PGR rejeita que especialização esteja em causa com movimento de magistrados

  • Lusa
  • 7 Junho 2025

A Procuradoria-Geral da República rejeitou que esteja em causa a especialização dos procuradores, no âmbito do movimento de magistrados. Objetivo foi o de otimizar os recursos existentes.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) rejeitou que esteja em causa a especialização dos procuradores, no âmbito do movimento de magistrados do Ministério Público, alegando que o objetivo foi o de otimizar os recursos existentes.
“A opção adotada não põe em causa a especialização, que se mantém para a grande maioria dos magistrados. O que se tem em vista é otimizar os recursos existentes por forma a contribuir para um mais eficaz cumprimento da missão atribuída ao Ministério Público e para um melhor serviço aos cidadãos”, adiantou a PGR em comunicado divulgado este sábado.

Esta posição foi manifestada depois de o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) ter acusado o Conselho Superior de espetar “o último prego” na especialização dos procuradores, ao querer ter profissionais que acumulam as áreas cível, criminal e de família e menores.

Paulo Lona, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério PúblicoHugo Amaral/ECO

Em causa está o aviso de abertura do movimento de magistrados do Ministério Público, publicado a 4 de junho em Diário da República, que inclui lugares a ocupar pelos procuradores a partir de setembro em vários departamentos e tribunais em simultâneo.

O procedimento, que o SMMP espera ver anulado, é da competência do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), o órgão superior de gestão e disciplina integrado na PGR. O SMMP associou a opção do órgão superior à “falta de magistrados” e alertou que estes terão “um enorme aumento do volume de serviço, […] em muitos casos incomportável”.

No comunicado divulgado, a PGR adiantou que o movimento de magistrados foi preparado no âmbito de um grupo de trabalho criado por deliberação do CSMP de 06 de novembro de 2024.

“Face à reconhecida e notória falta de recursos humanos, o grupo de trabalho procedeu, desde essa altura, a um levantamento, tanto quanto possível exaustivo, de elementos objetivos e atuais que habilitassem a um conhecimento rigoroso sobre o volume de serviço (entradas e pendências processuais e necessidades existentes ao nível da representação em tribunal) em todas as procuradorias e departamentos do país”, referiu ainda a PGR.

Esse levantamento, adiantou o comunicado, teve o objetivo de permitir uma solução de gestão mais eficiente, face à cessação de funções de magistrados do Ministério Público e à não entrada de novos magistrados este ano.

A PGR alegou ainda que, depois de recolhidos os dados e de realizadas várias reuniões, foi considerado que a forma de minimizar o défice de magistrados do Ministério Público passaria por conferir maior autonomia aos procuradores-gerais regionais e aos magistrados do Ministério Público coordenadores de comarca, no sentido de, “em caso de relevante necessidade, com maior oportunidade e adequação, gerirem os recursos disponíveis, sempre com a monitorização do CSMP”.

Segundo a procuradoria-geral, a solução encontrada não visa um maior volume de trabalho para os magistrados, pretendendo, pelo contrário, que se “traduza numa diminuição de trabalho para aqueles que se encontram sobrecarregados”, através da adoção de medidas que permitam equilibrar o serviço existente entre todos os magistrados de uma comarca.

“O Procurador-Geral da República, como tem feito até aqui, recebe o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público sempre que tal lhe seja solicitado”, concluiu ainda o comunicado.

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Formação e ouvir doentes. O que falta para o novo sistema de gestão de cirurgias

Grupo que está a preparar o SINACC – próximo programa de redução das listas de espera nos hospitais – reúne-se com os médicos de família a 25 de junho e depois começa a ronda aos doentes.

O novo sistema de gestão de cirurgias chega depois do verão, mas ainda há uma série de etapas a cumprir pelo grupo de trabalho a cargo do sucessor do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC). Nos próximos dois meses, a equipa coordenada pela médica Joana Barros Mourão irá reunir com as associações representativas dos doentes e preparar um programa de formação.

“Quem irá usar a ferramenta deve estar o mais dotado possível. É a área onde agora vamos trabalhar exaustivamente, tanto em relação à plataforma como às normas e procedimentos. Está tudo baseado em fluxogramas e checklists para facilitar o trabalho de quem está no terreno e o algoritmo identificar dúvidas. No entanto, temos de explicar bem para que a mensagem passe corretamente para o utilizador”, disse ao ECO a coordenadora do grupo de trabalho que está a preparar o futuro sistema, designado pelo Sistema Nacional de Acesso a Consulta e Cirurgia (SINACC).

Joana Barros Mourão diz que o grupo composto por 19 membros está na fase de planeamento do agendamento das seguintes reuniões, sendo que o próximo encontro – a 25 de junho – será com os representantes da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), depois de terem sido ouvidas várias organizações do setor, inclusive a Ordem dos Médicos e a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada.

“Já temos o programa em grosso modo. Está em produção informática. A fase seguinte será ouvir para fazermos os ajustes necessários”, sublinha a médica anestesista do Hospital de São João, no Porto. O grupo de trabalho tem de entregar a versão final do documento até 20 de setembro, mas pretende fazê-lo quatro dias antes do prazo.

Joana Barros Mourão considera que o sistema permitirá a simplificação e a uniformização dos processos entre as várias Unidades Local de Saúde (ULS), nomeadamente a gestão de faltas dos doentes a consultas e cirurgias, os cancelamentos causados pelo hospital e a comunicação com os utentes.

Por exemplo, os procedimentos de triagem. Vai ser possível verificar se o doente já tem alguma consulta em curso para o seu problema ou se tem outros pedidos para mais instituições de saúde de forma a evitar a duplicação de pedidos para primeiras consultas.

Mais: garantir que o doente foi (mesmo) contactado. “Hoje em dia, o que estava padronizado entre cada ULS era o envio da carta. Depois, algumas faziam contactos telefónicos e outras não. Não se conseguia saber, efetivamente, quantos contactos tinham chegado ao destinatário”, esclarece a coordenadora do grupo de trabalho. Nos casos considerados prioritários, como doentes oncológicos ou com suspeitas de cancro, o tempo de triagem não deverá ser mais do que dois dias úteis.

