feira.

A escalada da guerra comercial está a atingir também as cotações do petróleo. O barril de Brent, cotado em Londres e que serve de referência às importações europeias, está a desvalorizar 3,77%, para os 63,12 dólares, enquanto o WTI, negociado em Nova Iorque, recua 3,98%, para 59,49 dólares.

Com a queda nas ações, o índice de volatilidade VIX está a disparar quase 90%, chegando aos 57 pontos.

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Imigrantes que “Estado português não quer aceitar” protestam contra falta de resposta da AIMA

  • Lusa
  • 7 Abril 2025

Associação de imigrantes organizou "manifestação de descontentamento" junto à sede da Agência para a Integração, Migrações e Asilo. Com via verde, imigrantes ficam "escravizados e na mão dos patrões".

Mais de uma centena de imigrantes de origem asiática concentraram-se esta manhã em frente à Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), em Lisboa, para contestar a discriminação e falta de respostas da estrutura.

“Direitos iguais para todos”, “somos todos legais”, “não mais espera” e “residência para todos” são algumas das frases gritadas pelos imigrantes nesta manifestação promovida pela Associação Solidariedade Imigrante.

Em declarações aos jornalistas, o presidente da associação, Timóteo Macedo, criticou o acordo assinado recentemente entre o Estado português e as entidades patronais para a contratação nos países de origem, conhecido como via verde, dizendo que desta forma os trabalhadores vão ficar “escravizados e nas mãos dos patrões”.

A iniciativa contou com o apoio da maior associação de imigrantes do país, a Solidariedade Imigrante, que tem recolhido muitas queixas de imigrantes do Bangladesh, Nepal, Paquistão e Índia, aqueles “que o Estado português não quer aceitar”, referiu à Lusa o presidente da associação.

“Nada nos cai dos céus, nada nos é dado, se nós não lutarmos para que as coisas se alterem”, afirmou à Lusa Timóteo Macedo, antes da concentração agendada para as 10:00. O dirigente explicou que um grupo de imigrantes pediu à associação para realizar uma “manifestação de descontentamento”, sendo esta concentração a primeira de várias previstas contra a política migratória portuguesa.

“Reunimos há pouco tempo com representantes das várias comunidades que estão a ser muito perseguidas, até por algumas organizações da extrema-direita em Portugal. Falamos das comunidades asiáticas e também das comunidades islâmicas”, disse Timóteo Macedo, denunciando o “aumento da islamofobia” no país.

O dirigente acusou a AIMA de estar a mostrar uma “grande inoperância”, o que deixa a vida de milhares de imigrantes suspensa, e acusou esta estrutura de estatal de “não responder e indeferir mais de 50% das anteriores manifestações de interesse”.

Além disso, os imigrantes identificados como irregulares noutros países europeus são colocados numa “lista de não admissão do espaço Schengen” e, por causa disso, não têm resposta da AIMA.

Essas pessoas optaram por vir para Portugal para pedir manifestações de interesse e caberia à AIMA identificar os casos e retirá-los da lista em causa, caso cumpram os requisitos legais em Portugal.

Estão cá a trabalhar, fazem os seus descontos, passaram por um outro país e não fizeram nada de mal. Mas agora têm a vida parada.

Timóteo Macedo

Presidente da associação Solidariedade Imigrante

Mas “a AIMA não está a fazer absolutamente nada, queixa-se de não ter recursos humanos e diz que não tem muitas vezes competências para fazer isso”, acusou Timóteo Macedo, que quer, com esta concentração, “alertar a sociedade civil e a comunicação social para a situação destes milhares e milhares de pessoas que têm a vida suspensa”.

“Estão cá a trabalhar, fazem os seus descontos, passaram por um outro país e não fizeram nada de mal. Mas agora têm a vida parada”, afirmou, salientando que só no Porto existem 800 casos deste tipo.

A abertura de canais prioritários aos cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa ao contrário do que sucede com outras origens corresponde a uma estratégia de “dividir para reinar” os imigrantes e o movimento associativo.

Recentemente, foi assinado o acordo entre o estado e as entidades patronais para a contratação nos países de origem, denominada “Via Verde”, mas Timóteo Macedo é muito crítico da medida, porque transformam “os trabalhadores em contratados, escravizados e acorrentados aos patrões”.

“Os patrões não ficam responsáveis por nada, porque retiram dos salários tudo, o seguro de saúde, os custos da educação [da língua portuguesa] ou a habitação que disseram ao Governo ser responsáveis”, acusou, frisando que vão “meter em contentores as pessoas, presas às empresas, sem direito a uma vida autónoma”.

(Notícia atualizada às 11h45)

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Startup World Cup chega a Portugal. Startups podem ganhar um milhão de dólares

50 startups nacionais serão pré-selecionadas e 15 irão competir por um lugar na Grand Finale em São Francisco. Poderão ganhar um milhão de dólares na competição que chega agora a Portugal.

Da esquerda para a direita, Manuel Teixeira Magalhães (diretor comercial & parcerias); Nuno Cepêda (diretor de marketing & comunicação); Sónia Magalhães (diretora de inovação & ecossistema) e Rui Sales Rodrigues (diretor executivo).

As startups nacionais vão ter a oportunidade de ganhar um milhão de dólares em investimento se ganharem o pitch que se vai realizar em Silicon Valley, nos Estados Unidos, com a entrada do Startup World Cup em Portugal. A competição presente em 70 países, chega ao país pelas mãos da Pegasus Tech Ventures e “reflete a crescente relevância do país como centro europeu de inovação e empreendedorismo”. A primeira edição realiza-se em setembro, na Unicorn Factory, em Lisboa.

“A chegada da Startup World Cup a Portugal reflete a crescente relevância do país como centro europeu de inovação e empreendedorismo, apoiado por um ecossistema de inovação dinâmico e em crescimento”, afirma Rui Sales Rodrigues. “Esta iniciativa, que combina uma competição de pitch com uma conferência, e está presente em mais de 70 países, reforça a posição estratégica de Portugal como hub de negócios, inovação e networking internacional, evidenciando o talento e o potencial das startups portuguesas no cenário global”, reforça o diretor executivo da Startup World Cup em Portugal, ao ECO.

Com mais de 100 etapas regionais, a Startup World Cup é uma competição global em que startups, investidores, business angels, analistas de mercado e empresas juntam-se para discutir negócios e soluções em setores como a saúde, energia, educação, finanças, entretenimento e tecnologia, com o objetivo de ligar ecossistemas regionais de inovação com Silicon Valley. Anualmente, recebe cerca de dez mil candidaturas de startups em eventos nos seis continentes, envolvendo mais de 50 mil participantes.

“Estamos muito entusiasmados por finalmente chegar a Portugal, um país com um ecossistema de inovação vibrante e uma cultura crescente de empreendedorismo e investimento”, diz Anis Uzzaman, fundador e CEO da Pegasus Tech Ventures.

