📹 Os grandes números do Orçamento do Estado para 2025

  • ECO
  • 13 Outubro 2024

Crescimento da economia, excedente orçamental, despesa e receita. Conheça os grandes números do Orçamento do Estado para o próximo ano que tem ainda de passar pela aprovação no Parlamento.

O Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) entregue esta semana no Parlamento assenta num cenário de uma economia a crescer 1,8% este ano e 2,1% no próximo e num ligeiro excedente orçamental. O Ministério das Finanças espera que o saldo positivo se reduza de 0,4% em 2024 para 0,3% em 2025.

O excedente para o próximo ano corresponde a 863 milhões de euros, resultado de uma receita estimada de 133.761 milhões de euros (45,5% do PIB), isto é, superior à despesa de 132.899 milhões de euros (45,2% do PIB). Para o atingir o Ministério das Finanças conta com uma evolução da atividade económica que permita arrecadar 63.337,9 milhões de euros com impostos, um aumento de 3,7% face a este ano.

A receita fiscal com os impostos indiretos recua ligeiramente (-1,1%) no próximo ano, para 27.967,2 milhões de euros, devido às atualizações do IRS e ao IRS Jovem, compensada pelo aumento (7,9%) da receita com impostos indiretos, para 35.370,7 milhões de euros, apoiada no consumo. Prevê ainda que as contribuições sociais vão render 37.850 milhões de euros (mais 6,1%).

Do lado da despesa, a despesa com pessoal ascende a 32.022 milhões de euros (mais 5,6%), enquanto as prestações sociais representam 53.307 milhões de euros (mais 4%). Destaca-se ainda a despesa com investimento (16,7%), fortemente relacionado com o reforço do financiamento nacional na execução de investimentos estruturantes.

http://videos.sapo.pt/L4wurrt3lNCbkqJ4aEwH

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Reunião da IL com Montenegro foi “perfeitamente normal” e sem qualquer acordo

  • Lusa
  • 12 Outubro 2024

Rui Rocha diz que o caso "se tornou um tema nas últimas horas” com a troca de acusações entre o primeiro-ministro e o presidente do Chega.

O presidente da Iniciativa Liberal revelou, em Leiria, que se reuniu com o primeiro-ministro, no dia 15 de julho, no quadro de encontros “absolutamente correntes e sem que dali houvesse nenhum acordo”.

“Foi uma reunião mais virada para assuntos gerais do país, para questões que dizem respeito à vida dos portugueses. São reuniões normais, absolutamente correntes e sem que dali houvesse nenhum acordo nem nenhum compromisso”, afirmou Rui Rocha, após a Conferência Leiria Mais Liberal.

O líder da IL salientou que “essas reuniões não são secretas, mas também não são públicas”, mas decidiu falar sobre esta em concreto para “benefício do esclarecimento dos portugueses”, uma vez que o caso “se tornou um tema nas últimas horas” com a troca de acusações entre o primeiro-ministro e o presidente do Chega.

Referindo que o encontro aconteceu na residência oficial do primeiro-ministro, Luís Montenegro, o líder da IL sublinhou que “nem sequer foi uma reunião em que se aprofundassem os temas do orçamento”, pois o assunto iria ser debatido no final dessa semana entre as equipas da IL e do Governo.

Rui Rocha também garantiu que “não houve nenhuma evidência” de que houvesse intenção de Montenegro num acordo à direita. “Houve a evidência de uma discussão aberta, franca sobre o futuro do país.”

Sem revelar aos jornalistas quem está a mentir: André Ventura, do Chega, ou o primeiro-ministro, Rui Rocha lamentou o “tempo que está a ser envolvido nestas discussões, que põe em causa a atenção que devia ser dada aos problemas fundamentais”, pois o país ”vive uma situação politicamente, economicamente e socialmente complicada”.

Dirigindo-se ao líder do Chega, o presidente da IL perguntou: “Quais são as propostas de André Ventura para este orçamento? É que nós conhecemos várias posições, toda esta novela, as interpretações, mas e propostas? Até agora vi uma carta que foi escrita, curiosamente já depois de algumas destes factos e narrativas, que tem o único objetivo de aumentar a despesa pública”, disse.

Rui Rocha reafirmou que o orçamento apresentado pelo Governo da Aliança Democrática é mau, pelo que , a IL “não tem condições para votar a favor”, pois “vai provocar mais um ano de atraso na situação económica e social portuguesa”.

“Este não é um bom orçamento para Portugal. Este é um mau orçamento para o país, mas é mau por ser próximo do PS. O que é que o Pedro Nuno Santos vai inventar mais para não o viabilizar?”, uma vez que as linhas vermelhas foram atenuadas.

Se os pontos de divergência de Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, é “o 1% no IRC, o enorme problema de aliviar tão ligeiramente as empresas que são as entidades que trazem riqueza para o país e a capacidade de cativarmos investimento estrangeiro, parece-me muito fraco”.

Rui Rocha deixou o anúncio do sentido de voto da IL no Orçamento do Estado para depois de auscultar os órgãos de partido, frisando, contudo, que não tem medo de eleições.

“Entre um mau orçamento que prolonga por mais um ano uma situação de economia que cresce muito pouco, aliás, bem abaixo das promessas eleitorais da AD ou uma clarificação em eleições, não entendo que seja um problema irmos a eleições neste momento”, reforçou, ao apontar que o Governo se aproximou tanto do PS, que existe “um governo de marca socialista”.

Na quinta-feira em entrevista à TVI/CNN Portugal, André Ventura, disse que o primeiro-ministro lhe tinha proposto em privado um acordo com vista à aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano, que admitia poder integrar o Governo.

“O primeiro-ministro mentiu”, acusou o líder do Chega, referindo que na terça-feira Luís Montenegro “disse que o Chega não era um parceiro confiável, que ele nunca contou com o Chega e que o Chega foi arredado das negociações”.

Pouco depois, através de uma mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), o primeiro-ministro garantiu que “nunca o Governo propôs um acordo ao Chega”, e acusou André Ventura de mentir.

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“É necessário intervir junto dos mais novos para mudar paradigma da mobilidade “, diz Governo

  • Lusa
  • 12 Outubro 2024

A secretária de Estado da Mobilidade considerou a necessidade de intervir junto das gerações mais novas para mudar o paradigma da mobilidade.

A secretária de Estado da Mobilidade considerou a necessidade de intervir junto das gerações mais novas para mudar o paradigma da mobilidade, tornando-a mais pedonal, mais descarbonizada e verde. Em declarações à Lusa a propósito da conferência internacional Walk21 dedicada à mobilidade pedonal, que este ano se realiza em Lisboa, Cristina Pinto Dias defendeu que é junto das gerações mais jovens que tem de se intervir “sensibilizando os miúdos, para sensibilizarem os pais para a importância da mobilidade pedonal”.