Quem insere a codificação (classificação e identificação das cirurgias extra) será alvo de auditoria padronizada com relatórios semanais para as direções clínicas, por parte da equipa que estiver a coordenar internamente a área, e mensais para a direção executiva do SNS. “Vão detetar desvios em relação à produção de base e à produção adicional. Verificar se não está a ser cumprido o que está estipulado, se houver um desvio de x % em relação ao habitual”, explicita Joana Barros Mourão. A estes reportes acrescem os que analisarão se há défices de produção em determinadas especialidades.

SINACC fica operacional até ao fim do ano

O Ministério da Saúde confirmou ao ECO que o SINACC deverá ser testado em setembro e ficar 100% operacional no final deste ano, como avançou o jornal Público. “Suspender o SIGIC, sem o substituir por outro mecanismo que garanta o acesso em tempos clinicamente aceitáveis, prejudicaria os utentes”, acrescenta o gabinete de Ana Paula Martins.

“Este novo modelo tem mecanismos mais robustos de monitorização e auditoria, quer a nível das listas de espera para cirurgia, quer para consulta. Prevê também mecanismos de transparência para o cidadão relativamente ao seu estado na lista de espera e minimiza a possibilidade de haver lugar a pagamento adicional de cirurgias ou consultas geradas pela própria instituição”, adianta a tutela.

O SINACC dará ao utente em lista de espera, e cujo Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG) foi atingido, a hipótese de escolher o hospital mais próximo de casa – quer seja público, privado ou do setor social – para realizar a sua cirurgia ou consulta, se o de origem não tiver disponibilidade, salienta o Governo.

O que se pretende com este programa é que seja mais ágil e preventivo do que reativo para se colmatarem pequenas falhas que vão surgindo. Se não tivermos forma de os medir, não vamos conseguir atuar rapidamente. É uma monitorização constante e padronizada

Joana Mourão

Médica coordenadora do grupo de trabalho que está a preparar o SINACC

O SINACC está previsto no Plano de Emergência e Transformação da Saúde (PETS), apresentado pelo Executivo em maio de 2024. Em novembro, o grupo de trabalho – na altura ainda sob a alçada da direção executiva do SNS – apresentou as primeiras linhas mestras ao coordenador responsável pelo acompanhamento da implementação do PETS, Carlos Robalo Cordeiro, e à ministra Ana Paula Martins.

“Na altura, ficaram agradados com a estrutura que existia para ao plano e disseram que seria para desenvolver e construir uma ferramenta mais robusta e com as várias visões dos intervenientes. É aí que somos nomeados e elaboramos o relatório”.

Em causa está o substituto do SIGIC, que permite aos profissionais de saúde realizarem cirurgias fora do horário laboral, a troco de um incentivo financeiro, com o intuito de reduzir as filas de espera nos hospitais públicos.

O sistema que está a ser extinto foi criado há 21 anos, mas no final de maio voltou à esfera mediática após a polémica em torno do dermatologista do Hospital de Santa Maria que recebeu mais de 400 mil euros por dez dias de trabalho adicional ao sábado em 2024, sendo que um deles foi utilizado para retirar lesões benignas aos pais, como noticiou a CNN Portugal.

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“Seremos o partido da oposição responsável e firme ao Governo”, diz José Luís Carneiro

  • ECO e Lusa
  • 7 Junho 2025

É oficial. José Luís Carneiro apresentou este sábado no Largo do Rato a sua candidatura à liderança do PS. Até ao momento, é o único candidato.

“Seremos o partido da oposição responsável e firme ao Governo”, garante José Luís Carneiro, durante a apresentação da sua candidatura a secretário-geral do PS. Até agora é a única candidatura.

Duarte Cordeiro, Fernando Medina e Mariana Vieira da Silva chegaram a ser apontados como possíveis candidatos, mas não avançaram. As eleições diretas para escolher o novo secretário-geral do partido decorrem a 27 e 28 de junho, com o limite para apresentação das candidaturas até dia 12.

A oposição “firme”, prometida pelo candidato, não impedirá “os consensos democráticos, nomeadamente na política externa europeia, na defesa, na segurança, na justiça e na organização e na reforma do Estado”, precisou.

“Não nos perdoarão se nos golpearmos reciprocamente”, disse José Luís Carneiro no seu discurso de candidatura, pedindo um partido unido. “Apelo aos socialistas para que se unam na sua diversidade, para iniciar o caminho de volta que a defesa dos nossos ideais nos pede”, disse ainda.

“Aqueles que serão deixados para trás por políticas neoliberais”, “discriminados por políticas conservadoras”, ou que não verão melhorias na sua qualidade de vida, nos salários ou serviços públicos, não perdoarão o partido se ficar a “olhar para o umbigo”.

“Não nos perdoarão se ficarmos agora a olhar para nós próprios ou nos entretivermos a golpear reciprocamente a nossa credibilidade e as nossas qualidades, em vez de nos organizarmos para os defendermos a eles, que são a razão de ser e de existirmos como partido”, afirmou.

José Luís Carneiro reconheceu que o PS está a “viver um momento difícil” e teve um “resultado que não desejava” nas legislativas de maio, tendo perdido votos “para a direita em todos os grupos sociais”.

O que procurarei fazer e vos peço que façam é uma análise profunda daquilo em que falhámos, de quando falhámos, do que devíamos ter feito diferente”, disse.

No entanto, logo de seguida, pediu que se “desengane quem confunde essa reflexão com tentações de ajustes de contas internos e com cedência a tentativas de aproveitamentos por parte” dos principais opositores do PS, uma passagem do seu discurso que mereceu vários aplausos da plateia.

“Análise e debate? Sim, ao máximo. Ataques pessoais e superficiais na praça pública? Não, nunca. Comigo, não contam com isso”, assegurou.

“Garantir que os bons resultados da economia chegam à vida das pessoas”

José Luís Carneiro acredita ser “conjuntural” os resultados obtidos pelo PS nas últimas legislativas, em que passou a ser a terceira força política.