Esta iniciativa [Startup World Cup], que combina uma competição de pitch com uma conferência, e está presente em mais de 70 países, reforça a posição estratégica de Portugal como hub de negócios, inovação e networking internacional, evidenciando o talento e o potencial das startups portuguesas no cenário global.

Rui Sales Rodrigues

Diretor executivo da Startup World Cup em Portugal

Em Portugal, a primeira edição realiza-se a 10 e 11 de setembro, na Unicorn Factory Lisboa. Durante os dois dias de evento, um grupo de jurados, organizações líderes e parceiros institucionais, vão avaliar o potencial de 50 startups pré-selecionadas e eleger 15 semifinalistas que irão competir por um lugar na Grand Finale, a 17 de outubro, em São Francisco.

“É uma oportunidade única para as startups portuguesas aumentarem a sua visibilidade a nível nacional e internacional”, argumenta Rui Sales Rodrigues. O diretor executivo da competição em Portugal explica como. “O evento proporciona acesso direto a investidores e empresas de referência, bem como mentoria especializada e ampla exposição mediática. As startups poderão ainda competir por um lugar na final em Silicon Valley, em outubro, com a possibilidade de conquistar um prémio de um milhão de dólares em investimento direto — um impulso decisivo para o seu crescimento”, diz.

Mais, as startups ficarão integradas “na base de dados de deal flow da Pegasus Tech Ventures, uma venture capital americana de referência [tem dois mil milhões de dólares de ativos sob gestão] tornando-as visíveis para toda a sua rede global de investidores, independentemente do resultado do concurso”, diz.

Desde o seu arranque, em 2010, a Startup World Cup já avaliou “dezenas de milhares de startups nas suas edições globais e regionais, proporcionando visibilidade e oportunidades de investimento através da rede da Pegasus Tech Ventures”, destaca Rui Sales Rodrigues.

Alguns dos mais de 35 parceiros corporativos da Pegasus incluem ASUS, Aisin, SEGA, Sojitz e NGK Spark Plugs. Essas empresas podem ter acesso a mais de 200 empresas do portefólio Pegasus, como a SpaceX, Airbnb, SoFi, Doordash, 23andMe, Bird, Color, Carbon, entre outras.

Rui Sales Rodrigues destaca alguns “casos de sucesso” de startups que participaram na competição. É o caso da vencedora no ano passado, a EarthGrid, que desenvolveu uma “tecnologia de escavação por plasma que permite perfurar túneis até 100 vezes mais rápido e com custos 90% inferiores”. No inicio do ano, “o financiamento total da EarthGrid atingiu 31 milhões de dólares, distribuídos por sete rondas, sendo a mais recente uma competição de planos de negócios realizada a 8 de janeiro de 2025”, descreve.

Um ano antes, o prémio foi para a Aillis, startup especializada em tecnologia de saúde com inteligência artificial para diagnóstico de doenças respiratórias, “já captou mais de 50 milhões de dólares”; e, em 2022, para a SRTX, empresa “focada em têxteis ultraduráveis, com mais de 120 milhões de dólares angariados, reconhecida pela sua inovação tecnológica e compromisso com a sustentabilidade no setor da moda”.

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Secretário do Tesouro dos EUA recusa “recessão” por causa das tarifas

  • Lusa
  • 7 Abril 2025

Contrariando a opinião de economistas e instituições financeiras, Scott Bessent rejeita cenário de recessão provocado pela guerra comercial e garante que a política tarifária não irá ser revertida.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, negou que as tarifas anunciadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, conduzam a uma recessão, garantindo que a política tarifária não irá ser revertida.

Numa entrevista ao programa “Meet the Press” da NBC News, Bessent disse não ver razão para se “ter em conta uma recessão”, acrescentando que a administração Trump está a “construir bases económicas a longo prazo” que visam “a prosperidade”.

A opinião de Bessent contrasta com a de vários economistas e instituições financeiras, como o maior banco de investimento dos Estados Unidos, JP Morgan Chase, que elevou a probabilidade de uma recessão global de 40% para 60%, perante o impacto económico das tarifas anunciadas por Trump na passada quarta-feira.

O presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, alertou igualmente na sexta-feira que as tarifas se traduzirão numa maior inflação e num menor crescimento económico.

Apesar dos alertas dos especialistas, Bessent descreveu a política tarifária de Trump como “um processo de ajustamento” e afirmou que vai ser mantida com o objetivo de criar riqueza e reduzir a inflação.

A tarifa global de 10% anunciada por Trump entrou em vigor no sábado, depois de dois dias de queda das bolsas mundiais, desde o anúncio da medida. “O Presidente Trump decidiu que não podemos correr o risco de depender de outros países para os nossos medicamentos, semicondutores e remessas essenciais, e vamos avançar para que o povo norte-americano saiba que terá um futuro mais seguro”, disse Bessent ao programa “Meet the Press”.

Esta segunda-feira, através do jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC), a China diz estar “preparado” para travar guerra comercial com Estados Unidos. Pequim assegura que “já tinha previsto esta nova ronda repressão económica e comercial” por parte dos EUA e que “preparou planos de resposta com tempo de antecipação e reservas suficientes”.

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China “preparada” para guerra comercial. EUA garante tarifas em vigor “durante semanas”

  • ECO e Lusa
  • 7 Abril 2025

Pequim assegura que “já tinha previsto esta nova ronda repressão económica e comercial” por parte dos EUA e que “preparou planos de resposta com tempo de antecipação e reservas suficientes".

O jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) admitiu esta segunda-feira que as taxas impostas por Washington terão impacto na economia chinesa, mas ressalvou que a liderança em Pequim já vinha a preparar-se para este momento.

“Embora os mercados internacionais considerem, de modo geral, que os abusos tarifários dos Estados Unidos excederam as expectativas, o Comité Central do Partido [Comunista] já tinha previsto esta nova ronda de contenção e repressão económica e comercial contra a China, estimou plenamente o seu potencial impacto e preparou planos de resposta com tempo de antecipação e reservas suficientes”, afirmou o Diário do Povo.

Reconhecendo que a aplicação de taxas alfandegárias adicionais de 34% sobre as importações oriundas da China, além das taxas de 20% impostas anteriormente, resultará numa “redução do comércio bilateral com os EUA” e num “impacto negativo a curto prazo para as exportações”, o jornal lembrou que “muitos produtos dos EUA têm elevada dependência da China”.

“Os EUA dependem da China não só para muitos bens de consumo, mas também para investimento e produtos intermédios, com uma dependência superior a 50% em várias categorias, o que torna difícil encontrar alternativas no mercado internacional a curto prazo”, lê-se no editorial.