“É preciso fazer várias coisas, mas aquela que eu sinto como mais eficaz de facto é uma atuação nas escolas, nas gerações jovens. Vamos ter que intervir para mudar este padrão de comportamentos e sensibilizar os miúdos para que eles possam sensibilizar os pais que não é sair da garagem, entrar no carro e sair na escola. É preciso transformar um bocadinho os seus modelos de mobilidade, tornando-os mais descarbonizados e verdes”, considerou.

Reconhecendo que não se mudam comportamentos de um dia para o outro, Cristina Pinto Dias lembrou que hoje vive “numa cidade mais descarbonizada” do que aquela quando era mais jovem, com muitas pessoas a deslocarem-se de bicicleta e mais gente a andar a pé.

“Quanto mais os decisores públicos ganharem consciência que se o dimensionamento dos territórios forem pensados com acessibilidades mais confortáveis e mais seguras, não há dúvida nenhuma que as pessoas aderem”, sustentou,

Para a responsável é necessário também criar vias cicláveis, passeios confortáveis para que “as pessoas de mais idade possam caminhar em segurança e sem medo”.

De forma a alterar os números da mobilidade pedonal, que um estudo de 2021 apontava que só 16% das pessoas praticava, Cristina Pinto Dias disse que, em 2030, se pretende alcançar 30% a 35% da quota modal, mas para que tal aconteça é necessário atuar junto das escolas.

A conferência vai decorrer entre segunda e sexta-feira, mas no domingo, pelas 09.30, os participantes são convidados a participar numa caminhada entre o Príncipe Real e o Largo Camões, em Lisboa, que contará com a presença da secretária de Estado.

Até ao momento já se encontram cerca de 500 pessoas inscritas, oriundas de 60 países, pretendo-se que, durante os quatro dias especialistas da Europa e do mundo partilhem conhecimentos sobre como desenvolver e implementar políticas e programas de caminhada aumentando o valor e o impacto destas na vida das comunidades.

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O que disse o novo PGR, Amadeu Guerra, nas entrelinhas

Temas como as fugas de informação, detenções de arguidos que ultrapassam o prazo legal, a autonomia do MP, os atrasos do DCIAP nas investigações ou a validação de uma PJ não faltaram no discurso.

Lucília Gago deixou este sábado a a liderança do Ministério Público, depois de seis anos de mandato recheado de críticas tanto pelas fugas de informação, falta de prestação de contas, falta de resultados na investigação Influencer (que levou à queda de um Governo de maioria absoluta), acusações consecutivamente adiadas ou mesmo por um parágrafo acrescentado num comunicado de imprensa e acabou por provocar um terramoto político em Portugal, sem ter ainda qualquer resultado prático. António Costa demite-se, Montenegro é eleito primeiro-ministro e, quase um ano depois, a investigação da Operação Influencer continua quase como começou, a 7 de novembro.

Chega agora Amadeu Guerra como novo Procurador-Geral da República (PGR) – cuja tomada de posse ocorreu este sábado, no Palácio de Belém – nome já reconhecido no mundo jurídico, depois de ter liderado o DCIAP de 2013 a 2019.

Ricardo Salgado, Henrique Granadeiro, Armando Vara, Zeinal Bava e José Sócrates foram alguns (só alguns) dos nomes sonantes que durante o mandato de Amadeu Guerra à frente do maior departamento que investiga a criminalidade económica e financeira, o DCIAP, foram investigados e acusados.

Ao longo do seu mandato surgiram alguns dos mais mediáticos processos judiciais. E não se coibiu – durante a investigação e acusação da Operação Fizz – de aceitar que um dos seus pares na estrutura do Ministério Público, Orlando Figueira, fosse alvo de uma acusação que, posteriormente, culminaria numa condenação. Menos sucesso teve no caso Vistos Gold, já que este processo resultou na absolvição do ex-ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, e de quase todos os restantes arguidos. Foi, diria depois, um “caminho difícil e de muita responsabilidade de empenho”.

No seu discurso de cerca de 20 minutos proferido perante Marcelo Rebelo de Sousa, Lucília Gago, Luís Montenegro, Rita Júdice e José Pedro Aguiar -Branco, entre outros, que recados foram deixados? Interessa, agora, descodificar esses mesmos recados e os assuntos escolhidos, cirurgicamente, pelo ex-diretor do DCIAP. Fugas de informação, detenções de arguidos (mediáticos) que ultrapassam o prazo legal, a autonomia do Ministério Público, os atrasos nas investigações do DCIAP ou a validação de uma PJ que, com Lucília, algumas vezes não foi chamada a investigações, não faltaram no menu.

Com 69 anos, Amadeu Guerra chega a um Ministério Público em cacos, desunido, sem meios, prazos atrasados (basta lembrar os 12 anos que Mexia espera por uma acusação). Uma herança deixada por Lucília Gago e que, até na hora da despedida, Marcelo Rebelo de Sousa considerou como um mandato com mais agruras do que de bonança, salientando que exerceu o cargo num “contexto nada propício”.

O que disse então o novo PGR no seu discurso?