“O PS esteve e estará sempre do lado da defesa da democracia e às inquietações dos nossos concidadãos. Temos de restabelecer a confiança nas instituições e a esperança na democracia. Temos de construir uma ambiciosa agenda de progresso para Portugal, para as portuguesas e para os portugueses. Na economia, na cultura, na educação, no conhecimento, na habitação, na qualidade de vida. Temos de garantir que os bons resultados da economia chegam à vida das pessoas. E de garantir que são protegidas quando os resultados económicos são menos favoráveis”, disse.

Temos de mostrar ao país que somos o único partido capaz de oferecer respostas sérias e sustentáveis aos reais problemas do dia a dia das pessoas“, destacou.

“Comigo na liderança, o PS não terá receio de promover consensos democráticos, nem será tíbio na oposição ao regresso das políticas que ponham em causa os valores e os princípios do socialismo democrático”, assegura.

Autárquicas é “prioridade imediata”, presidenciais “lá chegaremos”

Com as eleições autárquicas a decorrer este ano, José Luís Carneiro aponta as autárquicas como “prioridade imediata”.

“Nelas defenderemos as marcas das autarquias socialistas, que acreditamos que são um poderoso antídoto contra a progressão populista. Estaremos em todo o país em listas próprias. Mas procuraremos convergências progressistas onde elas se revelarem necessárias, sólidas e ganhadoras”, diz.

E quanto às presidências, num momento em que os candidatos começam a perfilar-se… “Compreendo e saúdo os que têm coragem e disponibilidade para servir o País. Lá chegaremos. Mas, quero que fique muito claro: é o PS que define a sua agenda e é o PS que define a hierarquia das suas prioridades. As autárquicas serão já em fins de setembro, princípio de outubro. As presidenciais serão só em 2026. Cada coisa, a seu tempo!”.

 

(Última atualização às 19h23)

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Apagão. Investigação europeia focada na falha dos planos de defesa do sistema

  • Lusa
  • 7 Junho 2025

Poucos segundos antes do apagão, os planos de defesa do sistema espanhol e português "foram ativados, mas não conseguiram impedir o colapso do sistema elétrico ibérico", referem peritos europeus.

O comité de peritos europeus encarregado de investigar o apagão elétrico ibérico de abril considera ser necessário saber por que motivo os planos de defesa do sistema não conseguiram travar o processo que levou ao apagão total.

De acordo com uma atualização publicada na sexta-feira pela ENTSO-E – Rede Europeia de Operadores de Transporte de Eletricidade, com base nos dados recolhidos até ao momento, estes planos não conseguiram evitar o colapso do sistema elétrico ibérico após dois períodos de flutuações de potência e frequência na Área Síncrona Continental Europeia (AECE), meia hora antes do apagão generalizado.

Os investigadores salientam que apenas um minuto antes do apagão foram observadas “interrupções na geração no sul de Espanha, o que levou a um aumento da tensão nos dois países afetados”. Esta sobretensão “desencadeou” uma cascata de perdas de geração que provocaram uma quebra na frequência do sistema elétrico da Península Ibérica”, refere o relatório. Nesse momento, Portugal e Espanha começaram a “perder a sincronização com o sistema europeu”.

De acordo com a cronologia preliminar elaborada pelos investigadores, poucos segundos antes do apagão, os planos de defesa do sistema espanhol e português “foram ativados, mas não conseguiram impedir o colapso do sistema elétrico ibérico” apesar de terem sido “elaborados de acordo com as obrigações legais”.

Por último, “as linhas áreas de corrente alternada entre França e Espanha foram desligadas por dispositivos de proteção perante a perda de sincronismo” e, como resultado, os sistemas elétricos português e espanhol entraram em colapso.

O comité de peritos observa ainda que “o rápido restabelecimento do fornecimento em Espanha e Portugal demonstrou a preparação e eficiência” dos operadores de rede afetados, a Red Elétrica e a REN, com o apoio e colaboração do operador de redes de transporte francês RTE e da empresa de eletricidade marroquina ONEE.

Uma vez concluída a recolha e análise de dados pelo comité de peritos, será remetido à Comissão Europeia e aos Estados-membros um relatório final com recomendações para prevenção de incidentes semelhantes no futuro. A próxima reunião do painel de peritos está agendada para o dia 23 de junho.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou no dia 28 de abril Portugal e Espanha. O fecho de aeroportos, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta a de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.

As investigações preliminares apontam para uma perda súbita de geração de energia solar como possível causa, mas as conclusões definitivas ainda estão pendentes.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade está a investigar as causas deste apagão, que classificou como excecional e grave. Este painel de peritos terá de elaborar um relatório factual que servirá de base ao relatório final, a concluir até 28 de outubro deste ano.

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📹Quantos minutos precisa trabalhar para comprar um café?

Os portugueses têm que trabalhar 23 minutos para comprar um café americano no Starbucks. É em Amesterdão, Madrid e Cardif que os residentes precisam trabalhar menos tempo para adquirir a bebida.

O custo de vida e os salários variam significativamente de país para país. Um café americano no Starbucks tem o mesmo sabor em todos os países europeus, mas quando o preço da bebida é medido em minutos trabalhados, os residentes de algumas capitais europeias precisam trabalhar significativamente mais do que outras.

A análise da Tradingpedia mostra que Amesterdão, Madrid e Cardiff são as capitais europeias onde os residentes têm que trabalhar menos tempo para comprar um café americano no Starbucks, tendo por base o salário médio mensal. Por outro lado, os residentes de Atenas, Sófia e Praga precisam trabalhar mais do triplo para adquirir o produto.

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Os atenienses têm de trabalhar mais de 39 minutos para comprar um café americano. Em segundo lugar surge Sófia, a capital de Bulgária, onde é necessário trabalhar quase 35 minutos para comprar este produto. A fechar o top três está Bucareste onde é preciso trabalhar quase 34 minutos.

A fechar o top cinco das capitais onde é preciso trabalhar mais tempo para comprar um café americano está Praga e Budapeste, onde são precisos quase 29 e 27 minutos de trabalho, respetivamente.

