Portugal já pode importar mais energia de Espanha mas só fora das horas de sol

  • Lusa
  • 12 Maio 2025

O limite anteriormente imposto é alargado até aos 2.200 MW (mais do dobro) nas horas nas quais não haja sol, durante o período de 12 a 19 de maio.

A REN – Redes Energéticas Nacionais decidiu aumentar o limite das importações de eletricidade de Espanha a partir desta segunda-feira, mas só fora das horas de sol, após o bloqueio total após o apagão de 28 de abril.

De acordo com a mais recente decisão da REN, que após o apagão de 28 de abril optou por cortar as compras de energia a partir do país vizinho, a capacidade de interligação entre Portugal e Espanha, no sentido importador, vai continuar a estar limitada a 1.000 MW entre as 09:00 e as 19:00.

Porém, este limite é alargado até aos “2.200 MW nas restantes horas, durante o período de 12 a 19 de maio“, lê-se na nota publicada pela gestora da rede elétrica no seu site.

Esta medida faz parte do processo de estabilização em curso do mercado ibérico de eletricidade (Mibel), após o corte generalizado no abastecimento elétrico em 28 de abril que deixou Portugal e Espanha praticamente sem eletricidade, bem como uma parte do território de França. Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E, na sigla em inglês) anunciou a criação de um comité para investigar as causas deste apagão, que classificou como “excecional e grave”, e que deixou Portugal e Espanha às escuras.

Este painel de peritos terá de elaborar um relatório factual que constituirá a base do relatório final até o prazo máximo de 28 de outubro deste ano. Já o relatório final sobre a investigação do incidente deverá ser publicado, o mais tardar, até 30 de setembro de 2026.

 

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Período de eleições é mais propício à desinformação, dizem especialistas

  • Lusa
  • 12 Maio 2025

Na atual campanha eleitoral, a imigração e a circulação de sondagens falsas são os principais temas de desinformação, apontam também os académicos.

Professores universitários e académicos da área da desinformação e comunicação política defendem que as campanhas eleitorais são ambientes mais propícios à circulação de desinformação, com mais investimento por parte de agentes desinformativos.

Sara Pina, professora da Universidade Lusófona e Nova de Lisboa, explica que se vive uma quarta fase das campanhas eleitorais “baseada em dados das pessoas, em informações sobre os cidadãos”, sendo esta uma característica do fenómeno de “americanização”, em que o “nível da campanha é praticamente individualizado”.

Neste sentido, a docente defende que “a informação falsa é também feita desta forma micro individualizada (…), feita à medida de cada pessoa”.

Na mesma linha de pensamento, o professor João Pedro Batista, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, considera que a desinformação em Portugal “acaba por ser mais frequente, nomeadamente durante as campanhas eleitorais”, notando neste período um maior investimento por parte dos agentes de desinformação, tendo “a corrupção como um elemento-chave por parte da desinformação”.

Por sua vez, a investigadora de comunicação política da Universidade de Lisboa Susana Salgado diz que “muitas vezes é difícil distinguir entre desinformação e propaganda, especialmente em contextos eleitorais quando circulam muitos conteúdos políticos, mais do que o habitual”.

A investigadora estabelece a diferença entre propaganda e desinformação, explicando que propaganda significa informação apresentada de forma tendenciosa, para passar uma imagem positiva de um partido ou candidato, enquanto a desinformação “são conteúdos falsos criados deliberadamente”, sendo que, “por vezes, é complicado distinguir entre uma da outra, especialmente quando a desinformação mistura conteúdos falsos com verdadeiros para ser mais credível”.

No caso português, a Susana Salgado menciona “a falta de meios dos jornalistas para desconstruir os conteúdos falsos e tendenciosos”, dizendo que a verificação de factos não é suficiente e por vezes acaba por ter um efeito oposto, acabando por dar mais visibilidade a falsidades.

Já o vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, Nelson Ribeiro, considera que anteriormente era necessário ter uma grande estrutura para produzir desinformação e, consequentemente, um grande investimento para que essa desinformação pudesse circular, sendo que atualmente “o ambiente digital é muito facilitador da circulação de desinformação“, nomeadamente em tempo de eleições.

Imigração e falsas sondagens destacadas por académicos como desinformação

Os académicos consideram também que, na atual campanha eleitoral, a imigração e a circulação de sondagens falsas são os principais temas de desinformação.

Susana Salgado verifica, na atual corrida eleitoral, “a circulação de sondagens falsas nas redes sociais, realizadas por empresas não credenciadas junto da ERC [Entidade Reguladora da Comunicação] e cuja metodologia poderá não ser fidedigna”.

A investigadora de comunicação política da Universidade de Lisboa acrescenta que “a produção de sondagens diárias também não é propriamente uma boa decisão editorial, uma vez que só por si pode ter esse efeito de manipulação (mesmo que não seja propositado)”.