  • O novo PGR assumiu que quer trazer o MP de volta ao “patamar que merece”. Sublinhando que todos os magistrados podem contar com o seu “empenho, determinação e vontade de colocar a imagem do Ministério Público no patamar que merece. Sei que essa é a vontade partilhada por todos”, Amadeu Guerra assumiu, assim, que a instituição com quase dois mil profissionais enfrenta uma crise reputacional.
  • Criticando, de forma velada, Lucília Gago, Amadeu Guerra assume que o prestígio do Ministério Público não se concretiza com meros “processos de intenções” ou com “discursos de autoelogio”. Consegue-se quando a comunidade que servimos sentir que há resultados efetivos, que ocorreu uma mudança de mentalidades e que foi desencadeada uma mobilização para fazer cada vez melhor. Penso que isso está ao nosso alcance!… E foi por isso que aceitei”.
  • Não deixou também de mandar recados aos deputados eleitos. “O Procurador-Geral da República, após um período inicial de contacto com a realidade nos tribunais, está sempre disponível para prestar contas no Parlamento”, disse, um mês depois de Lucília Gago ter sido chamada ao Parlamento, pela primeira e última vez, em que pouco respondeu, em concreto, às questões dos deputados da primeira Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
  • Tocando desde logo na questão sensível e pela qual o MP é recorrentemente alvo de críticas, Amadeu Guerra avisou que “nos crimes de corrupção e crimes conexos, bem como na criminalidade económico financeira, é minha intenção acompanhar de perto, através dos Diretores dos DIAP Regionais e do DCIAP, as razões dos atrasos”. Basta lembrar-nos do caso dos CMEC – que tem António Mexia como arguido – que espera uma acusação para 23 de outubro, 12 anos depois do início da investigação e depois de dezenas de adiamentos.
  • Amadeu Guerra quis também, pôr já os pontos nos ‘is’ no que toca ao tema sensível da autonomia do Ministério Público, lembrando que a subordinação dos magistrados é uma “linha vermelha” que o magistrado não pretende atravessar ou aceitar. Recorde-se que os magistrados judiciais (juízes) têm total independência mas os do Ministério Público apenas goza de autonomia, estando sempre submetido ao poder hierárquico. Uma frase que foi também uma implícita referência aos manifestos dos 50 que se tornaram mais de 100 , aos comentários políticos – incluindo de Marcelo e de José Pedro Aguiar Branco – e aos inúmeros comentários da sociedade civil nos últimos meses, quase um ano, à falta de comunicação e prestação de contas de Lucília Gago. Mas é precisamente nesta prestação de contas que a crítica vai para a ex-PGR: Amadeu já prometeu que estará sempre disponível para ir ao Parlamento mas sublinha que o MP precisa e quer desenvolver o seu trabalho sem o alarde mediático e discussão pública da sua atividade em processos concretos.
  • A Polícia Judiciária não deixou de ser lembrada. Numa altura em que o mandato do atual diretor, Luís Neves já chegou ao fim em Junho, e que a ministra da Justiça já fez saber que a decisão de renovar, ou não, o mandato, será a próxima que tomará, Amadeu Guerra relembrou que “devemos envolver a Polícia Judiciária de forma efetiva, face ao aumento recente dos seus meios humanos: inspetores, peritos e meios tecnológicos”. Uma posição que nem sempre foi escolhida pela ex-PGR que, na fase inicial da investigação da Operação Influencer, não quis contar com o apoio desta polícia, que gerou um mau estar entre a PJ e o MP.
  • O novo líder da investigação criminal prometeu ainda que “irá revisitar as questões relativas ao segredo de justiça, através da análise das medidas estabelecidas no Relatório elaborado em 2014, no estudo do regime de segredo de justiça em alguns países e nas boas práticas seguidas por alguns magistrados”. E avisa: “as soluções – se é que é possível alcançá-las – têm que passar pela abordagem das questões criminais, dos direitos, liberdades e garantias e, necessariamente, pelo equilíbrio entre estes aspetos e o direito à informação”. Neste ponto, justiça seja feita a Lucília Gago: este é um problema que já assombra o MP há décadas, não é de agora.
  • Os direitos, liberdades e garantias e o equilíbrio entre estes aspetos e o direito à informação não foram esquecidos. Tocando em mais um tema sensível, Amadeu Guerra avisou que “quanto à detenção de arguidos e apresentação ao Juiz de Instrução há regras e prazos fixados na lei. O Ministério Público cumpre-os e não vislumbro as razões das críticas que, às vezes, lhe são feitas. Porém, considero que a ideia de fixação perentória de um prazo desproporcionado compromete o esclarecimento e recolha de informação necessária à decisão judicial, com risco de violação dos princípios da necessidade e da proporcionalidade”. Uma referência clara à detenção de várias semanas dos arguidos no processo que alegada corrupção na Madeira, que mais tarde veio a ser assumido por Lucília como “o normal tempo de uma investigação”, na única entrevista que deu em seis anos, à RTP.
  • Dando uma no cravo e outra na ferradura, Amadeu Guerra falou da falta de meios humanos no seio do MP. E se não teve rasgo ao assumir que “a situação atual da Justiça em Portugal está condicionada pela falta de meios humanos. Quem trabalha ou acompanha a realização da Justiça está consciente que a falta de oficiais de justiça é preocupante no Ministério Público”, foi mais ambicioso e assertivo ao garantir que o MP tem “que dar o nosso melhor com os recursos disponíveis. Não podemos continuar a lamentar-nos com a falta de meios e esmorecer. Devemos, pelo contrário, mobilizar-nos e estar motivados, trabalhar em equipa, ser muito pragmáticos na nossa função e diminuir a morosidade”.
  • Referindo-se ao tema quente da corrupção, o magistrado relembrou que os cidadãos consideram que “as políticas anticorrupção e as medidas tomadas na luta contra a corrupção são ineficazes” e que, por isso, “interessa sublinhar que, neste tipo de criminalidade, é tão ou mais eficaz assegurar a perda de bens do que uma condenação em prisão. Por isso, é uma prioridade dinamizar e concretizar a recuperação de ativos. Será criada uma estrutura ágil – à qual será dada a formação necessária – que fica encarregada de realizar ou apoiar o titular do inquérito na inventariação dos ativos e na apresentação dos requerimentos necessários à decisão de arresto preventivo”.
  • O novo titular da investigação criminal não deixou de referir, no seu discurso, a “falta de investimento dos sucessivos Governos em meios tecnológicos avançados, em aplicações informáticas de gestão processual ou sistemas de gestão e tratamento da prova recolhida limita, em muito, a eficiência do sistema de Justiça”, criticou.
  • Na despedida que fez à sua antecessora, o magistrado escolheu ser politicamente correto ao usar a pandemia como ‘desculpa’ para um mandato menos conseguido, já que “não teve a sorte do seu lado, no decurso do seu mandato, em que ocorreu uma pandemia que – durante cerca de dois anos – alterou os hábitos e a motivação dos portugueses. Mesmo assim, considero que exerceu o cargo – como sempre fez na sua carreira – com honestidade intelectual e de forma dedicada”.

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Manifesto dos 50 espera que Amadeu Guerra seja fiel à Constituição

O Manifesto dos 50 foi conhecido em maio, com o grupo de 50 personalidades a assinarem o documento em defesa de um “sobressalto cívico” que acabe com a “preocupante inércia” dos agentes políticos.

Os subscritores do apelo “Por uma Reforma da Justiça em Defesa do Estado de Direito Democrático” esperam que o novo procurador-geral da República (PGR) cumpra os compromissos que assumiu no discurso de tomada de posse, nomeadamente o de “melhorar o desempenho” do Ministério Público e o de “alterar procedimentos e torná-los mais adequados para assegurar celeridade e eficiência”.

Sobre a linha vermelha que Amadeu Guerra colocou à alteração do Estatuto do Ministério Público, os promotores do Manifesto dos 50 lembram que “esta é uma competência exclusiva da Assembleia da República. E recordam que o PGR tem de ser inteiramente fiel ao que dispõe a Constituição e a Lei sobre a autonomia do Ministério Público e a sua natureza de magistratura hierarquizada, tendo a obrigação de dar garantias de combater quaisquer atos ou riscos de desrespeito destes princípios por parte de elementos ou de estruturas internas daquela magistratura”, segundo comunicado enviado pelos subscritores.

