Meta apresenta lucro em alta de 35% para 16,6 mil milhões de dólares

  • Lusa
  • 1 Maio 2025

As receitas nos três primeiros meses do ano, por seu lado, aumentaram 16% homólogos, para 42,3 mil milhões, o que a Meta atribuiu quase na sua totalidade à publicidade nas redes sociais.

O conglomerado das redes sociais Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp) apresentou hoje resultados trimestrais em alta homóloga de 35%, para os 16,6 mil milhões de dólares.

As receitas nos três primeiros meses do ano, por seu lado, aumentaram 16% homólogos, para 42,3 mil milhões, o que a Meta atribuiu quase na sua totalidade à publicidade nas redes sociais.

Tivemos um forte começo de um ano importante: a nossa comunidade continua a crescer e o nosso negócio está a funcionar muito bem“, disse o presidente do grupo, Mark Zuckerberg, que também destacou os avanços na inteligência artificial (IA).

Segundo Zuckerberg, a Meta teve “um bom progresso na IA e na (assistente) Meta IA, que agora tem quase mil milhões (de utilizadores) ativos mensais”.

Em termos de investimento, o conglomerado reviu em alta a previsão, para um intervalo entre 64 mil milhões e 72 mil milhões, devido a “investimentos adicionais em centros de dados”, que sustentam o desenvolvimento da IA e a um “maior custo do hardware de infraestruturas”.

Apesar de tudo, o motor da Meta continua a ser a publicidade na “família de apps“, que em março tiveram 3,430 mil milhões de utilizadores diários ativos, mais seis por cento homólogos, enquanto a divisão Reality Labs, que desenvolve dispositivos e tecnologias do ‘metaverso’, continua com prejuízo.

A Reality Labs, que abarca tudo o que se relaciona com a realidade virtual, aumentada e mista, e é a aposta de futuro da Meta, só gerou receitas de 412 milhões de dólares, apresentando um resultado operacional negativo de 4,21 mil milhões, em alta de 10% homólogos.

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Parlamento dos Estados Unidos rejeita resolução para bloquear tarifas de Trump

  • Lusa
  • 1 Maio 2025

Foi rejeitada uma resolução apresentada pelo Partido Democrata que teria bloqueado as taxas alfandegárias impostas pelo Presidente Donald Trump a todas as importações.

Os republicanos rejeitaram no Senado, a câmara alta do parlamento dos Estados Unidos, uma resolução apresentada pelo Partido Democrata que teria bloqueado as taxas alfandegárias impostas pelo Presidente Donald Trump a todas as importações.

Com o Senado dividido em linhas partidárias, a votação de quarta-feira terminou num empate a 49 votos e o vice-presidente J.D. Vance foi obrigado a ir ao Capitólio para desempatar e garantir que a resolução era rejeitada definitivamente.

Mais tarde, o líder da maioria no Senado, John Thune, disse aos jornalistas que os republicanos tinham realizado uma votação processual para garantir que os democratas não pudessem voltar a trazer a resolução à tona.

A resolução democrata forçou uma votação ao abrigo de um estatuto que lhes permite tentar pôr fim à emergência económica nacional que o Presidente usou para implementar as tarifas.

Trump anunciou tarifas de pelo menos 10% sobre quase todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos a 02 de abril. Alguns dias depois, após um colapso do mercado bolsista, voltou atrás e suspendeu as taxas durante 90 dias.

A senadora democrata Elizabeth Warren classificou-a como uma “falsa emergência”. As tarifas “estão a empurrar a nossa economia para o precipício”, alertou.

Alguns republicanos defenderam que a votação foi um golpe político. Thom Tillis disse que apoia uma proposta separada do republicano Chuck Grassley, que daria ao parlamento um maior poder sobre a determinação das tarifas, mas que votou contra a resolução democrata, que disse ser apenas para “marcar um ponto”.

Os democratas disseram que o principal objetivo era expor os republicanos de qualquer forma e tentar reafirmar os poderes do Congresso, o parlamento dos Estados Unidos.

“O Senado não pode ser um espectador passivo na loucura das tarifas”, disse Ron Wyden, um dos principais senadores que apresentou a resolução.

O líder democrata do Senado, Chuck Schumer, disse que os números económicos sombrios devem servir de alerta para os republicanos.

Horas antes, o Departamento do Comércio tinha dito que a economia dos Estados Unidos encolheu 0,3% no período entre janeiro a março, a primeira queda em três anos.

A senadora republicana Susan Collins admitiu que a votação renhida “demonstra que há desconforto com o plano do Presidente”.

“Em parte, o plano do Presidente ainda está em evolução, mas muitos de nós estamos a ouvir dos empregadores lá em casa sobre o impacto negativo das tarifas”, disse.

Na quarta-feira, Trump tentou tranquilizar os eleitores de que as tarifas não provocarão uma recessão, uma vez que o Governo se concentrou na China, aumentando as tarifas sobre os produtos chineses para 145%.

O Presidente disse que a China estava “a ter tremendas dificuldades porque as suas fábricas não estavam a fazer negócios” e garantiu que os Estados Unidos não precisam de importações chinesas.