Por seu turno, para João Pedro Batista o tema da imigração procura “normalizar ou legitimar determinados discursos, nomeadamente para criar ambientes de insegurança”, aproveitando este receio para influenciar a estabilidade dos portugueses, referindo que “a desinformação é muito oportunista, no que diz respeito aos temas, à cobertura que se faz e vive muito do momento e da situação”.

Também Sara Pina considera que, “em termos de mensagens recentes da campanha eleitoral, a imigração é um bom exemplo”, explicando que estabelecer uma correlação entre a imigração e o aumento da criminalidade é uma “avaliação causa-efeito ignorante, é errado, é falso, mas muito fácil de se fazer”.

Por sua vez, o vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, Nelson Ribeiro, explica que “há muito eleitorado que sente que o seu estilo de vida está ameaçado e, portanto, é preciso apresentar quem é que são os bodes expiatórios e tem de ser sempre alguém que seja facilmente identificável“, por exemplo os imigrantes.

Se as pessoas já sentem algum desconforto com tema, “mais facilmente vão acreditar em algum conteúdo falso que possa estar a circular”, dizendo “que, outros partidos, nomeadamente o PS e o PSD, durante vários anos ignoraram o tema”, contribuindo para o atual panorama.

“Havia, de facto, uma perceção social de que alguma coisa não estava bem com a imigração. E os dois maiores partidos durante muito tempo disseram: ‘não, está tudo ótimo, não há nenhum problema, está tudo controlado’. Portanto, a partir do momento em que se assume algum descontrolo, isso abre uma brecha para a circulação da desinformação”, disse Nelson Ribeiro.

O vice-reitor concluiu, dizendo que circulam sondagens “baseadas não em factos verdadeiros, mas em factos que são criados”, estando em cima da mesa material desinformativo, nomeadamente na atual campanha eleitoral.

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Cuatrecasas enfrenta processo de 213 milhões em tribunal pela venda do campus do Santander

A gestora de investimentos Edgeworth Capital, do magnata britânico Robert Tchenguiz, recorreu à justiça por uma alegada conduta negligente da sociedade durante a venda da sede corporativa do banco.

A sociedade de advogados Cuatrecasas enfrenta um processo judicial no valor de 213 milhões de euros referente à venda da sede corporativa do Santander. A gestora de investimentos luxemburguesa, Edgeworth Capital, do empreendedor britânico Robert Tchenguiz, deu entrada no Tribunal Superior de Justiça de Inglaterra e do País de Gales com uma ação contra a Cuatrecasas por alegada conduta “negligente” durante o processo de venda da Ciudad Financiera do banco espanhol.

O magnata do imobiliário reclama mais de 200 milhões de euros, porque considera que perdeu dinheiro com o negócio, de acordo com o jornal espanhol Expansión. Por sua vez, a Cuatrecasas rejeita as acusações e pede que o processo troque o Reino Unido por Espanha. “Não há qualquer relação entre a intervenção da empresa e os factos que levaram ao dano anunciado”.

O caso remonta ao período pré-pandemia e diz respeito ao campus empresarial do Banco Santander, que se localiza no município madrileno de Boadilla del Monte, no sudoeste da capital de Espanha. Em outubro de 2019, um tribunal de Madrid aprovou a recompra da Cidade Financeira pelo Banco Santander, depois de ter negado aos recursos contra a operação interpostos pelos então proprietários, a Marme Inversiones.

A Marme Inversiones era dona da ‘cidade financeira’ do Santander desde 2008, mas acabou por se tornar insolvente seis anos mais tarde na sequência da crise financeira causada pelo colapso do Lehman Brothers. O Santander acabou por ficar com o passivo líquido do fluxo de caixa desta empresa, além de adquirir o ativo principal.

Antes disso, ainda na primavera de 2019, o investidor Robert Tchenguiz – britânico de origem iraniana – era um dos interessados na cidade financeira e aliou-se à Sorlinda Investments para apresentar uma oferta em leilão. A operação de venda acabou por ser concluída em junho de 2019, tendo um mês mais tarde sido realizado o trespasse para a instituição financeira liderada por Ana Botín por três mil milhões de euros.

Agora, a Edgeworth Capital – de Robert Tchenguiz – alega que a assessora Cuatrecasas agiu com negligência e violou o contrato de arrendamento em relação à venda do imóvel, segundo o processo a que a agência noticiosa Efe teve acesso. Ou seja, segundo a Edgeworth Capital, se os advogados tivessem prestado melhor apoio legal, até à data da transação, Robert Tchenguiz não teria perdido a oportunidade de negociar um preço de venda mais alto ou reter um ativo de valor superior ao preço de venda (e ao que considerava justo).

Robert Tchenguiz terá pagado à Cuatrecasas cerca de um milhão de euros pelos serviços de advocacia. Quanto a este processo, é a firma Withers que o está a representar, enquanto a Cuatrecasas socorre-se na Kennedy Law.