O Manifesto dos 50 foi conhecido em maio, com o grupo de 50 personalidades a assinarem o documento em defesa de um “sobressalto cívico” que acabe com a “preocupante inércia” dos agentes políticos relativamente à reforma da Justiça, num apelo ao Presidente da República, Governo e parlamento.

Uma “verdadeira reforma da Justiça”, com a recondução do Ministério Público (MP) a uma estrutura hierárquica para evitar o que chamam de atual “poder sem controlo” do mesmo, um escrutínio externo e avaliação independente aos tribunais e magistrados. Estas são algumas das ideias e conclusões do manifesto assinado por 50 nomes sonantes da sociedade civil.

Esta lista é composta por nomes como Leonor Beleza, Rui Rio, Augusto Santos Silva, Daniel Proença de Carvalho, Teresa Pizarro Beleza, Maria de Lourdes Rodrigues, Isabel Soares, David Justino, Eduardo Ferro Rodrigues, Fernando Negrão, Vítor Constâncio, António Vitorino, José Pacheco Pereira, Maria Manuel Leitão Marques, Paulo Mota Pinto, Vital Moreira, António Barreto, João Caupers, Correia de Campos, Álvaro Beleza, António Monteiro, Diogo Feio, Mota Amaral, Sobrinho Simões, entre outros.

Os promotores saúdam a disponibilidade de Amadeu Guerra para prestar contas regularmente na Assembleia da República, assim como consideram positivo o seu compromisso com “resultados efetivos”, com uma “mudança de mentalidades” no Ministério Público e com a “mobilização [dos seus procuradores] para fazer cada vez melhor”. O novo procurador-geral afirmou que estes objetivos estão ao alcance daquela magistratura e que foi por isso que aceitou o cargo.

Os promotores do Manifesto dos 50 esperam também que o novo PGR cumpra a promessa de se envolver pessoalmente no combate à diminuição da morosidade, nomeadamente na que diz respeito à criminalidade económica. E aguardam com expectativa o compromisso assumido por ele de “visitar as questões do segredo de justiça”, nomeadamente a necessidade de compatibilizar “os direitos, liberdades e garantias” com o direito de informação.

Sobre a menção feita por Amadeu Guerra aos “riscos” de “violação dos princípios de necessidade e de proporcionalidade” nos prazos de detenção de arguidos, os promotores do Manifesto dos 50 apelam a que o novo PGR faça do seu mandato uma oportunidade bem-sucedida para eliminar também outras práticas que têm desvirtuado a missão do Ministério Público. Práticas como o uso ilegal ou abusivo dos meios mais intrusivos de investigação como buscas domiciliárias e escutas telefónicas, ou o arrastamento indefinido dos inquéritos, as quais têm prejudicado severamente a credibilidade e a eficácia da ação da magistratura.

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Albuquerque diz que Madeira vai continuar a pressionar pelas suas reivindicações no OE2025

  • Lusa
  • 12 Outubro 2024

Miguel Albuquerque considerou que a proposta de Orçamento do Estado para 2025 é“um balde de água fria” e que o voto dos deputados madeirenses vai depender “daquilo que for consagrado”.

O presidente do Governo da Madeira, o social-democrata Miguel Albuquerque, assegurou que a Região vai continuar a pressionar para ver contempladas as suas reivindicações no Orçamento de Estado para 2025 na discussão na especialidade.

“Estive a falar com membros do Governo [da República] no sentido das reivindicações da Região Autónoma da Madeira serem já contempladas na especialidade (…). Neste momento como está tudo em aberto vamos continuar a negociar e a pressionar”, disse o chefe do executivo madeirense aos jornalistas à margem da visita à conclusão das obras de reposição e beneficiação do piso sintético do Campo Municipal dos Prazeres, na zona oeste da ilha.

Na sexta-feira, Miguel Albuquerque considerou que a proposta de Orçamento do Estado para 2025 era “um balde de água fria” e adiantou que a orientação de voto dos deputados madeirenses vai depender “daquilo que for consagrado”.

“Quando disse que votação dependia dessa condição toda a gente sabe que não estou a brincar, já o fiz e volto a fazer”, vincou.

O PSD/Madeira elegeu três deputados à Assembleia da República, num círculo eleitoral com seis representantes, sendo os restantes do PS (dois) e do Chega (um).

Segundo o líder madeirense, nesta fase inicial do processo “o que fica consagrado são as grandes linhas mestras do Orçamento”.

Albuquerque adiantou que, “quer o primeiro-ministro, quer o Ministro das Finanças, estão com uma atenção mais focada nas questões suscitadas pela região”, perspetivando que “sejam contempladas”. Mas, realçou, que “a vontade muitas vezes é condicionada” por aquilo se é obrigado a fazer.

Segundo a proposta de Orçamento do Estado entregue quinta-feira no parlamento, a Região Autónoma da Madeira vai receber 279,8 milhões de euros em 2025 ao abrigo da Lei das Finanças Regionais, menos 25,1 milhões de euros do que em 2024.

Dos 279,8 milhões de euros previstos para o próximo ano, 199.826.396 serão recebidos ao abrigo do artigo 48.º da Lei das Finanças das Regiões Autónomas (transferências orçamentais) e 79.930.558 euros no âmbito do artigo 49.º (fundo de coesão para as regiões ultraperiféricas).

Na sexta-feira, Miguel Albuquerque criticou também o facto de algumas das principias reivindicações da região não estarem contempladas no documento, como a prorrogação do regime do Centro Internacional de Negócios (Zona Franca), o princípio da capitação do IVA e o pagamento da dívida dos subsistemas de saúde, avaliada em 60 milhões de euros.

Miguel AlbuquerqueLusa

O Governo entregou na quinta-feira, no parlamento, a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), que prevê que a economia cresça 1,8% em 2024 e 2,1% em 2025 e um excedente de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e de 0,3% no próximo.

A proposta ainda não tem assegurada a viabilização na generalidade e a votação está marcada para dia 31, no parlamento.

Se a proposta de Orçamento do Governo PSD/CDS-PP for viabilizada na generalidade com a abstenção do PS ou, em alternativa, com os votos favoráveis do Chega, será então apreciada na especialidade no parlamento entre 22 e 29 de novembro. A votação final global do Orçamento está prevista para 29 de novembro.

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ECO Quiz. Sabe tudo sobre o novo Orçamento do Estado?

  • Tiago Lopes
  • 12 Outubro 2024

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. Está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento com o ECO Quiz.

