Queda do Governo preocupa presidentes de câmara em ano de autárquicas

Nas câmaras, a preparação para as autárquicas sofreu um revés com a queda do Governo. Execução de obras, cansaço dos eleitores e dureza dos discursos políticos são apenas algumas das preocupações.

Num momento de grande crispação política, a autarca de Almada, Inês Medeiros, alerta que “todos os democratas têm a responsabilidade de repor dignidade no debate político”RUI MINDERICO/LUSA

Quando as peças do xadrez político se movimentavam sobre o tabuleiro autárquico, com cerimónias dos principais partidos a anunciar e apresentar candidatos às eleições de setembro ou outubro deste ano, centrando-se os discursos inflamados na defesa de projetos para as cidades e vilas, a crise política nacional ensombrou os ânimos autárquicos. Para lá da retirada de visibilidade ao poder local a apenas seis meses das eleições para freguesias e câmaras, teme-se um retrocesso em investimentos fundamentais para os municípios, e até naqueles estruturantes para o país, como o novo aeroporto Luís de Camões, uma preocupação manifestada por autarcas de norte a sul e dos quatro partidos autárquicos, ouvidos pelo ECO/Local Online.

Em Cascais, Carlos Carreiras considera que a crise política “afeta necessariamente, de forma muito negativa”, a gestão das câmaras e que “muitas decisões ficam suspensas à espera de novos protagonistas que não conhecem dossiês e processos que têm vindo a ser discutidos e prontos para decisão”. Já em Almada, Inês de Medeiros vê a gestão autárquica neste contexto político como “um desafio muito maior num ano que já de si era desafiante, ano de autárquicas, com uma série de projetos em curso”.

Para a socialista, “todos os autarcas estão de acordo, a própria associação de municípios expressou muito claramente a sua preocupação com mais um momento de instabilidade política, até apelando ao Governo para reconsiderar a moção de confiança. Sobretudo numa altura em que as coisas não estavam a funcionar muito bem, com o IHRU e o PRR da habitação, o mais gravoso que temos neste momento. Já para não falar das escolas e saúde”, diz a autarca de Almada. Em termos de grandes obras, não teme pela extensão do Metro do Sul do Tejo, que está contratualizada, mas tinha expectativa no lançamento do primeiro estudo para a travessia Algés-Trafaria em túnel.

Em dois mandatos são quatro governos, uma pandemia, uma guerra, uma crise… se os autarcas não são heróis, o que serão? É bom que os portugueses tenham consciência do que seria do país sem as autarquias”, diz Medeiros.

E se Inês Medeiros terminará o segundo mandato com quatro governos, Pedro Lobo, no primeiro mandato em Sever do Vouga, não está muito melhor: “Para mim, autarca há três anos e meio, será o terceiro Governo. Sabemos que dois meses antes e dois meses depois, as coisas não funcionam”.

Carlos Moedas, líder da coligação Novos Tempos, que ganhou a eleição em Lisboa em 2021, aponta o dedo à classe política no geral e diz que “infelizmente, não foi possível” manter o Governo, pelo que “agora temos de ser pragmáticos, olhar para o papel das cidades”, que são, diz o presidente da câmara de Lisboa, “essenciais para marcar a estabilidade”.

Há uma matéria em que era importante todas as forças políticas pensarem, as indemnizações à CNE. Convinha clarificar o que, da parte da CNE, nos vai acontecer. Ficamos numa mega-campanha eleitoral sem conseguir comunicar, sem ser um mero exercício de denúncias sistemáticas

Inês de Medeiros

Presidente da Câmara Municipal de Almada

No par de meses anteriores às eleições, nota Inês de Medeiros, os autarcas têm uma dor de cabeça adicional, as obras que se podem ou não inaugurar, considerando a interpretação da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de que a campanha se inicia a partir do momento em que se marcam eleições.

Ora, visto que até maio decorrerão as legislativas e que a marcação das autárquicas ocorrerá até 80 dias antes do ato de final de setembro ou início de outubro, aos Executivos camarários restam pouco mais de mês e meio sem campanhas. “Há uma matéria em que era importante todas as forças políticas pensarem, as indemnizações à CNE. Convinha clarificar o que, da parte da CNE, nos vai acontecer. Ficamos numa mega-campanha eleitoral sem conseguir comunicar, sem ser um mero exercício de denúncias sistemáticas”, questiona a autarca de Almada. “Rapidamente podemos ser considerados parciais, mediante o partido que está no Governo. Como se pode fazer campanha? Os municípios vão ficar mudos? O que é que podemos fazer? Qual a nossa ação?”

Investimento em perigo

O período eleitoral vai beneficiar os incumbentes, considera Carlos Carreiras, que atinge o limite de mandatos em CascaisMário Cruz/Lusa

E com a instabilidade política nacional, o investimento a nível local poderá ser afetado? “Muito provavelmente, sim”, admite Carlos Carreiras, de Cascais. “Tudo o que seja instabilidade política, reduz a previsibilidade, logo aumenta o risco e faz reponderar processo de investimento”.

O também social-democrata Jorge Vala, de Porto de Mós, assume, sem rodeios, que a crise nacional “afeta, naturalmente, as câmaras”, em especial as que têm investimentos e decisões dependentes de despachos do Governo. Durante dois meses, nota, haverá inação. No seu caso, aguarda despachos para registo de uma zona industrial e para aquisição de um imóvel do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social para fazer um parque, podendo ainda necessitar de um outro para expropriar um terreno necessário à avenida que servirá uma escola em obras. “A partir do momento em que o Governo caia, começo a ter algumas dúvidas. A situação é mesmo muito preocupante”.

Tudo o que seja instabilidade política, reduz a previsibilidade, logo aumenta o risco e faz reponderar processo de investimento

Carlos Carreiras

Presidente da Câmara Municipal de Cascais

Igualmente apreensivo está o socialista Francisco Oliveira, de Coruche, que fala de uma “situação perturbadora”. “A estabilidade governativa impacta muito na gestão das autarquias. Há compromissos, não só internos, mas a quadros comunitários, PRR, PT2030, é preciso cumprir prazos que o país está a fazer perigar”.

Por seu turno, Jorge Vala assume que “é um ano também complexo para os autarcas, ano de eleições, em que as respostas deveriam ser mais naturais, sem estarmos agarrados a calendários que são da responsabilidade de terceiros, e não da nossa. Parece-nos que faltaram adultos na sala”.

No par de meses que distam das eleições, o tom da campanha também deixa os eleitos do poder local apreensivos.

“Em primeiro lugar, temos todos que fazer um esforço para fazer uma campanha digna. É todo o sistema político que está em risco se não o conseguimos fazer”, afirma Inês de Medeiros, que pede para se “repor alguma dignidade no combate político”.

A estabilidade governativa impacta muito na gestão das autarquias. Há compromissos, não só internos, mas a quadros comunitários, PRR, PT2030, é preciso cumprir prazos que o país está a fazer perigar

Francisco Oliveira

Presidente da Câmara Municipal de Coruche

A ele soma-se a disponibilidade dos autarcas para ações de campanha dos seus partidos nas legislativas, tal como sinaliza o presidente da câmara de Porto de Mós: “Não podemos dizer que estamos fora do processo eleitoral nacional. Estamos sempre condicionados.”

Outro ponto em análise é a limitação de tempo para os candidatos autárquicos se dedicarem à sua própria campanha, como nota Frederico Rosa, presidente da câmara do Barreiro. “Temos junho e agosto como meses de férias, as pessoas menos disponíveis para a mensagem política. Abril e maio são fundamentais. É importante ter tempo para discutir as estratégias locais”, nota o socialista do Barreiro.

O modo como um autarca recandidato ou um novo desafiador à atual liderança municipal serão avaliados pela população também sofrerá alterações. A crise política nacional e o período eleitoral “beneficia os incumbentes e prejudica [quem] se quer afirmar como alternativa”, considera Carlos Carreiras, que este ano atinge o limite de mandatos em Cascais. E entre os últimos, aponta “em especial os candidatos socialistas que tinham esperança de se manterem como deputados” no Parlamento.

Os eleitores “podem ser levados pelas tricas nacionais”, admite o socialista Frederico Rosa. “Os eleitores conseguem fazer a destrinça do que se passa na freguesia e no concelho. O que não quer dizer que não estejam cansados”, salienta o autarca do Barreiro.