Já os lisboetas têm que trabalhar 23 minutos para comprar um café americano no Starbucks.

Do outro lado da moeda, é em Amesterdão, Madrid e Cardiff que se têm que trabalhar menos tempo para conseguir comprar um americano. Em Amesterdão, com um salário médio mensal (3.771 euros) e o produto a custar 4,05 euros, precisa-se trabalhar 8 minutos e 57 segundos.

No caso de Madrid, precisam trabalhar 10 minutos e 28 segundos para comprar a bebida que custa 3,90 euros, com o salário médio a ser fixado em 1.964 euros. Já em Cardiff é preciso trabalhar 10 minutos e 43 segundos para comprar o café que custa 3,80 euros, tendo por base um rendimento médio mensal de 3.361 euros.

Estocolmo e Belfast fecham o top cinco, com os moradores a precisarem de trabalhar 11 e quase 12 minutos, respetivamente para beber o café.

No caso de Estocolmo, os moradores precisam trabalhar onze minutos para comprar um americano que custa 4,18 euros, com o salário médio a ser fixado em 3,523 euros. Na capital da Irlanda do Norte são precisos quase 12 minutos de trabalho para comprar um americano que custa 4,25 euros, com o ordenado médio mensal a rondar os 3,367 euros.

Compra quantos cafés com salário médio mensal?

Os dados, recolhidos entre 21 a 28 de abril deste ano, mostram que um salário médio mensal permite comprar 931 copos de café americano na Starbucks em Amesterdão, 885 em Cardiff e 843 em Estocolmo. Por outro lado, em Bucareste, Bratislava e Atenas dá para beber apenas 299, 270 e 263 americanos, respetivamente.

Com um salário médio de 1.342 euros e o produto a custar 3,20 euros, os portugueses podem comprar 419 cafés americanos.

E onde é mais barato comprar um café? A análise mostra que é em Budapeste (3,29 euros), Roma (3 euros), Valeta (3 euros), Lisboa (3,20 euros) e Sófia (3,43 euros) que a bebida é mais acessível.

Por outro lado, as cidades europeias mais caras para beber um café americano são Copenhaga (5,50 euros), Bruxelas (5 euros), Luxemburgo (5 euros), Londres (4,66 euros) e Paris (4,25 euros).

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Ministro diz que agricultura é prioridade estratégica e defende reforço de apoios da UE

  • Lusa
  • 7 Junho 2025

Comissão Europeia apresentou recentemente um pacote legislativo para simplificar a PAC, esperando que seja ratificado em breve pelo Parlamento e pelo Conselho Europeus.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, afirmou hoje que o setor é uma prioridade estratégica para o Governo e defendeu uma atualização da Política Agrícola Comum, alertando que o atual modelo tem de ser simplificado e reforçado.

“A agricultura para nós é estratégica, é estruturante, é comida no prato, segurança alimentar, coesão, competitividade, investigação e inovação”, afirmou o governante, à margem de uma visita à Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, onde esteve acompanhado pelo comissário europeu da Agricultura, Christophe Hansen.

O ministro destacou o trabalho que o Governo tem vindo a desenvolver na área, nomeadamente o reforço do rendimento dos agricultores, o apoio à renovação geracional e o lançamento do projeto “Água que Une”, referindo ainda que o défice agroalimentar português foi reduzido em mais de 400 milhões de euros em 2024.

Questionado sobre a Política Agrícola Comum (PAC), o governante referiu que é um instrumento essencial para garantir práticas agrícolas mais sustentáveis, mas alertou para a necessidade de aumentar os montantes disponíveis e de desburocratizar os processos. “O agricultor não pode estar no campo e, ao mesmo tempo, preencher papéis todos os dias”, afirmou.

José Manuel Fernandes alertou igualmente para a necessidade de garantir o acesso generalizado a vacinas e produtos fitofarmacêuticos, referindo que apenas dois Estados-membros dispõem atualmente de laboratórios para produção de vacinas contra pragas e doenças.

“Temos novas pragas e doenças. Mas é essencial que as vacinas estejam disponíveis para todos os Estados-membros. Se esses laboratórios ficarem com as vacinas para os seus agricultores, haverá uma destruição do mercado”, avisou.

O ministro defendeu ainda o reforço da política de seguros agrícolas, alertando para as desigualdades entre os Estados-membros no acesso a instrumentos como os seguros contra intempéries.

“É importante que os seguros destinados às intempéries estejam disponíveis para todos os Estados-membros em condições semelhantes, para não termos um agricultor de um Estado-membro com acesso a um seguro e outro que não tenha”, acrescentou.

Ainda sobre a revisão da PAC, o ministro reiterou que “o que funciona bem não deve ser destruído”, considerando que o modelo tem sido “um grande sucesso”, apesar de admitir melhorias.

Já o comissário europeu da Agricultura, Christophe Hansen, sublinhou que a agricultura europeia enfrenta pressões crescentes, desde a mudança climática até ao impacto da guerra na Ucrânia, passando ainda pelas tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. “A produtividade tem de voltar ao centro da política agrícola”, defendeu.

O comissário lembrou que a Comissão Europeia apresentou recentemente um pacote legislativo para simplificar a PAC, esperando que seja ratificado em breve pelo Parlamento e pelo Conselho Europeus.

“Queremos aplicar estas medidas já no próximo ano”, afirmou, lembrando que a União Europeia tem uma lacuna de financiamento no setor agrícola na ordem dos 62 mil milhões de euros.

Para o responsável, é essencial garantir condições atrativas para os jovens entrarem no setor agrícola, através de educação, estabilidade política e financiamento.

“A segurança alimentar e a soberania alimentar não são garantidas, temos de investir na geração futura”, defendeu.

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Portugal e Espanha instam França a fixar “prazos concretos” para acelerar interligações eléctricas

  • Lusa
  • 7 Junho 2025

O apagão "sem precedentes" que afetou toda a Península Ibérica no dia 28 de abril veio sublinhar a necessidade de se reforçarem as infraestruturas de interconexão.