A percentagem das exportações da China para os Estados Unidos, em relação ao total das suas vendas externas, caiu de 19,2%, em 2018, para 14,7%, em 2024. Parte desta queda deve-se ao ‘comércio triangular’, no qual os produtos são exportados quase concluídos da China para outros países, incluindo Vietname, Tailândia ou Camboja, onde é acrescentado um componente ou acabamento, visando alterar o local de fabrico, visando contornar as taxas. O jornal não refere este fenómeno.

O Diário do Povo lembrou que, nos últimos anos, “apesar das pressões internas e externas”, Pequim “tem persistido em fazer coisas difíceis, mas corretas”, incluindo desalavancar o setor imobiliário e reduzir o endividamento das administrações locais e das pequenas e médias instituições financeiras. “Estes três grandes riscos foram eficazmente controlados e contidos e estão a diminuir”, assegurou.

Apontando a “grande dimensão” da economia chinesa, o jornal lembrou que a China dispõe de instrumentos de política monetária, como a redução do rácio de reservas obrigatórias e das taxas de juro, para estimular o consumo interno com uma “força extraordinária”, o que permitiria ao país asiático reduzir a sua dependência das exportações.

“O mercado interno tem uma ampla margem de manobra”, afirmou o jornal oficial do Partido Comunista Chinês. E sublinhou ainda a capacidade do país para transformar o efeito adverso das medidas dos EUA num “impulso” para acelerar a transformação económica e a “inovação industrial”. “Estrangular, reprimir e restringir apenas forçará a China a acelerar os avanços tecnológicos fundamentais em áreas-chave”, avisou.

Pequim lançou na passada sexta-feira várias contramedidas às taxas anunciadas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump. As medidas de Pequim incluem taxas de 34% sobre produtos oriundos dos EUA, sanções contra empresas norte-americanas, restrições à exportação de certas terras raras ou a abertura de investigações antimonopólio e ‘antidumping’ contra empresas e produtos norte-americanos.

“Perante a inconstância e a pressão extrema dos Estados Unidos, não fechámos a porta às negociações”, apontou o Diário do Povo. “Mas também não alimentamos esperanças, tendo feito vários preparativos para responder aos impactos”, esclareceu.

EUA avisam que tarifas vão manter-se em vigor “semanas”, apesar das negociações

O secretário do Comércio dos Estados Unidos afirmou, por outro lado, que as tarifas anunciadas por Donald Trump não serão adiadas, mas manter-se-ão em vigor “durante dias e semanas”, apesar das possíveis negociações com os países afetados pelas taxas.

“O Presidente precisa de reequilibrar o comércio global. Todos têm um excedente comercial, e nós temos um défice comercial (…). Os países de todo o mundo estão a roubar-nos, e isso tem de parar”, disse Howard Lutnick, citado pela CBS News.

A declaração surge momentos depois de o diretor do Conselho Económico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, terem dito que mais de 50 países afetados pela política tarifária de Trump falaram com o Presidente para discutir as negociações sobre as tarifas. Segundo Lutnick, isto só mostra que “todos estes países sabem que nos estão a enganar”.

O secretário do Comércio afirmou que os EUA dependem de medicamentos e semicondutores fabricados no estrangeiro e realçou que o país deve começar a defender-se e deixar de ser “enganado por todos os países do mundo”.

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Nuno Fernandes Thomaz: “Portugal precisa de uma sociedade que não tenha ódio aos ricos”

  • ECO
  • 7 Abril 2025

Nuno Fernandes Thomaz, senior partner da Core Capital, partilha no podcast E Se Corre Bem? a sua visão sobre liderança, empreendedorismo e a urgência de uma mudança cultural em Portugal.

No 24.º episódio do podcast E Se Corre Bem?, Nuno Fernandes Thomaz, atual senior partner da Core Capital, revisita um percurso de vida marcado pela ousadia, pelas mudanças e por uma crença inabalável no potencial de Portugal. Começou como corretor, ainda jovem, na Pedro Caldeira Corretora – “uma grande escola” onde viveu “o primeiro embate com a vida profissional” e onde alimentou a adrenalina e o sonho dos mercados financeiros. “Diverti-me muito. Nunca mais parei de trabalhar”, relembra.

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Ex-secretário de Estado dos Assuntos do Mar, assume que o “bichinho da política” ainda está presente, mas recusa a ideia de uma carreira nesse meio. “Gosto demasiado de empresas… da minha liberdade”, afirma. E mesmo que a passagem pelo governo tenha sido breve, foi suficientemente marcante para o levar a uma reflexão profunda e ao primeiro passo como empreendedor. Do zero, montou uma das primeiras boutiques financeiras em Portugal, um projeto que considera “extraordinário”.

"Portugal é um país extraordinário, isto não é um cliché. Tem pessoas fantásticas. Mas precisa de uma sociedade que não tenha ódio aos ricos e às pessoas que têm sucesso”

Nuno Fernandes Thomaz, senior partner da Core Capital

Ao longo da conversa, defende a necessidade de uma mudança de mentalidade no país. “Portugal é um país extraordinário, isto não é um cliché. Tem pessoas fantásticas. Mas precisa de uma sociedade que não tenha ódio aos ricos e às pessoas que têm sucesso.” Aponta o dedo à burocracia e à cultura do “vai correr mal” e acredita que existe uma nova geração que está a tentar mudar esse pensamento. “Acho que o país necessita de um choque cultural. Precisamos de mudar, de sermos mais ousados, de criar ruturas e de avançar”, diz.

Fala com orgulho da sua experiência diversificada – banca, política, empreendedorismo – e vê nela uma riqueza imensa: “Não me arrependo de ter mudado muitas vezes, de ter conhecido muitas realidades diferentes… isso deu-me uma bagagem muito grande.” E é com a mesma energia que olha para o futuro: “Não me vejo reformado. Vejo-me a continuar a fazer muitas coisas diferentes. A continuar a errar, mas continuar a gostar de fazer coisas.”

Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, que Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio do Doutor Finanças e da Nissan.

Se preferir, assista aqui:

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Hoje nas notícias: minas, Novobanco e saúde

  • ECO
  • 7 Abril 2025

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Governo diz que o incumprimento das “obrigações legais e contratuais” forçaram a terminar o contrato de concessão das minas de ferro de Torre de Moncorvo. O Novobanco está a ser alvo de queixa em tribunal por “negócio simulado” de 8,7 milhões de euros com quintas em Sesimbra. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta segunda-feira.

