Moedas diz que chumbo de referendo é “derrota para esquerda radical apoiada pelo PS”

  • Lusa
  • 5 Janeiro 2025

Carlos Moedas defende a resposta moderada da Câmara ao Alojamento Local. Chumbo do referendo “é uma grande derrota para a esquerda radical apoiada pelo PS”.

O presidente da Câmara de Lisboa considerou que a decisão do Tribunal Constitucional de inviabilizar a realização de um referendo local sobre alojamento local (AL) na cidade “é uma grande derrota para a esquerda radical apoiada pelo PS”. Numa declaração escrita enviada à agência Lusa, o social-democrata Carlos Moedas destacou o trabalho do atual executivo municipal, liderado por PSD/CDS-PP, na regulação do AL na cidade de Lisboa, “com moderação e de forma equilibrada, que protege os lisboetas”, e criticou a anterior gestão do PS.

Em causa está a decisão do Tribunal Constitucional sobre a proposta de um referendo sobre o AL em Lisboa, em que deliberou “não dar por verificada a legalidade” desta iniciativa popular devido à ausência de “um controlo efetivo das assinaturas” necessárias neste âmbito, à falta de um parecer do presidente da Câmara de Lisboa sobre o assunto e por considerar que as perguntas formuladas, inclusive quanto à proibição de estabelecimentos deste tipo em imóveis destinados a habitação, “são inequivocamente desconformes com o quadro legal”.

Para o presidente da Câmara de Lisboa, esta é uma derrota para “os mesmos que expulsaram lisboetas da cidade nos últimos 14 anos”. O AL, indicou, “passou de 500 unidades em 2011 para 18 mil em 2018”. “São os que agora criticam o atual executivo por estar a regular o mercado, com regras claras, protegendo zonas da cidade que já não precisam de mais AL, mas dando liberdade e oportunidades para que outras zonas e mais famílias possam crescer e viver também deste negócio”, declarou.

Moedas destacou o papel do seu executivo na fiscalização do setor e sublinhou que foram canceladas 250 licenças nos últimos três anos. “Hoje em Lisboa não pode haver AL a partir de 2,5 unidades por cada 100 unidades de alojamento habitacional. É uma barreira relativa e, depois, absoluta a partir de 5%. Isso dá a garantia a todas as freguesias de que, se tiverem mais de 5% de AL na freguesia, não terão mais AL”, explicou a câmara municipal, sem referir que esses rácios entre o número de estabelecimentos de AL e o número de fogos habitacionais existentes estão em vigor por proposta do PS relativa à “suspensão imediata” de novas licenças de AL na cidade.

Além disso, existe uma área de contenção absoluta única, à escala do concelho, quando se verifica um rácio “igual ou superior a 5%”, que se aplica atualmente por a cidade, no seu todo, registar um rácio de 7,2%. “Enquanto não estivermos abaixo desses 5% ou nesses 5%, não há mais AL. […] Neste momento, o que está em vigor é uma suspensão e, portanto, não há mais AL em Lisboa”, reforçou o município.

Ao contrário da última decisão de suspender novas licenças de AL, em outubro de 2024, aprovada por unanimidade na Câmara de Lisboa, a liderança PSD/CDS-PP sempre votou contra as propostas da oposição para suspender novos registos nas freguesias mais afetadas.

Em 03 de dezembro, a assembleia municipal (AML) aprovou a conversão de uma iniciativa popular para um referendo local sobre AL, com votos a favor de PS, BE, PEV, PAN, Livre e dois deputados não inscritos (Cidadãos por Lisboa, eleitos pela coligação PS/Livre), os votos contra de PSD, CDS-PP, IL, PPM, Aliança, Chega e de uma deputada não inscrita (que se desfiliou do CDS-PP), e as abstenções de PCP e MPT.

Na semana seguinte, a presidente da AML, Rosário Farmhouse (PS), submeteu ao Tribunal Constitucional a deliberação quanto à realização do referendo por iniciativa popular, com as listas de assinaturas dos cidadãos subscritores, que incluem dois lotes, apresentados em momentos diferentes, tendo o último sido entregue para “sanar eventuais vícios” do primeiro.

Promovida pelo Movimento Referendo pela Habitação, a iniciativa popular propunha duas perguntas: “Concorda em alterar o Regulamento Municipal do Alojamento Local no sentido de a Câmara Municipal de Lisboa, no prazo de 180 dias, ordenar o cancelamento dos alojamentos locais registados em imóveis destinados a habitação? Concorda em alterar o Regulamento Municipal do Alojamento Local para que deixem de ser permitidos alojamentos locais em imóveis destinados a habitação?”.

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André Ventura vai ser candidato a Presidente da República

  • Lusa
  • 4 Janeiro 2025

O líder do Chega, André Ventura, anunciou, através de uma carta enviada aos deputados, que vai ser candidato a Presidente da República em nome do partido.

O líder do Chega, André Ventura, anunciou este sábado, através de uma carta enviada aos deputados, que vai ser candidato a Presidente da República em nome do partido.

De acordo com esta carta, noticiado em primeira mão pela SIC Notícias, Ventura pede aos deputados “o maior sigilo sobre a situação”, referindo que vai anunciar esta candidatura em 28 de fevereiro, às 20h00, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.

As razões são diversas, mas prendem-se essencialmente com a necessidade de termos uma candidatura que represente o espaço da Direita anticorrupção e anti-imigração sem confusão com os políticos que toda a vida defenderam o contrário e agora se pretendem apropriar do nosso espaço político“, pode ler-se na mesma carta.

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Google paga 67 milhões para usar conteúdo de comunicação social canadiana

  • Lusa
  • 4 Janeiro 2025

A Google pagou mais de 67 milhões de euros aos meios de comunicação social do Canadá para utilizar os seus conteúdos, no âmbito de um acordo com o governo canadiano.