O Governo apresentou na passada quinta-feira, dia 10 de outubro, a proposta de Orçamento do Estado para 2025. No documento constam medidas que vão ter impacto nas famílias, desde o IRS às pensões, e também nas empresas, como o IRC e a tributação autónoma. Esta semana, o quiz é totalmente dedicado às medidas apresentadas no novo Orçamento.

O ECO publica todas as semanas um quiz que desafia a sua atenção. Tem a certeza que está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento com este quiz do ECO.

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Ex-futebolista Costinha e empresário António Boal lançam vinho, que vai dos 600 a 8 mil euros

O ex-futebolista Costinha e o empresário António Boal lançam nova colheita do Segredo 6 (2021) e já venderam 20% da produção total. Estudam já nova tática para conquistar mercado angolano.

Antigo jogador de futebol Costinha e o empresário António Boal lançam terceira edição do vinho “Segredo 6”11 outubro, 2024

Ainda a nova colheita do Segredo 6 (2021) não tinha sido lançada e o antigo jogador de futebol Costinha e o empresário António Boal já tinham vendido 10 das 25 garrafas mais caras desta produção – de 15 litros –, a oito mil euros cada. Entre os compradores constam futebolistas, empresários e médicos portugueses membros do clube restrito que os dois amigos criaram há dois meses.

“Tenho várias pessoas do mundo do futebol, muitos deles jogaram comigo, que são compradores desde a primeira edição do vinho em 2022, produzida com a colheita de 2019, e que são membros do Clube Gold”, que já conta com 228 sócios provenientes de todo o país, começa por avançar Costinha (Francisco Costa) ao ECO/Local Online à margem do lançamento da nova colheita do “Segredo 6”, em Mirandela.

Mas desengane-se quem pensa que só de futebol vive o Clube Gold por ter o antigo médio defensivo neste projeto. São vários os homens e mulheres empresários e médicos que integram este grupo restrito de apreciadores a quem será dada “sempre” a oportunidade de aquisição deste vinho de edição limitada, proveniente das vinhas velhas da empresa 2 CC produção de vinhos Lda, criada pelos dois sócios, em 2018. E cujos nomes os dois sócios mantêm num total secretismo, fazendo jus ao nome do vinho que ostenta o número da camisola que Costinha ou “ministro”, como é conhecido, usava nos seus tempos de glória nos relvados.

Já temos alocado 20% da produção total [475 garrafas] a membros do clube.

António Boal

Produtor do Segredo 6

Já quando lançaram, em 2022, a primeira edição deste vinho com a colheita do ano de 2019 e com a assinatura do enólogo Paulo Nunes, os dois sócios venderam logo as seis garrafas de 15 litros a portugueses e brasileiros. A procura foi de tal forma no ano seguinte que Costinha e António Boal reforçaram, este ano, a quantidade para 25 garrafas.

Mas não são só as garrafas de 15 litros, a oito mil euros, que já têm compradores. “Já temos alocado 20% da produção total [475 garrafas] a membros do clube”, adianta o empresário António Boal, englobando nas contas mais 400 garrafas de 1,5 litros e outras 50 de cinco litros, a 600 euros e 1.800 euros cada. Produzido a partir das castas autóctones de Trás-os-Montes, das quais se destacam a Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Amarela, Alicante Bouschet, este vinho foi maturado em barricas de carvalho francês, durante um período de 16 meses.

Mal sonhavam, no início desta aventura na Vinha do Professor com 68 anos, solo de xisto e quartzo, situada em Chelas, Mirandela, que iriam ter tanta aceitação no mercado nacional e grande interesse do brasileiro que está em crescendo. Os dois amigos continuam a estudar a tática para mais uma vitória em campo: têm agora na mira o mercado angolano para posicionar ainda mais Trás-os-Montes no mapa vitivinícola nacional e internacional no segmento premium.

Este vinho tem marcado pontos: a edição de 2023 (colheita de 2020) entrou para o top dos 10 melhores vinhos nacionais pela revista “Essência dos Vinhos”.

Costinha e António Boal, produtores do vinho Segredo 611 outubro, 2024

Apesar da inflação, do aumento dos custos e da habitação, ainda há investidores portugueses com poder de compra para comprar estes produtos de luxo. À pergunta o que leva um investidor a comprar um vinho deste valor, António Boal responde: “São colecionadores ou pessoas que querem surpreender um grupo de amigos e abrem uma garrafa de 15 litros. O que impressiona, pois é imponente”. Aliás, reforça, “há pessoas a comprar dez mil euros em garrafas do Segredo 6, nomeadamente de 1,5 litros e de cinco litros. Compram para oferecer ou para festas que organizam”.

Costinha lembra a inusitada história de um jogador de golfe no Brasil que teve conhecimento da venda do “Segredo 6 através das redes sociais e encomendou logo a uma garrafeira naquele país”. Ao lado, o sócio António Boal acrescenta, enquanto aponta para as três garrafas, de formatos diferentes, expostas na mesa: “Queria uma coisa fora da caixa e teve”, além de ter a mais-valia de ter “um grande potencial de envelhecimento em garrafa, uma vez que quanto maior a quantidade, melhor o envelhecimento e melhor a qualidade do vinho”. Na calha está o lançamento de um vinho branco de alta gama à semelhança do Segredo 6, desvenda o empresário.

O vinho “O Segredo 6” envolveu logo no primeiro ano um investimento de 150 mil euros em todo o processo, desde aquisição das vinhas, em Mirandela, até à produção, engarrafamento e lançamento no mercado.

Da mesma vinha deste projeto foi apresentada, em 2023, uma outra referência: a Vinha do Professor. São 416 estojos, com três garrafas de 0,75 litro cada, que estão no mercado pelo valor de 675 euros.

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Marcelo apela a Amadeu Guerra para mudar o Ministério Público

"Que lidere o que deva ser liderado, pacifique o deva ser pacificado”, faça pedagogia e mostre “abertura aos reptos das mudanças indispensáveis”, diz Marcelo Rebelo ao novo PGR, Amadeu Guerra.

Marcelo Rebelo de Sousa apelou ao novo Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, para que esteja aberto “à reflexão e reponderação do que se possa ser, e sobretudo deva ser, reformulado” no Ministério Público, declarou.

“Que lidere o que deva ser liderado, pacifique o deva ser pacificado”, faça pedagogia e mostre “abertura aos reptos das mudanças indispensáveis”. Na cerimónia de tomada de posso do novo procurador-geral da República, Amadeu Guerra, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu-lhe ter aceitado “uma missão que não é impossível, mas que apela a predicados tão exigentes de formação, de cidadania e humanos, que só por si justificam mais do que uma expectativa especial, um reconhecimento particular”.