Ali próximo, a também presidente de uma câmara socialista, Inês de Medeiros, admite que “nos casos em que haja renovação, o impacto das legislativas pode ser maior”.

Vai ser fundamental a proximidade e contacto de rua, de que pessoalmente gosto muito. Os grandes meios de comunicação vão estar envolvidos até final de maio nas legislativas e a mensagem política vai ser totalmente dominada

Frederico Rosa

Presidente da Câmara Municipal do Barreiro

A menor disponibilidade dos media para temas autárquicos no período até às legislativas também é avaliada. Frederico Rosa considera que as legislativas “vão canibalizar a mensagem local, porque as estruturas vão estar ao serviço das campanhas nacionais”. Com a comunicação social centrada no que se passa a nível nacional, “vai ter de haver adaptação” nas estruturas locais, diz o autarca do Barreio

“Vai ser fundamental a proximidade e contacto de rua, de que pessoalmente gosto muito. Os grandes meios de comunicação vão estar envolvidos até final de maio nas legislativas e a mensagem política vai ser totalmente dominada” por essas eleições. “No meio de toda esta agenda mediática e política nacional, vamos ter de saber encontrar espaço para a mensagem local. No meio desta agenda política intensa nos próximos dois meses, nós, autarcas e candidatos, vamos ter que colocar algumas mensagens locais no âmbito da mensagem regional e nacional”.

Num município mais pequeno, como Oliveira do Bairro, “as pessoas contam muito mais que os partidos. É natural que o foco da comunicação social não seja tão relevante. Nós aqui não estamos tão preocupados com as televisões e jornais, aqui vemo-nos muito de proximidade”.

No mesmo registo, João Palma, presidente da câmara de Serpa, considera que as legislativas “não vão ter grande influência” sobre as autárquicas. “Pelo menos a este nível, nas nossas povoações. Se calhar, a nível das grandes cidades poderá influenciar alguma coisa. Aqui, julgo que não, é um contacto muito mais direto, os candidatos são pessoas conhecidas, com alguma relação com os eleitores. Pela dimensão do território, julgo que não vai perturbar”.

Acumulação de atrasos

Fernando Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
Fernando Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de XiraLuís Ribeiro

Os principais receios prendem-se com os fundos europeus destinados à saúde, educação e habitação. Entre os que aguardam uma chamada do Terreiro do Paço está Fernando Ferreira, presidente da câmara de Vila Franca de Xira. O socialista explica que, “a pedido do Ministério da Saúde”, avançou com o projeto de um novo centro de saúde, obra estimada em seis milhões de euros, mas o Governo ainda não abriu o aviso necessário para pagar esta obra que cabe ao Estado central. “Precisamos que o Governo se chegue à frente, porque a câmara está a trabalhar sob indicação do Estado central. Não tínhamos resposta até agora e temo que o Governo não vá responder”.

O edil de Vila Franca de Xira acusa o Governo de estar “paralisado há muitos meses. Os autarcas colocavam questões e não tinham resposta. Os autarcas são muito resilientes e estão todos apostados nos seus próprios programas. Continuaremos a fazer, com ou sem Governo. Nos últimos meses, o Governo era como se não existisse”, acusa, apontando o primeiro-ministro como “o único responsável” pela instabilidade política. “O PS não tem responsabilidade nenhuma nesta matéria. O próprio PSD enquanto partido não terá.”

Os autarcas são muito resilientes e estão todos apostados nos seus próprios programas. Continuaremos a fazer, com ou sem Governo. Nos últimos meses, o Governo era como se não existisse.

Francisco Ferreira

Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

Na habitação, os constrangimentos abarcam municípios maiores, como Vila Franca de Xira e Almada, onde ambos os autarcas apontam o dedo à inércia do IHRU, e também os mais pequenos, como Sever do Vouga. Ali, a estratégia local de habitação, para a qual já só falta o lançamento do concurso público de construção, vai ficar em pausa: “Íamos avançar, mas sem ter certeza do que aí vem, não vamos sequer arriscar, diz o autarca Pedro Lobo.

Os receios prendem-se com obras marcadamente locais, ou regionais, mas também com as mais estruturantes. No Barreiro, Francisco Rosa aponta a terceira travessia do Tejo e o aeroporto de Alcochete como exemplos. Aos quais adiciona a extensão do Metro Sul do Tejo até ao seu município, o hospital esperado para a cidade e o projeto do Arco Ribeirinho Sul. “Tem de haver responsabilidade de Estado, que acho que vai haver. Estas questões são demasiado estruturantes para serem abandonadas. Conforme muda o Governo, não pode ser mudam os ventos, mudam as vontades”. O autarca do Barreiro exige “previsibilidade” e que “se possa construir sobre o que está feito, não se fazer folha branca conforme cada eleição”.

Obra de grande volume é também o túnel de drenagem em Lisboa. Numa declaração aos jornalistas durante a BTL, Carlos Moedas disse esperar ainda por dinheiro europeu para “ajudar a pagar” o investimento, questionando mesmo “o que vai acontecer com o plano geral de drenagem”.

Francisco Oliveira, autarca de Coruche, assume que “este incidente impacta com as autarquias. Espero que não traga alterações profundas, no sentido de o próximo Governo vir a alterar programas, estratégias definidas e alinhadas com investimento dos municípios. Espero que tudo isto não concorra, até à nomeação do novo Governo, para estagnação ou paragem das decisões. O que preocupa os autarcas é que não haja, neste hiato, uma suspensão de decisões prioritárias para os municípios”

Este incidente impacta com as autarquias. Espero que não traga alterações profundas, no sentido de o próximo Governo vir a alterar programas, estratégias definidas e alinhadas com investimento dos municípios. Espero que tudo isto não concorra, até à nomeação do novo Governo, para estagnação ou paragem das decisões.

Francisco Oliveira

Presidente da Câmara Municipal de Coruche

Também na execução das obras, nota o centrista Duarte Novo, de Oliveira do Bairro, “é natural que a instabilidade política traga instabilidade emocional, indisponibilidade de empreiteiros, situações que ficam na corda bamba”. O autarca do CDS faz um paralelo com o efeito de contágio da instabilidade de um país na bolsa de valores. “A economia, naturalmente, vai ser afetada. Algumas expectativas poderão acalmar esta efervescência que estamos a sentir em todo o país. Espero eu, e sou economista de formação, que não tenha consequência para a nossa economia”. Em termos de infraestruturas, o presidente de Oliveira do Bairro teme novo atraso na abertura de um nó de ligação à autoestrada do Norte, A1, o qual servirá também os concelhos de Anadia e Águeda.

A estagnação de projetos é antevista em vários pontos do país, mas em alguns casos admite-se consequências significativas. Em Sever do Vouga, bastante afetado pelos incêndios de setembro, já entraram na câmara 3,5 milhões de euros para colmatar prejuízos, mas as empresas, que tiveram até 28 de fevereiro para apresentar lista de danos, e as coletividades, cuja candidatura a fundos abriu esta semana, vão ficar na incerteza, nota o presidente da autarquia. Perante prejuízos de 10 milhões de euros nos negócios do concelho, o autarca Pedro Lobo espera que o dinheiro não fique retido em Lisboa, “sob pena de as empresas fecharem as portas”. A eventual alteração à prioridade do IC35, anunciada esta semana no Conselho de Ministros, é outro ponto que o deixa receoso.

O Governo, ao ficar em gestão, cria alguma instabilidade, mesmo em termos de contactos, de trabalho conjunto, que nos deixa alguma preocupação com abertura avisos, decisões de projetos que podem depender do poder central. Vai trazer alguma instabilidade, embora, esperamos nós, que não seja muito grave.

João Palma

Presidente da Câmara Municipal de Serpa

A sul, em Serpa, bastião comunista, João Efigénio Palma considera que “o Governo, ao ficar em gestão, cria alguma instabilidade, mesmo em termos de contactos, de trabalho conjunto, que nos deixa alguma preocupação com abertura avisos, decisões de projetos que podem depender do poder central. Vai trazer alguma instabilidade, embora, esperamos nós, que não seja muito grave”.

Vários autarcas olham para o calendário e temem o que veem. É o caso de Serpa: “neste momento, estamos a ultimar o projeto da escola secundária, em breve haverá a apresentação, sendo um investimento grande que depende de uma negociação com interlocutor válido da parte do Governo”.