“Talvez as crianças tenham duas bonecas em vez de 30 bonecas”, disse. “Então, talvez as duas bonecas custem mais alguns dólares do que normalmente custariam”, acrescentou.

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Microsoft apresenta lucro em alta de 18% para 25,8 mil milhões de dólares

  • Lusa
  • 1 Maio 2025

Crescimento da informática à distância e IA deram gás à Microsoft, que viu o seu lucro trimestral aumentar 18% para 25,8 mil milhões de dólares.

A Microsoft apresentou hoje um lucro trimestral em crescimento de 18%, para os 25,8 mil milhões de dólares, novamente suportados pelo crescimento da informática à distância (‘nuvem’) e da inteligência artificial (IA).

O primeiro trimestre do ano civil corresponde ao terceiro do exercício do conglomerado.

Desde há vários trimestres que os analistas de Wall Street acompanham com atenção estes grupos da IA, para saber se são capazes de manter o ritmo frenético que exibem desde o final de 2022.

Escrutinam em particular a monetarização da IA generativa, objeto de investimentos no montante de dezenas de milhares de milhões de dólares nos últimos anos por parte deste grupo, baseado em Redmond, no Estado de Washington.

Ora, nos três primeiros meses de 2025, a Microsoft conheceu um crescimento das receitas na ‘nuvem’ – o conjunto de infraestruturas e serviços que permitem a utilização à distância de programas informáticos e bases de dados, desde logo para a IA – menos forte do que no trimestre anterior, de 20% comparado com 21%.

Tendência contrária verificou-se no segmento de servidores e serviços da ‘nuvem’, com a taxa de crescimento do primeiro trimestre de 2025 (22%) a superar a do último de 2024 (21%).

“Para um trimestre assombrado pela vigilância sobre as despesas de IA e os receios quanto às taxas alfandegárias, foi claramente um sucesso, mesmo que não se trate de um fogo de artificio”, comentou Jeremy Goldman, da Emarketer.

Já a faturação total mostrou uma subida homóloga de 13%, para 70,1 mil milhões de dólares, acima dos 68,4 mil milhões esperados pelos analistas.

A diretora financeira do grupo, Amy Hood, citada no comunicado dos resultados, considerou que os desempenhos da ‘nuvem’ testemunham “uma procura continua pela nossa oferta diferenciada”.

Neste sentido, Goldman reforçou: a Microsoft “continua a beneficiar das suas infraestruturas IA para conseguir um crescimento lucrativo”.

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Banco do Japão reduz previsão de crescimento devido a tarifas mas mantém juros

  • Lusa
  • 1 Maio 2025

No relatório trimestral sobre as perspetivas económicas, o Banco do Japão reduziu para 0,5% as expectativas para a expansão do Produto Interno Bruto nipónico, por causa da guerra comercial.

O banco central do Japão cortou hoje para metade a previsão para o crescimento da economia do país para o ano fiscal de 2025, devido ao impacto da guerra comercial lançada pelos Estados Unidos.

No relatório trimestral sobre as perspetivas económicas, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) reduziu para 0,5% as expectativas para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) nipónico, face à estimativa anterior, publicada em janeiro, que previa um crescimento de 1,1%.

Também hoje, o banco central decidiu manter as taxas de juros inalteradas, no meio da incerteza económica global gerada pela nova política tarifária dos Estados Unidos.

No final de uma reunião de dois dias, a instituição optou por manter a taxa de referência em 0,5%, depois de a ter aumentado pela última vez em janeiro.

O comité de política monetária do BoJ decidiu, por unanimidade, manter a estratégia e declarou que “a economia japonesa recuperou moderadamente, embora apresente algumas fragilidades”, de acordo com o comunicado adotado no final da sua reunião.

A decisão está em linha com as expectativas da maioria dos analistas, que não previram novos aumentos de juros na quarta maior economia do mundo após três subidas no espaço de 10 meses.

Para contrariar o regresso da inflação no Japão depois de dois anos e meio, o BoJ começou a apertar as taxas em março de 2024, após dez anos de política monetária ultra-acomodatícia em que as taxas se mantiveram praticamente a zero.

Os preços no consumidor no Japão, excluindo produtos frescos, aumentaram 3,2% em março, em termos anuais, muito acima do objetivo de 2%, num contexto de subida dos preços dos alimentos e da energia.

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Lucros do banco Lloyds caem 7% para 1.338 ME no 1.º trimestre

  • Lusa
  • 1 Maio 2025

Lloyds Banking Group registou, no primeiro trimestre, lucros de 1.134 milhões de libras. É o corresponde a uma descida homóloga de 7%.

O Lloyds Banking Group registou, no primeiro trimestre, lucros de 1.134 milhões de libras (1.338 milhões de euros), uma queda de 7% em relação a igual período de 2024, apontando uma provisão para fazer face a dívidas incobráveis.

Num comunicado enviado ao mercado, o banco britânico afirmou que o seu lucro antes de impostos caiu 7% para 1.517 milhões de libras (1.790 milhões de euros) e que as suas receitas subiram 7% para 4.695 milhões de libras (5.540 milhões de euros).

