Culpar energias renováveis pelo apagão “é irresponsável”

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

A ministra da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhola, Sara Aagesen, disse que é "irresponsável e simplista" culpar as energias renováveis pelo apagão que afetou Portugal e Espanha.

A ministra da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhola, Sara Aagesen, disse que é “irresponsável e simplista” culpar as energias renováveis pelo apagão que afetou Portugal e Espanha na segunda-feira passada. Numa entrevista publicada este domingo, Aagesen admitiu que serão necessários “muitos dias” para determinar a origem da falha e não descartou nenhuma causa possível, incluindo um ciberataque, acrescentando que o Governo agirá quando houver certezas.

Ao jornal El País, a vice-ministra defendeu ainda que é absurdo ligar o apagão ao calendário de encerramento das centrais nucleares em Espanha, acordado pelas empresas de energia com o Governo. “Estamos a investigar com extrema cautela e responsabilidade“, explicou Aagesen, “para termos certezas e podermos comunicá-las com total transparência. E para procurar medidas para evitar que isto volte a acontecer.”

Por outro lado, a ministra disse acreditar que a França deve perceber que “as interligações devem ser implementadas, independentemente do que aconteça”, para tornar a rede eléctrica da Península Ibérica mais segura. “Houve algumas flutuações, uma primeira e uma segunda, e que o sistema finalmente chegou a zero com a desconexão com a Europa. Milhares e milhares de pontos de dados precisam de ser analisados e, assim que possível, descobriremos a causa“, garantiu.

O apagão foi “algo completamente invulgar” porque nunca tinha acontecido nada semelhante em Espanha, sublinhou Aagesen. “É difícil determinar a causa porque, nos cinco segundos em que estas flutuações ocorrem, há muitas variáveis em cada milissegundo que agora precisam de ser analisadas. Além disso, os diferentes operadores precisam de ser analisados“, explicou.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico deixou na segunda-feira passada Portugal continental, Espanha e Andorra praticamente sem eletricidade e também uma parte do território de França.

Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.

Na quinta-feira, o Ministério da Saúde português anunciou que ordenou uma averiguação das circunstâncias da morte de uma mulher septuagenária que estava ventilada e que terá morrido, alegadamente, em consequência do apagão.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade vai criar um comité para investigar as causas do ‘apagão’ “excecional e grave” que deixou Portugal e Espanha às escuras na segunda-feira, foi anunciado na quinta-feira.

A organização disse que vai “investigar as causas essenciais, elaborar uma análise exaustiva e avançar com recomendações num relatório final” sobre o incidente de segunda-feira.

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Campanha para as legislativas arranca hoje com debate entre todos os partidos parlamentares

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

A campanha eleitoral para as legislativas de maio começa marcada pelo debate entre todos os partidos, mas também com agenda na estrada, com AD e PS a arrancarem no norte do país.

A campanha eleitoral para as legislativas de maio começa este domingo marcada pelo debate entre todos os partidos com assento parlamentar, mas também com agenda na estrada, com AD e PS a arrancarem no norte do país. Apesar de a chamada pré-campanha já estar a decorrer, o período de campanha eleitoral inicia-se hoje, 14 dias antes das eleições – agendadas para 18 de maio -, e termina à meia noite da antevéspera da ida às urnas. O dia terá como destaque o debate televisivo entre os oito líderes da forças atualmente representadas no parlamento.

O debate está agendado para as 21h30 e será transmitido em simultâneo pela RTP1 e RTP3 a partir da faculdade Nova School of Business and Economics (Nova SBE), em Carcavelos, Lisboa, com moderação do jornalista Carlos Daniel.

Durante o dia, apesar do debate na capital, os três maiores partidos optam por começar o contacto com os eleitores no norte do país, com a AD, liderada por Luís Montenegro, a ter agenda nos distritos de Bragança, onde estará, de manhã, em contacto a população na Feira das Cantarinha, e Braga, onde passará a tarde no concelho de Barcelos, na Festa das Cruzes.

A comitiva socialista, liderada pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, vai começar o dia no distrito de Viana do Castelo, no concelho de Ponte de Lima, e segue daí para, tal como Montenegro, passar a tarde no distrito de Braga, mas no concelho de Guimarães, numa ação de contacto com a população.

O debate está agendado para as 21h30 e será transmitido em simultâneo pela RTP1 e RTP3 a partir da faculdade Nova School of Business and Economics (Nova SBE), em Carcavelos, Lisboa, com moderação do jornalista Carlos Daniel.

André Ventura, líder do Chega, estará pelo centro do país, tendo na agenda um almoço de campanha no distrito da Guarda.

Num dia que terminará em Carcavelos para todos os líderes, IL, Livre, CDU, BE e PAN mantêm-se por perto, com agendas distribuídas entre os distritos de Lisboa e Setúbal.

A comitiva liberal, no primeiro dia de campanha oficial, passará a manhã no distrito de Setúbal numa visita ao Mercado do Livramento, seguida de uma ação de contacto com a população e um almoço.

O Livre tem agenda na manhã de domingo, com uma ação de campanha, às 10:00, no Mercado da Vila em Cascais.

A CDU tem marcado um almoço em Vila Franca de Xira de onde seguirá para a Marcha do Trabalho, no Seixal.

O Bloco de Esquerda estará por Almada, distrito de Setúbal, numa iniciativa intitulada “A Esquerda Europeia com o Bloco”, que contará com a intervenção de figuras de partidos da esquerda da Finlândia, Espanha e França. A líder do PAN, Inês de Sousa Real, tem agenda em Cascais.

As eleições legislativas realizam-se a 18 de maio, pouco mais de um ano e dois meses depois das últimas (também antecipadas), na sequência da demissão do Governo PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro imposta pela rejeição pelo parlamento da moção de confiança ao executivo a 11 de março. Concorrem 21 partidos e/ou coligações às eleições.