Portugal e Espanha instaram o governo francês a fixar “prazos concretos e compromissos vinculativos” sobre os corredores de interconexão elétrica entre a Península Ibérica e França, propondo a realização de uma reunião dos ministros da Energia este ano.

O apelo surge numa carta remetida pela vice-presidente e ministra para a Transição Ecológica de Espanha, Sara Aagesen, e pela ministra do Ambiente e Energia de Portugal, Maria da Graça Carvalho, ao seu homólogo francês, Marc Ferracci, que tutela a pasta da Indústria e Energia. A carta, citada pela Efe, foi divulgada hoje pelo gabinete de Sara Aagesen, segundo adianta a agência.

O apagão “sem precedentes” que afetou toda a Península Ibérica no dia 28 de abril veio sublinhar a necessidade de se reforçarem as infraestruturas de interconexão, assim como a relevância da conectividade transfronteiriça, “uma prioridade” não apenas para os três países em causa, mas para o conjunto da União Europeia, refere o texto.

O incidente energético, adianta a missiva, exige uma ação tanto ao nível técnico como político.

Embora se tenham registado progressos nos últimos anos, as ministras sublinham que a Península Ibérica continua a ser “uma ilha energética” e que os níveis de interconexão continuam abaixo das metas da União Europeia, de 10% e 15% previstas para 2020 e 2030, respetivamente. Atualmente estes níveis estão nos 3%.

Além de incidentes específicos como o que aconteceu no passado dia 28 de abril, a melhoria das interligações irá ter um impacto positivo nos objetivos de descarbonização, convergência de preços e estabilidade do fornecimento, promovendo ainda a coesão ente os vários Estados-membros, aponta a carta.

Sara Aagesen e Maria da Graça Carvalho lamentam que duas das interligações entre Espanha e França — Aragão-Pirinéus Atlânticos e Navarra-Landes — tenham sido excluídas do plano de desenvolvimento da rede elétrica francesa 2025-2035, apesar de a UE as ter considerado de interesse geral.

Ma missiva, as duas governantes lembram que o presidente do governo espanhol Pedro Sánchez, manifestou ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, preocupação sobre o tema, tendo Macron respondido que estão em curso estudos técnicos, sublinhando que se trata de uma questão “sensível” para as comunidades locais de ambos os lados dos Pirinéus.

Por todas estas razões, as governantes instam França a participar numa reunião ministerial, a realizar durante este ano, para que os três países e a Comissão Europeia possam definir um roteiro com “marcos e passos concretos” que permitam atingir os objetivos europeus.

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O que esperar da Conferência dos Oceanos? Dos “compromissos concretos” ao “exemplo” de Portugal

A terceira Conferência dos Oceanos (UNOC3) tem o pontapé de partida oficial no dia 9 de junho. Saiba quais serão os destaques e em que consistirá a participação de Portugal.

Tratado do Alto Mar, Pacto para os Oceanos e Plano de Ação de Nice para os Oceanos. Estes são três dos acordos-chave que vão estar em cima da mesa da terceira Conferência dos Oceanos das Nações Unidas. Os participantes da parte de Portugal, desde o Governo às organizações ambientais, passando pelas empresas, esperam sobretudo compromissos concretos e que Portugal possa assumir-se como um exemplo a seguir.

A 3.ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas (UNOC3) vai decorrer em Nice, de dia 9 a 13 de junho, e reúne representantes dos governos, setor privado, comunidade científica, comunidades costeiras e povos indígenas, para serem discutidos compromissos em torno do oceano. No final, espera-se a adoção do “Plano de Ação de Nice para o Oceano”, um documento político não vinculativo, adotado por consenso, que refletirá a posição dos Estados-membros sobre temas como biodiversidade, poluição, financiamento e governança.

Uma UNOC, que só acontece de três em três anos, traz uma energia tão grande à agenda dos oceanos que faz com que uma série de coisas se desbloqueiem”, acredita o presidente executivo (CEO) da Fundação Oceano Azul, Tiago Pitta e Cunha, que estará presente no evento.

Outro dos destaques do evento será a apresentação, por parte da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do Pacto Europeu para o Oceano. O objetivo deste pacto, anunciado em janeiro – quando foram pedidos contributos das partes interessadas – é promover “uma economia azul competitiva e sustentável”, um oceano resiliente e produtivo, assim como criar uma agenda de inovação, investigação e investimento neste universo. A líder da Comissão discursa às 10h15 de Nice, na segunda-feira, e espera-se o lançamento formal do pacto, cujo conteúdo foi divulgado no final desta semana.

Sobre o tema da Economia Azul e Finanças vai existir ainda um evento paralelo, e em antecipação, ao longo dos dias 7 e 8 de junho, no qual vão ser discutidas soluções de investimento e financiamento. Nele vão estar presentes e discursar personalidades como Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, Emmanuel Macron, presidente francês, Pascal Lamy, coordenador do Instituto Jacques Delors e também o português José Soares dos Santos, fundador e presidente da Fundação Oceano Azul.

Em paralelo, ao longo da semana os holofotes vão incidir sobre o chamado “Tratado do Alto Mar”, que se apresenta também pela sigla BBNJ, referente a “Acordo sobre a Biodiversidade Marinha em Áreas Além da Jurisdição Nacional”. Portugal foi um dos signatários mais recentes entre os 29 países que já o ratificaram, e que incluem também França, o país anfitrião da conferência. São, contudo, necessárias 60 ratificações para a sua entrada em vigor. O tratado pretende que se possam criar Áreas Marinhas Protegidas nas zonas mais remotas, para lá das zonas económicas exclusivas dos países.

A associação ambientalista Zero espera ainda que a Conferência sirva de ocasião para rever as Contribuições Nacionalmente Determinadas, que são no fundo as ações climáticas a que os países se propõem no âmbito do Acordo de Paris. A ideia é que estas sejam adaptadas de forma a terem em conta o papel do oceano. “A iniciativa assume particular relevância no caminho para a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre o Clima), que terá lugar este ano no Brasil”, indica a Zero.