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Lula da Silva cita China como “exemplo” no comércio

  • Lusa
  • 12 Maio 2025

O Presidente brasileiro diz que a China "tem sido um exemplo" de nação disposta a fazer negócios e investir em "países desprezados" por outras potências há décadas.

O Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse esta segunda-feira que a China é retratada como inimiga do comércio, mas seria um exemplo ao investir em países desprezados pelas grandes potências, durante uma visita oficial à China.

“A China tem sido retratada como inimiga do comércio global”, afirmou Lula da Silva na abertura de um encontro empresarial em Pequim, onde sustentou que, pelo contrário, o país asiático “tem sido um exemplo” de nação disposta a fazer negócios e investir em “países desprezados” por outras potências há décadas.

Antes de abrir o fórum, o Presidente brasileiro reuniu-se com altos executivos da empresa do setor automóvel GAC, Windey Technology (turbinas eólicas), Envision Group (energia eólica) e Norinco (defesa e infraestrutura), o que resultou no anúncio de mil milhões de dólares (900 milhões de euros) em investimentos na produção de combustível renovável de aviação com a Envision.

Além disso, foi acertada a criação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Energias Renováveis em parceria com a Windey Technology, segundo informações divulgadas pela Presidência brasileira. “O Presidente reuniu-se separadamente com diversas empresas que vão investir no Brasil, formar parcerias com instituições brasileiras, estabelecer centros de pesquisa e gerar desenvolvimento tecnológico no setor de energia”, disse o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

O governante explicou que, graças ao acordo com a Envision para a produção de combustível renovável a partir da cana-de-açúcar no Brasil, o país tornar-se-á “um dos maiores produtores de combustíveis verdes para a aviação”. Além dos acordos, também foi assinado um memorando de entendimento sobre o Sistema de Gestão e Segurança Pública para Cidades Inteligentes entre a Telebras e a Norinco Brasil.

“Estes são projetos que fortalecerão a posição do Brasil como referência mundial em transição energética”, disse Lula da Silva, na sua conta na rede social X. No discurso aos empresários chineses e brasileiros, o chefe de Estado sul-americano frisou que a cooperação entre o Senai Cimatec e a Windey permitirá a instalação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em energia solar, eólica e sistemas de abastecimento.

“A experiência chinesa de refinação de minerais críticos contribuirá para valorizar a produção no nosso território, inclusive com transferência de tecnologia nos ciclos de montagem de baterias elétricas. Possuímos reservas abundantes em terras raras, lítio, nióbio, cobalto, cobre, grafite, urânio e tório”, defendeu Lula da Silva.

O Presidente brasileiro enfatizou que todos os acordos assinados com a China são em parceria com empresas brasileiras, “promovendo pesquisa, transferência de tecnologia e formação de mão-de-obra qualificada”.

“Hoje demos mais um passo para fortalecer o nosso intercâmbio bilateral e criar oportunidade de comércio e investimento e desenvolvimento. China e Brasil são parceiros estratégicos e atores incontornáveis nos grandes temas globais”, acrescentou.

Em Pequim, Lula da Silva participará na abertura da 11.ª Reunião Ministerial do fórum China-CELAC e, em seguida, reunir-se-á com seu homólogo chinês, Xi Jinping, com quem também assinará acordos para ampliar a cooperação bilateral. O Presidente brasileiro também estará presente na reunião China-CELAC com os presidentes da Colômbia e do Chile.

O encontro avaliará as relações da China com a América Latina num contexto marcado pelo regresso ao poder nos Estados Unidos de Donald Trump, cujo Governo lançou uma guerra comercial sem precedentes e também pressiona os países americanos a reduzirem ou romperem os seus laços com Pequim.

A nível global, além de serem membros do G20, Brasil e China, juntamente com Rússia, Índia e África do Sul, são fundadores do fórum BRICS, ao qual se juntaram no ano passado Irão, Egito, Emirados Árabes Unidos e Etiópia. O Brasil ocupará a presidência anual do BRICS em 2025 e sediará a próxima cimeira, por isso espera-se que Xi Jinping visite o Brasil nos próximos meses.

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Grupo madeirense investe 32 milhões de euros nos Açores

Com um novo empreendimento residencial, o Grupo Socicorreia quer contribuir para a dinamização económica dos Açores, mediante a criação de emprego e valorização do território.

A promotora madeirense Socicorreia vai investir 32 milhões de euros num novo projeto residencial, o “Edifício SEA LUX 03”, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, “que representa o maior investimento privado de sempre nos Açores”, segundo assinala a empresa que conta já com cinco projetos neste arquipélago.

Localizado nas imediações do centro histórico de São Miguel e a menos de 100 metros do mar, este é o primeiro condomínio fechado da imobiliária na região, “reforçando a sua presença no mercado açoriano e a sua aposta no desenvolvimento urbano sustentável”, detalha a Socicorreia num comunicado enviado às redações. Acresce a ambição de contribuir para a dinamização económica da região, mediante a criação de emprego e valorização do território.