 

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Autarquias de todo o país afetadas por concursos desertos

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

A falta de mão-de-obra e o aumento dos custos de construção são os dois fatores apontados por autarquias para justificar o número de concursos públicos sem empresas concorrentes.

A falta de mão-de-obra e o aumento dos custos de construção são os dois fatores apontados por autarquias de todo o país para justificar o número de concursos públicos sem empresas concorrentes.

No Algarve, o vice-presidente da Câmara de Loulé, David Pimentel (PS), afirma que “a tendência está a agravar-se“, exemplificando que só este ano, até abril, ficaram desertos um quarto dos 32 concursos públicos lançados, quando em 2024 e 2023 esse valor tinha sido residual.

Em Albufeira, também no distrito de Faro, o presidente do executivo, José Carlos Rolo (PSD), aponta, além dos vários concursos desertos, casos em que surge apenas um candidato, como um concurso de cerca de nove milhões de euros que está a decorrer no concelho e cujo avanço ficará comprometido se o concorrente desistir.

A Universidade do Algarve, só nos últimos dois anos, ficou com seis concursos públicos desertos, e, segundo a reitoria, cinco das nove empreitadas no âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), começaram por ficar desertas. A sua adjudicação só foi possível devido à “reabertura dos concursos com um preço base mais elevado”.

O mercado tem crescido significativamente e as empresas debatem-se cada vez mais com falta de mão-de-obra, o que as leva, certamente, a uma maior seleção dos concursos aos quais concorrem.

Fonte oficial da Câmara do Porto

No Alentejo, “as empresas queixam-se de que os preços dos concursos são baixos e, mesmo após rever e subir preços, não os consideram atrativos“, diz à Lusa o presidente da Câmara de Montemor-o-Novo (distrito de Évora), Olímpio Galvão (PS), acrescentando que “todas elas se queixam da falta de mão-de-obra e da falta de capacidade para fazerem face a tanta pressão de obras”.

No concelho – onde têm ficado desertos, sobretudo, concursos para a reabilitação de escolas primárias e postos médicos -, o autarca refere ainda a reabilitação do Convento da Saudação, no Castelo de Montemor-o-Novo, cujo concurso “estava valorizado em 6,1 milhões de euros mais IVA, teve 17 empresas a mostrarem interesse, mas nenhuma apresentou proposta“, alegando que “o valor era baixo”. A reabilitação acabou dividida em duas fases, com a primeira associada a um concurso de 3,7 milhões, financiado pelo PRR.

No distrito de Setúbal, a autarquia de Santiago do Cacém teve de aumentar os preços base de concursos como o do Bairro dos Serrotes, em Vila Nova de Santo André, ou do pré-escolar de Ermidas-Sado.

No mesmo distrito, a Câmara de Palmela admite que “o aumento exponencial dos preços dos materiais de construção é uma das causas” para vários concursos terem ficado deserto, situação que se mantém “mesmo com a repetição de concursos com valores-base mais altos”. Segundo o executivo, “o maior exemplo reside, talvez, nas centenas de Estratégias Locais de Habitação, um pouco por todo o país — e, também, em Palmela – que implicam um enorme esforço, quer de reabilitação urbana, quer de nova construção de edifícios para habitação com arrendamento a custos controlados, com financiamento do PRR, e que será impossível concretizar até ao final de 2025“.

No distrito de Lisboa um dos municípios que têm “enfrentado, com alguma frequência“, situações de concursos desertos é o de Odivelas, onde o presidente, Hugo Martins (PS), deu como exemplos a requalificação e ampliação do Pavilhão Honório Francisco, a Unidade de Saúde da Pontinha e a Divisão Policial de Odivelas.

A Oeste, em Alcobaça (distrito de Leiria), quatro dos cinco concursos lançados pela Câmara este ano ficaram desertos, dos quais dois referentes a reabilitações no Mosteiro de Santa Maria: num deles o preço base teve de ser aumentado e no outro a autarquia “só recebeu uma proposta”.

Para o município de Leiria, ainda é prematuro concluir-se que se está perante dificuldades na contratação e adjudicação de empreitadas, já que em 2022, dos 24 concursos públicos lançados, apenas um ficou deserto. Em 2023 não se registou qualquer concurso sem apresentação de propostas (foram lançados 27) e em 2024 “verificaram-se três concursos desertos de um total de 42″, pelo que se avançou “com concursos posteriores com valor base mais elevado“.

Situação diferente, na região Centro, registou o concelho da Mealhada, distrito de Aveiro, onde tiveram que ser repetidos os concursos da reconversão de antigos lavadouros em Núcleo Museológico do Luso, do melhoramento de acessibilidades na Escola Secundária da Mealhada e Avenida Comendador Messias Batista, da reconversão dos antigos talhos da feira de Santa Luzia num espaço de apoio a peregrinos e da construção de três fogos de habitação na Pedrulha (freguesia de Casal Comba).

O mesmo aconteceu com as empreitadas no âmbito da Estratégia Local de Habitação em Oliveira do Bairro e o concurso para a reabilitação do parque de estacionamento subterrâneo de Oiã (no mesmo concelho, no distrito de Aveiro), a construção do novo Centro de Saúde e Serviço de Urgência Básica de Arganil (distrito de Coimbra) e a construção do Centro de Saúde de São Pedro e a requalificação da Escola Secundária Bernardino Machado na Figueira da Foz, também no distrito de Coimbra.

No Norte, no concelho do Porto, nos últimos três anos, cerca de duas dezenas de concursos não tiveram concorrentes, entre os quais a requalificação da Escola Básica dos Correios. “O mercado tem crescido significativamente e as empresas debatem-se cada vez mais com falta de mão-de-obra, o que as leva, certamente, a uma maior seleção dos concursos aos quais concorrem“, assinala a autarquia portuense.