Governo rasga contrato de concessão das minas de ferro de Moncorvo

O Governo rasgou o contrato de concessão de exploração das minas de ferro de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança. Um aviso assinado pelo diretor-geral da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), Paulo Carmona, e publicado na passada sexta-feira em Diário da República, torna pública “a resolução do contrato por iniciativa do Estado com fundamento no incumprimento das obrigações legais e contratuais”. A mineira britânica Aethel Mining, detida pelo português Ricardo Santos Silva e pela norte-americana Aba Schubert, diz que vai “exercer os seus direitos”.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Novobanco alvo de queixa em tribunal por “negócio simulado” de 8,7 milhões em Sesimbra

No Tribunal da Comarca de Setúbal deu entrada, na semana passada, uma ação declarativa civil visando “a nulidade de negócio simulado” de 8,7 milhões de euros, assim como o “exercício de preferência” de duas quintas, na zona de Sesimbra, vendidas em 2024 pelo Novobanco a investidores liderados pelo Grupo Arié. O autor da queixa é um membro da família Espírito Santo, que alega que foi enganado pelo gestor espanhol Volkert Schmidt, que gere o portefólio imobiliário do Novobanco.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Doentes fazem centenas de quilómetros para levantar medicamentos

Em testes desde o final de 2024, o regime Dispensa em Proximidade, que permite aos doentes levantar a medicação hospitalar na farmácia comunitária ou num centro de saúde perto de casa, já devia estar a funcionar em todo o país desde janeiro, mas está atrasado. De novembro até agora, houve 59 dispensas para 46 doentes quando se estima que o regime possa beneficiar 150 mil pessoas. O Ministério da Saúde justifica o atraso com problemas de compatibilidade dos sistemas informáticos e prevê que, em maio, haja dois hospitais a concluir a fase piloto.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Canábis medicinal: o negócio milionário da Terra Verde de Ângelo Correia

Portugal é o segundo maior exportador mundial de canábis medicinal, apenas atrás do Canadá, e o número de empresas licenciadas tem vindo a aumentar, existindo atualmente 41 dedicadas ao cultivo, 24 para fabrico, 51 para importação e exportação e 15 para o comércio e distribuição desta planta. A primeira empresa autorizada a plantar foi a Terra Verde, em 2014, um negócio milionário para o empresário e ex-governante do PSD Ângelo Correia. A sociedade, sediada no Montijo, é agora detida pela gigante mundial do setor, a Curaleaf, uma multinacional acusada de ter ligações à Rússia e que foi financiada secretamente por Roman Abramovich.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Autobaixas disparam com vírus respiratórios

As autodeclarações de doença dispararam 33% no primeiro trimestre deste ano face ao período homólogo de 2024. Entre 1 de janeiro e 31 de março foram emitidas 157.788 autobaixas, mais 39.816 do que nos mesmos três meses do ano passado, de acordo com os dados do Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde. Este aumento é justificado pela elevada transmissão dos vírus respiratórios, como o da gripe.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

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Barcelona acolhe o maior evento de tecnologia para o setor industrial, que gerará um impacto de mais de 79 milhões de euros

  • Servimedia
  • 7 Abril 2025

De 8 a 10 de abril, mais de 680 empresas expositoras apresentarão os últimos desenvolvimentos em automação, robótica e tecnologias 4.0 para a indústria.

A grande semana tecnológica do setor industrial arranca amanhã em Barcelona com a realização simultânea da Advanced Factories, o evento líder em automação, robótica e Indústria 4.0 no sul da Europa, e da AMT 2025, a feira bienal de máquinas-ferramenta para a indústria metalomecânica.

De 8 a 10 de abril, ambas as feiras reunirão mais de 37.000 profissionais da indústria, gerando um impacto económico de mais de 79 milhões de euros para a cidade de Barcelona. Numa altura em que a reindustrialização surge como a chave para recuperar a autonomia industrial da Europa, o setor industrial deve apostar na automatização e robotização dos seus processos de produção para aumentar a sua competitividade a nível mundial.

É por isso que, durante três dias, milhares de profissionais da indústria estarão presentes nas Fábricas Avançadas e na AMT 2025- Advance Machine Tools para descobrir os últimos desenvolvimentos em automação, robótica, tecnologias 4.0 e máquinas de última geração para transformar as suas instalações de produção em fábricas automatizadas, eficientes e sustentáveis.

Para tal, mais de 680 empresas expositoras mostrarão nas Fábricas Avançadas as últimas novidades em robótica, automação industrial, Inteligência Artificial, visão artificial, Impressão 3D, gémeos digitais, IoT… bem como soluções para a integração de sistemas de produção, cibersegurança, manutenção preditiva, controlo de qualidade e melhoria da eficiência energética. O pavilhão da AMT contará também com mais de 180 expositores que apresentarão os últimos desenvolvimentos em máquinas-ferramentas (maquinagem, usinagem, corte, deformação, etc.), instrumentação, componentes, materiais e outras soluções para o setor metalomecânico e sua indústria auxiliar.

EXPERIÊNCIAS INDUSTRIAIS

Com o objetivo não só de apresentar as mais recentes inovações e tecnologias 4.0 para o setor industrial, mas também de descobrir casos de sucesso da aplicação destas soluções em instalações de produção, o Congresso da Indústria 4.0 irá mostrar mais de 200 experiências industriais de empresas líderes no setor.

Mais de 430 especialistas de setores que vão desde a indústria automóvel à indústria farmacêutica e alimentar partilharão as tendências e os casos de sucesso na aplicação de tecnologias avançadas nas unidades de produção. É o caso de executivos de empresas do setor automóvel como a Stellantis, Michelin, Seat Cupra, Horse (Grupo Renault), Nissan, Gestamp, Mercedes-Benz e Fersa; do setor químico e farmacêutico como a Almirall, Novaltia, Basf, Towa Pharma, Hipra ou B. Braun Surgical; do setor alimentar e de bebidas, como a Coca-Cola, Damm, Grupo Agora, Noel, Pastas Gallo e Kellogg’s; do setor aeronáutico, como a Airbus; do setor da moda e têxtil, como a Selmark e a Pikolin; do setor metalúrgico, como a Dicomol, Inoxforma e Anudal; e de outros setores, como o setor energético, como a Moeve e a Naturgy, entre outros.

O Congresso da Indústria 4.0 incluirá ainda fóruns específicos como o CIO’s Summit, o Industrial Cybersecurity Forum, o Plant Managers Summit, o Artificial Intelligence Forum, o 3D Printing Forum, o National Congress of Industrial Estate Managers, e o Metal Industry 4.0 Summit, focado na indústria metalúrgica.

TALENTO

A nova edição das Fábricas Avançadas e da AMT prestará especial atenção ao desafio de atrair jovens talentos para a indústria e, em especial, para o setor metalúrgico. Para tal, acolherão o Talent Marketplace, um encontro destinado a estudantes de formação profissional, universitários e jovens talentos com o objetivo de mostrar as oportunidades de emprego na indústria, quebrar mitos e mostrar que se trata de um setor com uma elevada procura de trabalhadores e bem remunerado.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 7 de abril

  • ECO
  • 7 Abril 2025

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Federação Espanhola de Parkinson lança uma campanha para eliminar o estigma da doença

  • Servimedia
  • 7 Abril 2025

A campanha, por ocasião do Dia Mundial da Doença de Parkinson, salienta que o desconhecimento sobre a doença gera uma imagem social construída sobre estereótipos.