A Google pagou 100 milhões de dólares canadianos (mais de 67 milhões de euros) aos meios de comunicação social do Canadá para utilizar os seus conteúdos, no âmbito de um acordo com o governo canadiano.

Em novembro, o Canadian Competition Bureau iniciou um processo contra a Google, decidindo que o maior fornecedor de tecnologia de publicidade na Internet do Canadá tinha abusado da sua posição dominante ao adotar “um comportamento destinado a assegurar a manutenção e consolidação do seu poder comercial”.

Os fundos foram pagos ao Canadian Journalism Collective, uma organização sem fins lucrativos criada especificamente para gerir a distribuição deste dinheiro, confirmou um porta-voz do Google à AFP.

A gigante digital pretende continuar a cumprir os compromissos assumidos neste acordo, que prevê um novo pagamento no final de 2025, acrescentou o porta-voz.

Paul Deegan, presidente da News Media Canada, uma organização que representa centenas de editores, saudou este acordo, que oferece uma remuneração “muito superior” à que tem sido obtida noutros lugares, com cada meio de comunicação a poder esperar obter 20 mil dólares canadianos por jornalista.

O grupo californiano está atualmente perante os tribunais dos Estados Unidos, sendo que as práticas publicitárias do Google também são objeto de investigações ou processos no Reino Unido e na União Europeia.

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CEO da BP foi demitido em 2023 por causa de relações pessoais com quadros da petrolífera

Em 2023, o CEO da BP demitiu-se depois de reconhecer que não tinha sido transparente sobre relações pessoais com quadros da companhia. Agora, é o CEO da Galp sob investigação interna.

Em maio de 2022, a petrolífera BP recebeu denúncias anónimas sobre relacionamentos do CEO, Bernard Looney, com colegas de trabalho, a investigação interna correu os seus trâmites sem consequências, mas no dia 13 de setembro de 2023, o gestor acabou por demitir-se com efeitos imediatos do gigante petrolífero após novas informações sobre relações amorosas e a confissão, do próprio, de que não teria sido “totalmente transparente” sobre o que tinha comunicado à companhia. Este é, talvez, o caso mais mediático do mundo empresarial em tempos recentes e que levou à demissão do próprio CEO.

Como o ECO revelou em exclusivo, a Comissão de Ética e Conduta da Galp Energia está a investigar uma denúncia relativa ao presidente executivo Filipe Silva. Estarão em análise alegados conflitos de interesse por causa de um relacionamento próximo e pessoal, mantido em segredo, com uma diretora de topo da companhia que depende hierarquicamente do gestor. “Sim, tive conhecimento da denúncia, mas não conheço o teor da mesma e assim que tiver conhecimento dela apenas a discutirei com a Comissão de Ética“, afirmou Filipe Silva em resposta por escrito ao ECO, sem dar quaisquer outros pormenores.

Os temas de conflitos de interesse são, cada vez mais, presentes e exigidos nas empresas, particularmente nas empresas cotadas, obrigadas hoje por razões de compliance, a terem códigos de ética e conduta que determinam os passos a dar em caso de potencial conflito de interesse. E que abrangem todos os trabalhadores, incluindo todos os membros do Conselho de Administração, como o presidente do conselho e o Chief Executive Officer (CEO). Como reconhecia, em resposta por escrito ao ECO, a presidente do conselho de administração da Galp, Paula Amorim. “A Presidente do Conselho de Administração reitera o compromisso da Galp no cumprimento do Código de Ética e Conduta, atuando por isso, sempre que aplicável e nos termos das disposições legais e estatutárias”.

Em 2019, foi o CEO da Mcdonalds, Steve Easterbrook, a ser despedido por ter tido relações íntimas com uma trabalhadora do grupo de distribuição alimentar. Primeiro, saiu por ter tido uma relação, não física e consensual, com uma trabalhadora, retendo milhões de dólares de prémios e ações. Mais tarde, em julho de 2020, depois de outra denúncia anónima, a companhia confirmou que Easterbrook tinha mentido sobre a extensão das suas relações íntimas com uma outra trabalhadora.

Em 2016, António Horta-Osório também foi obrigado a explicar-se perante todos os trabalhadores do Lloyds Bank, depois das dúvidas suscitadas, e investigadas, sobre a utilização de fundos do banco inglês, que tinha recebido apoios dos contribuintes, para fins pessoais. As investigações mostraram que não tinha havido utilização indevida de despesas pagas pela instituição financeira a que presidia, mas o banqueiro acabou por admitir os efeitos reputacionais negativos da divulgação de informações sobre a sua vida privada, e alegações de uma relação próxima com uma antiga adjunta de Tony Blair. “A minha vida pessoal é, obviamente, uma questão privada, tal como acontece com qualquer outra pessoa. Contudo, lamento profundamente ser a causa de tanta publicidade negativa e do dano causado à reputação do grupo. Isso desviou a atenção do excelente trabalho que realizam diariamente para os nossos clientes e dos grandes feitos alcançados nos últimos cinco anos“, escreveu o banqueiro num email aos 75 mil trabalhadores. Horta Osório manteve-se em funções e cumpriu o objetivo principal: Devolver aos contribuintes ingleses a totalidade do dinheiro que tinham investido no banco, para o salvar da bancarrota.

O caso da Galp Energia, ainda sob investigação interna, resulta de uma denúncia anónima, feita à Comissão de Ética e Conduta da companhia, órgão independente que reporta a sua atuação ao Conselho Fiscal. É o Código de Ética e Conduta a definir os termos da própria Comissão: “A Comissão de Ética e Conduta constitui a estrutura interna que, com independência e imparcialidade, é responsável pelo acompanhamento da aplicação e interpretação do código, nos termos definidos em norma internas”.