Com 73 apartamentos, de tipologias T1 a T3, e dois espaços comerciais de grande dimensão, este projeto vem “responder à crescente procura por habitação própria e por investimento imobiliário na região”, segundo a imobiliária.

Edifício SEA LUX 03, Socicorreia

“Acreditamos que este projeto contribui decisivamente para a modernização urbana da ilha de São Miguel, elevando os padrões da construção e da habitação, pois este novo é mais do que um edifício: é um marco de confiança no potencial económico dos Açores”, salienta Custódio Correia, presidente do grupo Socicorreia, citado na mesma nota.

O grupo madeirense anunciou, recentemente, um investimento superior a dez milhões de euros com o lançamento do projeto “Trawler Residence 01”, na Avenida da Boavista, no Porto. O grupo já investiu um total de 35 milhões na cidade Invicta e ultrapassou, em quase duas décadas, os 250 milhões de euros de investimento.

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Apagão ibérico atingiu “o nível mais grave” na escala internacional

Os peritos internacionais dispõem de um prazo de mais de um ano para poderem entregar o relatório que apontará as causas do apagão. Por cá, o prazo é de 20 dias mas pode ser prorrogado.

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) indica que, de acordo com a Escala de Classificação de Incidentes da Rede Europeia de Operadores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E), o apagão ibérico será classificado como “ICS 3 – Blackout”, o nível mais grave da escala internacional de incidentes.

No mesmo comunicado, o regulador português esclarece que haverá esforços tanto a nível nacional como internacional para estudar o apagão de 28 de abril. O objetivo é perceber as causas do incidente, elaborar uma análise exaustiva do ocorrido e formular recomendações.

A nível europeu, a investigação será conduzida por um grupo de peritos criado para o efeito e a ENTSO-E já contactou a Agência de Cooperação dos Reguladores de Energia (ACER) e os reguladores nacionais para nomearem os seus representantes no painel de peritos.

Os peritos terão seis meses a contar desde a data do incidente, ou seja, até 28 de outubro, para apresentar o relatório factual que servirá de base ao relatório final. Este último pode ser publicado até 30 de setembro do próximo ano. Só este último deverá debruçar-se sobre as causas do incidente e ações corretivas.

Em paralelo, a ENTSO-E publica anualmente até ao final de setembro, um relatório sobre os indicadores de segurança operacional baseados na Escala de Classificação de Incidentes, que também incluirá informação sobre este incidente.

Indemnizações podem ser suspensas

A nível nacional, os operadores das redes têm três dias para apresentar um relatório preliminar, o qual a REN diz já ter entregue à ERSE, embora nenhuma das duas entidades tenha partilhado o conteúdo, apesar de contactadas nesse sentido. Um relatório final deve ser entregue até 20 dias após o apagão, com a ressalva de que este pode ser prorrogado pelo regulador.

Os incidentes de grande impacto, como é o caso do apagão, podem ser classificados como “eventos excecionais”, desde que haja um pedido fundamentado por parte das entidades afetadas, dentro de 30 dias, prazo que ainda decorre. A ERSE tomará uma decisão quanto a esta classificação. Até à decisão definitiva, a aplicação de incentivos financeiros à continuidade do serviço, bem como o pagamento de compensações individuais a cada um dos clientes afetados, pode ser suspensa, indica a ERSE.

Existem ainda outras questões económicas que estão pendentes. Os reguladores português e espanhol, assim como a entidade que junta os reguladores europeus (ACER), estão a debruçar-se sobre a definição dos procedimentos a adotar para a liquidação dos mercados de energia e os respetivos acertos.

A título de exemplo, está a ser trabalhada a forma como se efetua a liquidação (pagamentos e recebimentos) da energia que foi transacionada para dia 28 de abril e não foi, depois, produzida e consumida. “Espera-se que a metodologia a aplicar às liquidações finais se possa estabelecer a muito breve prazo, salvaguardando a reposição dos equilíbrios financeiros que o apagão de 28 de abril afetou”, lê-se no comunicado.

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Fernando Medina alerta partidos para “custos” e “opções exigentes” de gastos em defesa

Medina defende esta quarta-feira, na FEP, que "Portugal terá de ser capaz de levar à prática muitas das ideias que estão expostas no relatório de Mario Draghi para melhorar a sua competitividade".

Em plena campanha eleitoral para as legislativas, o ex-ministro das Finanças Fernando Medina vai, esta quarta-feira, à Faculdade de Economia do Porto da Universidade do Porto (FEP) deixar um recado aos partidos: “Devem tornar claro aos portugueses que o reforço do investimento em energia e defesa comporta custos, e opções difíceis e exigentes, em especial para os que querem proteger o Estado social”.