A Federação Espanhola de Parkinson (FEP) e as suas associações federadas promoveram a campanha “Não tome nada por garantido” na véspera do Dia Mundial da Doença de Parkinson, que se comemora todos os anos a 11 de abril. O objetivo é desmantelar o estigma de que são alvo as pessoas com esta doença e tornar visível a sua realidade diversa e complexa, através de um vídeo protagonizado por vários doentes.

A doença de Parkinson afeta mais de 160.000 pessoas em Espanha e mais de 8,5 milhões em todo o mundo. No entanto, o tremor, um dos sintomas mais conhecidos, e a associação da doença à velhice, construíram uma imagem social que não reflete a diversidade de sintomas nem as diferentes realidades de quem vive com a doença em diferentes fases da sua vida.

Neste sentido, a Federação pretende dar visibilidade a sintomas menos conhecidos, como a rigidez, a insónia ou os problemas de equilíbrio, e a outras realidades, como a doença de Parkinson de início precoce. O objetivo é mostrar que a falta de conhecimento sobre a doença de Parkinson e o estigma que lhe está associado têm consequências graves, uma vez que muitas pessoas evitam ou adiam a partilha do seu diagnóstico por receio de serem mal interpretadas, enquanto outras sentem que os seus sintomas são mal compreendidos, o que limita as suas oportunidades e a sua participação em áreas como o trabalho, a vida social e familiar.

O vídeo da campanha “No des nada por sentado” simula um jogo em que uma pessoa tem de adivinhar quem tem a doença de Parkinson. Guiado por estereótipos sociais, o jogador (Eduard Farelo) toma uma decisão que revela os preconceitos existentes.

ELIMINAR O ESTIGMA

A doença de Parkinson é crónica e neurodegenerativa, e a sua prevalência duplicou nos últimos 25 anos. A falta de conhecimento sobre a realidade das pessoas afetadas favorece a estigmatização e dificulta a inclusão social.

Neste sentido, a diretora da Federação Espanhola de Parkinson, Alicia Campos, explica que a campanha “convida a sociedade a refletir sobre os seus próprios pressupostos em relação à doença de Parkinson, a informar-se e a não julgar precipitadamente o que não pode ser visto a olho nu. O estigma deve ser eliminado e a mudança começa com o conhecimento e a compreensão da doença.

“É necessário garantir que a informação sobre a doença de Parkinson chega à sociedade de forma clara e exata, para quebrar os preconceitos que perpetuam o estigma”, sublinha o presidente da federação, Andrés Álvarez. “Juntos podemos criar um futuro em que a inclusão, o respeito e a empatia guiem a sociedade, garantindo um ambiente justo para todas as pessoas”, sublinha.

ASSOCIAÇÕES

As associações de doentes de Parkinson desempenham um papel fundamental na eliminação do estigma, oferecendo cuidados, apoio e criando espaços onde as pessoas podem partilhar as suas experiências sem receio de serem julgadas.

As associações de Parkinson desempenham funções essenciais para as pessoas diagnosticadas com Parkinson, as suas famílias e cuidadores, proporcionando acompanhamento, formação, informação e orientação. Também preenchem as lacunas terapêuticas existentes, oferecendo as terapias necessárias para melhorar a qualidade de vida das pessoas com Parkinson (fisioterapia, terapia da fala, psicologia, terapia ocupacional, serviço social, etc.). No entanto, enfrentam desafios significativos em termos de recursos, financiamento e apoio.

A FEP é uma organização com mais de 25 anos de experiência que representa mais de 160.000 famílias que vivem com a doença de Parkinson em Espanha. Atualmente, inclui mais de 70 associações e a sua missão é representar o movimento associativo a nível nacional e internacional para defender os interesses das pessoas afetadas pela doença de Parkinson.

A campanha foi realizada com o financiamento do Ministério dos Direitos Sociais, Consumo e Agenda 2030, e com a colaboração de Esteve, Bial, Zambon, Organon, Stada, Boston Scientific, Abbvie, Medtronic e Abbott.

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Instituto Coordenadas diz que há um “grave risco de colapso” na chefia dos serviços devido ao novo Estatuto Quadro da Saúde

  • Servimedia
  • 7 Abril 2025

O Instituto Coordenadas afirmou que o projeto do novo Estatuto Quadro do Ministério da da Saúde suscitou grande preocupação nos públicos espanhóis.

Uma das suas medidas mais controversas é a exigência de dedicação exclusiva ao sistema público para determinados cargos médicos – como chefes de serviço ou diretores – proibindo-os de trabalhar também no setor privado. Perante isto, os médicos alertam para um potencial impacto negativo, uma vez que poderá haver uma fuga maciça dos chefes de serviço mais experientes para o setor privado e/ou reformas em massa”.

De acordo com um relatório da equipa de investigação em saúde do Instituto Coordenadas de Governação e Economia Aplicada, uma das principais razões que podem motivar a saída de chefes de serviço para o setor privado é a diferença salarial. “Os salários no setor privado são 20-30% superiores aos do setor público para cargos equivalentes. Enquanto no setor público o salário médio anual de um médico é de cerca de 54 000 euros brutos – antes de impostos e subsídios -, no setor privado os salários em cargos de responsabilidade são consideravelmente mais elevados. Por exemplo, dados de 2020 indicavam que, nos hospitais privados, um chefe de unidade ou serviço poderia ganhar ≥70.000 euros por ano; enquanto um diretor médico poderia ganhar até 90.000-100.000 euros, ou um gestor hospitalar privado entre 100.000 e 120.000 euros”.

“Em contrapartida, na saúde pública, os chefes de serviço não recebem uma remuneração proporcional à sua dedicação e responsabilidade”, acrescenta. Segundo o sindicato médico Amyts, tornar-se chefe de serviço num hospital público custa apenas cerca de 300 euros brutos por mês a mais do que o salário de um assistente comum. Este subsídio (de chefe de serviço ou de chefe de secção) é geralmente modesto – os sindicatos estimam que não ultrapassa geralmente os 400 euros por mês – e “não compensa” o esforço de gestão e a enorme responsabilidade acrescida. Segundo os porta-vozes do Amyts, “o aumento do salário é de apenas 300 euros brutos por mês, o que desencoraja as pessoas a aceitarem este tipo de cargo”.

Assim, um chefe de serviço do Sistema Nacional de Saúde, segundo o Instituto Coordenadas, com muitos anos de experiência, pode ganhar cerca de 60.000 euros por ano (dependendo da Comunidade Autónoma, da antiguidade e do serviço de urgência), enquanto no setor privado esse mesmo profissional pode ganhar cerca de 80.000-90.000 euros ou mais, sem contar com os rendimentos das consultas privadas. A Fundação IDIS (setor privado da saúde) afirma que a aplicação da exclusividade sem equiparação salarial “não parece adequada, pois poderia levar a uma saída de profissionais do setor público para o privado”.