O rácio entre empréstimos e depósitos situava-se em 96% a 31 de março, sem alterações em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o rácio CET1 era de 13,5% e os depósitos dos clientes atingiam 487.691 milhões de libras (575.475 milhões de euros).

O presidente executivo do banco, Charlie Nunn, afirmou hoje, citado pela Efe, que, no primeiro trimestre de 2025, “o grupo mostrou uma força sustentada no seu desempenho financeiro”.

“Mantivemos a nossa disciplina de custos e a qualidade dos ativos continua a ser resiliente. Continuamos a fazer bons progressos na nossa transformação estratégica e oferecemos aos nossos clientes formas inovadoras de gerir as suas necessidades financeiras e alcançar as suas aspirações financeiras, em linha com o nosso objetivo de ajudar o Reino Unido a prosperar”, acrescentou.

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EUA anunciam acordo com Kiev sobre “fundo de investimento para reconstrução”

  • Lusa e ECO
  • 1 Maio 2025

Estados Unidos e Ucrânia assinaram um acordo que cria um "fundo de investimento para a reconstrução". Não inclui garantias explícitas de futura assistência militar dos EUA.

O Departamento do Tesouro norte-americano anunciou esta quarta-feira a assinatura entre Estados Unidos e Ucrânia de um acordo que cria um “fundo de investimento para a reconstrução”, após semanas de negociações bilaterais sobre o acesso aos recursos naturais ucranianos. Não inclui garantias explícitas de futura assistência militar dos EUA.

Num vídeo publicado no X, o secretário norte-americano do Tesouro, Scott Bessent, adiantou que “esta parceria permite aos Estados Unidos investir em conjunto com a Ucrânia, desbloquear os ativos de crescimento da Ucrânia, mobilizar talentos, capital e padrões de governação americanos que irão melhorar o clima de investimento da Ucrânia e acelerar a recuperação económica do país”.

A ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, confirmou à Associated Press (AP) que o acordo foi assinado em Washington. Numa publicação no X, Svyrydenko disse que Kiev está a criar com os Estados Unidos “o Fundo que atrairá investimento global para o país”.

“O documento na sua forma atual é uma garantia de sucesso para ambos os países”, garantindo ainda que Kiev mantém “a propriedade e o controlo totais” dos seus recursos naturais, adiantou Svyrydenko.

Segundo a agência AP, os EUA pretendem aceder a mais de 20 matérias-primas da Ucrânia consideradas estrategicamente críticas para os seus interesses, incluindo o titânio, utilizado no fabrico de asas de aeronaves e outras indústrias aeroespaciais, e o urânio, que é utilizado na energia nuclear, equipamento médico e armas.

A Ucrânia tem também lítio, grafite e manganês, que são utilizados nas baterias de veículos elétricos.

“Em reconhecimento do significativo apoio financeiro e material que o povo dos Estados Unidos forneceu à Ucrânia desde a invasão da Rússia, esta parceria económica posiciona os nossos dois países para colaborar e investir em conjunto para garantir que os nossos ativos, talentos e capacidades possam acelerar a reconstrução económica da Ucrânia”, refere o Departamento em comunicado.

Uma pessoa com conhecimento do processo disse ao jornal New York Times que o documento final não inclui garantias explícitas de futura assistência militar ou de segurança à Ucrânia. Uma outra fonte, que também pediu ao jornal para não ser identificada, disse que essa reivindicação, feita por Kiev no início das negociações, foi rapidamente rejeitada pelos Estados Unidos.

Num comunicado, o secretário norte-americano do Tesouro, Scott Bessent, sublinhou que “nenhum Estado ou indivíduo que tenha financiado ou fornecido a máquina de guerra russa poderá beneficiar da reconstrução da Ucrânia”.

Washington forneceu à Ucrânia ajuda militar no valor de dezenas de milhares de milhões de dólares, durante a presidência do democrata Joe Biden (2021-2025), depois de a Rússia ter invadido o país em fevereiro de 2022.

O projeto de acordo esteve durante semanas no centro de tensões entre Kiev e Washington, cujo apoio é essencial à Ucrânia.

O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, declarou hoje após uma reunião do Governo Trump que os Estados Unidos estavam prontos para assinar o acordo sobre minerais, detalhando que os ucranianos “decidiram [na terça-feira] à noite fazer algumas alterações de última hora”.

Questionado sobre as alterações, o secretário do Tesouro respondeu: “Nada foi retirado. É o mesmo acordo que alcançámos este fim de semana. Não há alterações da nossa parte”.

Por sua vez, o Presidente norte-americano, Donald Trump, reiterou que os Estados Unidos queriam algo em troca “dos seus esforços” em relação à Ucrânia. “E nós dissemos: as terras raras. Eles têm terras raras muito boas”, acrescentou.

“Concluímos um acordo que garante o nosso dinheiro e nos permite começar a escavar e a fazer o que precisamos de fazer”, prosseguiu Trump, sublinhando que “também é bom para eles porque haverá uma presença norte-americana” na Ucrânia.