O que diz o Código de Conduta da Galp Energia? Identifica, primeiro, o que são conflitos de interesse: “Um conflito de interesses surge quando os nossos interesses pessoais, sejam eles financeiros, profissionais, familiares, políticos ou outros, ou os interesses de alguém com quem temos um relacionamento próximo, influenciam ou podem ser percecionados como influenciadores do exercício objetivo dos nossos deveres e responsabilidades profissionais”.

No Código de Ética e Conduta da Galp, não há nenhuma referência explícita a situações de relacionamentos próximos e pessoais, sendo omissos sobre a comunicação e participação de situações como a de uma relação afetiva, mas há um ponto explícito sobre conflitos de interesse:

  • “Reconhecemos situações que podem originar conflitos de interesses. A Galp dispõe de normas, procedimentos e mecanismos que visam a prevenção, deteção e tratamento de conflitos que possam surgir entre os interesses particulares das pessoas da Galp, em benefício próprio ou de terceiros, e o cumprimento das suas funções na Galp. As pessoas da Galp têm a obrigação de reconhecer quando estejam, possam vir a estar ou possam ser percecionados como estando perante uma situação que configure conflito de interesses. Nas circunstâncias em que identifiquem estar perante um conflito de interesses, devem reportar através da plataforma existente para o efeito, por forma a que sejam tomadas as medidas que permitam eliminar ou gerir tais conflitos…”

É neste quadro que a Comissão de Ética da Galp está a investigar o caso, resultado de uma denúncia anónima. As mesmas fontes revelam ao ECO que Filipe Silva não terá comunicado este relacionamento pessoal à comissão e, de acordo com a denúncia apresentada, serão identificadas dúvidas sobre “a integridade das decisões tomadas” pelo gestor, disse uma fonte conhecedora do processo ao ECO.

A Galp, refira-se, tem uma linha dedicada ao reporte interno. A OpenGalp é a linha de ética da Galp que pode ser usada para “Comunicar eventuais desvios ao código”, “Reportar suspeitas de irregularidades” e “Reportar outro tipo de comportamentos que, não estando especificados no presente código, possam de igual forma colocar em causa a boa imagem, reputação, idoneidade e património da Galp”, lê-se no site da petrolífera.

(Notícia atualizada com informação sobre o CEO da Mcdonalds, Steve Easterbrook.

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Ciberriscos e ciberameaça: saiba se é vulnerável e como se proteger

  • SegurosPME
  • 4 Janeiro 2025

No mundo digital, as empresas portuguesas estão sob ataque. Cibercrimes com inteligência artificial ameaçam organizações. A sobrevivência exige preparação e conhecimento tecnológico.

A sobrevivência depende de conhecimento, preparação e resiliência tecnológica.

A emergência e difusão da inteligência artificial (IA) generativa constitui um fator que contribui para o aumento dos ciberriscos. As empresas enfrentam, por isso, um desafio crescente, quer devido às ameaças que sobre elas impendem, quer em resultado da exigência da regulação desenhada para lhes fazer face.

A forma mais comum de ciberataque tem sido o ransomware, tipicamente com motivações económicas. O ransomware consiste no impedimento ao acesso dos respetivos dados pela vítima, até que esta pague um resgate. Os ataques de ransomware representaram, no ano de 2023, cerca de 70% do total de ciberataques reportados, ao nível mundial.

A implementação de contramedidas no âmbito ciber, assim como o aumento da resiliência das organizações, por via dos planos de continuidade de negócio, leva a que os ataques de ransomware tendam agora a visar empresas de maior dimensão, capazes de pagar montantes superiores, ou cujos dados de clientes sejam mais sensíveis. O setor financeiro destaca-se, neste âmbito, entre os principais visados.

No âmbito dos ciberataques, verifica-se também o recurso à engenharia social e à manipulação da informação, entre os métodos mais utilizados. Tal ocorre em paralelo com abundância de informação pessoal sobre potenciais alvos, no ciberespaço, o que favorece a criação de cenários credíveis – alguns deles explorando as vulnerabilidades psicológicas dos indivíduos, manipulando-os -, que facilitam os intentos dos criminosos.

A inteligência artificial generativa favorece uma maior complexidade do contexto da ameaça, pela sua capacidade de criar textos e imagens capazes de iludir os alvos. Ao ponto dos deepfakes serem passíveis de serem utilizados em fraude com dados biométricos para acesso indevido a contas e equipamentos. Por outro lado, a crescente acessibilidade das ferramentas de inteligência artificial generativa conduz a uma maior proliferação de ataques com recurso às mesmas.

A interconectividade e interdependência torna as economias vulneráveis a ataques que visem os seus nós críticos.

Neste quadro, a relação existente entre as empresas e fornecedores, designadamente de software, é passível de constituir uma vulnerabilidade. O incidente ocorrido em julho de 2024, envolvendo a empresa Crowdstrike evidenciou esse risco, não obstante não ter havido subjacente uma intenção maliciosa.

Como se proteger

Para fazer face às ameaças neste domínio, as organizações devem:

  • Testar e rever os seus planos de resposta a ciberincidentes, de forma regular;
  • Identificar as vulnerabilidades na sua relação com fornecedores;
  • Manter e assegurar backups atuais e, não menos importante;
  • Articular os seus esforços com as autoridades. A interação direta com hackers constitui uma alternativa arriscada, pelo que se deverá procurar, na eventualidade de um incidente, o envolvimento de negociadores profissionais, a par de uma estratégia de comunicação sólida, nos planos interno e externo. Preventivamente, deverá ser promovida a sensibilização dos recursos humanos e mitigadas as vulnerabilidades existentes de caráter tecnológico.