“Que possa ser coroada de êxitos a sua obra, liderando o que deva ser liderado, pacificando o que deva ser pacificado, agindo com particular atenção à corrupção e demais criminalidade económica e financeira, fazendo pedagogia – sem ceder nunca nos valores e princípios constitucionais e legais”, acrescentou.

Uma missão que não é impossível, mas que apela a predicados tão exigentes de formação, de cidadania e humanos, que só por si justificam mais do que uma expectativa especial, um reconhecimento particular. Que possa ser coroada de êxitos a sua obra, liderando o que deva ser liderado, pacificando o que deva ser pacificado, agindo com particular atenção à corrupção e demais criminalidade económica e financeira, fazendo pedagogia – sem ceder nunca nos valores e princípios constitucionais e legais”.

Marcelo Rebelo de Sousa

“Numa palavra: unidade, pacificação, rumo claro, abertura aos reptos das mudanças indispensáveis”, acrescentou o chefe do Estado, que instou Amadeu Guerra a assumir essa postura “não para satisfazer alguma ou algumas das várias visões do todo coletivo”, mas “apenas a pensar nesse todo, apenas a pensar em Portugal”.

O Chefe de Estado admitiu que este é um “contexto dificílimo” em que Amadeu Guerra toma posse. “E bem consonante com a abertura da Constituição quanto a quem pode ser proposto pelo PM e nomeado pelo PR”, disse, perante o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

“O Ministério Público precisa e quer desenvolver o seu trabalho sem o alarde mediático e discussão pública da sua atividade em processos concretos. O Ministério Público ouve sempre as críticas justas e fundamentadas, aceitando-as quando contribuam para melhorar o seu desempenho, para alterar procedimentos e torná-los mais adequados para assegurar a celeridade e a eficiência”, disse o recém empossado Amadeu Guerra. Avisando : “o Procurador-Geral da República, após um período inicial de contacto com a realidade nos tribunais, está sempre disponível para prestar contas no Parlamento”. Amadeu Guerra tomou posse este sábado, no Palácio de Belém, como o novo Procurador-Geral da República.

Tocando desde logo na questão sensível e pela qual o MP é recorrentemente alvo de críticas, Amadeu Guerra avisou que “nos crimes de corrupção e crimes conexos, bem como na criminalidade económico financeira, é minha intenção acompanhar de perto, através dos Diretores dos DIAP Regionais e do DCIAP, as razões dos atrasos”.

O Ministério Público precisa e quer desenvolver o seu trabalho sem o alarde mediático e discussão pública da sua atividade em processos concretos. O Ministério Público ouve sempre as críticas justas e fundamentadas, aceitando-as quando contribuam para melhorar o seu desempenho, para alterar procedimentos e torná-los mais adequados para assegurar a celeridade e a eficiência”,

Amadeu Guerra, PGR

O Presidente da República agradeceu à procuradora-geral cessante, Lucília Gago, os seus seis anos de serviço, reconhecendo que foram “mais de agruras e incompreensões” do que de bonança, salientando que exerceu o cargo num “contexto nada propício”.

“Agradeço-lhe estes seis anos, fundamentalmente mais de agruras, incompreensões, sacrifícios, do que bonança, mar sereno ou bons ventos”, declarou Marcelo Rebelo, dirigindo-se a Lucília Gago, na cerimónia de tomada de posse do novo procurador-geral da República, Amadeu Guerra, que decorreu na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa.

Num breve discurso, o chefe de Estado recordou que, há seis anos, Lucília Gago sucedeu a Joana Marques Vidal “em condições particularmente difíceis, nomeadamente um juízo coletivo muito crítico quanto ao tempo da Justiça, ainda mais crítico na justiça penal complexa, internacionalizada, envolvendo poderes políticos, administrativos, económicos e sociais”.

“Mais o confronto constante entre uma opinião pública e/ou publicada, cada vez mais exigente, e considerando cada omissão ou atraso sinal de proteção dos abusos e abusadores. E uma outra opinião pública e ou publicada cada vez mais queixosa e ou denunciante dos abusos da Justiça, tidos como perseguição às pessoas e, nelas, aos titulares de poderes políticos, administrativos, económicos e sociais”, disse.

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Pedro Nuno cola Montenegro e Ventura e diz que “um deles está a mentir”

Pedro Nuno Santos criticou este Orçamento do Estado dizendo que "este não é o Orçamento do PS!", dizendo que "é mau". E diz que o PS nunca colocaria os "jovens contra os pobres".

Pedro Nuno Santos diz que o que se tem passado nos últimos dias é “uma vergonha”, dizendo que “a direita portuguesa não é de confiança”, referindo-se à acusação de Montenegro a André Ventura ao “mentir” sobre um alegado acordo entre o Governo e o Chega relativamente ao Orçamento do Estado. O líder socialista falava em Vila Nova de Famalicão, nos Congressos Federativos Socialistas.

“Dois líderes partidários a acusarem-se na praça pública de mentira é vergonhoso. O PM tinha dito, na campanha e últimos meses, que não negociaria com o Chega”, disse o líder socialista Pedro Nuno Santos. “E todos nós acreditamos nisso, na firmeza do ‘não’ é ‘não’ do PM. Não sabemos quem mentimos, quem diz a verdade. Mas para dizer que não estava interessado num acordo bastaria uma reunião”. Montenegro e Ventura terão tido cinco reuniões e, por isso, Pedro Nuno Santos diz que “um deles está a mentir. A situação não é boa para ninguém e carece de clarificação para percebermos todos que a palavra do PM é para levar a sério. Não vamos dizer quem mente e quem não mente, não sabemos isso. Sabemos o óbvio: não era preciso mais do que uma reunião”.

“Independentemente do que vai acontecer, este não é nem nunca será o Orçamento do PS! E não é nem será o OE do PS e ficaria surpreendido se algum militante socialista se enganasse. Este OE não é o do PS pelo que tem mas sobretudo pelo que não tem”. Acrescentando que este OE para 2025 é “mau”, avisando que o PS não colocaria “jovens contra os pobres”.

O líder do Chega, recorde-se, acusou o primeiro-ministro de mentir ao país, revelando que Luís Montenegro terá proposto um acordo de viabilização do OE 2025 a André Ventura, no qual previa ainda que, em troca, o partido passasse a integrar o Executivo.

“Nunca o Governo propôs um acordo ao Chega. O que acaba de ser dito pelo Presidente desse partido é simplesmente mentira. É grave mas não passa de mentira e desespero”, escreveu o primeiro-ministro, numa publicação feita, na quinta-feira, na rede social X. “É grave mas não passa de Mentira e Desespero”, acrescentou o primeiro-ministro.