Em Sever do Vouga, Pedro Lobo sinaliza o risco de se desperdiçar financiamento europeu. “O empréstimo do Banco Europeu de Investimento poderá estar em causa”, admite. “Temos candidaturas para reconstrução de umas dezenas de casas e estávamos à espera há bastante tempo da linha do BEI para avançar com essa candidatura”.

Por outro lado, com o PT2030 “já tão atrasado”, somam-se pelo menos mais três a quatro meses de espera por um novo Governo. “Devíamos estar a falar sobre programas, estratégias, as pessoas, e o que vai ser feito é um referendo a se, efetivamente, quem se candidata a estes lugares pode ter tido uma vida ou pode ter uma vida posterior, ou não”.

O presidente da autarquia do distrito de Aveiro lamenta o tom vigente no Parlamento na passada terça-feira, onde, acusa, “perdeu-se o respeito. Dizem-se coisas que não são verdade e não lhes acontece nada. Chamam-se mentirosos uns aos outros na Assembleia da República, põe-se em causa a reputação”. E, questiona: se ali “são as entidades máximas que o fazem, depois espera-se que nas autárquicas as coisas sejam melhores?”

Devíamos estar a falar sobre programas, estratégias, as pessoas, e o que vai ser feito é um referendo a se, efetivamente, quem se candidata a estes lugares pode ter tido uma vida ou pode ter uma vida posterior, ou não.

Pedro Lobo

Presidente da Câmara Municipal de Sever do Vouga

Francisco Oliveira admite que “as pessoas estão cansadas deste processo de escrutínio”, e embora as autárquicas tenham um foco maior no candidato, considera que pode haver desgaste político decorrente da crise política. “se este período que medeia até às eleições for de muito desgaste individualizado dos representantes dos dois maiores partidos, se forem muito direcionadas, pode concorrer para que haja abstenção muito grande da população”, considera o socialista de Coruche.

Autarca do PCP no Alentejo interior, João Palma é mais otimista: “Julgo que Portugal, o país, está habituado a viver em democracia e a decidir quando tem de decidir. Tenho esperança de que as coisas não se compliquem demasiado”.

A autarca almadense, por seu lado, pede responsabilidade: “O primeiro desafio é o de todos fazermos um grande esforço para repor a dignidade política. Sabemos o que a chegada da extrema-direita trouxe de desprestígio para as instituições. Todos os democratas têm a responsabilidade de repor dignidade no debate político”.

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Marcelo “fez tudo” pela estabilidade, mas “não há meio caminho” na confiança. O discurso do Presidente em 5 pontos

Presidente defendeu que "fez tudo o que podia" para evitar eleições, mas "acordo não era possível", sinalizou a importância da confiança e apelou a debate "digno". O resumo da comunicação ao país.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou na quinta-feira eleições legislativas antecipadas para o dia 18 de maio, após a queda do Governo de Luís Montenegro na sequência do chumbo da moção de confiança. Uma moção contra a qual o chefe de Estado, que pela terceira vez irá dissolver o Parlamento, foi contra.

Num discurso ao país às 20 horas, na sala das bicas, no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa resumiu o que se andou para aqui chegar, defendeu que “fez tudo o que podia” para evitar este cenário, sinalizou a importância da relação entre a ética e a moral e a confiança num primeiro-ministro e apelou a um debate eleitoral “digno” e que “não abra ainda mais a porta a experiências que se sabe como começam e se sabe como acabam”.

O discurso do Presidente da República em cinco pontos essenciais:

“Não se pode ao mesmo tempo confiar e desconfiar ética e moralmente do primeiro-ministro”

Marcelo Rebelo de Sousa resumiu aos portugueses o desenrolar da polémica em torno da empresa do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e a resposta dos atores políticos. “Por que é que o Governo, por um lado, anunciou e apresentou a moção de confiança e, por outro lado, as oposições – salvo um partido – rejeitaram essa moção, provocando a demissão do Governo? O tema central respeitou à confiança que o primeiro-ministro e, portanto, o Governo mereceriam para continuar a governar Portugal”, apontou.

Segundo o chefe de Estado, o “choque” político que se gerou entre os partidos não foi “apenas legal, nem político, mas sobretudo de juízo ético ou moral sobre uma pessoa e a sua confiabilidade – o primeiro-ministro”. Uma situação que, entende, “suscitou uma questão nova em que todos os esforços de entendimento mesmo mínimo se revelaram impossíveis“.

“Não se pode ao mesmo tempo confiar e desconfiar ética e moralmente de uma pessoa, neste caso do primeiro-ministro e, portanto, do Governo. Não havia meio caminho“, descreveu.

“Tudo fez ao seu alcance para salvaguardar” a estabilidade

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “tudo aconselha a estabilidade” e tornou claro, ainda que nas entrelinhas, que foi contra as posições tomadas no desenvolver do processo, nomeadamente a apresentação da moção de confiança.

Ao Presidente da República, o primeiro interessado na estabilidade e na dispensa de novas eleições e que tudo fez ao seu alcance para salvaguardar, não restava senão a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições para o dia 18 de maio de 2025“, afirmou.

Ninguém desejava eleições, mas contexto assim o obriga

O chefe de Estado sublinhou que os partidos não desejavam eleições, mas perante o panorama alinharam posições sobre a necessidade de nova ida à urnas dos portugueses. “Os partidos, ouvidos após a demissão do Governo, pronunciaram-se por unanimidade pela dissuasão da Assembleia da República e convocação de eleições. Embora, todos, como caminho que não desejavam, mas imposto pela realidade”, disse.

Nas audiências na quarta-feira com Marcelo Rebelo de Sousa, os líderes políticos apelaram a que o país fosse a votos rapidamente. Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda que a posição do Conselho de Estado também foi unânime sobre esta matéria: “Não o desejamos, mas temos de aceitar a saída determinada pela realidade“.

“Perante esta terceira eleição para a Assembleia da República em quatro anos, que diria muito provavelmente ninguém esperava e sobretudo ninguém queria, começam agora a correr dois meses de debate eleitoral” disse.

“É inevitável” que o tema da crise política ocupe parte do debate…

Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu que “é inevitável que o tema da crise ocupe parte desse debate, em particular nas primeiras semanas“. No entanto, apelou a que o “debate que pode e deve pesar, e pesar bem, os riscos para a democracia de situações em que não é possível haver confrontos, nem parcial seja, porque se trata de conduzir a becos de natureza pessoal e ética que não têm saída que não sejam as eleições“.

“Seria um desperdício imperdoável não discutir aquilo que preocupa o dia a dia dos portugueses nos próximos tempos”, vincou.

… mas este deve ser digno e elevado

O Presidente da República sinalizou esperar “uma transição, se possível, tão pacífica como a de 2024” e deixou um alerta para que se mantenha o nível do debate político.

Impõe-se que haja um debate eleitoral claro, esclarecedor, mas sereno, digno, elevado, tolerante, respeitador da diferença e pluralismo, que fortaleça a democracia e não abra ainda mais a porta a experiências que se sabe como começam e se sabe como acabam“, defendeu.

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Arábia Saudita lança Al Waha Duty Free, a sua primeira cadeia de retalho duty-free

  • Servimedia
  • 14 Março 2025

O primeiro operador de lojas duty-free da Arábia Saudita, apoiado pelo Fundo de Investimento Público, irá impulsionar o retalho de viagens na Arábia Saudita.

A Arábia Saudita está a avançar com a modernização do seu setor de retalho de viagens com o lançamento da Al Waha Duty-Free Company, a primeira empresa saudita dedicada à exploração de lojas duty-free no país. Impulsionada pelo Fundo de Investimento Público (PIF), esta iniciativa tem como objetivo reforçar a estratégia do país para diversificar a sua economia e fortalecer a sua posição como um destino turístico e de negócios líder na região.

O Al Waha Duty-Free funcionará em aeroportos, postos fronteiriços terrestres e portos marítimos, oferecendo uma grande variedade de produtos internacionais e locais de alta qualidade. O seu objetivo é melhorar a experiência do viajante e captar uma maior parte das despesas de retalho das pessoas que transitam pelo país.

Este projeto faz parte do objetivo de atrair mais de 150 milhões de turistas até 2030, consolidando assim o turismo como um dos principais motores da economia saudita. A expansão do duty-free também ajudará a gerar novas oportunidades económicas, a aumentar o comércio transfronteiriço e a reforçar a projeção dos produtos nacionais no mercado global.