No município de Braga, no último ano, ficaram desertos três concursos públicos e, em Viana do Castelo, o concurso para a construção de um novo mercado municipal já ficou deserto três vezes.

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Atenção, eleitores. Inscrições para voto antecipado abrem hoje

Voto em mobilidade terá lugar dia 11 de maio, mas necessita de inscrição prévia. Eleitores deverão registar-se entre este domingo e quinta-feira.

As inscrições para o voto antecipado em mobilidade para as legislativas de 18 de maio arrancam este domingo, prolongando-se até quinta-feira, dia 8 de maio. Todos os eleitores recenseados no território nacional que optem por esta mobilidade irão depositar o seu voto nas urnas a 11 de maio.

A inscrição poderá ser feita através da internet (www.votoantecipado.pt) ou por carta, endereçada à Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, Praça do Comércio, Ala Oriental, 1149-015 Lisboa. No entanto, a missiva terá de ser recebida até 8 de maio, comunicando o nome completo, a data de nascimento, o número de identificação civil, a morada, a mesa de voto onde pretende votar e o endereço de correio eletrónico e/ou o contacto telefónico, explica a Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Os cidadãos que se inscrevam assim para o voto em mobilidade deverão, no dia 11 de maio, dirigir-se à mesa de voto no município por si escolhido, identificar-se (“de preferência através do Cartão de Cidadão”) e indicar a freguesia onde está recenseado.

Em caso de dúvidas sobre a freguesia onde está recenseado, poderá fazer uma consulta através de três meios:

  • Na Internet: www.recenseamento.pt
  • Através de SMS (gratuito) para 3838, com mensagem RE (espaço) número de BI/CC (espaço) data de nascimento=aaaammdd
    Ex:RE72386718 19820803
  • Na junta de freguesia do seu local de residência.

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Campanha eleitoral arranca em tom “agressivo”. Spinumviva, SNS e habitação aquecem os motores das caravanas

As tropas já estão na rua a postos para conquistar o eleitorado no dia 18. A luta será inflamada mas "desmobilizadora", a não ser que haja "surpresas". Montenegro parte "em vantagem".

A campanha oficial para as eleições legislativas de 18 de maio arranca este domingo, dia 4, e termina a 16. As tropas partidárias já estão na rua a postos para conquistar o voto nas urnas, num tom que se espera “agressivo”, mas “desmobilizador e pouco esclarecedor”, a não ser que haja “surpresas”.

A polémica, que agora reacendeu, em torno da Spinumviva, empresa familiar de Luís Montenegro, será usada pela oposição, designadamente pelo PS, como arma contra o ainda primeiro-ministro. No entanto, terá um “efeito mais mediático do que junto do eleitor”. Na realidade, e apesar deste caso, o líder do PSD parte “com alguma vantagem” sobre Pedro Nuno Santos, concluem vários politólogos consultados pelo ECO.

A crise no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com o fecho de várias urgências aos fins de semana e a falta de médicos de família para todos os utentes, o drama na habitação, com os preços a subir para valores incomportáveis para as famílias, custo de vida, impostos e salários serão outros dos temas que vão aquecer os motores das caravanas, segundo as análises de Paula Espírito Santo, Filipa Raimundo, Hugo Ferrinho Lopes e Bruno Costa, especialistas em Ciência Política.

A divulgação de novos clientes da Spinumviva, alguns dos quais com uma longa relação contratual de várias dezenas de milhões de euros com o Estado, como é o caso da ITAU, que fornece refeições em cantinas, veio dar uma nova centralidade a um eventual conflito de interesses entre o cargo de primeiro-ministro e o exercício de funções no privado. E é um assunto que vai ser explorado ao máximo pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.

“O caso Spinumviva é um dos temas que se irá manter na campanha e vai denegrir a imagem do primeiro-ministro, mas pode não ter efeitos eleitorais, porque é um tema que está ao nível da ética, não tem a ver com a legalidade pelo menos para já. O caso Spinumviva terá mais efeitos mediáticos do que do ponto de vista eleitoral”, segundo Paula Espírito Santo, professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP).

O caso Spinumviva é um dos temas que se irá manter na campanha e vai denegrir a imagem do primeiro-ministro, mas pode não ter efeitos eleitorais.

Paula Espírito Santo

Professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP)

Alinhando pelo mesmo diapasão, Filipa Raimundo, professora de Ciência Política do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, reconhece que pensava que “o caso Spinumviva ia morrer”, mas, conclui, que “agora assume uma nova importância”.

Porém, “e sabendo que o eleitorado tem alguma tolerância com as questões da corrupção”, a politóloga salienta que a polémica em torno da empresa familiar de Montenegro poderá não ser suficiente para derrubar o incumbente. “O eleitorado deverá preferir uma continuidade do Governo do que uma mudança, sobretudo quando não há uma clarificação”, aponta.

Ainda assim, o PSD tem sido alvo de duras críticas, quando pediu à PSP para investigar a origem da fuga de informação, que deu origem à notícia do Expresso, relativamente à declaração de substituição que Montenegro entregou na Entidade para a Transparência e que nem sequer se encontrava, na altura, disponível na plataforma. “É um ataque ao jornalismo e isto é muito crítico, mas terá mais um efeito mediático”, sublinha Paula Espírito Santo.

Argumentos que se vão esgrimindo de um lado e do outro da barricada, mas que parecem não estar a surtir o efeito desejado por Pedro Nuno Santos. “O PS não está a conseguir capitalizar uma conjuntura desfavorável, o facto de o primeiro-ministro estar fragilizado, pelo menos olhando para as sondagens e para a forma como a pré-campanha tem decorrido”, de acordo com Filipa Raimundo.