Esta é uma das ideias que Fernando Medina vai defender esta quarta-feira, durante o seu discurso de encerramento na II Finance Summit da FEP. Para o antigo ministro do Governo de António Costa, “encontrar os recursos financeiros para esta política, reforçando o Estado social, é um desafio tão fundamental como exigente”, lê-se num comunicado enviado pela Reitoria da Universidade do Minho em conjunto com a FEP.

Na sua intervenção sobre o “Futuro da Competitividade da Europa”, baseada no “Relatório Draghi” e nas suas propostas de ambiciosas reformas estruturais, Fernando Medina vai deixar um alerta: “Portugal terá de ser capaz de levar à prática muitas das ideias que estão expostas no relatório de Mario Draghi para melhorar a sua competitividade”, lê-se na mesma nota.

Encontrar os recursos financeiros para esta política, reforçando o Estado social, é um desafio tão fundamental como exigente.

Fernando Medina

Ex-ministro das Finanças

Mais, prossegue Medina, “Mario Draghi aponta com clareza os caminhos que teremos de percorrer, seja no forte aumento do investimento público e privado, seja na aposta na industrialização de setores estratégicos como a energia e a defesa, desenvolvendo uma nova política industrial”.

Segundo a FEP Finance Club, organismo estudantil desta Faculdade de Economia que organiza o evento, o político vai “propor uma reflexão sobre os caminhos estratégicos para o desenvolvimento europeu num cenário global marcado por transformações económicas, geopolíticas e tecnológicas”.

A segunda edição do Finance Summit visa debater a literacia financeira e proporcionar novas experiências de aprendizagem aos estudantes, fazendo a ‘ponte’ entre estudantes e profissionais do setor financeiro. Em análise estarão temas como gestão de património, imobiliário, capital de risco, private equity, finanças pessoais e finanças públicas.

A iniciativa arranca com uma atividade prática para aplicação de conceitos fundamentais da literacia financeira, destinada a alunos do ensino secundário, dinamizada por Maria Furtado de Mendonça e Cláudia Barroso Muller, da Fundação António Cupertino de Miranda.

O programa do Finance Summit inclui ainda a intervenção de Pamela Macedo da Casa de Investimentos que vai sensibilizar os participantes para a importância de desenvolver hábitos de investimento informados e conscientes de modo a atingirem uma maior autonomia na gestão financeira pessoal.

Já para os alunos do ensino universitário esta segunda edição prevê, além da sessão com Fernando Medina, uma outra sessão com sobre finanças públicas, orientada por José Vidrago, presidente do Conselho Diretivo do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social, e Carlos Guimarães Pinto, deputado da Iniciativa Liberal.

Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP)

Em análise vão estar temas como o panorama atual das finanças públicas, a carga fiscal, as opções de política orçamental, o peso da dívida pública e a sua implicação na justiça interjecional, além do papel do Estado na economia.

A inteligência artificial no setor financeiro, nomeadamente ao nível da automatização de processos, da análise de dados e da tomada de decisão em contextos de investimento, é outro dos assuntos em debate. Participam nesta sessão Gonçalo Freire, fintech solutions director e advisor to Portugal Fintech Board, Pedro Baldaia, head of equities do Banco Carregosa, e Filipa Castro, head of AI Tech Lab da Euronext.

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Ministra da Energia acusa França de ‘pouco interesse’ em ligar-se à Ibéria e de criar barreiras ao mercado interno

Sobre as causas, a ministra adianta que já se conhecem os primeiros centros eletroprodutores que se desconectaram da rede e a respetiva zona, mas não é claro sequer se o problema surgiu nessa área.

A ministra da Energia em Portugal, Maria da Graça Carvalho, acusa França de “não ter muito interesse” em reforçar as ligações a Espanha, e alerta para as consequências a nível europeu dessa postura, ao mesmo tempo que assume que os governos ibéricos vão insistir “com mais força” em relação a este tema, junto da Comissão Europeia.

Penso que França não tem muito interesse [em reforçar as interconexões com a Península Ibérica] porque tem muita energia nuclear“, avalia a ministra da Energia, em declarações ao jornal espanhol El País, indicando que os problemas ambientais associados à ligação são ultrapassáveis. E sublinha que França terá benefícios com esta interconexão no caso de uma crise energética.

A mesma garante que ambos os governos ibéricos vão retomar o tema “com mais força” junto da Comissão Europeia. “Esta não é uma questão trilateral ou bilateral, é uma questão europeia”, até porque França “está a colocar barreiras ao mercado interno”, acusa.

Sobre as causas, a ministra adianta apenas que já se conhecem os primeiros centros eletroprodutores que se desconectaram da rede e a respetiva zona, mas não é claro sequer se o problema surgiu nessa mesma área. Eventuais pedidos de compensação a Espanha são, para já, inoportunos, desconhecendo-se a origem, considera.