Enquadramento regulatório

Para fazer face a este panorama, o enquadramento regulatório tem sido robustecido por um conjunto de diplomas exigentes em termos de requisitos. São disso exemplo:

  • O Digital Operational Resilience Act (DORA);
  • A Diretiva NIS2;
  • O Regulamento de Ciber-Resiliência e a Lei da UE sobre Inteligência Artificial.

O DORA constitui uma regulação comunitária de cumprimento obrigatório, que estabelece um enquadramento abrangente de gestão de risco das tecnologias de informação, destinada ao setor financeiro. Obriga estas entidades e os seus fornecedores ao cumprimento de requisitos técnicos. Os extensos detalhes de requisitos e a inflexibilidade que emana do DORA constituem desafios, que embora proporcionem robustez, aumentam a complexidade do negócio.

Por seu lado, a Diretiva NIS2 representa uma versão atualizada da diretiva de cibersegurança da UE e estabelece medidas legais abrangentes para aumentar a cibersegurança.

Já o Regulamento de Ciber-Resiliência estabelece exigências no que respeita a produtos com componentes eletrónicos e complementa a Diretiva NIS2, na medida que visa o fortalecimento da cibersegurança na UE.

Por fim, a Lei da UE sobre Inteligência Artificial (IA) tem como objetivo a promoção e o desenvolvimento seguro e ético da IA. Contudo, apresenta desafios significativos para start-ups e empresas de menor dimensão, podendo sufocá-las, devido ao excesso de regulamentação, nesta área, no que respeita aos produtos classificados como tendo maior risco.

No caso dos seguros, setor em que a inovação com recurso a IA assume especial importância nos domínios da regularização de sinistros, da deteção e combate à fraude e, em geral, na interação com clientes, os ganhos de eficiência podem vir a ser comprometidos pela legislação agora em vigor.

De qualquer modo, a cibersegurança constitui uma prioridade para as organizações e seus responsáveis de topo, designadamente no setor dos seguros. Quer por via da ameaça, quer pelo contexto regulatório, a observância das regras de cibersegurança torna-se premente para a prevenção de danos financeiros, operacionais e reputacionais.

* Artigo publicado originalmente na newsletter APS #7 “Seguros & Cidadania” em janeiro 2025.

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ECO Quiz. Remunerações, Tesla e portagens

  • Tiago Lopes
  • 4 Janeiro 2025

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. Está a par de tudo o que se passou?

A semana que agora termina ficou marcada pela notícia que deu conta da desistência de Hélder Rosalino, ex-administrador do Banco de Portugal, do cargo de secretário-geral do Governo.

A “indisponibilidade” de Rosalino para assumir o cargo de secretário-geral do Governo surge depois da polémica em torno do seu vencimento. Para poder pagar ao ex-administrador do Banco de Portugal um salário mensal de mais de 15 mil euros, o Governo foi obrigado a mudar as regras de remuneração dos quadros dirigentes da nova estrutura.

Depois desta notícia, o ECO publicou um trabalho onde analisa as várias remunerações na administração pública e nas empresas públicas.

A Tesla, fabricante de carros elétricos de Elon Musk, entregou 1,79 milhões de veículos em 2024, menos do que os 1,8 milhões do ano anterior e abaixo das estimativas dos analistas.

O fim das portagens em autoestradas do interior ou vias onde não existe alternativa entrou em vigor no dia 1, depois de aprovada no Parlamento contra a vontade dos partidos do Governo. A medida foi viabilizada em junho com ajuda dos votos favoráveis do Chega e deverá ter um impacto, em 2025, de 180 milhões de euros em perda de receita para o Estado.

O ECO publica todas as semanas um quiz que desafia a sua atenção. Tem a certeza que está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento.

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Marcelo denuncia situações na comunicação social em que culpa “morre solteira”

  • Lusa
  • 4 Janeiro 2025

O Presidente da República repetiu uma expressão que usou há um ano, e disse esperar "melhores notícias do jornalismo português" em 2025.

O Presidente da República criticou situações no setor da comunicação social em que a culpa “morre solteira”, repetindo uma expressão que usou há um ano, e disse esperar “melhores notícias do jornalismo português” em 2025. Na cerimónia de entrega dos Prémios Gazeta 2023, no Grémio Literário, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que há que “repetir palavras já ditas”, perante situações “com lastro nas condições de trabalho, na qualidade dos conteúdos produzidos, na indefinição sobre pagamentos e salários e, sobretudo, com efeitos negativos na vida de tantos e tantas jornalistas e das suas famílias“.

O chefe de Estado referiu que, se a cerimónia de há um ano foi “marcada pela situação vivida num dos grandes grupos de comunicação, o Global Media Group”, agora são “outros protagonistas, como a Visão, mas exatamente com as mesmas consequências”. “Vivem-se indefinições nestas empresas em que ninguém é responsável, não é o proprietário, não é o gestor, não é o financiador, não é ninguém com responsabilidades administrativas, em que morre solteira a culpa“, criticou.

No fim do seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu o “papel heroico” dos jornalistas e disse esperar “melhores notícias do jornalismo português” neste ano. “Eu continuo a acreditar, acreditava antes de ser Presidente, continuarei a acreditar depois de ser Presidente: a democracia como a liberdade de imprensa vencerão“, declarou o chefe de Estado, que está a um ano e dois meses do fim do seu mandato.

Nesta cerimónia, em que Maria Antónia Palla recebeu a Gazeta de Mérito, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou admiração pelo seu percurso como jornalista e defensora dos direitos das mulheres e anunciou que a irá condecorar em breve com o grau de grande oficial da Ordem da Liberdade.

Ante de discursar, o chefe de Estado ouviu outra das premiadas, Marta Vidal, distinguida com a Gazeta de Imprensa pela reportagem “A liberdade, lá em cima: os pássaros de Gaza”, publicada pelo Expresso, acusá-lo e também ao Governo e ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa de se manterem “em silêncio” perante “a aniquilação de um povo e de um território” por parte de Israel.