Sucesso mede-se por compromissos concretos

Para o Governo português, uma Conferência dos Oceanos bem-sucedida será aquela que reforça a ambição e acelera a ação coletiva, promovendo compromissos concretos em matéria de conservação marinha, financiamentos sustentáveis, proteção do alto-mar, governação integrada dos ecossistemas oceânicos e cooperação científica entre países”, indica o gabinete de Maria da Graça Carvalho.

Na mesma linha, Rúben Eiras, secretário-geral da entidade gestora do cluster da economia azul em Portugal, o Fórum Oceano, considera desejável “um foco na implementação de soluções práticas, viáveis, que resolvam problemas concretos (mesmo parcialmente), em vez de crónicas lamentações apocalípticas ou de centralização das atenções em soluções fundamentalistas que depois serão desmontadas num ciclo político diferente”.

O mesmo considera que faz falta uma aliança de países que acordem entre si corredores verdes para uma percentagem do transporte marítimo de mercadorias e contentores, ou seja, para navios de carga que usem soluções energéticas de baixo carbono. No que diz respeito ao financiamento, afirma que é tempo de revisitar as metas e definir objetivos realistas faseados para o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, que pretende “conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos”.

Para a Project & Policy Officer da Zero, Joana Soares, uma conferência bem-sucedida seria “aquela capaz de impulsionar compromissos concretos e vinculativos, dando origem a um calendário claro de ações para proteger o oceano”. As decisões “estruturantes” que os Estados devem deixar de adiar, do ponto de vista da Zero, são o cumprimento das metas de proteção do oceano até 2030 – de ter pelo menos 10% sob proteção estrita, como ponto de partida – a par da criação de mecanismos para uma “governação mais coerente e eficaz do espaço marinho”.

Joana Soares conta ainda que se enfrentem os principais bloqueios, sendo eles o subfinanciamento crónico (ou o mau uso dos recursos disponíveis) a falta de articulação entre políticas e setores, e a exclusão de quem vive e trabalha com o oceano das mesas de negociação.

A diretora de Conservação e Políticas da WWF Portugal, Catarina Grilo, sublinha que “os verdadeiros avanços surgirão sob a forma de anúncios e compromissos voluntários, como novos financiamentos para implementação de compromissos, criação ou expansão de áreas marinhas protegidas, e colaborações entre setores”. E fala também da necessidade de concretude. Para a associação, será chave a adoção de um Plano de Ação de Nice com metas claras e prazos rigorosos, o compromisso de proteção de 30% do oceano até 2030, a eliminação de subsídios à pesca que incentivem práticas insustentáveis (redirecionando esses recursos para práticas de pesca justas e com baixo impacto), o apoio ao restauro de ecossistemas marinhos e, finalmente, garantir “financiamento substancial”, tanto público quanto privado, para a implementação destas metas e ações. Por fim, pede mecanismos de monitorização e prestação de contas, de forma a assegurar o cumprimento.

Nós temos esperança que esta Cimeira dos Oceanos seja aquilo que faça entrar em vigor o Tratado do Alto Mar”, acrescenta Tiago Pitta e Cunha. O mesmo conta que a cimeira dê o impulso necessário para que 60 nações necessárias para viabilizar o tratado o ratifiquem. Embora no espaço de uma semana seja difícil reunir as ratificações que faltam, uma vez que se trata de um processo muito burocrático, espera que sejam pelo menos feitos compromissos nesse sentido, que se concretizem até ao final deste ano. Já Rúben Eiras alerta para “um percurso muito difícil, devido ao deslaçamento dos EUA sobre o tema”.

Em oposição, uma derrota, para a Zero, será trazer-se “mais uma coleção de declarações bem-intencionadas, mas vazias de ação”. A WWF reitera: “Uma verdadeira derrota seria a continuidade de compromissos vazios”.

Portugal “confortável” mas há mais a fazer

Portugal levará a esta conferência a mensagem de que a proteção do oceano é uma prioridade estratégica, tanto do ponto de vista ambiental como económico“, afirma o ministério do Ambiente. O mesmo gabinete confirma que da parte do Governo, vão estar presentes o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, o ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Ferreira Fernandes, e o secretário de Estado das Pescas e do Mar, Salvador Malheiro.

Portugal está neste momento numa posição extremamente confortável, porque o nosso país leva três grandes trunfos a esta conferência”, indica Tiago Pitta e Cunha, referindo-se à maior rede de áreas marinhas protegidas do Atlântico Norte e décima a nível mundial, a Blue Azores; a ratificação do Tratado do alto Mar e a lei que define uma moratória em relação à mineração submarina até 2050, de março deste ano.

O Governo destaca a preparação, já concluída, de uma proposta legislativa para a criação da área marinha protegida do Gorringe, uma área marinha com elevado valor ecológico que integra desde 2015 a Rede Natura 2000 como Zona Especial de Conservação. Esta nova classificação formal “aguarda apenas a formalização legislativa, o que poderá acontecer em breve”, indica o ministério.

Além disso, Portugal quer apresentar um novo regime legal para a criação e gestão de áreas marinhas protegidas oceânicas, que permita abranger zonas remotas, profundas e ricas em biodiversidade, como o próprio Gorringe e outras áreas da região Madeira-Tore. “Portugal reafirma, assim, a sua determinação em continuar a ser um exemplo de liderança responsável na proteção do oceano“, conclui o ministério.

A criação de uma nova área marinha protegida, na cadeia montanhosa submarina do Gorringe, é precisamente um dos pontos em que Tiago Pitta e Cunha esperava ver o Governo avançar. Contudo, espera que o país não fique por aqui.

O presidente da Fundação Oceano Azul espera ainda que Portugal possa promover uma coligação de Estados “que não fiquem à espera dos consensos das Nações Unidas”, e que possam avançar mais aceleradamente numa espécie de aliança de países para o futuro azul, puxando não só pela agenda multilateral mas também destacando-se pela ação a nível nacional.