COMUNIDADES

“A medida de exclusividade proposta teria um impacto direto em todos os chefes de serviço dos hospitais públicos que atualmente trabalham no setor privado. O Ministério da Saúde ‘garante que não tem números oficiais’ sobre quantos seriam, e até sugere que a maioria já é exclusiva devido à intensidade do cargo. No entanto, os sindicatos médicos discordam dessa visão complacente”, argumenta o Instituto Coordenadas.

O Instituto Coordenadas afirma que “em todas as regiões, a incompatibilidade seria uma mudança drástica. Comunidades como Madrid não têm atualmente exclusividade, permitindo aos médicos combinar os dois setores dentro dos limites legais. Outras, como a Andaluzia, a Catalunha, Valência, a Galiza e o País Basco, também permitem a compatibilidade (algumas com exclusividade voluntária). Apenas Navarra e a Extremadura exigiam já há anos a exclusividade aos seus chefes de departamento. Por conseguinte, os chefes de serviço das principais ACs passariam para um regime mais restritivo do que o atual, e uma percentagem significativa optaria provavelmente por abandonar o seu cargo público. De facto, a Confederação Estatal dos Sindicatos Médicos (CESM) adverte que forçar uma escolha no contexto atual (*“carência de recursos”, ‘exaustão’) “levará muitos médicos a considerar a possibilidade de exercer no setor privado, onde a necessidade de pessoal é cada vez maior” devido ao aumento dos seguros de saúde privados”.

ESPECIALIDADES

Acrescenta ainda que “a eventual fuga de chefes de serviço teria um impacto transversal em todas as especialidades médicas e cirúrgicas dos hospitais públicos. Por exemplo, especialidades cirúrgicas como a Cirurgia Geral, a Traumatologia, a Neurocirurgia ou a Urologia, entre outras, são áreas em que muitos chefes trabalham no setor privado, operando em clínicas durante as tardes. Se saíssem do setor público, perderiam cirurgiões de referência com décadas de experiência, essenciais para cirurgias complexas e para a supervisão de equipas cirúrgicas. Esta situação poderia obrigar a encaminhar mais cirurgias para o setor privado ou para hospitais de maior dimensão, abrandando a atividade cirúrgica pública. Além disso, aumentariam ainda mais os tempos de espera para as operações, que hoje já ultrapassam em média 4 meses no SNS, ~128 dias para intervenções não urgentes”.

Em outras especialidades médicas, como Medicina Interna, Oncologia, Cardiologia ou Neurologia, os chefes de serviço costumam coordenar o atendimento de pacientes complexos, orientar protocolos e formar jovens atendentes. A sua saída, diz o Instituto Coordenadas, significaria uma perda de liderança clínica. Serviços como a oncologia e a cardiologia “poderiam ver comprometida a continuidade” de certos programas, afetando a qualidade dos cuidados e a segurança dos doentes. A Ordem dos Médicos de Espanha (OMC) advertiu que é essencial tornar a saúde pública atrativa, uma vez que “as medidas restritivas não são particularmente boas” e podem reduzir a motivação destes profissionais.

“Em relação a outras áreas críticas e de diagnóstico – Urgência, UCI, Anestesia, Radiologia, Laboratório… – muitas delas também têm chefes com uma vasta experiência. A demissão ou reforma antecipada destes cargos pode levar ao colapso de departamentos inteiros. Por exemplo, a saída de vários diretores de Anestesiologia ou de Medicina Intensiva do sistema público reduziria a capacidade operacional dos blocos operatórios e das UCI. Este facto, por sua vez, saturaria as Urgências por não poderem admitir doentes devido à falta de camas nas UCI ou no pós-operatório, aumentando as consultas externas. Os sindicatos de Madrid, da Catalunha e do País Basco alertaram conjuntamente para o facto de que a imposição desta medida “num contexto de pressão e exaustão dos cuidados” só irá agravar a precariedade dos serviços e ameaçar um colapso dos cuidados de saúde”, acrescenta.

“Em suma, todas as especialidades seriam afetadas de alguma forma. Atualmente, estima-se que cerca de 40% dos médicos em Espanha combinam cuidados de saúde públicos e privados, embora com variações consoante a especialidade e a região. Entre estes contam-se muitos chefes de serviço de especialidades muito procuradas no setor privado (traumatologistas, cirurgiões, dermatologistas, ginecologistas, etc.). Se uma fração significativa destes profissionais optar por sair, cada hospital público perderá uma parte da sua estrutura de comando clínico. Os mais afetados seriam os pequenos hospitais de condado e de província, onde, por vezes, o chefe de serviço é o único especialista sénior estável. A sua saída poderia levar ao encerramento de unidades locais (obrigando os doentes a deslocarem-se para hospitais maiores) e ao desmantelamento de equipas”, continua.

Diz que “num cenário crítico a curto prazo, se o Estatuto Quadro for aprovado nos termos atuais, isso poderia levar, entre outras coisas, a demissões e vagas generalizadas, uma vez que muitos chefes de serviço poderiam demitir-se precocemente dos seus cargos públicos para evitar incompatibilidades, aceitando ofertas no setor privado ou reformando-se antecipadamente. Também seria difícil preencher os lugares de diretor porque os gestores hospitalares teriam sérias dificuldades em encontrar substitutos. Além disso, as direções dos hospitais podem ser obrigadas a fundir serviços ou a redistribuir responsabilidades para evitar a paralisia. Por exemplo, em caso de escassez de chefes de várias especialidades, um hospital regional pode integrar diferentes serviços sob um único comando, ou responder perante o chefe de serviço de um hospital de maior dimensão situado nas proximidades. Soluções de emergência que comprometeriam a qualidade dos cuidados e a capacidade de resposta local”.

E acrescenta que “outras possibilidades são o aumento das listas de espera e dos atrasos nos cuidados de saúde, uma vez que, com menos pessoal especializado disponível, a produtividade e o prestígio dos hospitais públicos diminuirão a curto prazo. Haverá menos cirurgias programadas (devido à falta de anestesistas ou cirurgiões seniores), a atribuição de consultas com o especialista certo demorará mais tempo, etc. As listas de espera cirúrgicas no SNS já são longas (128 dias em média); este cenário poderia agravá-las para níveis históricos, aproximando-se do colapso. Os próprios médicos referem que esta situação “acabará com a saúde pública” se não for corrigida. Poderá também verificar-se uma sobrecarga dos serviços de urgência e dos cuidados primários, uma vez que, quando os doentes se veem confrontados com maiores demoras para serem vistos por um especialista ou para serem operados, tendem a dirigir-se mais frequentemente aos serviços de urgência devido ao agravamento das suas doenças, ou saturam ainda mais os cuidados primários em busca de uma solução. Num curto espaço de tempo, podemos ver os serviços de urgência sobrecarregados por casos que não puderam ser resolvidos a tempo em ambulatório”.