Em relação à separação dos dois mercados, que foi revertida parcialmente na quinta-feira passada, Maria da Graça Carvalho afirma que “foi uma precaução” por questões de segurança e que tem “um custo”, do qual o Governo estava consciente, e que se traduziu na subida de preço no mercado grossista. Contudo, caso a conexão fosse reposta prematuramente, poderia existir um novo incidente, pelo que se optou por uma postura “cautelosa”.

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Nos reformula comissão executiva

  • Lusa
  • 12 Maio 2025

A assembleia-geral foi aproveitada "para reformular a Comissão Executiva, de acordo com os mesmos princípios aplicados à reorganização do grupo Nos como um todo", escreveu Miguel Almeida.

O presidente executivo (CEO) da Nos anunciou esta segunda-feira alterações na Comissão Executiva (CE) na distribuição de pelouros, adiantando que esta reformulação segue os mesmos princípios aplicados à reorganização do grupo, antecipando os desafios do futuro. Esta informação consta de um email enviado por Miguel Almeida aos trabalhadores da Nos, ao qual a Lusa teve acesso.

No email, o CEO começa por lembrar que na assembleia-geral de acionistas, no mês passado, elegeram-se os órgãos sociais da Nos para o mandato 2025-2027 e, consequentemente, uma nova Comissão Executiva. O momento “foi aproveitado para reformular a Comissão Executiva, de acordo com os mesmos princípios aplicados à reorganização do grupo Nos como um todo, atento o objetivo de transformar a empresa antecipando os desafios do futuro”, acrescenta Miguel Almeida.

“Aos que não continuam esta viagem connosco, deixo uma palavra de agradecimento pelo enorme contributo para tudo o que conseguimos até agora. Tenho absoluta confiança que todos que mantêm as atuais ou assumem novas responsabilidades, nas diferentes áreas e níveis da organização, irão escrever páginas de ainda maiores sucessos, tornando a Nos mais forte e aportando ainda mais valor aos seus diversos stakeholders, ao mesmo tempo que nos levam à liderança do mercado”, conclui o CEO da Nos.

A CE é liderada por Miguel Almeida e composta por seis elementos. O CEO tem como pelouros a transformação, estratégia e desenvolvimento de negócio, Nos Madeira e Nos Açores. Os pelouros de cibersegurança, redes, sistemas de informações, operações, entre outros, estão sob a alçada de Jorge Graça.

Além da área financeira, Luís Nascimento tem os pelouros de pessoas e organização, conteúdos, audiovisuais, cinemas, relação com investidores & corporate finance, entre outros. Sob a alçada de Daniel Beato estão áreas como PME, comercial B2C, marketing B2C, marca e comunicação, com Filipa Carvalho a ter os pelouros jurídico, compras e logística, regulação e concorrência e sustentabilidade, entre outras.

Já Manuel Eanes fica com a recém-adquirida Claranet, o centro para a transformação de empresas, Ten Twenty One e soluções empresariais, entre outros. A Nos tem vindo, nos últimos anos, sobretudo no segmento empresarial, a introduzir cada vez um maior número de soluções tecnológicas, nomeadamente integração de sistemas, serviços de cloud, inteligência artificial (IA), entre outros.

Esta reorientação estratégica conta com a criação da Ten Twenty One, a compra de uma participação na DareData e a aquisição da Claranet Portugal.

De acordo com fontes contactadas pela Lusa, nesta evolução da empresa, haverá por um lado, funções redundantes, e outras que precisarão de ser preenchidas, pelo que isso significa que haverá pessoas a sair do grupo e outras que serão contratadas com outros perfis e competências. A reorganização começou na CE, com redução do número de elementos e alteração de pelouros e responsabilidades, os quais foram, então, anunciados.

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As novas diretrizes do Banco de Portugal sobre o sistema de controlo interno

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  • 12 Maio 2025

O novo Aviso n.º 2/2025 do Banco de Portugal altera o Aviso n.º 3/2020, implicando a necessidade de uma nova uma adaptação do sistema de controlo interno das instituições financeiras.

Os requisitos estabelecidos no Aviso n.º 3/2020, referente aos sistemas de governo e controlo interno e aos padrões mínimos em que deve assentar a cultura organizacional das instituições financeiras, não são novos e não foram descurados pelo Banco de Portugal, que considerou essencial atualizar este instrumento através da publicação do Aviso n.º 2/2025. São vários os capítulos que, citando o Banco de Portugal, mereceram uma “atualização e clarificação” e, alertando para a necessidade de uma rápida adaptação das instituições financeiras, sublinhamos os requisitos alterados com maior destaque.

Uma das principais alterações prende-se com a obrigatoriedade de aprovação de regulamentos internos e planos de formação próprios por parte dos órgãos de administração e fiscalização, cuja intenção consiste em garantir a qualificação adequada e a atualização regular sobre os riscos existentes e emergentes. Embora represente uma sobrecarga acrescida para as instituições de menor dimensão, este reforço visa fortalecer a capacidade de resposta num setor em permanente evolução, implicando, naturalmente, custos adicionais relevantes para estas instituições.