Uma versão anterior do texto devia ter sido assinada durante a visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca, no final de fevereiro, mas a altercação sem precedentes com Trump em direto da Sala Oval precipitou a partida sem assinar o acordo.

Uma nova versão, proposta por Washington em março, foi considerada pelos deputados e pela comunicação social ucranianos muito desfavorável.

No decurso das negociações, esse documento foi transformado numa versão mais aceitável para Kiev, segundo responsáveis ucranianos.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

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Kamala Harris reemerge com apelo à luta contra Trump: “A coragem é contagiosa”

  • Lusa
  • 1 Maio 2025

"O medo não é a única coisa que é contagiosa. A coragem é contagiosa", afirmou a democrata, nos 100 dias da administração Trump.

A ex-candidata presidencial Kamala Harris reapareceu com um discurso em que apelou aos norte-americanos que se juntem e lutem contra o Presidente dos EUA, Donald Trump, 100 dias depois da tomada de posse.

“Todos sabemos que o Presidente Trump, a sua administração e aliados estão a contar com a noção de que o medo pode ser contagioso, que se puserem medo nalgumas pessoas vão paralisar as outras”, afirmou na quarta-feira à noite a antiga vice-presidente.

“Aquilo que eles ignoram é que o medo não é a única coisa que é contagiosa. A coragem é contagiosa“, afirmou a democrata, que discursou na celebração dos 20 anos da organização sem fins lucrativos Emerge, em São Francisco (sudoeste).

Harris elogiou a coragem daqueles que têm falado contra as medidas mais controversas da administração, que acusou de ser responsável pela pior crise económica provocada e evitável da história do país.

“As tarifas, tal como eu previ, estão a convidar a recessão”, apontou, recordando a campanha presidencial, em que avisou repetidamente que as taxas aduaneiras iriam provocar uma crise económica.

Mas Harris afastou a ideia de que a situação atual é caótica e considerou que, salvo o efeito desastroso das taxas aduaneiras, está tudo a correr dentro do plano dos conservadores.

“Compreendam que estamos a assistir a um evento de alta velocidade em que um instrumento está a ser usado para a implementação de uma agenda que anda a ser planeada há décadas”, afirmou a democrata.

“Uma agenda para cortar a educação pública, encolher o Governo e privatizar os seus serviços ao mesmo tempo que corta os impostos aos mais ricos”, acrescentou.

Interrompida várias vezes por gritos de apoio e aplausos, Harris acusou a administração Trump de estar a trabalhar para abandonar os ideais mais fundamentais dos Estados Unidos e contrariar os direitos plasmados na Constituição.

“Estamos a viver na visão que eles têm da América”, afirmou Harris, descrevendo uma visão egoísta, que pune quem diz a verdade, favorece os apoiantes e lucra com o poder enquanto deixa o resto das pessoas à deriva.

“É o momento em que os freios e contrapesos começaram a ceder”, disse, avisando que se o Congresso (o parlamento dos Estados Unidos) e os tribunais não fizerem o seu trabalho ou fizerem e forem ignorados pelo Presidente, estará aberta uma crise constitucional.

Nessa altura, o único contrapeso que pode resistir é a vontade do povo, urgiu Harris, que apelou ainda a que as pessoas encontrem as suas comunidades e procurem força nos números.

“As coisas vão provavelmente ficar piores antes de melhorarem. Mas estamos prontos para isso”, salientou. “A mobilização é mais importante que nunca”, acrescentou.

No primeiro discurso após a saída da Casa Branca, quando a nova administração tomou posse, a 20 de janeiro, Harris também elogiou as vozes que têm sido importantes na oposição, como os senadores Cory Booker e Bernie Sanders e as congressistas Alexandria Ocasio-Cortez e Jasmine Crockett.

A democrata salientou igualmente aqueles que estão a lutar para defender a Segurança Social de cortes, os juízes que se opõem a medidas ilegais e as universidades que recusam “pedidos inconstitucionais”, como é o caso de Harvard.

Este reaparecimento da democrata acontece numa altura em que circulam rumores de que estará a preparar uma candidatura a governadora da Califórnia nas eleições de 2026.

A organização Emerge, que aponta Kamala Harris como uma das suas impulsionadoras, incentiva e auxilia mulheres a candidatarem-se a cargos públicos, oferecendo mentoria, recursos e uma rede de apoio.

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Reguladores vão auditar impacto do apagão nas telecomunicações, aviação e transportes

Ministério das Infraestruturas deu instruções à ANAC, ANACOM e IMT para realizarem auditorias e analisarem o impacto do apagão elétrico nas telecomunicações, aviação e transportes.

O Ministério das Infraestruturas aprovou na quarta-feira três despachos em que se determina que os reguladores das telecomunicações, transportes e aviação civil realizarão auditorias ao impacto do apagão de energia. O resultado terá de ser entregue ao Governo no prazo de 20 dias e deve incluir “recomendações concretas”, refere o comunicado divulgado esta quinta-feira.