“O primeiro-ministro mentiu. E mentiu porque eu estava lá quando ele quis chegar a um acordo neste ano de Orçamento do Estado“, acusou André Ventura. “O primeiro-ministro negociou com o Chega, quis negociar com o Chega e digo mais: o mesmo primeiro-ministro que disse que connosco não negociava propôs-nos um acordo para este ano”, disse o líder do Chega numa entrevista à CNN Portugal/TVI, na passada quinta-feira.

No entanto, o acordo não terá sido aceite porque o Chega “tem palavra” e tinha proposto um “acordo a quatro anos com transformação e mudança para varrer o socialismo”.

“O mesmo primeiro-ministro que estava disposto a que, mais para a frente, o Chega viesse a integrar o Governo“, sustentou o presidente do Chega, enquanto ia subindo o tom para garantir que o partido não é para “descartar”. “Eu represento 1 milhão e 200 mil eleitores que não estão para jogos de bastidores. Talvez o país nunca viesse a saber esta história, mas hoje sabe porque eu estou a contar.”

Na mesma entrevista, o líder do partido revelou que o acordo terá sido proposto numa reunião, em São Bento, entre o próprio e Luís Montenegro “há três semanas”. A data aponta para que a ocasião tivesse ocorrido a 23 de setembro – altura em que o primeiro-ministro reuniu-se, também, com o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, para discutir a viabilização do OE 2025.

“Esta reunião que estou a falar é de 23 de setembro, mas já tínhamos falado disso antes do verão. O senhor primeiro-ministro não desmentirá isto. Sabe porque é que esse acordo não foi aceite? É porque nós temos palavra”, sublinhou o líder do Chega, durante a entrevista. Momentos depois, e já de madrugada, Ventura avançou com mais detalhes, revelando que o acordo foi, pela primeira vez, proposto no dia 15 de julho.

“No dia 15 de julho, pelas 10h da manhã, tive um encontro não divulgado à imprensa com o primeiro-ministro na sua residência oficial, a pedido do próprio. Foi aqui que pela primeira vez um acordo específico esteve em cima da mesa”, lê-se na publicação na rede social.

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Marcelo agradece a Lucília Gago seis anos de um mandato de “mais de agruras e incompreensões do que de bonança”

  • Lusa
  • 12 Outubro 2024

Num breve discurso, o chefe de Estado recordou que, há seis anos, Lucília Gago sucedeu a Joana Marques Vidal “em condições particularmente difíceis".

O Presidente da República agradeceu à procuradora-geral cessante, Lucília Gago, os seus seis anos de serviço, reconhecendo que foram “mais de agruras e incompreensões” do que de bonança, salientando que exerceu o cargo num “contexto nada propício”.

“Agradeço-lhe estes seis anos, fundamentalmente mais de agruras, incompreensões, sacrifícios, do que bonança, mar sereno ou bons ventos”, declarou Marcelo Rebelo, dirigindo-se a Lucília Gago, na cerimónia de tomada de posse do novo procurador-geral da República, Amadeu Guerra, que decorreu na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa.

Num breve discurso, o chefe de Estado recordou que, há seis anos, Lucília Gago sucedeu a Joana Marques Vidal “em condições particularmente difíceis, nomeadamente um juízo coletivo muito crítico quanto ao tempo da Justiça, ainda mais crítico na justiça penal complexa, internacionalizada, envolvendo poderes políticos, administrativos, económicos e sociais”.

“Mais o confronto constante entre uma opinião pública e/ou publicada, cada vez mais exigente, e considerando cada omissão ou atraso sinal de proteção dos abusos e abusadores. E uma outra opinião pública e ou publicada cada vez mais queixosa e ou denunciante dos abusos da Justiça, tidos como perseguição às pessoas e, nelas, aos titulares de poderes políticos, administrativos, económicos e sociais”, disse.

Lucília Gago, ex-PGR, na tomada de posse do novo PGR, Amadeu Guerra. HUGO AMARAL

Tudo isso, prosseguiu, “enquadrado por um debate público que antecipa a formulação de julgamentos como consequência certa ou errada da lentidão, tantas vezes injustificada, da máquina da Justiça”.

“Se somarmos a quanto fica dito, incompreensões e agravos passados, orgânicas, procedimentos e meios pensados para outros tempos e desafios, a inevitável saída de gerações dos princípios da democracia, novos problemas colocados por mega, ou quase mega, processos em ambas as magistraturas – e falo apenas no domínio penal para não abarcar outras áreas e outras solicitações – estes últimos anos não foram um contexto nada propício”, frisou.

O novo Procurador-Geral da República (PGR), Amadeu Guerra, considerou hoje que a antecessora Lucília Gago não teve um mandato fácil e definiu também “linhas vermelhas” em defesa da autonomia do Ministério Público (MP) para os próximos seis anos.

“Uma palavra final para a senhora conselheira procuradora-geral cessante, que não teve a sorte do seu lado, no decurso do seu mandato, em que ocorreu uma pandemia que – durante cerca de dois anos – alterou os hábitos e a motivação dos portugueses. Mesmo assim, considero que exerceu o cargo – como sempre fez na sua carreira – com honestidade intelectual e de forma dedicada”, declarou no discurso de tomada de posse.

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Amadeu Guerra garante que vai estar atento aos atrasos do DCIAP

Amadeu Guerra, de 69 anos, nomeado para um mandato de seis anos como PGR não deixou de falar em temas polémicos como o segredo de Justiça, falta de meios e detenção de arguidos por tempo excessivo.

“O Ministério Público precisa e quer desenvolver o seu trabalho sem o alarde mediático e discussão pública da sua atividade em processos concretos. O Ministério Público ouve sempre as críticas justas e fundamentadas, aceitando-as quando contribuam para melhorar o seu desempenho, para alterar procedimentos e torná-los mais adequados para assegurar a celeridade e a eficiência”, disse o recém empossado Amadeu Guerra. Avisando : “o Procurador-Geral da República, após um período inicial de contacto com a realidade nos tribunais, está sempre disponível para prestar contas no Parlamento”. Amadeu Guerra tomou posse este sábado, no Palácio de Belém, como o novo Procurador-Geral da República.

Tocando desde logo na questão sensível e pela qual o MP é recorrentemente alvo de críticas, Amadeu Guerra avisou que “nos crimes de corrupção e crimes conexos, bem como na criminalidade económico financeira, é minha intenção acompanhar de perto, através dos Diretores dos DIAP Regionais e do DCIAP, as razões dos atrasos”.

Tomada de posse do PGR, Amadeu Guerra, no Palácio de Belém. HUGO AMARAL

O novo líder da investigação criminal prometeu que “irá revisitar as questões relativas ao segredo de justiça, através da análise das medidas estabelecidas no Relatório elaborado em 2014, no estudo do regime de segredo de justiça em alguns países e nas boas práticas seguidas por alguns magistrados”. E avisa: “as soluções – se é que é possível alcançá-las – têm que passar pela abordagem das questões criminais, dos direitos, liberdades e garantias e, necessariamente, pelo equilíbrio entre estes aspetos e o direito à informação”.