O Banco de Portugal prevê, também, o alargamento da obrigação de adoção de um órgão de fiscalização a todas as instituições abrangidas pelo Aviso, com exceção das sucursais de instituições de crédito, de instituições financeiras e de empresas de investimento com sede em países que não sejam Estados-Membros da União Europeia. Apesar de visar fortalecer a supervisão interna, tal medida representará, mais uma vez, um encargo considerável para as instituições que atualmente não o detenham, traduzindo-se num desafio adicional decorrente da obrigatoriedade de formalização de procedimentos pelo órgão de fiscalização, necessários para o exercício adequado das suas funções, além do custo associado a esta fiscalização.

Foram também introduzidas alterações nos requisitos da Política sobre Transações com Partes Relacionadas, passando a ser exigidos procedimentos mais rigorosos na monitorização e no reporte dessas transações. Da mesma forma, os requisitos sobre a Política de Seleção e Designação do Revisor Oficial de Contas (“ROC”) ou das Sociedades de Revisores Oficiais de Contas (“SROC”) foram objeto de revisão, passando a incluir, como requisito adicional, a definição de procedimentos adequados para o reporte, tendo ainda sido clarificado que esta obrigação se aplica a todas as entidades habilitadas a receber depósitos.

Com a publicação do Aviso n.º 2/2025, uma das novas exigências é a introdução de uma avaliação formal das funções de controlo interno, que deve ser realizada anualmente e será parte integrante do Relatório Anual de Autoavaliação. O Banco de Portugal prevê ainda a necessidade de introdução de requisitos adicionais quanto ao conteúdo deste relatório e dos relatórios anuais das funções de controlo interno, como a análise detalhada dos riscos identificados e a avaliação da efetividade das políticas de controlo interno, além da alteração do período de referência, passando de 30 de novembro para 30 de setembro de cada ano.

Contudo, nem todas as alterações representam encargos para as instituições. No que diz respeito ao sistema de controlo interno e gestão de riscos, o novo Aviso elimina o conceito de “incumprimentos”, sendo agora também agregados na base de dados central de deficiências.

Além disso, é flexibilizado o modelo organizativo das funções de controlo interno, permitindo o desdobramento da função de gestão de riscos em várias unidades de estrutura.

O novo Aviso estabelece ainda que a subcontratação de tarefas operacionais das funções de controlo interno possa ocorrer de forma permanente, deixando de ser, por regra, meramente ocasional.

Em consequência destas alterações, com a nova data de reporte estabelecida para 15 de novembro e considerando a ausência de um período transitório para a adaptação dos processos vigentes, torna-se imperativo que as instituições desenvolvam esforços atempados no sentido de endereçar as alterações regulamentares com vista à sua implementação.

Daniela Arruda, Senior Manager EY, Consulting Financial Services
Letícia Sabrosa Pimenta, Consultant EY, Consulting Financial Services

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Papa Leão XIV pede libertação de jornalistas presos e defende liberdade de expressão

  • Lusa
  • 12 Maio 2025

O Papa afirmou querer "reiterar a solidariedade da Igreja para com os jornalistas presos por procurarem e reportarem a verdade". Leão XIV destacou ainda que o potencial da IA exige responsabilidade.

O Papa Leão XIV pediu esta segunda-feira a libertação dos jornalistas presos e “a salvaguarda do bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa“, durante uma audiência com a comunicação social que acompanhou o conclave.

Perante milhares de jornalistas reunidos no Salão Paulo VI para a primeira audiência do seu pontificado, o primeiro Papa norte-americano disse querer “reiterar a solidariedade da Igreja para com os jornalistas presos por procurarem e reportarem a verdade“, pedindo a sua libertação.

“A Igreja reconhece nestes testemunhos — penso naqueles que narram a guerra, mesmo à custa da própria vida — a coragem daqueles que defendem a dignidade, a justiça e o direito dos povos a serem informados, porque só as pessoas informadas podem tomar decisões livres”, afirmou Robert Francis Prevost, na sua mensagem.

O sofrimento destes jornalistas presos desafia a consciência das nações e da comunidade internacional e convoca-nos a todos para salvaguardar o precioso valor da liberdade de expressão e de imprensa“, acrescentou.

O Papa, de 69 anos e eleito há quatro dias, iniciou a sua mensagem com as palavras: “Bem-aventurados os que trabalham pela paz”, pedindo aos profissionais da imprensa que “usem um tipo diferente de comunicação, que não procure o consenso a todo o custo, que não se revista de palavras agressivas, que não abrace o modelo da competição e que nunca separe a busca da verdade do amor com que devemos procurá-la humildemente”.

Para Leão XIV, a forma como comunicamos é de importância fundamental, pelo que se deve “dizer não à guerra das palavras e das imagens”.