O Presidente da República fez questão de se dirigir diretamente a Marta Vidal, por ter sido “interpelado diretamente”, e começou por referir que “é uma realidade que Portugal não reconheceu ainda o Estado da Palestina” e que “há uma tentativa de acordo na União Europeia em que há várias posições”.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que, “não obstante, Portugal continua a achar que deve haver uma solução, que foi recusada pelo Knesset israelita há meses, mas que é a solução adotada pela comunidade internacional: dois povos, dois Estados”.

O chefe de Estado salientou também que Portugal “votou na Assembleia Geral das Nações Unidas que a Palestina passasse de membro associado a membro de pleno direito” e “votou todas as resoluções de condenação daquilo que foram atentados contra o direito humanitário cometidos por Israel em Gaza”.

Sobre Maria Antónia Palla, que iniciou a sua carreira em 1968, no Diário Popular, e passou por O Século Ilustrado, Vida Mundial, Anop, A Capital, RTP e Diário de Notícias, Marcelo Rebelo de Sousa realçou que foi a primeira mulher vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas, em 1979, e presidente da Caixa de Previdência dos Jornalistas.

“Um grande caráter, uma grande personalidade, um grande exemplo ético, uma grande democrata. Premiá-la é fazer justiça há muito devida”, elogiou.

“Ouvi recordar que o Presidente Jorge Sampaio a condecorou com a comenda de Ordem da Liberdade. Pergunto por que é que não foi condecorada com a mesma condecoração dos Capitães de Abril homens, que foi o grande oficialato? Irá ser, dentro de dias. Não pode haver discriminação entre os Capitães de Abril e quem lutou também pela liberdade”, considerou.

Os Prémios Gazeta são uma iniciativa do Clube de Jornalistas e têm o apoio da Câmara Municipal de Lisboa.

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Comissão de Ética da Galp investiga denúncia anónima sobre CEO

A comissão de ética da Galp investiga denúncia anónima sobre relacionamento do CEO, Filipe Silva, com diretora superior, que pode configurar conflito de interesse. Conclusões podem levar a demissão

A Comissão de Ética e Conduta da Galp Energia está a investigar uma denúncia relativa ao presidente executivo Filipe Silva. Estarão em análise alegados conflitos de interesse por causa de um relacionamento próximo e pessoal, mantido em segredo, com uma diretora de topo da companhia que depende hierarquicamente do gestor. “Sim, tive conhecimento da denúncia, mas não conheço o teor da mesma e assim que tiver conhecimento dela apenas a discutirei com a Comissão de Ética“, afirmou Filipe Silva em resposta por escrito ao ECO.

Administrador financeiro da Galp Energia desde 2012, ascendeu a Chief Executive Officer (CEO) em janeiro de 2023, sendo depois formalmente eleito em assembleia geral de acionistas para o mandato de quatro anos, que termina oficialmente a 31 de dezembro de 2026. Mas de acordo com uma terceira fonte contactada pelo ECO, os resultados da investigação da comissão de ética poderão mesmo ditar a demissão de Filipe Silva.

Filipe Silva confirmou ao ECO que em nenhum momento participou à Comissão de Ética qualquer relacionamento com quadros da Galp — o código de conduta assim obriga quando estão em causa potenciais conflitos de interesse –, mas garante que nenhuma relação pessoal “ameaçou a integridade das decisões da Galp“.

Já a presidente do Conselho de Administração da Galp, questionada pelo ECO também por escrito, escusou-se a comentar o caso. Questionada sobre o conhecimento da denúncia, se o CEO da Galp tinha comunicado alguma relação próxima e pessoal com uma diretora ou se esse relacionamento tinha posto em causa a integridade das decisões da comissão executiva, Paula Amorim respondeu apenas: “A Presidente do Conselho de Administração reitera o compromisso da Galp no cumprimento do Código de Ética e Conduta, atuando por isso, sempre que aplicável e nos termos das disposições legais e estatutárias”. Paula Amorim representa o grupo Amorim, principal acionista da companhia petrolífera.

A empresária salientou ainda que “a Comissão de Ética e Conduta da Galp é a estrutura interna e independente a quem cabe, designadamente, proceder à receção e tratamento de informações transmitidas ao abrigo do Procedimento de
Comunicação de Irregularidades e, quando aplicável, à instrução de eventuais processos de averiguação”.

Questionado pelo ECO sobre o caso, o presidente do Comité de Ética e Conduta não confirmou nem desmentiu a denúncia. Tito Arantes Fontes, presidente desta comissão desde junho de 2023, revela que “existem diversas denúncias anónimas, mais ainda numa multinacional como a Galp”. Assim, acrescentou, “não confirmo nem desminto a existência dessa denúncia“. O presidente da Comissão garante ao ECO que a sua função é investigar e procurar a verdade, e reportar depois ao Conselho Fiscal, de quem depende, as respetivas conclusões, em sigilo absoluto. Arantes Fontes esclareceu ainda que a Comissão não tem prazos previstos para a conclusão de investigações, mas quando estão em causa processos laborais com possíveis consequências disciplinares, a Comissão de Ética tem em conta as leis que podem ser relevantes para uma decisão.

É o Código de Ética e Conduta a definir os termos da própria Comissão: “A Comissão de Ética e Conduta constitui a estrutura interna que, com independência e imparcialidade, é responsável pelo acompanhamento da aplicação e interpretação do código, nos termos definidos em norma internas”.

O que diz o Código de Conduta da Galp Energia? Identifica, primeiro, o que são conflitos de interesse: “Um conflito de interesses surge quando os nossos interesses pessoais, sejam eles financeiros, profissionais, familiares, políticos ou outros, ou os interesses de alguém com quem temos um relacionamento próximo, influenciam ou podem ser percecionados como influenciadores do exercício objetivo dos nossos deveres e responsabilidades profissionais”.