Explicando que essas “soluções – se é que é possível alcançá-las – têm que passar pela abordagem das questões criminais, dos direitos, liberdades e garantias e, necessariamente, pelo equilíbrio entre estes aspetos e o direito à informação”. Tocando em mais um tema sensível, Amadeu Guerra avisou que “quanto à detenção de arguidos e apresentação ao Juiz de Instrução há regras e prazos fixados na lei. O Ministério Público cumpre-os e não vislumbro as razões das críticas que, às vezes, lhe são feitas. Porém, considero que a ideia de fixação perentória de um prazo desproporcionado compromete o esclarecimento e recolha de informação necessária à decisão judicial, com risco de violação dos princípios da necessidade e da proporcionalidade”.

Nos crimes de corrupção e crimes conexos, bem como na criminalidade económico financeira, é minha intenção acompanhar de perto, através dos Diretores dos DIAP Regionais e do DCIAP, as razões dos atrasos. Ao mesmo tempo, devemos envolver a Polícia Judiciária de forma efetiva, face ao aumento recente dos seus meios humanos: inspetores, peritos e meios tecnológicos”

Mas diz, sem pruridos: “há, igualmente, ‘linhas vermelhas’ que não aceito, nomeadamente, a alteração do Estatuto do Ministério Público em violação da Constituição e da sua autonomia e independência”, avisando que a autonomia do MP é para manter.

Um dos processos concretos referidos por Amadeu Guerra poderá ser a investigação Operação Influencer – que resultou na demissão de António Costa, a 7 de novembro do ano passado, e à marcação de eleições antecipadas – o maior desafio do novo PGR, depois de, até à data, uma acusação dos arguidos parece estar longe e nem António Costa chegou a ser constituído arguido. O ex-primeiro ministro socialista foi ouvido, mas apenas seis meses depois das buscas feitas a São Bento e não como arguido: a audição foi realizada segundo um artigo do Código de Processo Penal que permite ouvir o ex-governante como suspeito.

“É enganador comparar “a ratio de magistrados por número de habitantes”, sem ter em conta as competências exercidas pelo Ministério Público em cada país”, diz o novo PGR. “De qualquer modo, entendo que a situação atual da Justiça em Portugal está condicionada pela falta de meios humanos. Quem trabalha ou acompanha a realização da Justiça está consciente que a falta de oficiais de justiça é preocupante no Ministério Público. Assim, apelo ao Governo que dê prioridade à revisão do Estatuto dos Funcionários de Justiça e que estabeleça mecanismos que permitam tornar a carreira mais aliciante”, disse Amadeu Guerra. Mas garantindo que “temos que dar o nosso melhor com os recursos disponíveis. Não podemos continuar a lamentar-nos com a falta de meios e esmorecer. Devemos, pelo contrário, mobilizar-nos e estar motivados, trabalhar em equipa, ser muito pragmáticos na nossa função e diminuir a morosidade”.

“A falta de investimento dos sucessivos Governos em meios tecnológicos avançados, em aplicações informáticas de gestão processual ou sistemas de gestão e tratamento da prova recolhida limita, em muito, a eficiência do sistema de Justiça”, criticou Amadeu Guerra.

Ricardo Salgado, Henrique Granadeiro, Armando Vara, Zeinal Bava e José Sócrates foram alguns (só alguns) dos nomes sonantes que durante o mandato de Amadeu Guerra à frente do maior departamento que investiga a criminalidade económica e financeira, o DCIAP, foram investigados e acusados.

Ao longo do seu mandato à frente do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) – de 2013 a 2019 – surgiram alguns dos mais mediáticos processos judiciais. E não se coibiu – durante a investigação e acusação da Operação Fizz – de aceitar que um dos seus pares na estrutura do Ministério Público, Orlando Figueira, fosse alvo de uma acusação que, posteriormente, culminaria numa condenação. Menos sucesso teve no caso Vistos Gold, já que este processo resultou na absolvição do ex-ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, e de quase todos os restantes arguidos. Foi, diria depois, um “caminho difícil e de muita responsabilidade de empenho”.

Amadeu Francisco Ribeiro Guerra, de 69 anos, nomeado para um mandato de seis anos como Procurador-Geral da República, foi assim diretor do DCIAP, numa altura marcada por processos como Operação Aquiles, Operação Fizz, processos de Tancos, Hells Angels, EDP, Monte Branco, BES, entre outros. Foi procurador-geral regional de Lisboa, entre 2019 e 2020, tendo abandonado o cargo por motivo de aposentação. Benfiquista, filho de um militar da GNR, é visto como um nome sólido na estrutura do Ministério Público. Foi o braço direito de Joana Marques Vidal – antecessora de Lucília Gago -, mas não deixou de dar um ‘murro na mesa’ quando não aceitou a sugestão da então PGR de tirar das mãos de Rosário Teixeira (magistrado titular) a investigação contra José Sócrates.

Apesar de benfiquista ferrenho, não se coibiu de investigar o Benfica e o então presidente Luís Filipe Vieira na equipa especial que constituiu no DCIAP para investigar suspeitas relacionadas com o futebol.

O procurador de carreira foi a primeira e única opção de Luís Montenegro – que o conhece dos tempos em ambos estiveram na Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos. Marcelo Rebelo de Sousa concordou de imediato. O anúncio foi feito menos de uma hora depois de Luís Montenegro ter saído do Palácio de Belém, onde esteve reunido com o Chefe de Estado num encontro “muito breve”, que durou apenas 20 minutos.

Natural de Tábua, distrito de Coimbra, Amadeu Guerra entrou para a magistratura do Ministério Público (MP) há 45 anos e desempenhou funções em diversos tribunais, como o Tribunal de Trabalho de Lisboa e o 3.º Juízo Criminal de Lisboa.

Acabaria por demitir-se em março de 2006 da CNPD depois de descobrir e denunciar o controlo das chamadas telefónicas no seu próprio local de trabalho, durante 15 dias, entre 27 de janeiro e 5 de fevereiro de 2005.

Amadeu Guerra é um homem discreto e, nestas funções, vai exigir-se que se rodeie de pessoas que, de forma continuada, mantenha uma comunicação externa da atuação do Ministério Público. E espera-se ainda que o seu mandato não se afaste muito do estilo a que nos habitou Joana Marques Vidal. A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice defendeu que o novo PGR é a pessoa indicada “para pôr a casa em ordem e pôr ordem na casa”, considerando ainda que tem um “currículo inatacável” e que “é uma pessoa que conhece bem a casa”.

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