Os últimos estudos de opinião têm dado vantagem à AD em relação ao PS e pontuado melhor Luís Montenegro em comparação com Pedro Nuno Santos. Por outro lado, e ainda de acordo com as mesmas sondagens, parece mais viável perspetivar uma maioria parlamentar à direita do que à esquerda.

O PS não está a conseguir capitalizar uma conjuntura desfavorável, o facto de o primeiro-ministro estar fragilizado, pelo menos olhando para as sondagens e para a forma como a pré-campanha tem decorrido.

Filipa Raimundo

Professora de Ciência Política do ISCTE

Para além disso, “alguns estudos internacionais indicam que casos como o da Spinumviva não são decisivos em eleições, a não ser que haja uma confirmação total de corrupção que coloque em causa Luís Montenegro”, completa Bruno Costa, professor de Ciência Política da Universidade da Beira Interior. “Há muito jogo de campanha, muito jogo de retórica e os eleitores deixam de ter a capacidade de analisar. A questão fica partidarizada”, vinca.

Aparte os escândalos que consomem a espuma dos dias, outros dossiês vão estar em foco nesta campanha eleitoral. “Os dados mais recentes do Eurobarómetro, de novembro de 2024, indicam que os problemas considerados mais importantes pelos eleitores portugueses são os custos de vida/inflação (43%), a saúde (36%) e a habitação (28%)”, indica Hugo Ferrinho Lopes, investigador de doutoramento do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

Por isso, é expectável que “a campanha seja fortemente dominada por estes três temas: custos de vida (incluindo economia, salários e inflação) e as crises no SNS e na habitação”, conclui o mesmo politólogo.

A descida dos impostos será outro tópico que vai marcar os discursos dos líderes partidários. Até porque há propostas em vários sentidos. PS aposta no IVA zero para um cabaz de bens alimentares essenciais, na redução fiscal da luz e do IUC, enquanto a AD defende uma nova redução do IRS e do IRC.

Propaganda “violenta” e pouco clarificadora

O tom da campanha será “agressivo, duro e violento”, projetam os quatro politólogos ouvidos pelo ECO. Pelo que se tem assistido em período de pré-campanha, “os partidos estão empenhados em apontar os pontos negativos dos seus opositores”, sublinha Filipa Raimundo. “É um estilo que nem sempre dominou as campanhas nacionais e até pode ter um efeito desmobilizador. Os eleitores podem ficar mais baralhados“, alerta.

Corroborando a mesma tese, Paula Espírito Santos considera que apesar da “agressividade” na disputa eleitoral, “a campanha não deverá mobilizar os eleitores, porque não será muito esclarecedora”.

“Os 20% a 15% de indecisos aguardam pela atualidade. Ainda assim, a campanha pode trazer elementos novos e acentuar ou não a caminhada dos partidos e exacerbar alguma força política. Tudo é possível. Mas, se as eleições fossem hoje, não haveria para já surpresas relativamente há um ano”, conclui. “A não ser que surjam surpresas, que mudem o rumo da campanha”, salvaguarda Filipa Raimundo.

A polémica em torno do caso Spinumviva é, na perspetiva de Hugo Ferrinho Lopes, “o que vai agravar o tom agressivo” dos discursos das principais forças partidárias, AD e PS, “com trocas constantes de acusações relacionadas com a integridade política e pessoal dos candidatos”.

Spinumviva vai agravar o tom agressivo, com trocas constantes de acusações relacionadas com a integridade política e pessoal dos candidatos.

Hugo Ferrinhob Lopes

Investigador de doutoramento do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisbo

Mas não só. O ónus sobre “a responsabilidade pela convocação de eleições antecipadas” também será usado como arma de arremesso entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos. O líder do PSD vai acusar o opositor de ter chumbado a moção de confiança e interromper o trabalho que estava a ser feito e o secretário-geral do PS vai devolver o ataque com o argumento de que o Governo poderia ter deixado cair a moção, sabendo à partida que os socialistas não a aprovariam.

Por outro lado, “há pequenos partidos no Parlamento que lutam pela sua sobrevivência e que vão ter de dar tudo por tudo nesta campanha”, sublinha Bruno Costa. O PAN, que já teve um grupo parlamentar, ficou reduzido a uma deputada única. PCP e BE também perderam cadeiras no Parlamento, na sequência das eleições legislativas de há um ano.

E “há novos pequenos partidos antissistema que estão a surgir e têm dinheiro, porque receberam subvenção pública, para fazer campanha, como é o caso do ADN”, lembra o professor da Universidade da Beira Interior.

A este respeito, o politólogo dá o exemplo do episódio em que “Joana Amaral Dias interpelou Luís Montenegro”, na quinta-feira passada, na Ovibeja, acusando de excesso de velocidade e de estar a usar os carros do Estado enquanto faz campanha.

AD parte “em vantagem”

A campanha também deverá ser dominada “pelas questões de governabilidade no pós-eleições, sobre quem tem margem par governar com estabilidade com parceiros identificados e linhas vermelhas”, segundo Bruno Costa. “A AD vai pedir uma vitória folgada e o PS vai fazer o apelo ao voto útil para secar a esquerda”, acrescenta. Para o politólogo, “a AD tem aqui algum nicho de vantagem”.

“Se o eleitor olhar para a necessidade de estabilidade vai preferir a AD, mesmo desconfiando do caso Spinumviva, porque o Governo está em exercício e não tomou nenhuma medida radical como no período de Pedro Passos Coelho e até fez vários acordos com setores, satisfazendo as suas reivindicações”, de acordo com a análise do especialista em Ciência Política.

A estabilidade parece ser mais viável na continuação da AD do que com uma vitória mínima do PS, porque não há nenhuma sondagem que mostre uma maioria parlamentar à esquerda.

Bruno Costa

Professor de Ciência Política da Universidade da Beira Interior

Há ainda outro fator que favorece Montenegro. “A estabilidade parece ser mais viável na continuação da AD do que com uma vitória mínima do PS, porque não há nenhuma sondagem que mostre uma maioria parlamentar à esquerda”, acrescenta.