A falha de eletricidade comprometeu as telecomunicações, originando problemas no inclusive no Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP). O ministério liderado por Miguel Pinto Luz dita à Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) que realize uma auditoria ao impacto nos serviços críticos e essenciais, que inclua os seguintes pontos:

  • Identificação das causas técnicas e operacionais da interrupção dos serviços;
  • Avaliação da resiliência, redundância e capacidade de recuperação das redes e serviços das empresas de comunicações eletrónicas envolvidas, bem como dos detentores de infraestruturas;
  • Verificação dos mecanismos de prevenção, deteção e mitigação de falhas implementados;
  • Apuramento da eficácia das comunicações entre as empresas de comunicações eletrónicas e as autoridades públicas durante o evento;
  • Impacto nos serviços críticos e essenciais, com destaque para os sistemas de emergência e proteção civil;
  • Avaliação do cumprimento das obrigações legais e regulamentares por parte das empresas de comunicações eletrónicas ou detentoras de infraestruturas;
  • Propostas de medidas corretivas, estruturais, regulatórias ou outras consideradas adequadas para assegurar o funcionamento, resiliência e a segurança das redes nacionais de comunicações, bem como da prestação dos respetivos serviços.

O apagão provocou também fortes constrangimentos nos aeroportos do continente, em particular no de Lisboa, com o cancelamento de um número muito elevado de voos. O Governo determina, assim, à Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) que entregue um relatório, que inclua:

  • A identificação das causas técnicas e operacionais da interrupção ou degradação acentuada dos diversos serviços que compõem o setor da aviação civil, nomeadamente, o sistema aeroportuário ou a prestação de serviços de navegação aérea;
  • Avaliação da resiliência, redundância e capacidade de recuperação do setor da aviação civil, nomeadamente do sistema aeroportuário ou da prestação de serviços de navegação aérea, bem como da operação de transporte aéreo;
  • Verificação dos mecanismos de prevenção, deteção e mitigação de falhas implementados, nomeadamente a existência, ativação e implementação de planos de contingência;
  • Apuramento da eficácia das comunicações e reporte entre os agentes do setor acima referido e entre estes e as autoridades públicas durante o evento;
  • Impacto nos serviços críticos e essenciais, com destaque para os sistemas de emergência e proteção civil;
  • Avaliação do cumprimento das obrigações legais, regulamentares e contratuais, sem prejuízo das atribuições do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, por parte dos agentes e entidades que compõem o setor da aviação civil;
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSAANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), o Governo dita que avalie as implicações nos sistemas de emergência e proteção civil. Além do IMT, o setor tem como supervisor a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, mas caberá ao primeiro produzir um documento com a seguinte composição:

  • Identificação dos impactos na integralidade e funcionalidade das infraestruturas;
  • Avaliação da capacidade operacional dos gestores das infraestruturas;
  • Avaliação da resiliência, redundância e capacidade de recuperação dos serviços dos operadores de transporte, bem como dos detentores de infraestruturas;
  • Verificação dos mecanismos de prevenção, deteção e mitigação de falhas implementados, nomeadamente a existência, ativação e implementação de planos de contingência;
  • Apuramento da eficácia das comunicações e reporte entre os agentes dos setores acima referidos e as autoridades públicas durante o evento;
  • Impacto nos serviços críticos e essenciais, com destaque para os sistemas de emergência e proteção civil;
  • Avaliação dos serviços prestados e do cumprimento das obrigações legais, regulamentares e contratuais de serviço público por parte dos agentes dos setores suprarreferidos ou detentores de infraestruturas;
  • Sem prejuízo das atribuições da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, propostas de medidas corretivas, estruturais, regulatórias ou outras consideradas adequadas para assegurar o funcionamento, resiliência e a segurança dos setores dos transportes terrestres – rodoviários e ferroviários – e fluviais, bem como da prestação dos respetivos serviços.

A auditoria a realizar pelas três entidades, “com caráter prioritário e urgente”, terá de ser apresentada “no máximo de 20 dias e deve também incluir conclusões claras e recomendações concretas”, refere o comunicado.

A falha de energia generalizada afetou Portugal e Espanha a partir das 11h23 de dia 28 de abril e durou cerca de 12 horas.

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Trabalhadores tendem a ser mais qualificados do que empregadores, mas um quarto recebe salário mínimo

  • Lusa
  • 1 Maio 2025

O número de trabalhadores em Portugal ascende a 5,1 milhões e, destes, 34% têm pelo menos o ensino superior. Esta percentagem compara com os 28% de empregadores que têm estas habilitações.

Os trabalhadores portugueses têm um nível de escolaridade mais elevado do que os empregadores, sendo que cerca de um quarto recebe o equivalente ao salário mínimo nacional, segundo um estudo da Pordata sobre o perfil do trabalhador em Portugal.

O número de trabalhadores em Portugal ascende a 5,1 milhões e, destes, a maior parte (34%) tem pelo menos o ensino superior. Esta percentagem compara com os 28% de empregadores que completaram este nível de ensino.