“Em suma”, acrescenta, “dentro de 1 a 2 anos, poderia verificar-se um efeito dominó, com uma fuga de chefes médicos, vagas por preencher, um declínio imediato dos cuidados e um aumento sensível dos tempos de tratamento. O resultado seria uma deterioração percetível dos cuidados públicos, com o risco de alguns hospitais não conseguirem manter a sua carteira de serviços. Este cenário crítico é precisamente o que as associações médicas e os sindicatos tentam evitar ao oporem-se ao Estatuto-Quadro na sua atual redação”.

MÉDIO E LONGO PRAZO

O Instituto Coordenadas afirma que, “se a situação não for invertida a médio prazo, preveem-se cenários negativos a 5-10 anos para a saúde pública espanhola. A imposição prolongada da exclusividade, aliada à falta de melhorias substanciais das condições, poderá consolidar um êxodo de profissionais de topo. Não só os atuais responsáveis terão abandonado o sistema público, como também a nova geração de especialistas fugirá às responsabilidades da saúde pública. Muitos jovens médicos altamente qualificados poderiam optar diretamente por uma carreira no setor privado ou emigrar para o estrangeiro em busca de melhores condições, pelo que existe o risco de uma fuga de cérebros: os melhores médicos formados no MIR público, depois de cumprirem a obrigação de 5 anos, não continuariam no SNS se este não oferecer incentivos”.

Prossegue dizendo que “outro risco é a existência de um fosso geracional nos cargos de chefe de serviço, uma vez que, dentro de 5 a 10 anos, muitos dos atuais chefes de serviço estarão reformados (a maioria tem mais de 60 anos). Se o talento não for retido, haverá uma geração perdida ao nível dos chefes de serviço. Poderemos encontrar hospitais onde nenhum médico quer assumir a direção, deixando vagas ou nomeando chefes inexperientes. A carreira no SNS seria encurtada: os jovens médicos não aspirariam à promoção interna, pois considerariam o cargo de chefe pouco atrativo ou inviável.

“Além disso, a longo prazo, a saída dos médicos mais experientes conduz a uma perda de qualidade dos cuidados de saúde difícil de inverter. São processos forjados com um esforço coletivo bem sucedido, mas que se perdem em poucos anos. A saúde pública espanhola poderia deixar de ser uma referência em certas especialidades de ponta. A experiência e o saber-fazer acumulados ao longo de décadas perder-se-iam, afetando a formação dos residentes e a capacidade de investigação dos hospitais públicos (muitos responsáveis lideram ensaios clínicos, inovação, etc.). Existe o risco de a perceção pública dos cuidados de saúde públicos piorar radicalmente, incentivando ainda mais os seguros privados (atualmente, 25% da população tem um seguro privado, geralmente para acelerar as consultas com especialistas). Esta dualidade aumentaria a desigualdade no setor da saúde: apenas os que podem pagar terão acesso rápido a especialistas de elite, enquanto os restantes terão de enfrentar um sistema público empobrecido. Na pior das hipóteses, algumas especialidades poderiam entrar em colapso no setor público e deixar de ser oferecidas (por exemplo, as unidades de referência que não conseguem manter pessoal especializado)”, afirma.

Além disso, salienta que “se o SNS enfraquecer, é previsível que os cuidados de saúde privados cresçam para colmatar essa lacuna. Atualmente, cerca de 90% dos utentes privados recorrem também ao setor público, mas esta proporção poderá inverter-se em certos serviços. Dentro de 10 anos, poderíamos assistir a um cenário em que, por exemplo, as cirurgias programadas mais complexas fossem efetuadas em clínicas privadas, porque os hospitais públicos não têm capacidade ou não dispõem de especialistas de nível superior. A colaboração público-privada poderia aumentar de facto: contratualização de serviços, encaminhamento maciço de doentes públicos para centros privados, etc., com o consequente custo económico para o erário público e diluição do caráter universal do SNS”.

“A longo prazo, se a fuga de profissionais continuar, algumas áreas hospitalares poderão tornar-se inviáveis. Em termos globais, o panorama daqui a 5-10 anos seria o de um SNS enfraquecido e segmentado. Sindicatos como o CESM e o Amyts falam de um “ultraje inaceitável” e alertam para o facto de estas medidas poderem “acabar com a saúde pública” tal como a conhecemos. Os especialistas insistem que, para o evitar, é necessário reforçar o sistema e reter talentos, criando “condições de trabalho atrativas” (melhorar o modelo remuneratório, reduzir a precariedade, facilitar a formação contínua). Se o rumo não for corrigido, o cenário catastrófico será um SNS com menos recursos humanos altamente qualificados, serviços em colapso e uma crescente perda de confiança da população”, acrescenta.

CONDIÇÕES DE TRABALHO

Na sua análise, o ICGEA compara vários aspetos fundamentais das condições de trabalho no setor público e no setor privado da saúde. Em termos gerais, o salário base no setor público é mais baixo. Os médicos do SNS dependem de prémios (antiguidade, carreira, noites de permanência, para os quais não são pagas contribuições e que, como em todo o serviço público, não têm impacto positivo na reforma) que muitas vezes não compensam a diferença em relação ao setor privado. No setor privado, embora varie consoante as empresas, os salários dos especialistas mais procurados são frequentemente mais elevados (ou incluem incentivos à produtividade). Além disso, um médico do setor público pode aumentar o seu rendimento fazendo trabalho suplementar no setor privado; se tal fosse proibido, o seu salário seria congelado no setor público. Os sindicatos sublinham que “se os salários [públicos] fossem melhores, todos prefeririam ter mais tempo livre” em vez de procurar trabalho privado). ) Por outras palavras, muitos médicos fazem turnos duplos porque o setor público não paga o suficiente.

Além disso, em termos de horário de trabalho e de serviço de permanência, no setor público, o dia de trabalho normal é de cerca de 37,5 horas por semana, mas, na prática, os médicos cumprem regularmente 17-24 horas adicionais de serviço de permanência. Estas horas de permanência, que são obrigatórias em muitas especialidades, são mal pagas e, por vezes, não contam como horas extraordinárias, mas a um valor inferior ao da hora normal, e não se refletem na pensão, o que constitui uma exceção em qualquer sistema de proteção social. O novo estatuto propunha consolidar até 48 horas de trabalho por semana para certos grupos, sublinhando a elevada carga de trabalho. No setor privado, por outro lado, não é comum fazer turnos tão longos. Os médicos do setor privado tendem a ter um horário de trabalho mais diurno ou por turnos. No caso do plantão, ele costuma ser voluntário ou mais bem remunerado, uma vez que a empresa precisa competir para manter o profissional, para o qual são pagas contribuições à previdência social. A flexibilidade do horário de trabalho também tende a ser maior no setor privado, pelo menos para os médicos seniores, o que facilita a conciliação da vida profissional com a vida familiar. Em suma, o setor público exige longos dias e noites de trabalho no hospital, enquanto o setor privado tende a oferecer horários de trabalho mais confortáveis.