Depois há obra feita que vai ser usada na propaganda. “O Governo parte com mais vantagem relativamente ao cumprimento dos objetivos, com o argumento de que se tivesse mais tempo poderia executar tudo”, sublinha Paula Espírito Santo. “A AD também vai insistir que subiu o salário mínimo, o complemento solidário para idosos e deu um bónus aos pensionistas”, argumentos que, para Bruno Costa, dão uns quilómetros de avanço a Montenegro na corrida eleitoral.

Apesar disso, os resultados podem ser diferentes, dependendo do sucesso no apelo ao voto útil. “Estudos indicam que, em eleições muito competitivas, quando existe um empate técnico entre os principais partidos, os eleitores tendem a votar estrategicamente em partidos maiores (PS ou AD) para evitar a vitória do adversário ideológico, sacrificando o apoio ao seu partido preferido se este for menor”, nota Hugo Ferrinho Lopes.

Assim, “se PS e AD forem eficazes a apelar ao voto útil, poderão concentrar votos que tradicionalmente se dispersariam por partidos menores, penalizando-os. Caso contrário, poderá verificar-se o efeito inverso: partidos menores poderão captar votos, posicionando-se como forças capazes de influenciar ou condicionar futuras alianças governativas”, acrescenta.

Montenegro e Pedro Nuno Santos começam a norte e encerram com a habitual arruada em Lisboa

Veja onde é que os líderes dos partidos com assento parlamentar arrancam a campanha eleitoral, este domingo, 4 de maio

As caravanas partidárias arrancam oficialmente este domingo e vão percorrer o país de norte a sul para tentar convencer o eleitorado. Luís Montenegro, líder da AD – coligação PSD/CDS, parte para Bragança, onde vai estar de manhã, na Feira das Cantarinhas, seguindo à tarde para a Festa das Cruzes, em Barcelos. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, também escolheu o norte. Começa em Viana do Castelo e depois segue para Braga. Ambos encerram a campanha com as tradicionais arruadas em Lisboa, segundo a informação enviada pelos partidos ao ECO.

O presidente do Chega, André Ventura, arranca na Guarda. Os restantes partidos com assento parlamentar preferiram começar mais a sul. Rui Rocha, líder da IL, “estará em Setúbal para uma visita ao Mercado do Livramento, seguida de uma ação de contacto com a população e um almoço”, de acordo com uma nota do partido.

A caravana do BE faz a primeira paragem em Almada, onde a sua coordenadora, Mariana Mortágua, irá participar no debate “A Esquerda Europeia com o Bloco”, que contará com intervenções de Li Andersson, da Aliança de Esquerda da Finlândia, de Irene Montero, do Podemos de Espanha, de Manon Aubr, da França Insubmissa.

O secretário-geral do PCP e líder da CDU, Paulo Raimundo, almoça em Vila Franca de Xira e, à tarde, segue para uma “Marcha do Trabalho”, no Seixal. O fundador do Livre, Rui Tavares, vai estar em campanha no Mercado da Vila em Cascais. Este concelho também foi o escolhido pela líder do PAN, Inês de Sousa Real, arrancar a campanha.

À noite, a partir das 21h30, todos os líderes partidários vão participar no debate televisivo, que decorrerá nas instalações da Nova SBE, em Carcavelos.

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Cotrim Figueiredo diz que “AD precisa da IL”

  • Lusa
  • 3 Maio 2025

O ex-líder da IL João Cotrim Figueiredo acusou Montenegro e Pedro Nuno Santos de estarem impreparados para lidar com os desafios que Portugal vai enfrentar.

O ex-líder da IL João Cotrim Figueiredo acusou Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos de estarem impreparados para lidar com os desafios que Portugal vai enfrentar e defendeu que a AD precisa do seu partido. Num painel durante uma sessão de apresentação das propostas IL para estas legislativas, no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, João Cotrim Figueiredo considerou que o Estado português está a “incumprir” o que chamou de contrato social e de contrato intergeracional que assumiu com os cidadãos.

O atual eurodeputado da IL referiu que cada cidadão é “um contratante”, que acordou com o Estado que pode tirar “um bocadinho de direito e de liberdade” se, em troca, garantir funções como “defender a vida, a propriedade e prestar serviços públicos de qualidade”.

A este contrato social, cuja base teórica foi desenvolvida no século XVIII, acresce ainda o que chamou de contrato intergeracional que, segundo disse Cotrim Figueiredo, foi desenvolvido no século passado, e que visa garantir que as atuais gerações deixam para as próximas “um planeta capaz”, “umas finanças públicas capazes” e “um sistema de Segurança Social capaz”.

E o drama, também nesta campanha, e é por isso que é tão importante ouvir a IL, é que estão a incumprir ambos os contratos. Quer o contrato social, quer o contrato intergeracional, o Estado está a incumpri-lo“, acusou Cotrim Figueiredo, referindo que “a carga fiscal está em máximos, a qualidade dos serviços públicos está em mínimos” e “a Segurança Social não é sustentável”.

Depois, o líder da IL abordou o debate televisivo que opôs Luís Montenegro a Pedro Nuno Santos, esta quarta-feira, considerando que foi “uma coisa deprimente“. “Eles estão bem preparados para gerir o dia-a-dia, mas para os desafios enormes que Portugal vai ter de enfrentar, sobretudo o de cumprir o contacto social e contrato intergeracional, aqueles senhores não servem, não estão suficientemente preparados”, disse.

Para Cotrim Figueiredo, um desses líderes, numa alusão a Luís Montenegro, “precisa da IL para que Portugal tenha futuro e o crescimento económico necessário”. “A AD precisa da IL. No dia 18, o que estamos a fazer é a nossa parte do contrato social, é dizer: votando na IL, nós exigimos que nos deem o retorno adequado àqueles fundos, recursos e direitos que prescindimos a favor do Estado. Nós fazemos a nossa parte, exigimos que o Estado faça a sua”, disse.