“No quadro da União Europeia, dos 23 países com dados disponíveis para 2024, Portugal é o país que tem maior proporção de empregadores sem escolaridade ou com o ensino básico no total dos empregadores“, refere o estudo.

A média da UE é, assim, de 16%, enquanto em Portugal se verifica um valor de 42% de empregadores com o menor nível de ensino, “percentagem ainda significativamente distante de Malta (34%), Espanha (32%) ou Itália (31%)”.

Em dez anos (entre 2014 e 2024), refere ainda o estudo, registaram-se mais 700 mil trabalhadores com o ensino superior, o que traduz uma subida de 61,8% face a 2014, ano em que os que tinham este nível de ensino representavam 25%.

Entre os mais de cinco milhões de trabalhadores em Portugal, estão 302 mil de nacionalidade estrangeira, maioritariamente de países fora da UE27. Um número que quase triplicou em 10 anos, sendo mais 197 mil face a 2014.

Relativamente a remunerações, o retrato sobre o perfil do trabalhador português elaborado pela Pordata a propósito do 1.º de Maio, mostra que o salário médio anual em Portugal é o 9.º mais baixo dos países da União Europeia, sendo o salário médio em Espanha 30% mais elevado.

No topo desta lista dos salários médios surge o Luxemburgo (81.064 euros), seguido da Dinamarca (67.604 euros), sendo em Portugal de 22.293 euros — valor que supera a Letónia, Croácia, Polónia, Roménia, Grécia ou Hungria.

De referir que este valor foi calculado de forma a ter em conta, de forma ajustada, os trabalhadores a tempo parcial.

O estudo mostra ainda que um quarto dos trabalhadores recebe o salário mínimo nacional, sendo este o 10.º mais baixo dos 22 países com SMN (quando medido em paridades de poder de compra) e tendo já em conta o valor em vigor em 2025.

“Em duas décadas, Portugal foi ultrapassado pela Polónia, Lituânia e Roménia”, lê-se no mesmo documento que detalha que cerca de um em cada quatro trabalhadores em Portugal (22,8%) tinham um salário base equivalente ao SMN, em 2022.

A proporção de trabalhadores a receber o SMN era, naquele ano, mais elevada entre as mulheres (27,1%), os jovens (36,1%), aqueles com escolaridade até ao ensino básico (32,9%) e os trabalhadores de nacionalidade estrangeira (38,0%).

O estudo adianta ainda que, entre 2019 e 2023, o salário médio em Portugal, em termos nominais, registou um aumento de 24%, sendo que, no mesmo período, os preços das casas aumentaram 45%, segundo o Índice de Preços da Habitação. No conjunto da UE, o aumento destes dois indicadores, foi de 16% e de 23%, respetivamente.

No que diz respeito ao tecido empresarial, o documento refere que as pequenas empresas são a maioria no país, mas empregam apenas 44% dos trabalhadores.

Já as grandes empresas são responsáveis por mais de um milhão de empregos – tendo estas registado nos dois últimos anos um crescimento de 14% do pessoal ao serviço.

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Ato de fé ou pessimismo, a economia que os separa

  • Lusa
  • 1 Maio 2025

O secretário-geral do PS acusou o presidente do PSD de apresentar previsões fantasiosas na economia, enquanto Luís Montenegro contrapôs que a posição socialista traduz um errado pessimismo e inércia.

O secretário-geral do PS acusou o presidente do PSD de apresentar previsões fantasiosas sobre crescimento da economia, enquanto Luís Montenegro contrapôs que a posição de Pedro Nuno Santos traduz um errado pessimismo e inércia. Estas posições foram assumidas pelo primeiro-ministro e líder da AD — coligação PSD/CDS, Luís Montenegro, e secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, na primeira parte do frente-a-frente televisivo, transmitido em simultâneo por RTP, SIC e TVI a partir das instalações do Campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa.

Pedro Nuno Santos defendeu como medidas prioritárias a aplicação do IVA zero para bens essenciais ou a redução do preço do gás de botija, dizendo que o benefício dessas propostas se estenderá a toda a sociedade portuguesa. Em contraponto, considerou que o programa da AD “é um embuste e é irrealista”, advogando que o do PS “é mais prudente e cauteloso” tendo em conta as previsões.

O ainda primeiro-ministro fez uma proposta que é absolutamente impossível de concretizar. Luís Montenegro tem duas faces: Uma face durante a campanha eleitoral e depois outra diferente para Bruxelas“, acusou.

Segundo o líder do PS, o primeiro-ministro apresentou taxas de crescimento que não estão previstas por ninguém em Portugal, no âmbito do programa da AD, “mas, depois, em Bruxelas, apresenta taxas de crescimento inferiores a 2%”. “O que Luís Montenegro nos traz aqui é uma fantasia, um ato de fé“, após ter criticado a ideia de um novo Governo da AD baixar mais o IRC, de forma transversal.