A introdução da Al Waha Duty-Free Company reforça o compromisso da Arábia Saudita com a diversificação económica, em consonância com a Visão 2030. Espera-se que a expansão destas lojas contribua para a criação de emprego e promova novas oportunidades de investimento.

De acordo com dados oficiais, a Arábia Saudita ultrapassou os 106 milhões de turistas em 2023, superando o objetivo inicial fixado para 2030. Com a chegada do Al Waha, a Arábia Saudita consolida a sua posição como um dos principais destinos de compras na região, procurando captar uma maior quota de gastos dos viajantes internacionais.

Com este compromisso, o PIF reforça a sua aposta no crescimento económico do país, gerando um impacto positivo tanto no comércio como na experiência do turista e projetando a Arábia Saudita como um novo ator na indústria global de duty-free.

SETOR EM CRESCIMENTO

O mercado duty-free no Médio Oriente tem registado um crescimento constante nas últimas décadas, com os países a aumentarem a sua presença na região.

Entre as referências do setor encontra-se o Dubai Duty Free, que desde a sua criação em 1983 estabeleceu uma das maiores redes duty free do mundo, com vendas superiores a 2,16 mil milhões de dólares em 2023. A Aer Rianta International (ARI) foi também pioneira no setor com a abertura da primeira loja duty free no Aeroporto de Shannon (Irlanda) em 1947 e depois no Aeroporto Internacional do Dubai em 1983.

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Marcelo avisa que eleições são risco para a democracia, mas partidos estão a postos para o embate

Presidente da República teme sucessivas crises se a campanha se focar em "becos de natureza pessoal e ética". Forças políticas estão a postos para o combate e PS quer um novo Governo duradouro.

O Presidente da República não queria eleições antecipadas, mas “não havia meio caminho“, diante do “choque sobre a confiabilidade, a ética do primeiro-ministro”, relacionado com o caso da empresa da família, Spinumviva, e eventuais conflitos de interesse com o exercício de funções de chefe do Executivo. Com o respaldo da unanimidade dos partidos com assento parlamentar e do Conselho de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa marcou as legislativas para 18 de maio.

Mas alertou para o teor da campanha eleitoral que pode colocar em risco a democracia e abrir porta a uma constante crise política, caso se foque em “becos de natureza pessoal e ética”, favorecendo populismos e, em última análise, “a ditadura”.

“Impõe-se que haja um debate eleitoral claro, frontal, esclarecedor, mas sereno, digno, elevado, tolerante, respeitador da diferença e do pluralismo. Que fortaleça, não enfraqueça a democracia. Não abra, ainda mais, a porta a experiências que se sabe como começam e se sabe como acabam”, defendeu Marcelo.

Em reação à chamada de atenção do Chefe de Estado, os partidos mostraram-se preparados para o embate, com o PS a pedir um “Governo duradouro”. O secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, começou por defender-se, afirmando que o partido deu “todas as condições para que este Governo pudesse governar”.

“As eleições não podem ser encaradas como um estorvo e um problema da democracia. São uma oportunidade de clarificação. A escolha será entre dois projetos e duas lideranças e a escolha do projeto depende da confiança na liderança”, disse, antes de acrescentar que “a saúde da democracia” e o desenvolvimento do país vai decidir-se entre PS e PSD.

Para o presidente do Chega, André Ventura, Marcelo Rebelo de Sousa “foi muito claro” no seu discurso, ao deixar o ónus da crise no primeiro-ministro, Luís Montenegro, e não nos partidos da oposição. Face ao repto lançado pelo Presidente da República, de elevação e dignificação da campanha, Ventura garantiu que o partido irá abordar os temas que interessam aos portugueses como a “crise de habitação dos que não conseguem comprar casa” ou a “luta contra a corrupção” e que a mensagem do partido não se vai centrar na “falta de integridade do primeiro-ministro ou das suspeitas”.

A líder parlamentar da IL e candidata presidencial, Mariana Leitão, considerou que o Presidente da República fez um diagnóstico correto da atual situação política e argumentou que “é óbvio que tudo aquilo que se viveu nos últimos tempos fragiliza o primeiro-ministro”.

A deputada assegurou ainda que os liberais farão uma “campanha pela positiva, focada em apresentar soluções” com o objetivo de “devolver a esperança e a ambição aos portugueses”.

O líder parlamentar do CDS, Paulo Núncio, começou por responsabilizar as oposições pela atual crise por rejeitarem uma moção de confiança “numa escalada destrutiva completamente irresponsável”. O parlamentar diz estar “absolutamente convencido” de que os portugueses “acabarão por reconduzir este Governo”, assegurando que os centristas terão uma “campanha eleitoral serena, civilizada, decente”.

“É muito importante que os portugueses saibam escolher com rigor, com serenidade, com tranquilidade, soluções seguras, confiáveis e que permitam governar o país com conhecimento, com competência, mas também com decência”, defendeu o deputado centrista.

Do lado do BE, a preocupação é a de que o Presidente garanta que “o Governo não extravasa funções e poderes de governo de gestão”. A coordenadora bloquista, Mariana Mortágua, corrigiu ainda Marcelo Rebelo de Sousa: “O que se passou para justificar a crise não foi um conflito de opiniões em que uns entenderam que houve um problema ético e outros não”. Para a parlamentar existe mesmo um problema entre Luís Montenegro e a empresa familiar Spinumviva.

“Cá estaremos prontos para este combate”. Foi a reação do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo. O também deputado lembrou ainda que “o confronto com o Governo não se resume a este caso concreto”, é “também um combate político-ideológico”. Nas perspetiva do comunista, o facto de Marcelo se ter focado durante tanto tempo, no seu discurso, no caso concreto do primeiro-ministro, acaba “por, de forma direta, sublinhar as responsabilidades que o Governo tem no seu próprio caminho”.

Rui Tavares, do Livre, acompanhou as preocupações do Presidente da República sobre o risco da ascensão de populismos e pediu que se “evite que uma crise individual do primeiro-ministro se transforme numa crise de regime”.

Esperamos que a campanha possa ser esclarecida, que possa haver alternativas e não passemos o tempo todo num debate de atirar culpas de uns para os outros”, sublinhou.

Do mesmo modo, a líder do PAN, Inês de Sousa Real, espera que o “debate não fique minado pelas questões de atuais conflitos de interesse”. A também deputada única reiterou que o responsável pela crise política é Luís Montenegro e acusou-o de se ter escondido “atrás da moção de confiança”. “Arrastou o país para eleições antecipadas”, criticou.

A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos – e que passou na semana passada apenas para os filhos de ambos –, levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.

Depois de mais de duas semanas de notícias – incluindo a do Expresso de que o grupo Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva –, de duas moções de censura ao Governo, do Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão parlamentar de inquérito, o primeiro-ministro anunciou a 5 de março a apresentação de uma moção de confiança ao Governo.

O texto foi rejeitado na terça-feira com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal. Segundo a Constituição, a não aprovação de uma moção de confiança implica a demissão do Executivo, o que aconteceu um ano e um dia depois da vitória da coligação AD nas legislativas antecipadas de 10 de março.

O XXIV Governo Constitucional tornou-se o segundo Executivo na história da democracia a cair na sequência da apresentação de uma moção de confiança, depois do I Governo Constitucional, em 1977, dirigido pelo socialista Mário Soares.

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BCP emite 500 milhões em dívida subordinada Tier 2

  • ECO
  • 13 Março 2025

O banco, liderado por Miguel Maya, anunciou a emissão de obrigações que contam para capital Tier 2, com um prazo de 12 anos e uma taxa de juros de 4,75% nos primeiros sete anos.

O BCP anunciou, esta quinta-feira, a emissão de 500 milhões de euros em dívida subordinada Tier 2, que teve uma “rápida e bem-sucedida execução” junto de investidores institucionais.

A operação “terá um prazo de 12 anos, com opção de reembolso antecipado pelo Banco durante os três meses anteriores ao final do 7º ano, indica a nota publicada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Quanto à remuneração, o banco explica que tem uma “taxa de juros de 4,75%, ao ano, durante os primeiros 7 anos”, correspondente a um spread de 2,15% sobre a taxa mid-swap de sete anos. Para os outros cinco anos, “a taxa de juro será refixada com base na taxa mid swaps de 5 anos prevalecente acrescida do spread”, indica ainda o BCP.