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Montenegro avisa que imigrantes ilegais vão ter de sair de Portugal

  • Lusa
  • 3 Maio 2025

O presidente do PSD avisou que os imigrantes ilegais vão ter de sair de Portugal e considerou que a política de imigração foi o "grande apagão" dos governos socialistas.

O presidente do PSD avisou que os imigrantes ilegais vão ter de sair de Portugal, considerou que a política de imigração foi o “grande apagão” dos governos socialistas e advertiu que o Chega é um partido destrutivo.

Estas posições foram assumidas por Luís Montenegro no encerramento do comício da AD, no pavilhão da Escola Secundária de Paredes, numa alusão ao anúncio feito pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, de que a Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) vai começar a notificar 4.574 cidadãos estrangeiros, na próxima semana, para abandonarem o país voluntariamente em 20 dias.

No seu discurso, com cerca de 30 minutos, o primeiro-ministro começou por assinalar que, quando o seu Governo iniciou funções, há 11 meses, havia mais de 400 mil processos pendentes relativos a cidadãos imigrantes em território nacional e que o Estado Português “sabia zero” sobre quem eram essas pessoas e o que estavam a fazer no país.

Como resposta a esta situação, de acordo com o líder da AD – coligação PSD/CDS, o atual Governo adotou regras, recusando “quer as portas fechadas” no que respeita à chegada de nova mão-de-obra, quer a política de “portas escancaradas”.

“O grande apagão que houve em Portugal foi mesmo a inexistência de uma política de imigração”, acusou o presidente do PSD, numa das críticas que fez aos executivos do PS. Depois, neste contexto, procurou deixar uma garantia: “Aqueles que não cumprirem as regras e estiverem em Portugal de forma ilegal, temos de os fazer regressar à sua origem”.

“Só há regulação se as pessoas sentirem que o não cumprimento das regras tem uma consequência. Pelo contrário, se não cumprir as regras for igual a cumprir as regras, como aconteceu nos últimos anos, então mais vale a toda a gente não cumprir as regras, porque a consequência é a mesma”, justificou Luís Montenegro.

No seu discurso, o líder social-democrata também criticou declarações proferidas pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que defendeu que existe uma continuidade da política da AIMA relativamente à imigração ilegal. “Aqueles que dizem que a AD não está a fazer mais do que continuar o que estava a fazer o Governo do PS, apenas podemos dizer que já está encontrada a maior anedota desta campanha eleitoral”, comentou.

Luís Montenegro disse ser capaz de perceber aqueles que mudam de opinião ou “aqueles que há uns meses defendiam a manifestação de interesse e agora já dizem que afinal era um mecanismo que não funcionava na estratégia de regulação da imigração”.

“Mas, para aqueles que não são capazes de ver o que é uma coisa e o seu contrário, então só posso mesmo ter vontade de rir. Não há outra forma de o dizer. Só que isto não é uma brincadeira”, completou. A seguir, também sobre política de imigração, o presidente do PSD atacou o Chega. “Aqueles que dizem que está tudo na mesma, como o Chega, é preciso dizer que é pura e simplesmente mentira. O Chega só tem um propósito, dizer mal de tudo, tem um propósito destrutivo”, afirmou.

Mas Luís Montenegro foi mais longe e falou sobre alguns eleitores que optaram pelo voto no partido de André Ventura nas últimas eleições legislativas.

Segundo o presidente do PSD, alguns eleitores terão sido sensíveis ao facto de o Chega defender uma política de imigração que, embora mais radical do que a do atual Governo, “correspondia a um sentimento que era uma preocupação dessas pessoas”.

“Essas pessoas entendiam que as portas completamente escancaradas não eram solução de futuro para Portugal. E, portanto, essas pessoas acreditaram no Chega e votaram no Chega”, sustentou.

Passado um ano, no entanto, na perspetiva do primeiro-ministro, essas pessoas que votam no Chega podem observar “a sua grande preocupação, ainda que não tão radicalizada, está cumprida com regras e regulação”.

“E olham para o partido no qual votaram há um ano [o Chega] e os dirigentes desse partido dizem que está tudo na mesma, mas não está. Esse partido é radical na proposta e é radical também na análise da situação. É radical porque mentir é uma expressão de radicalismo”, acrescentou.

O Presidente da República lembrou o contributo fundamental dos imigrantes para a economia portuguesa e argumentou que o anúncio de que 4.574 cidadãos estrangeiros vão ser notificados para sair do país não significa que “desapareça a imigração”.

Atendendo ao total de imigrantes em Portugal, que o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, disse rondar 1,5 ou 1,6 milhões de pessoas, o seu contributo para a economia “é fundamental, praticamente em todos os setores”.

“Mas vai desde a construção civil até à agricultura, vai ao turismo”, afirmou aos jornalistas, durante uma visita de surpresa à feira agropecuária Ovibeja, que está a decorrer em Beja.

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Warren Buffett vai sair da Berkshire Hathaway no final do ano

  • ECO
  • 3 Maio 2025

O “Oráculo de Omaha” e mais reconhecido investidor no mercado do globo anunciou este sábado que vai propor a nomeação de Greg Abel para lhe suceder.

O “Oráculo de Omaha” e mais reconhecido investidor no mercado do globo anunciou este sábado que vai sair do leme do conglomerado Berkshire Hathaway no final do ano. “Chegou o momento em que o Greg deve tornar-se o CEO da empresa no final do ano, e quero surpreender os administradores com essa proposta e obter essa recomendação”, escreveu Warren Buffett, 94 anos.