Luís Montenegro reagiu dizendo que Pedro Nuno Santos quis “lançar uma confusão, que se não é propositada então será competência pura” a propósito do cenário macroeconómico da AD. “Pedro Nuno Santos não pode desconhecer que os números que nós enviámos para Bruxelas são na perspetiva das chamadas políticas invariantes, ou seja, não atenderam ao efeito positivo que nós cremos que as nossas decisões políticas podem ter nos próximos anos”, argumentou.

O presidente do PSD acusou o PS de apresentar um programa que “não transforma nada” no funcionamento do Estado e da economia, apenas distribui. Luís Montenegro advertiu ainda que o PS pretende “dirigir a economia”, selecionando setores económicos em termos de apoios. E perguntou quais ficam excluídos.

Pedro Nuno Santos respondeu que aquilo que o PS defende “não é nada de radical” e é o mesmo que “Mário Draghi defende na União Europeia” e “nenhum setor fica fora dos apoios”.

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Duelo equilibrado aquece com apagão e Spinumviva

  • Luis Claro
  • 1 Maio 2025

Único debate entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos teve um dos momentos mais tensos com o caso Spinumviva. Apagão e estabilidade também aqueceram o frente-a-frente

Pedro Nuno Santos e Luis Montenegro

O único debate entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos durou mais de uma hora e aqueceu com o caso Spinumviva. Saúde, pensões, habitação e impostos foram outros dos momentos fortes em que os candidatos trocaram acusações com os dois a quererem provar que têm mais condições para dar estabilidade ao país depois de este governo ter durado apenas um ano.

Pedro Nuno Santos defendeu, em vários momentos do debate, que o atual primeiro-ministro e recandidato é “um fator de instabilidade”. Uma ideia em que insistiu durante a discussão sobre a empresa familiar do primeiro-ministro, que acabou por ser um dos temas que maior tensão provocou neste frente-a-frente. “Não tem idoneidade para o cargo que ocupa”, disparou o líder do PS, acusando o líder da AD de continuar a receber dinheiro de “algumas empresas” como primeiro-ministro. Luís Montenegro garantiu que não recebeu “um único euro de uma entidade privada” desde que chegou à liderança do PSD. E acusou o socialista de ter “um comportamento “deplorável”. Pedro Nuno Santos “não tem autoridade moral, nem tem vida para falar assim de mim”, atirou.

O debate foi adiado devido ao apagão, na segunda-feira, e foi por aí que começou com o primeiro-ministro a garantir que atuou com “eficácia” e a justificar a comunicação tardia por não ser possível “falar com os portugueses através do meio mais direto que é a televisão”. E lembrou que, ao contrário do que aconteceu em Espanha, não houve mortes, o que prova que a atuação foi bem sucedida.

Pedro Nuno Santos entrou ao ataque com a acusação de que o governo deixou “os autarcas entregues à sua sorte” e de ter falhado “naquilo que era a sua missão”. Mostra “impreparação para enfrentar crises” e já tinha “falhado na crise do INEM”.

"Pedro Nuno Santos não tem autoridade moral, nem tem vida para falar assim de mim”

Luís Montenegro

Primeiro-ministro e recandidato

Um dos temas mais esperados era os constrangimentos na área da saúde. Luís Montenegro lembrou os acordos com os médicos e enfermeiros para aumentar a capacidade de recrutamento, mas desta vez não se comprometeu com prazos para que todos os portugueses possam ter médico de família. E insistiu que as parcerias público-privadas (PPP) podem ser uma solução para “libertar mais recursos para ter outras respostas”.

Pedro Nuno Santos defendeu que esta foi a área de “maior falhanço do governo” e acusou a AD de não cumprir a promessa de aumentar o número de utentes com médico de família. E discordou da política do governo em relação às PPP com o argumento de que “os nossos hospitais podem ser melhor geridos sem os entregarmos à gestão do privado”.

Os dois candidatos discordaram também em relação aos impostos com Pedro Nuno Santos a contestar a aposta do governo na redução do IRC e reafirmando que essa medida deve abranger “as empresas que reinvestem os seus lucros”. O líder socialista classificou o programa da AD como “uma fantasia”, devido às previsões otimistas. “A justificação para a diferença dos números são as políticas públicas“, respondeu Luís Montenegro, acusando o PS de não querer fazer reformas, porque “as medidas do PS não mudam nada na economia e não mudam nada no Estado”.

A estabilidade voltou a ser um dos temas centrais do debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, tal como tinha acontecido há um ano. Nenhum dos candidatos esclareceu o que fará no caso de perder as eleições com o argumento de que estão concentrados na vitória. Montenegro garantiu que continuará a governar com “os mesmos princípios” e através do diálogo. “O governo caiu por tática política. Não caiu por falta de estabilidade”, afirmou o atual primeiro-ministro, criticando o adversário por se juntar ao Chega em momentos decisivos como a discussão do orçamento do Estado.

“Como pode prometer estabilidade. Ao mínimo aperto atirou o país para eleições”, respondeu Pedro Nuno Santos, que preferiu não assumir nenhum compromisso se perder as eleições. Já depois do debate, o líder do PS garantiu que a comissão de inquérito a Montenegro “mantém-se prevista”, depois de ter admitido deixar cair esta proposta no caso de serem dados mais esclarecimentos. Durante o debate, Luís Montenegro garantiu que nunca forçará “nenhum adversário a expor a sua família para tirar proveito político”.