No Código de Ética e Conduta da Galp, não há nenhuma referência explícita a situações de relacionamentos próximos e pessoais, sendo omissos sobre a comunicação e participação de situações como a de uma relação afetiva, mas há um ponto explícito sobre conflitos de interesse:

  • “Reconhecemos situações que podem originar conflitos de interesses. A Galp dispõe de normas, procedimentos e mecanismos que visam a prevenção, deteção e tratamento de conflitos que possam surgir entre os interesses particulares das pessoas da Galp, em benefício próprio ou de terceiros, e o cumprimento das suas funções na Galp. As pessoas da Galp têm a obrigação de reconhecer quando estejam, possam vir a estar ou possam ser percecionados como estando perante uma situação que configure conflito de interesses. Nas circunstâncias em que identifiquem estar perante um conflito de interesses, devem reportar através da plataforma existente para o efeito, por forma a que sejam tomadas as medidas que permitam eliminar ou gerir tais conflitos…”

É neste quadro que a Comissão de Ética da Galp está a investigar o caso, resultado de uma denúncia anónima. As mesmas fontes revelam ao ECO que Filipe Silva não terá comunicado este relacionamento pessoal à comissão e, de acordo com a denúncia apresentada, serão identificadas dúvidas sobre “a integridade das decisões tomadas” pelo gestor, disse uma fonte conhecedora do processo ao ECO.

A Galp, refira-se, tem uma linha dedicada ao reporte interno. A OpenGalp é a linha de ética da Galp que pode ser usada para “Comunicar eventuais desvios ao código”, “Reportar suspeitas de irregularidades” e “Reportar outro tipo de comportamentos que, não estando especificados no presente código, possam de igual forma colocar em causa a boa imagem, reputação, idoneidade e património da Galp”, lê-se no site da petrolífera.

O que é Comissão de Ética e Conduta?

A Comissão de Ética e Conduta da Galp é a estrutura interna e independente, com reporte ao Conselho Fiscal, responsável pela monitorização da implementação do Código de Ética e Conduta, bem como pelo esclarecimento de dúvidas acerca da sua aplicação, e por receber e tratar a informação transmitida ao abrigo do Comunicação de irregularidades – Linha de Ética relativa a alegadas irregularidades ou infrações das normas do Código de Ética e Conduta ou regulamentos e regras internas relacionadas com contabilidade, controlos contabilísticos internos, auditoria e combate contra corrupção, crime bancário e financeiro.

Galp vale mais de 11 mil milhões em bolsa

A Galp Energia, que vale mais de 11 mil milhões de euros em bolsa, lucrou 890 milhões de euros até setembro, montante que representa uma subida de 24% em relação aos mesmos nove meses do ano anterior, de acordo com o relatório submetido à CMVM, com os resultados do terceiro trimestre. Tratou-se do maior resultado de sempre da Galp neste período em específico, confirmou ao ECO fonte da empresa.

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Hospital de Loures ativa alerta laranja do plano de contingência

  • Lusa
  • 3 Janeiro 2025

A ULS Loures-Odivelas refere que o alerta se manterá pelo menos até 13 de janeiro e implica atribuir "mais médicos ao serviço de urgência geral".

A Unidade Local de Saúde (ULS) Loures-Odivelas ativou esta sexta-feira o alerta laranja do plano de contingência sazonal, o segundo mais grave, devido aos “constrangimentos verificados” na urgência do Hospital Beatriz Ângelo.

Em comunicado, a ULS refere que o alerta se manterá pelo menos até 13 de janeiro e implica atribuir “mais médicos ao serviço de urgência geral” e aumentar a “capacidade para internamento com a contratualização de soluções externas para acolhimento de utentes com alta clínica e situações de doença aguda (sem critério para internamento hospitalar)”.

A ULS Loures-Odivelas salienta “a elevada procura” pela urgência do Hospital Beatriz Ângelo, com 78% dos atendimentos em dezembro a serem triados como urgentes, tendo as infeções respiratórias assumido “um peso significativo”.

O diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Gandra D’Almeida, reconheceu hoje, em declarações aos jornalistas, dificuldades na capacidade de resposta do Beatriz Ângelo, considerando que o hospital de Loures está subdimensionado face à população abrangida.

O Hospital Beatriz Ângelo tem registado elevados tempos de espera nas urgências, sendo que esta sexta de manhã chegaram às 17 horas. Ao princípio da tarde, cerca das 14:00, os utentes com pulseira amarela (urgente) tinham pela frente um tempo de espera médio de 12 horas e 58 minutos e os doentes com pulseira laranja (muito urgente) tinham de aguardar uma hora e 18 minutos.

Reconhecendo as dificuldades do hospital, Gandra D’Almeida sublinhou que a unidade “tem tentado dar uma resposta adequada apesar da exigência muito grande que existe” na área geográfica que serve. No final do ano, a Câmara Municipal de Sintra entregou o edifício do novo Hospital de Sintra ao SNS, que irá beneficiar 400 mil utentes e que o diretor-executivo do SNS antecipa possa aliviar a pressão sobre o Beatriz Ângelo.

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Carlos Costa Neves nomeado secretário-geral do Governo

O Governo nomeou Carlos Costa Neves para ocupar o cargo de Secretário-Geral do Governo depois da desistência de Hélder Rosalino, na sequência da polémica sobre o salário.

Carlos Costa Neves, ao centro, ministro dos Assuntos Parlamentares, em 2015, à chegada para a entrega do programa do Governo na Assembleia da República.MIGUEL A. LOPES/ LUSA

O Governo nomeou Carlos Costa Neves para ocupar o cargo de secretário-geral do Governo, depois da desistência de Hélder Rosalino, de acordo com uma notícia avançada pela Sic Notícias e confirmada pelo ECO, esta sexta-feira.