Warren Buffett, que construi a holding nos últimos 60 anos, revelou que vai convocar um conselho de administração do grupo já este domingo para formalizar a saída e a aprovação do próximo líder executivo, Greg Abel, 62 anos, que já estava no grupo.

Na carta anual de 2024 dedicada aos acionistas da sua Berkshire Hathaway, publicada em fevereiro deste ano, o “Oráculo de Omaha” misturou contas de serviço — através num recorde de 26,8 mil milhões de dólares [cerca de 26 mil milhões de euros] pagos em impostos ao Tesouro dos EUA em 2024 — com avisos sobre riscos climáticos, elogios à gestão japonesa das empresas de que é acionista e um mea culpa: “Erros? Sim, cometemos muitos na Berkshire”.

Em 2024, a Berkshire Hathaway registou lucros operacionais de 45,5 mil milhões de euros, um aumento de 27% face a 2023, com os números a serem impulsionados pelas empresas detidas no setor segurador (8,6 mil milhões de euros em prémios) e por juros gerados de investimentos em títulos do Tesouro norte-americano.

Mas o número que impressiona é o fiscal: a empresa de Buffett pagou cerca de 26 mil milhões de euros em impostos federais, “cerca de 5% do total arrecadado a todas as empresas americanas”, sublinha Buffett na carta aos seus acionistas, destacando ainda que além desse valor a Berkshire pagou montantes consideráveis de impostos sobre o rendimento a governos estrangeiros e a 44 Estados norte-americanos.

Se a Berkshire tivesse enviado ao Tesouro um cheque de 1 milhão de dólares a cada 20 minutos durante todo o ano de 2024 ainda estaríamos a dever ao governo federal uma soma significativa no final do ano”, ironiza Buffett, não deixando de mandar uma farpa à administração de Donald Trump.

“Obrigado Tio Sam. Um dia, os vossos sobrinhos e sobrinhas da Berkshire esperam enviar-vos cheques ainda maiores do que os que fizemos em 2024. Gasta-o com sabedoria. Cuida dos muitos que, sem culpa própria, não tiveram sorte na vida. Eles merecem mais. E nunca te esqueças que precisamos que mantenhas uma moeda estável, e que para isso é preciso sabedoria e vigilância da tua parte.”

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ECO Quiz. Apagão energético, Spinumviva e trabalho

  • Tiago Lopes
  • 3 Maio 2025

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. Está a par de tudo o que se passou?

  • Se está a ler esta notícia numa app, aceda aqui ao quiz

Na segunda-feira, dia 28 de abril, Portugal registou um apagão energético que deixou o país sem eletricidade desde as 11h33.

A recente divulgação de que diversos clientes da Spinumviva, empresa anteriormente ligada à família do primeiro-ministro Luís Montenegro, mantêm contratos significativos com o Estado português suscitou preocupações sobre potenciais conflitos de interesse. Em resposta, Montenegro afirmou que tais contratos foram estabelecidos sem a sua influência direta, enfatizando que qualquer sugestão de interferência política é infundada e ofensiva.

O ECO publica todas as semanas um quiz, que desafia a sua atenção. Tem a certeza que está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento.

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Maior zoo do Norte tem 3,5 milhões para ampliar parque

Investimento em Gaia vai servir para criar novos habitats em espaços mais amplos, ter novas espécies, um novo restaurante e espaço de lazer. Em 25 anos, o zoo já recebeu 3,2 milhões de visitantes.

O Zoo Santo Inácio, localizado em Vila Nova de Gaia, vai avançar com obras de 3,5 milhões de euros que contemplam a ampliação do parque de 15 para 20 hectares. Com 53 funcionários, o maior zoo do Norte acolhe mais 700 animais, de 150 espécies diferentes.

As obras têm a duração de dois anos e arrancam já no final do ano. O investimento vai servir para ampliar a zona visitável, ou seja, criar novos habitats para animais em espaços mais amplos e adaptados às necessidades de bem-estar animal, ter novas espécies, um novo restaurante e construir um espaço de lazer dedicado às famílias e às crianças.

“O zoo ocupa 15 hectares, mas está num terreno de 60 hectares, portanto, depois da ampliação ainda temos 40 hectares para expandir”, explica ao ECO a diretora do Zoo Santo Inácio. “Neste momento queremos expandir mais cinco hectares e vamos começar esta ampliação no final deste ano“, detalha Teresa Guedes.

Em relação às novas espécies de animais, a diretora ainda não consegue dizer ao certo quais, mas garante que “serão espécies que precisam de apoio de conservação, ou seja, que já estão classificadas como ameaçadas de extinção”. Ursos, búfalo do Congo, elefantes e lobos são algumas das hipóteses em cima da mesa.

O Zoo Santo Inácio teve o “melhor ano de sempre” em 2024 com um total de 258 mil visitantes e uma faturação de 4,2 milhões de euros, um crescimento de 9%. Um aumento de 13 mil clientes face ao ano anterior, o equivalente a um crescimento de 5%. Em média, recebeu 710 visitantes por dia, maioritariamente provenientes das regiões do Porto, Viana do Castelo, Coimbra, Vila Real. Entre os visitantes internacionais destacam-se os espanhóis, que representam 11% das entradas, e os franceses, com cerca de 3% das visitas.

Teresa Guedes, diretora do Zoo Santo InácioZoo Santo Inácio

Fundado há 25 anos, o projeto Inácio surgiu da paixão pela Natureza da família Guedes, detentora dos vinhos da Aveleda, que detém agora apenas 5% da quota. O projeto foi desenhado por Roberto Guedes depois de visitar alguns zoos nacionais e internacionais. Os outros cincos irmãos aprovaram a ideia e nasceu o maior zoo do Norte. Neste quarto de século, o zoo já recebeu 3,2 milhões de visitantes.