 

Da parte da manhã, o banco tinha avançado com um processo de reembolso antecipado de obrigações que contam para capital Tier 2 com juros de 4,5%, vencimento em dezembro de 2027 e cujo montante emitido ascende a 300 milhões de euros. O banco, em comunicado enviado ao mercado, adiantava que a oferta está “condicionada à conclusão com sucesso” de uma emissão de obrigações T2 no montante de pelo menos 450 milhões de euros.

Segundo explicou a instituição, “o objetivo da oferta é gerir de forma proactiva a estrutura de capital e o perfil da dívida do BCP”. Por outro lado, a operação “proporciona liquidez aos investidores”, ao mesmo tempo que “lhes dá a oportunidade de se candidatarem a uma afetação prioritária na alocação da nova emissão Tier 2”.

O BCP refere que “ao considerar a alocação das novas notes poderá dar preferência aos detentores de note que, antes dessa alocação, tenham licitado validamente (ou tenham manifestado a intenção firme de licitar) as suas notes para aquisição no âmbito da oferta”.

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Eleições não são um “estorvo”. A reação dos partidos

“É preciso escolher um governo que não esteja a prazo”, defende o líder do PS. Liberais concordam com diagnóstico de Marcelo e Chega considera que o Presidente responsabilizou Montenegro pela crise.

Pedro Nuno Santos disse, esta quinta-feira, que “é preciso escolher um governo que não esteja a prazo”, na primeira reação dos socialistas à declaração do Presidente da República ao país, onde anunciou a decisão de dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas para 18 de maio.

Por outro lado, o líder do Chega interpretou que Marcelo Rebelo de Sousa tinha apontado o dedo ao primeiro-ministro pela crise política, causa pela apresentação, e chumbo, da moção de confiança apresentada pelo Governo. O chefe de Estado foi “muito claro”, disse André Ventura.

Também os liberais, pela voz de Mariana Leitão, consideraram que Marcelo tinha feito um diagnóstico correto, em que “é óbvio que tudo aquilo que se viveu nos últimos tempos fragiliza o primeiro-ministro”.

Já à esquerda, o Bloco espera que o Presidente garanta que “o Governo não extravasa funções e poderes de governo de gestão”. E os comunistas dizem que “estão prontos para o combate” eleitoral. Leia abaixo um resumo das reações dos partidos ao novo ciclo eleitoral

“É preciso escolher um governo que não esteja a prazo”

O secretário-geral do PS avisou que “o momento é grave” e que “mais do que uma escolha momentânea” há agora que escolher “um governo duradouro com condições para que não esteja a prazo”. Aliás, sublinhou, “será entre o PS e o PSD que se vai decidir a saúde” da democracia e “o desenvolvimento” do país.

Para Pedro Nuno Santos, a ida às urnas é uma “oportunidade de clarificação”. Está em causa a “escolha entre dois projetos e duas lideranças, e a confiança no projeto depende da confiança na liderança”, assinalou. E deixou claro que levará para a campanha eleitoral a questão da transparência e ética.

“Agora temos eleições e elas não podem ser encaradas como um estorvo, um problema da nossa democracia”, sustentou. Para o secretário-geral do PS, este governo não entrou esta semana em gestão, mas sim, “quando se esgotou o excedente orçamental”.

Crise é da responsabilidade da oposição, diz CDS-PP

O líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio, referiu que a atual crise é da “inteira e exclusiva responsabilidade das oposições” por rejeitarem uma moção de confiança “numa escalada destrutiva completamente irresponsável”. Aliás, acusou: “É o vale tudo no bota-abaixo”.

Paulo Núncio frisou estar “absolutamente convencido” de que os portugueses “acabarão por reconduzir este Governo”. Aliás, “os portugueses têm duas opções nas próximas eleições: ou votam na irresponsabilidade das oposições ou então votam na recondução de um bom Governo que governou bem no último ano”.

Comprometeu-se com uma “campanha eleitoral serena, civilizada, decente”, apelando aos “partidos dos extremos” que “consigam elevar o debate”.

Chega satisfeito por Marcelo culpar Montenegro

Já o presidente do Chega, André Ventura, referiu que, durante o seu discurso ao país, o Presidente da República assumiu que a crise política é da responsabilidade do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e que “foi muito claro” ao apontar o dedo a Luís Montenegro e não nos partidos da oposição.

Basta ouvir atentamente o que disse hoje o Presidente da República e acho que fica muito claro que a responsabilidade do primeiro-ministro Luís Montenegro não foi acautelada, que não esteve ao nível e à altura das circunstâncias e que, sobretudo, não soube aplicar para si aquilo que sempre aplicou para os outros”, referiu André Ventura, em reação à declaração de Marcelo Rebelo de Sousa.

André Ventura comprometeu-se a levar para a campanha eleitoral os temas que interessam aos portugueses, como a “crise de habitação dos que não conseguem comprar casa” ou a “luta contra a corrupção”. Assegurou ainda que não se vai centrar na “falta de integridade do primeiro-ministro ou das suspeitas”.

IL fará “campanha pela positiva”

Para Mariana Leitão, líder parlamentar da Iniciativa Liberal (IL), Marcelo Rebelo de Sousa fez um correto diagnóstico sobre a atual situação política. E afirmou que “é óbvio que tudo aquilo que se viveu nos últimos tempos fragiliza o primeiro-ministro”.

“Por isso mesmo também é que entrámos neste cenário de eleições antecipadas, mas agora temos dois meses pela frente, queremos fazer uma campanha pela positiva, queremos apresentar soluções aos portugueses, é esse o compromisso da Iniciativa Liberal”, comprometeu-se.

A também candidata presidencial assegurou que os liberais farão uma “campanha pela positiva, focada em apresentar soluções” de modo a “devolver a esperança e a ambição aos portugueses”.

Bloco espera que Presidente garanta que “o Governo não extravasa poderes”

Para Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda (BE), o Presidente “tem o dever de garantir que o Governo não extravasa funções e poderes de governo de gestão”.

A bloquista disse ainda concordar com a data anunciada pelo Presidente da República para as próximas legislativas por entender ser “a mais sensata” para os partidos se prepararem. Mortágua deixou ainda bem claro que “o que se passou para justificar a crise não foi um conflito de opiniões em que uns entenderam que houve um problema ético e outros não”.

PCP pronto para o “combate”

“Cá estaremos prontos para este combate”, disse o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo. O deputado lembrou também que “o confronto com o Governo não se resume a este caso concreto”, é “também um combate político-ideológico”.

Nas perspetiva do comunista, o facto de Marcelo se ter focado durante tanto tempo, no seu discurso, no caso concreto do primeiro-ministro, acaba “por, de forma direta, sublinhar as responsabilidades que o Governo tem no seu próprio caminho”.

PAN espera que “debate não fique minado” por conflitos de interesse

Já a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, espera que o “debate não fique minado pelas questões de atuais conflitos de interesse”. Inês Sousa Real diz-se satisfeita com a escolha da data de 18 de maio para as eleições antecipadas por entender ser benéfica para os partidos mais pequenos se poderem preparar.

A representante do PAN apontou ainda o dedo a Montego como responsável pela crise política, acusando-o de se ter escondido “atrás da moção de confiança” e por consequência ter arrastado “o país para eleições antecipadas”.

Livre quer “evitar crise ainda maior” da que se vive

Rui Tavares, do Livre, espera “que assim o país possa evitar uma crise ainda maior do que a que já se vive.” Pede mesmo que se “evite que a crise individual do primeiro-ministro se transforme numa crise de regime”.

“Esperamos que a campanha possa ser esclarecida, que possa haver alternativa e não passemos o tempo todo num debate de atirar culpas de uns para os outros”, afirmou.

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Marcelo dissolve pela terceira vez a Assembleia. Leia aqui o discurso do Presidente ao país

  • ECO
  • 13 Março 2025

Na declaração ao país, em que anunciou a dissolução da Assembleia, o Presidente apelou a “um debate digno e elevado” na campanha eleitoral que se aproxima. Leia aqui o discurso.

O Presidente da República, numa comunicação ao país de cerca de dez minutos, marcou eleições antecipadas para 18 de maio, na sequência da crise política que levou à demissão do Governo chefiado por Luís Montenegro. Foi a terceira vez que Marcelo Rebelo de Sousa recorreu à “bomba atómica” nos seus mandatos em Belém.