"Como pode prometer estabilidade. Ao mínimo aperto atirou o país para eleições.”

Pedro Nuno Santos

Secretário-geral do PS

Na habitação, os dois candidatos concordaram que é necessário construir mais casas para enfrentar a subida dos preços. Luís Montenegro lembrou a promessa de construir 59 mil casas enquanto o governo socialista previa apenas 26 mil. “Ainda estamos a pagar o desinvestimento na habitação que as ideias de Pedro Nuno Santos trouxeram”, acusou o líder da AD, aproveitando o facto de o seu adversário ter tido responsabilidades nesta área durante os governos liderados por António Costa.

Pedro Nuno Santos garantiu que “as casas que Luís Montenegro entregou em Oeiras” foram lançadas por ele e admitiu que é preciso construir habitação para a classe média. E garantiu que, se vencer as eleições, não irá reverter as medidas deste governo, nomeadamente a isenção para os jovens do pagamento de impostos na aquisição da primeira habitação.

O fantasma da privatização da Segurança Social

O debate terminou com Luís Montenegro a garantir que tomou decisões que estavam adiadas há muitos anos. “Estou aqui para decidir, estou aqui para executar”, disse o candidato da AD, lembrando algumas medidas do governo para aumentar os rendimentos e transformar os serviços públicos.

Na última intervenção, Pedro Nuno Santos considerou que este debate foi “importante e esclarecedor” e prometeu defender os pensionistas e aumentar a qualidade de vida dos portugueses com medidas como o IVA zero para bens alimentares.

E insistiu na ideia de que o governo está a preparar-se para “entregar parte do sistema público de pensões ao mercado de capitais” e, por isso, uma das primeiras medidas, se for eleito, será extinguir o grupo de trabalho criado para avaliar a sustentabilidade da segurança social. Montenegro já tinha garantido que o governo se limitou a “estudar aquilo que o anterior governo mandou fazer” e que a privatização parcial está afastada durante a próxima legislatura.

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Spinumviva, idoneidade e limites num debate

  • Luis Claro
  • 30 Abril 2025

Pedro Nuno Santos afirmou que o atual primeiro-ministro "não tem idoneidade para o cargo que ocupa". Montenegro acusou o adversário de ter um comportamento "deplorável".

O único frente-a-frente entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos aqueceu esta quarta-feira com o caso Spinumviva. Durante o debate, transmitido pela RTP, SIC e TVI a partir da Nova SBE em Carcavelos, Pedro Nuno Santos afirmou que o atual primeiro-ministro “não tem idoneidade para o cargo que ocupa”. Montenegro acusou o adversário de ter um comportamento “deplorável”.

Era um dos temas mais esperados deste debate, no dia em que surgiram novos dados sobre a empresa familiar de Montenegro, e Pedro Nuno Santos jogou ao ataque acusando o líder da AD de continuar a receber dinheiro de “algumas empresas” como primeiro-ministro.

“A Spinumviva é Luís Montenegro. Foi ele que criou a empresa e angariou os clientes e é por Luís Montenegro que os clientes lá estão. Um desses clientes tem mesmo interesse em decisões do Estado. O grupo Solverde que Luís Montenegro chegou mesmo a representar”, acrescentou.

Pedro Nuno Santos aproveitou ainda a revelação de mais oito empresas clientes da Spinumviva, horas antes do debate decisivo, para garantir que “alguns desses clientes fornecem o Estado e recebem por esses fornecimentos milhões de euros”. Para o líder do PS, os vários casos que afetam o primeiro-ministro são suficientes para que não tenha “idoneidade para o cargo que ocupa” e seja “o principal fator de instabilidade política em Portugal”.

Luís Montenegro garantiu que a notícia sobre os novos clientes não é da sua responsabilidade e voltou a garantir que não acumulou as funções de primeiro-ministro com nenhuma outra atividade. “Não recebi um único euro de uma entidade privada deste que sou líder do PSD”, reiterou.

Acusando o líder do PS de fazer “insinuações gratuitas”, Montenegro disse estar disponível para dar mais explicações sobre este caso. “O Pedro Nuno Santos não tem autoridade moral para falar assim de mim”, afirmou o líder da AD, acusando o adversário de ter “um comportamento inaceitável” neste debate. Montenegro acusou ainda o líder socialista de não ter “limites” no aproveitamento político deste caso e negou que estivesse em causa a estabilidade do país.

A uma questão sobre se sempre vai avançar com uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao caso Spinumviva, Pedro Nuno Santos respondeu: “Depende, sobretudo, de Luís Montenegro”.

“Nunca forçarei nenhum adversário a expor a sua família, a sua mulher, os seus filhos ou o seu pai ou a sua mãe ou a sua irmã a uma CPI para tirar daí proveito político”, criticou primeiro-ministro. O líder do PS lembrou que o seu partido já tinha dito que nunca chamaria a depor a família direta de Montenegro.

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