No entanto, em 2014, o zoo passou para as mãos do grupo francês Thoiry. Teresa Guedes, filha de Roberto, conta que “foi a partir desse momento que o Zoo Santo Inácio assitiu a uma grande expansão, com o túnel dos leões, com a savana africana, com os tigres, com as hienas”. Na ótica da gestora, este investimento “permitiu aumentar a notoriedade e o número de visitantes”.

A diretora nota ainda que a Covid-19 impulsionou a procura por este tipo de experiências “devido à necessidade de estar em contacto com a Natureza”. Teresa Guedes nota ainda que “no passado era preciso uma criança para justificar uma ida ao zoo e que hoje isso já não acontece e que são visitados por casais de idosos e jovens”.

Teresa Guedes enumera que as maiores dificuldades que enfrentam são o clima (chuva) e a falta de notoriedade por parte do Governo em relação aos parques biológicos. “Fazemos um papel de educação e preservação ambiental gigante (e falo de todos os zoos de Portugal) e temos pouquíssimo apoio, não temos qualquer notoriedade quando temos um papel bastante forte na educação da sociedade”. A diretora do zoo nota ainda “que a ajuda não precisa ser monetária, basta divulgação, basta participação”.

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Montenegro promete melhores salários e admite aumento extraordinário das pensões

  • Lusa
  • 3 Maio 2025

O presidente do PSD prometeu dar mais aos trabalhadores, para que estes retribuam mais ao país, e admitiu novo aumento extraordinário das pensões ainda este ano.

O presidente do PSD prometeu dar mais aos trabalhadores, para que estes retribuam mais ao país, e admitiu novo aumento extraordinário das pensões ainda este ano, mas advertiu que Portugal precisa de estabilidade política.

“O Estado tem de dar mais às pessoas para as pessoas darem mais a todo o país. E olhar para aqueles que já cá estiveram antes de nós e que estão hoje reformados”, declarou Luís Montenegro, líder da AD — coligação PSD/CDS no final de uma arruada pelo centro histórico de Guimarães.

Tendo ao seu lado o presidente do CDS, Nuno Melo, o primeiro-ministro referiu que “há um ano havia muita gente que duvidava e muita gente que lançou o medo sobre a candidatura da AD, dizendo que iria conseguir cumprir as suas promessas.

“Aumentámos o Complemento Solidário para Idosos por duas vezes, demos uma comparticipação de medicamentos de 100% aos idosos que têm mais dificuldades económicas. Valorizámos todas as pensões quando chegámos a meio do ano de 2024”, disse, antes de deixar outra promessa: “Faremos o mesmo em 2025 se houver condições [financeiras]. Atribuímos um suplemento extraordinário a todas as pensões até 1.527 euros. Estamos a olhar pelo Estado social, pela saúde e pela habitação”, completou.

Na sua breve intervenção, o presidente do PSD defendeu que o seu Governo, ao longo do último ano, garantiu “estabilidade financeira, estabilidade económica e estabilidade social”. “Precisamos de estabilidade política, precisamos do reforço da nossa maioria para continuar este projeto, para valorizar os jovens, aqueles que estão a trabalhar e aqueles que já estão reformados”, acrescentou.

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Japão não faz acordo com os EUA sem revisão das tarifas

  • Lusa
  • 3 Maio 2025

O negociador de tarifas do Japão, Ryosei Akazawa, disseque o país não tem intenção de chegar a nenhum acordo com a administração do Presidente dos Estados Unidos sem uma revisão das novas tarifas.

O negociador de tarifas do Japão, Ryosei Akazawa, disse este sábado que o país não tem intenção de chegar a nenhum acordo com a administração do Presidente dos Estados Unidos sem uma revisão das novas tarifas impostas.

“Pressionámos os Estados Unidos para reconsiderarem a série de tarifas e não conseguiremos chegar a um acordo se não forem devidamente abordadas”, disse Akazawa, ministro responsável pela Revitalização Económica e Novo Capitalismo, no regresso àquele país asiático após uma segunda ronda de negociações tarifárias em Washington e citado pela agência noticiosa local Kyodo.

Fontes governamentais adiantaram que os EUA se têm mostrado relutantes em conceder isenções ou qualquer tratamento especial ao Japão em matéria de direitos aduaneiros, o que significaria que o aumento de 25% imposto às importações de veículos, uma questão que preocupa particularmente o Japão, não seria negociável.

A indústria automóvel é uma das mais importantes do Japão, especialmente no comércio com os EUA, que representa cerca de 30% das exportações japonesas para aquele país. Antes do aumento, os direitos aduaneiros sobre estes produtos eram de 2,5%.

Num novo revés para Tóquio, os direitos aduaneiros de 25% sobre as importações americanas de automóveis japoneses entraram em vigor hoje.

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, lamentou a aplicação do novo imposto e garantiu que o Japão continuará a pedir aos EUA que reconsiderem as suas novas medidas aduaneiras.

O líder japonês concordou com Akazawa e assegurou que o seu país está a negociar todas as tarifas, incluindo as que incidem sobre os motores, o aço e o alumínio, assim como o agravamento geral de 10% recentemente estabelecido por Washington.

Desde que regressou à Casa Branca, em janeiro, Donald Trump impôs uma subida das tarifas em 25% sobre as importações de veículos estrangeiros e uma subida idêntica sobre o aço e o alumínio produzidos fora dos EUA.

A sua administração também anunciou o que chama de “tarifas recíprocas”, uma série de taxas impostas a parceiros comerciais com os quais tem um défice e a outros países que acusa de adotarem barreiras não tarifárias injustas para as empresas americanas, e que no caso do Japão ascende a 24%.

Esta tarifa permanece parcial e temporariamente suspensa – a tarifa geral de 10% continua em vigor – enquanto decorrem as negociações comerciais bilaterais, nas quais os EUA deram preferência ao Japão. Espera-se que uma terceira ronda de conversações, entre os negociadores de ambos os países, aconteça até dia 31.

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