Nascido em Angra do Heroísmo, nos Açores, a 16 de junho de 1954, e licenciado em Direito na Universidade de Lisboa, Carlos Costa Neves foi ministro da Agricultura, Pescas e Florestas no Governo de Pedro Santana Lopes, entre 2004 e 2005, e, mais tarde, ministro dos Assuntos Parlamentares no Governo de Pedro Passos Coelho, em 2015. Antes, foi secretário de Estado dos Assuntos Europeus no Governo de Durão Barroso, entre 2002 e 2004.

Carlos Costa Neves, na altura ministro da Agricultura, acabou envolvido no caso Portucale, um caso de corrupção que tinha como principal arguido o empresário e ex-dirigente do CDS-PP Abel Pinheiro. O caso remonta a 2005, antes das legislativas que deram a vitória a José Sócrates. Milhares de sobreiros foram abatidos num empreendimento turístico da empresa Portucale, na Herdade da Vargem Fresca (Benavente), aprovado através de um despacho assinado pelos então ministros Carlos Costa Neves, Luís Nobre Guedes (Ambiente) e Telmo Correia (Turismo). Em 2012, os arguidos do processo Portucale foram todos absolvidos dos crimes em que estavam acusados.

A nomeação do ex-ministro dos Assuntos Parlamentares do Governo de Pedro Passos Coelho acontece três dias depois deste novo órgão do Estado ter entrado em funções apenas com quatro secretários-gerais adjuntos. A primeira escolha, Hélder Rosalino, tinha alegado, entretanto, “indisponibilidade” para assumir o cargo de secretário-geral do Governo.

A desistência do quadro do Banco de Portugal surge depois da polémica em torno do seu vencimento. Para poder pagar ao ex-administrador do Banco de Portugal um salário mensal superior, o Governo optou por mudar as regras de remuneração dos quadros dirigentes da nova estrutura.

Em causa está o diploma aprovado pelo Conselho de Ministros em 12 de dezembro e publicado em Diário da República em 26 de dezembro, que cinco meses depois da definição do estatuto remuneratório dos dirigentes da Secretaria-geral do Governo altera as regras.

O novo estatuto permite a “opção pelo vencimento e retribuição base da situação jurídico-funcional de origem (com o limite do vencimento do primeiro-ministro)” ou a opção pelo estatuto remuneratório correspondente ao posto de trabalho ou categoria detidos na origem, sem o limite do vencimento do primeiro-ministro. Ao mesmo tempo, muda a regra para determinar a “retribuição base” ou “estatuto remuneratório”, com o cálculo a passar pela “média efetivamente [recebida] durante o ano anterior à data do despacho de designação”.

Ao que o ECO apurou, Carlos Costa Neves vai auferir a remuneração prevista na lei. Segundo o decreto-lei, que estabelece a orgânica deste novo órgão, o salário do secretário-geral corresponde ao valor do nível 80 da Tabela Remuneratória Única. A isto acresce 25% desse valor para pagar despesas de representação. Assim, o salário base do ex-ministro dos Assuntos Parlamentares deve corresponder a um valor base de 4.989,47 euros, aos quais se somam cerca de mil euros em despesas extra. Ao todo, Costa Neves vai receber um salário de cerca de seis mil euros brutos.

Já Hélder Rosalino tinha optado por continuar a receber o mesmo salário que auferia no Banco de Portugal (BdP) mas, com o novo cálculo previsto na alteração da lei, a nova remuneração teria em conta o valor que recebeu como administrador – cargo que ocupou até setembro passado.

O governador Mário Centeno esclareceu, por seu turno, que a instituição não iria arcar com os custos, invocando estar proibido pelo Eurosistema. “Como está legalmente previsto, cabe, inclusive, à secretaria-geral reembolsar o Banco de Portugal de alguma componente do regime da proteção social que tenha sido processada diretamente, em resultado do quadro legal aplicável”, lê-se num comunicado emitido pelo BdP em 28 de dezembro.

A polémica foi subindo de tom no espaço público e até motivou o PS a pedir a apreciação parlamentar do diploma que define salário de Hélder Rosalino, a 30 de dezembro de 2024. No mesmo dia, horas mais tarde, o Governo anunciava que o ex-administrador do BdP desistira do cargo.

O Dr. Hélder Rosalino informou hoje o Governo da sua indisponibilidade para assumir o cargo de Secretário-Geral do Governo e iniciar funções a partir de 1 de janeiro de 2025″, adiantou o gabinete do primeiro-ministro em comunicado, dois dias antes da secretaria-geral entrar em funções.

Na mesma nota, o Governo não evitou lançar farpas a Mário Centeno, dizendo “a recusa do Banco de Portugal de continuar a pagar o salário de origem não impedia a poupança de recursos públicos, mas criou uma complexidade indesejável”.

Dias depois de ter sido comunicada a “indisponibilidade” de Rosalino, a instituição liderada por Mário Centeno, voltou a salientar, em resposta ao ECO, que o Banco de Portugal não pode “assumir custos das administrações públicas”, argumentando que a proibição do financiamento monetário é um dos pilares da União Económica e Monetária, a par do princípio da primazia do mandato e do princípio da independência.

Hélder Rosalino não resistiu à polémica e caiu, mas os restantes membros da secretaria-geral mantiveram-se e iniciaram funções a 1 de janeiro de 2025, tal como previsto. São eles, Fátima Ferreira (ex-secretária-geral adjunta da Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros), Filipe Pereira (ex-secretário-geral adjunto da SG PCM), João Rolo (ex-secretário-geral da Secretaria-Geral da Economia) e Mafalda Santos (auditora-chefe do Departamento de Estudos, Prospetiva e Estratégia do Tribunal de Contas), que atuarão como secretários-gerais adjuntos.