Em relação ao volume de doentes e à carga de cuidados, a pressão dos cuidados no sistema público de saúde é muito elevada. Os consultórios sobrelotados, as quotas saturadas e a escassez de pessoal fazem com que um médico do SNS atenda muito mais doentes por dia do que o seu homólogo do setor privado. Por exemplo, nos cuidados primários, foi registada uma média de 3 minutos por doente devido à sobrecarga; nas especialidades hospitalares, a situação é semelhante, com agendas cheias e longas listas de espera. Em contrapartida, nos cuidados de saúde privados, o rácio doente/médico é inferior, porque a qualidade percebida (tempo de tratamento, rapidez) é o seu valor acrescentado. Um especialista privado pode limitar as suas consultas diárias para garantir a satisfação do cliente, o que é difícil no setor público, afirma.

“Paradoxalmente, os cuidados de saúde públicos oferecem estabilidade a longo prazo, mas precariedade no início. Muitos médicos estão presos a contratos temporários durante anos no SNS, antes de conseguirem uma posição permanente. No setor privado, pelo contrário, um especialista pode obter um contrato permanente desde o primeiro dia (embora sujeito ao desempenho, mas protegido por uma indemnização elevada): isto dá-lhe segurança imediata para contrair uma hipoteca, planear a sua vida, etc. Muitos jovens médicos dão mais valor a esta estabilidade privada do que à incerteza dos concursos ou à espera de ofertas públicas. Mesmo assim, a longo prazo, o posto de trabalho público é mais seguro (as clínicas privadas podem fechar ou reestruturar-se, e não há garantia vitalícia). Em termos de promoção, o setor público dispõe de carreiras (chefe de secção, chefe de departamento) mas, como analisámos, os incentivos são escassos; o setor privado pode oferecer promoções para a direção médica, mas também sem garantias em caso de mudança de direção. Na formação e na investigação, o setor público tem tradicionalmente oferecido mais oportunidades (hospitais universitários, etc.), embora o crescimento dos ensaios farmacológicos e outras atividades de investigação superior comecem a ser visíveis em Espanha, mas se se perder uma massa crítica de especialistas, este aspeto também será afetado”, afirma o Instituto Coordenadas.

“O Estatuto Quadro poderá afundar definitivamente o sistema público de saúde, uma vez que as atuais condições de trabalho favorecem a atratividade dos cuidados de saúde privados para muitos profissionais: salários mais elevados, menor sobrecarga e horários de trabalho mais suportáveis, em troca da renúncia à estabilidade dos funcionários públicos, que, por sua vez, se está a tornar menos atrativa para os profissionais altamente qualificados. O novo Estatuto Quadro, na sua atual redação, acentuaria estas diferenças (obrigando a escolher entre um ambiente público menos flexível e um privado mais rentável). Se não forem introduzidas melhorias no ambiente público (salários competitivos, equilíbrio entre vida profissional e familiar, reconhecimento profissional, tempo para formação), é previsível que os chefes de serviço optem pela alternativa privada e que os mais qualificados o façam. Tal como as sociedades profissionais já salientaram, “o conhecimento, a experiência e a formação não podem ter fronteiras” e os médicos votarão com os seus pés, migrando para o local onde lhes é permitido exercer com melhores recursos e melhor remuneração. Proteger a exclusividade por lei, sem igualar as condições, pode tornar a ‘fuga das batas brancas’ uma realidade, com graves consequências para o sistema público de saúde em Espanha”, continua.

Segundo Jesús Sánchez Lambás, “a análise da opção política e regulamentar deve basear-se em fundamentos reais e comprovados, e não em clichés populistas de um passado distante. Os sistemas públicos têm de se adaptar aos meios e à realidade social. Devem ser o pilar da retenção do talento, uma vez que esta qualificação foi conseguida com recursos públicos e perdê-la constitui uma fraude ao interesse geral. Os nossos políticos devem julgar respeitando, também aqui, a presunção de inocência, baseando os seus julgamentos em provas e considerando que o prestígio é um valor em si mesmo, do qual emana o conhecimento para as gerações futuras. Esta é também a tarefa dos chefes de serviço que são líderes admirados no seu domínio, que atraem jovens capazes. Em suma: procuram quebrar o círculo virtuoso do conhecimento. Estas coisas acabam sempre em catástrofe.

 

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Iberdrola, Telefónica e Inditex encabeçam o pódio das empresas do IBEX com maior Ebitda

  • Servimedia
  • 7 Abril 2025

São as únicas empresas do IBEX com um Ebitda superior a 10.000 milhões de euros.

A Iberdrola, a Telefónica e a Inditex são os três únicos componentes do IBEX 35 que alcançaram um Ebitda (resultado antes de juros, impostos, desvalorizações e amortizações) superior a 10.000 milhões de euros.
Em 2024, a empresa do IBEX com o Ebitda mais elevado foi a Iberdrola. No ano passado, a companhia elétrica presidida por Ignacio Sánchez Galán alcançou um Ebitda de 16.848 milhões de euros, mais 16,9% do que no ano anterior.

No caso da Telefónica, a empresa presidida por Marc Murtra obteve um resultado antes de juros, impostos, desvalorizações e amortizações de 13.276 milhões de euros, mais 1,2% do que no ano anterior.

O pódio foi completado pela Inditex, cujo Ebitda ultrapassou pela primeira vez a barreira dos 10.000 milhões de euros durante o seu último exercício. A empresa têxtil presidida por Marta Ortega registou um Ebitda de 10.728 milhões de euros, mais 8,9% do que no ano anterior.

PREVISÃO

O mercado espera que as três empresas prolonguem a sua liderança no IBEX para manter um Ebitda claramente acima dos 10.000 milhões de euros em 2025. De acordo com o consenso de mercado da Bloomberg, a Iberdrola voltará a alcançar um Ebitda superior a 16.000 milhões de euros em 2025.

O Ebitda da Telefónica, de acordo com as previsões dos analistas, manter-se-á claramente acima dos 10.000 milhões de euros, enquanto se aguarda a quantificação do possível impacto das mudanças de perímetro devido à venda do negócio na Argentina, ao qual se junta o possível encerramento da venda do negócio na Colômbia. No caso da Inditex, o Ebitda do seu exercício atual – o seu exercício fiscal decorre de fevereiro de 2025 a janeiro de 2026 – cresceria para 11.500 milhões de euros.

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