Leia abaixo o discurso do chefe de Estado a partir da Sala das Bicas no Palácio de Belém:

“Portugueses,

Disse-vos em final de 2024, na mensagem de Ano Novo e, há quinze dias, aquando da visita do Presidente Francês:

O Mundo mudou imenso nos últimos meses e tudo indica que irá mudar mais. É um virar de página rápido e profundo.

Os Estados Unidos da América parecem distanciar-se de aliados europeus. A Federação Russa pode, desse modo, aumentar o seu papel internacional.

A União Europeia tem de se unir ainda mais, recuperar na economia, melhorar na defesa, sem perder o apoio social dos europeus, e evitar ficar descartável ou enfraquecida entre americanos e russos. A pensar na Ucrânia, em que se espera que a trégua seja uma oportunidade e não uma ilusão, mas também na segurança de todo o Continente.

Em tempos assim, a economia mundial fica imprevisível e isso poderá cair sobre países mais sensíveis às mudanças internacionais.

Portugal soube, nos últimos anos, equilibrar as contas do Estado, reduzir a dívida externa, crescer na economia, reduzir o desemprego, atrair grandes projetos, como o novo da Autoeuropa, subir nas classificações das agências financeiras. Isto, apesar de continuar com questões que a todos preocupam – não desperdiçar fundos que vêm lá de fora e são únicos, gerir melhor a Saúde e a Educação, acelerar na Habitação.

Tudo a aconselhar a estabilidade, ou seja, não haver crises nem sobressaltos que atrasem o que é urgente fazer e fazer bem. Inesperadamente, num mês – entre fevereiro e março – surgiu uma crise aparentemente só política, como tantas outras.

Tínhamos superado a sucessão de Governos, há um ano. Tínhamos aprovado o Orçamento do Estado há quatro meses. Íamos e vamos ter eleições locais daqui a seis meses e presidenciais quatro meses depois. Tudo começou com questões levantadas quanto ao Governo e, a seguir, ao Primeiro-Ministro. Questões sobre atividades passadas e seus efeitos no presente.

Em cerca de um mês, o debate ocorreu na comunicação social e na Assembleia da República, envolvendo duas moções de censura, votadas e rejeitadas, e uma moção de confiança, votada e também rejeitada. Esta última rejeição, nos termos da nossa Constituição, implicou, de imediato, a demissão do Governo.

Porque é que o Governo, por um lado, anunciou e apresentou a moção de confiança, e, por outro lado, as oposições, salvo um partido, rejeitaram essa moção, provocando a demissão do Governo? O tema central respeitou à confiança que o Primeiro-Ministro e, portanto, o Governo, mereceriam para continuar a governar Portugal.

Do lado do Governo, foi afirmado que o Primeiro-Ministro, na sua atividade patrimonial passada e presente, havia agido sempre no respeito da lei, da legitimidade política e da ética ou moralidade, ou seja, da transparência e da não confusão entre política e interesses económicos.

Do lado das oposições, foi contraposto que tinha havido ou podia ter havido desrespeito da lei, da legitimidade política e da ética ou moralidade, ou seja, confusão entre política e interesses económicos.

O Governo entendeu que, depois dos esclarecimentos dados, o prolongamento no tempo deste choque de juízos tornaria impossível continuar a governar. E, portanto, se impunha que a Assembleia da República exprimisse a sua confiança, e, não sendo esse o caso, o Povo, em eleições, resolvesse um conflito sem acordo à vista.

As oposições entenderam que se impunha, em face dos esclarecimentos dados, recusar a confiança, e, em última análise, recorrer ao voto popular. Este choque, não apenas legal, nem político, mas sobretudo de juízo ético ou moral sobre uma pessoa e sua confiabilidade, o Primeiro-Ministro, suscitou uma questão nova, é que todos os esforços de entendimento, mesmo mínimo, se revelaram impossíveis. Porquê?

Porque, para uns, com os factos invocados e os esclarecimentos dados, a confiança ética ou moral era óbvia. Porque, para outros, com os mesmos factos invocados e os esclarecimentos dados, a desconfiança moral ou política é que era óbvia. E, entre as duas posições, o acordo não era possível. Não se pode, ao mesmo tempo, confiar e desconfiar ética ou moralmente de uma pessoa, neste caso do Primeiro-Ministro, e, portanto, do Governo. Não havia meio caminho.

Portugueses,

Este panorama aparecia, nestes termos, pela primeira vez, na nossa Democracia. Um choque que não tanto sobre políticas quanto sobre a confiabilidade, ou seja, a ética da pessoa exercendo a função de Primeiro-Ministro.

Os partidos, ouvidos após a demissão do Governo, pronunciaram-se, por unanimidade, pela dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições legislativas. Embora, todos, como caminho que não desejavam, mas imposto pela realidade. O mesmo foi o parecer unânime do Conselho de Estado. Não desejando, mas tendo de aceitar a saída determinada pela realidade.

Ao Presidente da República, o primeiro interessado na estabilidade e na dispensa de novas eleições, e que tudo fez ao seu alcance para o salvaguardar, não restava senão anunciar a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições para o dia 18 de maio de 2025, a data preferida pela maioria dos partidos.

Portugueses,

Perante esta terceira eleição para a Assembleia da República em quatro anos, – que eu diria, que muito provavelmente, ninguém esperava e, sobretudo, que ninguém queria –, começam, agora, a correr dois meses de debate eleitoral. É inevitável que o tema da crise ocupe parte desse debate, em particular nas primeiras semanas.

Debate que pode e deve pesar, e pesar bem, os sinais e os riscos para a Democracia, de situações de confronto em que não é possível haver consensos, nem que parcial seja, porque se trata de conduzir a becos, de natureza pessoal e ética, que não têm saída, que não sejam as eleições.

Mas seria um desperdício imperdoável não discutir aquilo que tanto preocupa no dia a dia dos Portugueses nestes e nos próximos tempos. Quem propõe o quê e se apresenta para liderar o Governo e resolver problemas concretos.

A economia e o seu crescimento, o emprego, o controlo da inflação, os salários e os rendimentos, a saúde, a habitação, a educação, as desigualdades, a justiça, a mobilidade humana, o lugar dos menos jovens e também o lugar dos mais jovens na nossa sociedade, a segurança, e, claro, a transparência e o combate à corrupção.

Tudo num quadro de paz e de guerra e de uma muito difícil situação económica internacional.

Tudo isto ocorre com um Orçamento viabilizado pelos principais partidos, e que está em plena execução, com estabilidade económica e crédito internacional e com condições que o Presidente da República garante para que se não pare a execução do PRR, mesmo com Governo de gestão, sem atropelo, claro, das regras eleitorais. Qual o objetivo? Permitir uma transição, se possível, tão pacífica como a vivida em 2024. Só que agora em dois meses e meio e não em cinco, como então.

Impõe-se que haja um debate eleitoral claro, frontal, esclarecedor, mas sereno, digno, elevado, tolerante, respeitador da diferença e do pluralismo. Que fortaleça, não enfraqueça a Democracia. Não abra, ainda mais, a porta a experiências que se sabe como começam e se sabe como acabam.

É o apelo para todos – e creio – de todos os Portugueses.

Um debate que dê força a quem nos vier a representar na Assembleia da República, que dê força a quem nos vier a governar, que dê força aos Portugueses para controlarem os seus representantes e os seus governantes, que dê força à Democracia e, com ela, e a sua capacidade de enfrentar e superar crises, que só a Democracia tem, não a Ditadura, que dê força a Portugal.”

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Suíços da Schweizer Hagel entram no seguro agrícola em Portugal

A seguradora suíça com 35 mil cooperantes chega a Portugal para, em parceria com Filipe Charters, explorar as lacunas de proteção por seguros que considera evidentes no setor agrícola.

A Schweizer Hagel, companhia de seguros mútua suíça com mais de 140 anos de experiência em seguros de explorações agrícolas, vai entrar no mercado português através da aquisição, faseada e integral, da mediadora Safe-Crop, agência de intermediação de seguros agrícolas, fundada em 2020, por Filipe Charters de Azevedo, que passa a assumir as funções de Mandatário Geral da nova sucursal.