Admitindo que o mundo está “a viver tempos difíceis de navegar e de comunicar”, o Papa lembrou aos jornalistas que “estão na linha da frente”, quando narram conflitos e esperanças de paz ou situações de injustiça e pobreza”. Por isso, pediu-lhes que “escolham consciente e corajosamente o caminho da comunicação da paz”, tendo sido aplaudido pelos jornalistas em vários momentos do discurso.

Leão XIV destacou ainda que o imenso potencial dos desenvolvimentos tecnológicos e da inteligência artificial exige responsabilidade e discernimento. Um tema que já tinha abordado no fim de semana, quando explicou que a escolha do seu nome de Papa se deveu ao facto de acreditar que a Igreja deve enfrentar atualmente os desafios de “outra revolução industrial” que é o desenvolvimento da inteligência artificial.

“O Papa Leão XIII, com a histórica Encíclica ‘Rerum Novarum’, abordou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial e hoje a Igreja oferece a todos o seu legado de doutrina social para responder a uma nova revolução industrial e aos desenvolvimentos da Inteligência Artificial, que traz novos desafios na defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho”, concluiu.

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Fundo de pensões dos professores do Canadá compra olival no Ribatejo à Trilho Saloio

Liderada por Rita Barosa e detida a 100% pelo fundo OTPP, que controla a Logoplaste, Aggraria fica com a exploração com 180 hectares de olival em Santarém. Trilho Saloio passa apenas a produzir nozes.

A Aggraria comprou uma exploração com cerca de 180 hectares de olival localizado em Alcanhões, no concelho de Santarém. O negócio, cujo valor não foi divulgado, foi fechado com a Trilho Saloio, que com a venda desta propriedade no Ribatejo ficará apenas dedicada à produção de nozes na região centro do país.

Detida a 100% pelo fundo de pensões canadiano OTPP (Ontario Teachers’ Pension Plan Board), acionista de referência da Logoplaste, a empresa fez o primeiro investimento em 2003. Processa as azeitonas num lagar com capacidade de transformar 90 milhões de quilos por campanha, em Ferreira do Alentejo, descreve esta aquisição como um “caminho de crescimento natural da empresa”.

“É o primeiro investimento numa região com muita tradição na produção de azeite. Continuamos focados em crescer no olival, onde atualmente temos cerca de 7.000 hectares de área sob gestão”, sublinha Rita Barosa, CEO da Aggraria, que controla explorações de olival em regime de propriedade ou arrendamento a longo prazo.

A propriedade ribatejana, comprada agora por esta que se apresenta como uma das maiores empresas de olival a nível mundial, estava nas mãos da Trilho Saloio, liderada por João Sanches, que fala nesta transação como uma “redefinição estratégica”. A empresa que detém uma participação na Gonuts (lavagem, secagem, calibragem e embalagem) vai concentrar-se a partir de agora na produção de nozes para abastecer o mercado ibérico.

Citado em comunicado, o CEO da Trilho Saloio salienta que este setor das nozes está “em franca recuperação com a subida gradual dos preços e o aumento do consumo”, pelo que antevê “uma oportunidade única para colocar esta região de excelência na mira dos principais compradores e consumidores europeus deste fruto seco”.

É a confirmação de que Portugal não se limita apenas ao Alentejo e ao Alqueva, que, apesar de ser o principal hub agrícola nacional, é já um destino muito concorrido para este tipo de investidores.

Manuel Albuquerque

Head of Agribusiness para o Sul da Europa da CBRE

Esta transação, apontada como “particularmente relevante por ser um dos primeiros investimentos institucionais em culturas permanentes na região do Ribatejo”, foi assessorada pelo departamento de agribusiness da consultora imobiliária CBRE, que em fevereiro também foi responsável pela venda da Herdade da Zambujeira do grupo Agrihold (famílias Martinavarro e Ballester) a um fundo da igreja mórmon.

“É um passo importante para a região e a confirmação de que Portugal não se limita apenas ao Alentejo e ao Alqueva, que, apesar de ser o principal hub agrícola nacional, é já um destino muito concorrido para este tipo de investidores. O investimento institucional tem-se diversificado tanto em culturas como em regiões, e Portugal continua a ser um mercado muito atrativo”, resume Manuel Albuquerque, Head of Agribusiness para o Sul da Europa da CBRE.

O interesse dos investidores nacionais e internacionais pelo setor agrícola na Península Ibérica subiu nos últimos anos, com a maior parte do volume de investimento concentrado nas regiões de Alqueva e Andaluzia. Segundo dados da consultora, entre 2022 e 2024, o investimento total na Ibéria atingiu 4.100 milhões de euros e “a profissionalização do setor agrícola tem facilitado a entrada de investidores institucionais”.

Por outro lado, finaliza a CBRE em comunicado enviado esta segunda-feira às redações, o setor está a atrair a comunidade investidora “devido às rentabilidades atrativas e à possibilidade de desenvolver portefólios diversificados, minimizando a volatilidade e reduzindo a relação risco/retorno das carteiras”.

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