Ao nível nacional, a Zero espera que o país não só convide outros a assumirem compromissos semelhantes aos que tem vindo a assumir – nomeadamente a ratificação do tratado BBNJ e a moratória à mineração em mar profundo –, mas também que continue a avançar com ações concretas “dentro de casa”. A associação ambientalista espera que o país apresente um plano para implementar “uma rede eficaz” de Áreas Marinhas Protegidas, com instrumentos de gestão e fiscalização.

A WWF também conta com este avanço, e acrescenta a necessidade de ser apontado o financiamento adequado. Ao mesmo tempo, entende que Portugal “pode e deve” apelar à adoção de Áreas de Emissões Controladas (ECAs) em rotas marítimas, contribuindo assim para a redução da poluição, a proteção do oceano e a saúde pública. Por fim, Catarina Grilo espera que o país lusitano promova o fim dos subsídios à pesca prejudiciais e reforce a governança marinha baseada em ciência e na participação das comunidades, além de investir no restauro de ecossistemas marinhos.

Empresas portuguesas também dão cartas

No dia 12 de Junho, terá palco na conferência uma sessão de apresentação do ecossistema de economia azul português, no stand Startup Reef, da iniciativa 1000 Ocean Startups das Nações Unidas. A sessão consiste numa sessão de pitch de 11 startups e de dois fundos de investimento portugueses “que estão na vanguarda do desenvolvimento da economia azul sustentável e lucrativa”, afirma o presidente do Fórum Oceano, Rúben Eiras. Entre as startups e pequenas e médias empresas vão estar presentes contam-se a Seantia, OLSPS, A4F, Oceano Fresco, Seamoretech, Bluemater, Saltyco, 1st Energy Portugal, Gazelle Wind Power, Smart Fisher e Cell4Food. Os fundos de investimento referidos são a Indico Capital Partners e a Faber.

Esta promoção do ecossistema de economia azul português enquadra-se na internacionalização do projeto “Rede Hub Azul” do Plano de Recuperação e Resiliência, gerido pelo Fórum Oceano. O objetivo central destas iniciativas é consolidar o ecossistema azul português como um setor a arrancar, posicionando Portugal “na rota principal dos fundos de equity azuis, para que mais empresas também se venham a fixar no país“, indica Rúben Eiras. “É um trabalho que exige muita precisão e consistência para conseguir ter credibilidade junto dos investidores num panorama cada vez mais impactado pelo risco derivado da incerteza geopolítica”, admite.

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Orçamento do Benfica para 2025/26 chumbado com 73,80% de votos contra

  • Lusa
  • 7 Junho 2025

A reprovação do orçamento faz subir de tom a contestação à atual direção de Rui Costa. As eleições do Benfica estão marcadas para o dia 25 de outubro.

O orçamento do Benfica para a temporada 2025/26 foi hoje chumbado em assembleia-geral (AG), com 73,80% dos associados presentes a votar contra o documento, informou hoje o clube da I Liga portuguesa de futebol.

No pavilhão n.º2 do Estádio da Luz, em Lisboa, 1.056 sócios das ‘águias’ estiveram na AG, com 73,80% de votos desfavoráveis e 26,20% de votos favoráveis, num documento que previa um resultado positivo na ordem dos 5,5 milhões de euros.

No último ano, o orçamento para 2024/25 tinha recebido 47,61% de votos a favor, contra 43,2% de votos contra, quando os estatutos dos ‘encarnados’ dizem que as deliberações “são tomadas por maioria absoluta dos votos dos sócios presentes”.

A reprovação do orçamento faz subir de tom a contestação à atual direção de Rui Costa, em ano de eleições, que já conta com três candidaturas oficializadas para esse escrutínio: João Noronha Lopes, Cristóvão Carvalho e João Diogo Manteigas.

O presidente do Benfica, Rui Costa, afirmou hoje que só vai comunicar a decisão de avançar ou não às eleições dos ‘encarnados’ depois do Mundial de clubes e antes do arranque da nova época.

As eleições do Benfica estão marcadas para o dia 25 de outubro.

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Lula garante que acordo UE-Mercosul não prejudicará produtores franceses

  • Lusa
  • 7 Junho 2025

Acordo entre a UE e o Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) "tem de ser coletivo", não é apenas "um acordo unilateral entre a França e o Brasil", diz Lula.

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, garantiu hoje que o acordo do Mercosul com a União Europeia (UE), que envolve 31 países e não apenas a França e o Brasil, não pretende “prejudicar os produtores franceses”.

“Não quero que um produtor brasileiro prejudique um produtor francês. Eu quero que a gente se encontre e veja onde é que está o problema. Não é ideológico, é simplesmente económico. E vamos discutir para ver o que a gente pode fazer. Estou convencido que até eu deixar a presidência do Mercosul (em dezembro), vamos ter esse acordo assinado“, afirmou Lula da Silva numa conferência de imprensa em Paris.

Segundo o líder brasileiro, o Parlamento Europeu deverá aprovar o acordo, porém o acordo entre a UE e o Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) “tem de ser coletivo”, não é apenas “um acordo unilateral entre a França e o Brasil”, já que o Presidente francês, Emmanuel Macron, tem reiterado as suas críticas ao atual texto do acordo, por representar um risco para a agricultura dos países europeus.

“Há uma necessidade política na França de vender a ideia de que se houver um acordo entre a UE e o Mercosul, a agricultura francesa e a europeia vão ter prejuízo, porque eles não conseguem competir com o agronegócio brasileiro”, acrescentou, defendendo uma “complementaridade” entre as agriculturas dos dois países.

Lula voltou a rebater esta perspetiva afirmando que Macron “se queixa de um acordo que foi feito pelo Governo brasileiro anterior”, que nem o seu próprio Governo aceitou, por essa razão foram feitas mudanças.

“Não queremos prejudicar o produtor francês. Eu não quero prejudicar. Não está na minha cabeça que a gente faça um acordo para matar o pequeno e médio produtor francês. O que quero é os pequenos produtores franceses junto com os pequenos produtores brasileiros”, defendeu.

Os dois líderes estarão juntos em novembro na 30.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém, no coração da Amazónia brasileira.