Filipe Charters de Azevedo vai ser o mandatário da Schweizer Hagel em Portugal. Adrian Aebi, CEO do grupo suíço, quer aproveitar as lacunas de proteção para expandir a internacionalização da cooperativa.

Adrian Aebi, CEO do grupo suíço, afirmou que “sendo uma empresa detida exclusivamente por agricultores, a Schweizer Hagel compreende profundamente a linguagem do campo, bem como as preocupações e dificuldades do mundo rural”.

A marca a usar será Hagel (granizo em alemão) e foi constituída a Société Suisse d’assurance contre la Grêle (granizo em francês) – Sucursal em Portugal, aprovada esta semana pela ASF, entidade supervisora do setor dos seguros.

A Hagel foi fundada em 1880 e tem sede em Zurique, operando até agora na Suíça, França e Itália, começando agora a trabalhar no mercado português. É uma mútua, uma cooperativa com 35 mil membros, tantos quantas as explorações que segura. Em 2023, os capitais seguros atingiram 4,2 mil milhões de euros de seguros de culturas, tendo a seguradora cobrado prémios no valor de 148,8 milhões de euros.

Como cooperativa tem por norma redistribuir os lucros pelos seus membros sob a forma de desconto de preço do prémio, tendo esse valor atingido os 3,1 milhões de euros em 2024.

“A aposta em Portugal deve-se à vontade de diversificar riscos e tornar o grupo mais resiliente”, justifica Adrian Aebi, acrescentando que “Portugal constitui ainda uma “boa oportunidade, considerado o elevado protection gap”, conclui.

Revolução agrícola: Novas práticas e melhor gestão da água

O responsável direto em Portugal, Filipe Charters de Azevedo, afirma que há “uma revolução na produção agrícola, com aumentos de produtividade e de valor acrescentado assentes em novas práticas e numa melhor gestão da água”, indicando que a Hagel “compromete-se a ser um parceiro dos agricultores, ajudando a minimizar prejuízos e a assegurar a continuidade das suas atividades com plena confiança”.

“Em todos os países onde operamos, a Hagel garante uma proteção eficaz contra fenómenos meteorológicos adversos e outras calamidades, proporcionando tranquilidade e segurança aos seus clientes”, explica Charters de Azevedo, divulgando que a seguradora oferece uma “ampla gama” de seguros agrícolas, destacando o seguro de colheitas e o seguro vitícola de colheitas. “Acreditamos em relações fortes e duradouras com os agricultores – estamos ombro a ombro com os produtores”, conclui o gestor.

A entrada da Hagel será realizada em co-seguro com a Caravela que tem sido a companhia parceira da Safe-Crop de Filipe Charters. No ano passado o seguro agrícola em Portugal produziu prémios de 32,4 milhões de euros, com a Fidelidade a deter 61% do mercado, a CA Seguros com 16%, Caravela com 14%, UNA com 6% estando a Generali Tranquilidade já em fase de saída do mercado.

Protagonistas também são as corretoras Atlas, do grupo da Secose de Frederico Bernardino, que trabalha com a japonesa Sompo, e a Cegrel, de Miguel Fino, que está em negociações de integração com a corretora NacionalGest.

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Assembleia da República dissolvida 10 vezes em 50 anos

  • Lusa
  • 13 Março 2025

É a terceira vez que Marcelo Rebelo de Sousa usa o poder constitucional para dissolver o parlamento nacional. Foi o Presidente da República que mais usou a "bomba atómica".

A dissolução da Assembleia da República anunciada esta quinta-feira é a décima desde o 25 de Abril de 1975, sendo a terceira vez que Marcelo Rebelo de Sousa usa este poder constitucional para dissolver o parlamento nacional.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em funções desde 2016, anunciou hoje uma nova dissolução do parlamento nacional e a convocação de eleições antecipadas para 18 de maio. Marcelo Rebelo de Sousa já tinha dissolvido a Assembleia da República em dezembro de 2021 e em 9 de novembro de 2023.

“O Presidente da República decidiu, assim, depois de ouvir os partidos políticos nela representados e do parecer do Conselho de Estado, que irá dissolver a Assembleia da República e marcar as eleições para o dia 18 de maio de 2025”, lê-se num comunicado divulgado na página da Presidência da República.

O primeiro chefe de Estado eleito em democracia, António Ramalho Eanes (Presidente entre 1976 e 1986), dissolveu o parlamento três vezes: em setembro de 1979, em fevereiro de 1983 e em julho de 1985. Mário Soares (1986-1996) utilizou uma vez o poder de dissolução, em abril de 1987. Jorge Sampaio (1996-2006) dissolveu duas vezes a Assembleia da República, em janeiro de 2002 e em dezembro de 2004. Já Aníbal Cavaco Silva (2006 a 2016) dissolveu uma vez o parlamento, em abril de 2011.

Segue-se uma descrição de cada um dos anteriores processos de dissolução, por ordem cronológica.

Primeira dissolução, após a demissão de Mota Pinto

A primeira dissolução aconteceu na sequência da demissão do então primeiro-ministro, Carlos Alberto da Mota Pinto, apresentada em 07 de junho de 1979, alegando “obstrução sistemática da Assembleia da República” à ação do IV Governo Constitucional – o segundo governo de iniciativa presidencial, nomeado por Ramalho Eanes sem suporte no parlamento.

O primeiro-ministro demitiu-se num contexto de crise orçamental, com o Orçamento Geral do Estado para 1979 rejeitado numa primeira versão na generalidade, em março, e a segunda versão aprovada com alterações na especialidade, no início de junho, e as Grandes Opções do Plano duas vezes rejeitadas.

“No caso do Orçamento, após uma primeira reprovação da proposta governamental, a Assembleia da República acabou por aprová-lo com tais emendas que ele resultou desfigurado, bem diverso da proposta do Governo, com um défice corrente muito elevado que agravará ainda mais os sacrifícios que no futuro esperam os portugueses”, declarou Mota Pinto, ao apresentar a sua demissão.

Um mês e uma semana mais tarde, em 13 de julho de 1979, o Presidente Ramalho Eanes, que estava na chefia do Estado há três anos, comunicou ao país a dissolução do parlamento: “Portugueses, tendo levado tão longe quanto possível as consultas e diligências, e depois de ouvido o Conselho da Revolução, nos termos constitucionais, tomei a decisão que, perante as últimas circunstâncias, considero menos gravosa para o país na presente crise política: será dissolvida a Assembleia da República e haverá eleições legislativas intercalares”.

Antes, contudo, Ramalho Eanes constituiu um novo Governo de iniciativa presidencial, chefiado por Maria de Lourdes Pintasilgo, que desse “garantias de independência e neutralidade durante o período que mediará até às eleições legislativas” – que só marcou em 11 de setembro, para 02 de dezembro de 1979, “precedendo parecer favorável do Conselho da Revolução”, lê-se no decreto.

Mário Soares, que liderava o PS, o partido mais votado nas legislativas de 25 de Abril de 1976, e tinha chefiado na I Legislatura os dois primeiros governos constitucionais, opôs-se à decisão de Eanes: “É de todos conhecido o facto de nesta Assembleia existir uma larga maioria contrária à sua dissolução. Mas, não obstante isso, o Presidente da República, a nosso ver atendendo a pressões da direita, veio a optar pela dissolução da Assembleia da República”.

Soares tinha proposto a Eanes uma solução maioritária do PS com deputados dissidentes do PSD que constituíram a Ação Social-Democrata Independente (ASDI), que o Presidente da República recusou.

Das legislativas intercalares de 02 de dezembro de 1979 saiu vitoriosa a coligação pré-eleitoral Aliança Democrática (AD) composta por PSD, CDS e PPM, que conseguiu maioria absoluta na nova composição do parlamento, que só durou um ano, completando a I Legislatura, nos termos na altura previstos na Constituição. A AD conseguiria nova maioria absoluta nas legislativas de 05 de outubro de 1980.

Segunda dissolução, após a demissão de Balsemão

A segunda dissolução do parlamento aconteceu na II Legislatura, também na sequência da demissão do primeiro-ministro, no caso, Francisco Pinto Balsemão, que chefiava o VIII Governo Constitucional, o terceiro da AD, e comunicou a decisão de deixar funções governativas em 18 de setembro de 1982, seis dias após eleições autárquicas, declarando que tinha tomado essa opção “há muito”.