Os restantes dois adjuntos, a par com os nove diretores de serviços, serão nomeados mais adiante, no decurso do processo de fusão das restantes secretarias-gerais, segundo o Governo. O novo órgão resulta da extinção de nove institutos por fusão, uma das metas definidas pelo Governo de António Costa, ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência que tinha como uma das metas a modernização da administração pública.

A medida vai permitir cortar em 25% o número de cargos diretivos e gerar uma poupança de cerca de 4,1 milhões de euros por ano ao Estado, segundo as contas do Governo.

Notícia atualizada às 22h19

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Depois de Five Guys, hambúrgueres dos espanhóis Goiko e Vicio entram em Portugal

  • ECO
  • 3 Janeiro 2025

As hamburguerias espanholas têm a sua estreia em Portugal marcada para 2025. No caso da Vicio, a abertura do primeiro restaurante será no dia 7 de janeiro, em Lisboa.

Depois de confirmada a chegada da norte-americana Five Guys, a Lisboa, as hamburguerias gourmet espanholas Goiko e Vicio também têm a sua estreia em Portugal marcada para 2025. De acordo com o El Espanhol, a primeira será a empresa catalã que se prepara para abrir o primeiro restaurante em Lisboa já na próxima terça-feira, dia 7 de janeiro.

O plano em Portugal é o mesmo com que chegámos a Madrid, primeiro entrar com o delivery e depois com a parte física”, disse Oriol de Pablo, cofundador e CEO da Vicio, em entrevista ao jornal espanhol, prometendo, “revolucionar” o mercado das entregas na capital. Pablo garante que a empresa tem capacidade de “competir em preço e em produto” e de oferecer um serviço de entrega ao domicílio “mais rápido e fiável”.

Depois segue-se a Goiko, que aponta a estreia em Portugal entre fevereiro e março. Segundo o El Espanhol, a empresa deverá fazê-lo em parceria com uma joint-venture. “Portugal é o primeiro passo, é o mais óbvio”, explicou Alejandro Hermo, CEO da Goiko, Alejandro Hermo, em entrevista ao jornal espanhol.

A aposta no mercado português acontece depois da entrada em Paris, em 2020, mas que ficou aquém do expectável. A hamburgueria espanhola reconheceu que o mercado francês é “complexo”, razão pela qual estão à procura de um parceiro.

Recorde-se que em setembro passado, a Five Guys, uma cadeia de hambúrgueres de fast food norte-americana escolheu Portugal como parte da sua estratégia de expansão na Europa para o próximo ano, estando previsto fazer um investimento de até 1,5 milhões de dólares (cerca de 1,35 milhões de euros), por loja, para a abertura de 50 novos restaurantes.

Estamos à procura da localização perfeita [em Lisboa]”, anunciou o CEO, John Eckhbert, em declarações à Bloomberg. “Vamos abrir em Portugal no próximo ano. Estamos a considerar Lisboa, pois queremos sempre estar em locais emblemáticos. Estamos à procura da localização perfeita”, adiantou Eckhbert.

A cadeia de restaurantes, que nasceu em 1986, nos Estados Unidos, conta com quase dois mil espaços em todo o mundo. Só na Europa, Eckhbert contabiliza 270 restaurantes, 170 no Reino Unido.

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Marcelo considerou prudente consultar conselheiros sobre pedido de Ventura por escrito

  • Lusa
  • 3 Janeiro 2025

"Normalmente os pedidos são formulados no próprio Conselho" de Estado, mas neste caso Marcelo diz que "conselheiros têm direito, se quiserem, a pronunciar-se por escrito" à carta de Ventura.

O Presidente da República afirmou esta sexta-feira que considerou prudente consultar os demais conselheiros de Estado sobre o pedido feito pelo presidente do Chega, André Ventura, de uma reunião sobre segurança, por ter sido feito por escrito.

À chegada ao Grémio Literário, em Lisboa, antes de participar na cerimónia de entrega dos Prémios Gazeta, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre o que o levou a remeter a carta de André Ventura aos outros conselheiros de Estado. “Porque é um pedido formulado por escrito e acho que eles [conselheiros] têm direito, se quiserem, a pronunciar-se por escrito”, justificou o chefe de Estado.

O Presidente da República referiu que “normalmente os pedidos são formulados no próprio Conselho” de Estado, onde “os conselheiros podem sugerir, verbalmente, quer dizer, oralmente, no Conselho, reuniões para o futuro” e nesses casos “discute-se à volta da mesa”.

Quando é por escrito, acho que era prudente, antes das próximas reuniões do Conselho, os senhores conselheiros dizerem também – se quiserem, podem não crer – por escrito o que pensam da ideia”, acrescentou.

Na quinta-feira, o Presidente da República informou, através de uma nota, que solicitou que a carta que recebeu de André Ventura “fosse enviada aos demais conselheiros de Estado para transmitirem o que tiverem por conveniente”.

No sábado, em conferência de imprensa, na sede do Chega, em Lisboa, André Ventura anunciou que o seu partido iria agendar um debate de urgência na Assembleia da República sobre a segurança em Portugal e que sugeriu ao Presidente da República que convocasse o Conselho de Estado sobre esse tema.

O presidente do Chega disse que, apesar de o Conselho de Estado ser convocado por iniciativa do Presidente da República, decidiu escrever-lhe, na qualidade de conselheiro de Estado, “sugerindo a realização e a convocação urgente” de uma reunião do órgão político de consulta presidencial sobre a segurança em Portugal.

André Ventura alegou que se vive em Portugal um “estado de insegurança brutal” e defendeu que Marcelo Rebelo de Sousa deve abordar este tema. André Ventura foi um dos cinco conselheiros de Estado eleitos pela Assembleia da República para a presente legislatura, por indicação do Chega, que é atualmente a terceira maior força parlamentar.

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