O acordo com o bloco que integra Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai deve permitir à UE exportar mais automóveis, máquinas e bebidas espirituosas, em troca da entrada de carne, açúcar, arroz, mel ou soja sul-americanos, sendo apoiado por países como a Alemanha e a Espanha, mas contestado por vários países europeus.

Na quinta-feira, no primeiro dia da visita de Estado de Lula da Silva em Paris, a primeira em 13 anos, durante a conferência de imprensa no Eliseu com o Presidente francês, Emmanuel Macron, o Presidente brasileiro instou o homólogo francês a aceitar o acordo comercial entre a UE e o Mercosul nos seis meses da presidência brasileira deste bloco.

Lula da Silva segue agora para o Mónaco para um fórum sobre a economia marítima, antes da terceira conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos em Nice e depois a Lyon, onde visitará a sede da Interpol, cujo atual secretário-geral é pela primeira vez um brasileiro.

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O que faz um contabilista? Este livro explica às crianças

  • Rita Atalaia
  • 7 Junho 2025

Dirigido a crianças dos oito a 12 anos, o livro "Sabes o que fazem os contabilistas?" vem dar a conhecer a profissão, além de ajudar a desmistificar conceitos que giram à volta do dinheiro.

A Mónica, que está no quinto ano e é muito boa a matemática, está sempre a dizer “contas é comigo”. Um gosto pelos números que leva a sua mãe a acreditar que um dia poderá fazer o mesmo que ela: ser contabilista. “Mas, afinal, o que fazem os contabilistas?”, perguntou Mónica à mãe. Uma conversa que serve de ponto de partida para o livro “Sabes o que o que fazem os contabilistas?” que é apoiado pela Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade (APOTEC).

Este livro, que vai ser apresentado na Feira do Livro de Lisboa, este sábado, dia 7 de junho, às 15h, na Praça Amarela, pretende dar a conhecer a profissão, mas também o universo do dinheiro e da economia. É, na prática, um manual didático dirigido a crianças dos oito aos 12 anos.

Publicado pela Ideias com História, o “Sabes o que o que fazem os contabilistas?” responde a várias questões. O que é um rendimento? Gastos e investimentos são a mesma coisa? O que são os impostos e para que servem? E o que significa IRS?

O objetivo é ajudar os mais novos a desmistificar conceitos associados às finanças e à contabilidade. “Com este livro, pretende-se começar a despertar a curiosidade aos mais novos e, consequentemente, às suas famílias”, afirma Isabel Cipriano, presidente da APOTEC, que tem defendido a necessidade de se apostar na literacia financeira.

“A disciplina da literacia financeira é fundamental nas novas gerações. Confrontamo-nos várias vezes com jovens adultos, licenciados ou com mestrados que não compreendem temáticas aparentemente simples como a melhor opção para comprar um carro, quais os impostos que tem de pagar se trabalhar nas férias de verão, qual a melhor opção para investir o ‘mealheiro de Natal’, ou até mesmo o que é o IRS Jovem”, explica a responsável.

Isabel Cipriano tem defendido publicamente a introdução da disciplina de Literacia Financeira no currículo escolar, em particular a partir do ensino secundário. É também co-autora do livro “79 Vozes para a Literacia Financeira”, lançado em 2024, na Feira do Livro de Lisboa.

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PS defende recondução de Mário Centeno e acusa Ventura de ignorância

  • Lusa
  • 7 Junho 2025

O mandato de Mário Centeno à frente do BdP termina em 20 de julho e o governador já se mostrou disponível para continuar, mas a decisão está agora nas mãos do Governo da AD.

O PS considerou hoje que a competência do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, é reconhecida e seria necessária “muita justificação” para não ser reconduzido para um segundo mandato e acusou o líder do Chega de ignorância.

“O professor Mário Centeno é provavelmente das pessoas mais qualificadas em Portugal e seria necessária muita justificação, ou uma justificação muito plausível, para a sua não recondução”, afirmou o deputado do PS António Mendonça Mendes em declarações à agência Lusa.

Mendonça Mendes considerou que Mário Centeno — que, antes de ser nomeado governador do Banco de Portugal (BdP), em 2020, foi ministro das Finanças do PS — é “uma pessoa reconhecida pelos portugueses, e em particular pelo setor que supervisiona, como alguém muito competente, muito rigoroso e muito independente na sua função”.

“E, por isso, o professor Mário Centeno é alguém que não esconde aquilo que é o seu pensamento, mas nunca, em nenhuma circunstância, exerce o seu mandato para além daquilo que é a sua obrigação”, afirmou.

O deputado do PS, que foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais em três governos, dois dos quais integrados por Mário Centeno, reagiu ainda às declarações do líder do Chega, André Ventura, que, esta sexta-feira, pediu a audição na Assembleia da República do governador do BdP, acusando-o de ter guardado as previsões económicas para depois das eleições com o intuito de favorecer o Governo da AD, o que Mendonça Mendes considerou ignorância.

“A ignorância é muito atrevida”, considerou o deputado do PS, que salientou que o BdP é uma “entidade independente e muito respeitada”, que, em 2023, 2024 e 2025, publicou sempre o seu Boletim Económico em março, junho, outubro e dezembro.

“O Banco de Portugal divulga o seu Boletim Económico nas datas que estão previamente definidas. Portanto, quem desconhece isso, naturalmente que depois se atreve a dizer coisas que não correspondem à verdade”, criticou.

O mandato de Mário Centeno à frente do BdP termina em 20 de julho e o governador já se mostrou disponível para continuar, mas a decisão está agora nas mãos do Governo da AD.

Esta sexta-feira, na conferência de imprensa em que apresentou o Boletim Económico de junho, Mário Centeno disse estar “sempre disponível para o país”, quando questionado sobre o seu futuro após o final do mandato enquanto governador do BdP.

“Eu tenho um mandato para cumprir, diria cumprido, estarei sempre disponível para o país, seja no Governo, seja no BdP, seja numa universidade a fazer o que gosto mais que é falar”, disse o governador do BdP, quando questionado sobre o seu futuro, na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de junho.

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