Balsemão, que assumiu a liderança do PSD e o cargo de primeiro-ministro a seguir à morte de Francisco Sá Carneiro, defendeu que se tinha atingido entretanto “a plenitude do regime democrático”, com marcos como a revisão da Constituição, alcançados “apesar de muita oposição, de muita incompreensão e mesmo de algumas traições”.

Referindo ter enfrentado oposição de outros órgãos de soberania, dentro do seu partido e da AD, Balsemão acrescentou: “Livremente, tomo a decisão de procurar agora dedicar os meus esforços no sentido da preparação do PSD para as próximas eleições legislativas e presidenciais, respetivamente marcadas para 84 e para 85”.

O PSD propôs a formação de um novo Governo da AD chefiado por Vítor Crespo, mas o Presidente da República, Ramalho Eanes, comunicou ao país em 23 de janeiro de 1983 que iria dissolver a Assembleia da República, manifestando-se surpreendido com uma crise política que no seu entender afetava a credibilidade da maioria parlamentar.

“Para mim, não está em causa a pessoa do professor Vítor Crespo, nem a sua dedicação à resolução dos nossos problemas. Não é nesse plano que se localiza a minha apreciação sobre a fórmula governativa que foi apresentada pela AD para resolver a presente crise que abriu por sua exclusiva responsabilidade. É necessário defender a transparência das atitudes e das relações democráticas”, afirmou Eanes, que estava no seu segundo mandato.

A dissolução foi formalizada em 04 de fevereiro e as eleições legislativas antecipadas marcadas para 25 de abril de 1983, contra o parecer do Conselho de Estado, que, segundo o decreto publicado em Diário da República, foi ouvido em 20 de janeiro e “pronunciou-se no sentido de que a Assembleia da República não deve ser dissolvida”, com oito conselheiros a apoiarem essa conclusão, incluindo Balsemão e Mota Pinto, e sete a votarem contra.

Desfeita a AD, o PS foi a força mais votada nas legislativas antecipadas, sem maioria absoluta, seguido do PSD, com quem formou o IX Governo Constitucional, o chamado “Bloco Central”, chefiado por Mário Soares, com Mota Pinto como vice-primeiro-ministro até fevereiro de 1985 e Rui Machete nos cinco meses seguintes.

Terceira dissolução, após a rutura do “Bloco Central”

A meio da III Legislatura, Aníbal Cavaco Silva, eleito presidente do PSD em maio de 1985, após reuniões para renegociar os termos da coligação com o PS, rompeu com o “Bloco Central” e pediu eleições legislativas antecipadas. A rutura consumou-se em 13 de junho, após a assinatura do tratado de adesão à CEE.

O Presidente da República anunciou a dissolução do parlamento em 27 de junho. Em comunicação ao país, em 03 de julho, Ramalho Eanes disse ter concluído, após várias diligências, que “não havia possibilidade de formar um Governo parlamentarmente viável” que afastasse o recurso a eleições antecipadas.

“Foi para mim difícil, e ter-vos-á porventura causado sobressalto, a decisão, democraticamente indispensável, de dissolver a Assembleia da República. Mas alimento a esperança de que, apesar do preço inerente à rutura da coligação governamental e aos seus efeitos, a dissolução venha a representar também um estímulo para a reconstrução do nosso destino coletivo”, acrescentou.

Eanes defendeu que o Governo devia ficar apenas “em regime de gestão” e referiu que o primeiro-ministro, Mário Soares, “reconhecendo-o com toda a lucidez e dignidade políticas”, tinha apresentado o seu pedido de demissão em 25 de junho.

O chefe de Estado deu tempo para o parlamento ratificar o tratado de adesão à CEE e assinou em 12 de julho de 1985 o decreto de dissolução, marcando eleições legislativas antecipadas para 06 de outubro.

O Conselho de Estado, ouvido em 26 de junho, “pronunciou-se no sentido de que a Assembleia da República deve ser dissolvida”, com votos a favor de treze conselheiros e votos contra de três conselheiros do PS, entre os quais Mário Soares.

O PSD venceu as legislativas de 06 de outubro de 1985, sem maioria absoluta, e formou o X Governo Constitucional, executivo minoritário chefiado por Cavaco Silva, viabilizado pelo recém-fundado Partido Renovador Democrático (PRD) – a terceira força mais votada naquelas eleições antecipadas, que teve como inspirador António Ramalho Eanes, na altura a terminar o seu segundo e último mandato presidencial, mas que depois lideraria o PRD.

Quarta dissolução, após moção de censura do PRD

A quarta dissolução do parlamento aconteceu na IV Legislatura, já com Mário Soares como Presidente da República, no seu primeiro mandato, e Eanes à frente do PRD, partido que apresentou no parlamento uma moção de censura que fez cair o X Governo Constitucional, chefiado por Cavaco Silva.

A moção de censura do PRD foi aprovada em 03 de abril de 1987 com votos a favor também do PS, que tinha Vítor Constâncio como secretário-geral, do PCP e do MDP/CDE.

No debate da moção, o primeiro-ministro, Cavaco Silva, condenou a ideia de um executivo alternativo PS/PRD: “Então, senhores deputados, e em nome da democracia, poderia formar-se um Governo de dois partidos cujos líderes atuais não se submeteram sequer ainda ao julgamento do eleitorado? Seria possível formar-se um Governo liderado pelo partido que foi o grande derrotado nas últimas eleições? É esse o vosso entendimento da ética democrática?”.

Em 28 de abril, o Presidente Mário Soares comunicou ao país a dissolução do parlamento e a marcação de eleições legislativas antecipadas para 19 de Julho de 1987, declarando: “Foi uma decisão maduramente refletida. Fiquei surdo a todas as pressões que tentaram exercer-se sobre mim, num sentido ou noutro”.

Soares também fez alusão a um eventual Governo PS/PRD que fosse viabilizado no parlamento pelo PCP: “Foram-me sugeridas apenas hipóteses de solução. E essas hipóteses, além de não terem sido concretizadas, comportariam muito provavelmente o risco da instabilidade”.

O Conselho de Estado, que tinha sido ouvido nesse mesmo dia, pronunciou-se “no sentido de que a Assembleia da República deve ser dissolvida” – conclusão aprovada por onze conselheiros, com os votos contra de seis, incluindo Ramalho Eanes e Almeida Santos, do PS. A dissolução teve efeitos no dia seguinte, 29 de abril, e as eleições foram marcadas para 19 de julho de 1987.

O PSD venceu essas legislativas com maioria absoluta, a primeira de um só partido após o 25 de Abril, e formou o XI Governo, chefiado por Cavaco Silva.

Quinta dissolução, após a demissão de Guterres

A quinta dissolução aconteceu quinze anos mais tarde, na VIII Legislatura, com Jorge Sampaio no seu primeiro mandato como Presidente da República, no rescaldo das eleições autárquicas de 16 de dezembro de 2001. Na noite eleitoral, já de madrugada, António Guterres, que chefiava o XIV Governo Constitucional, um executivo minoritário do PS, partido com metade dos lugares no parlamento, anunciou a sua demissão das funções primeiro-ministro, declarando querer evitar um “pântano político”.

“A alternativa para que muitos apontam, a de uma moção de confiança na Assembleia da República, não é do meu ponto de vista a resposta ao problema que se põe no país, porque o que está em causa é evitar um pântano de natureza política e é o restabelecimento pleno da confiança entre governantes e governados”, argumentou Guterres.

O primeiro-ministro formalizou a demissão na tarde de 17 de dezembro. Dois dias depois, Jorge Sampaio começou a ouvir os partidos, que defenderam eleições antecipadas como solução. Perante essa opção unânime, ouviu-os novamente, nos termos da Constituição, concretamente sobre a dissolução do parlamento, em 27 de dezembro, assim como ao Conselho de Estado, que “deu parecer favorável, por unanimidade, à dissolução da Assembleia da República”, foi anunciado no final da reunião.

“No uso dos poderes que a Constituição me confere, decidi dissolver a Assembleia da República. Ouvi os partidos com assento na Assembleia da República e ouvi o Conselho de Estado. Dessas consultas não resultou qualquer facto contrário à minha convicção de que a atual Assembleia da República é insuscetível de gerar um novo Governo, seja qual for a respetiva base política e parlamentar”, comunicou o Presidente Jorge Sampaio ao país, em 28 de dezembro.

Sampaio disse ter verificado “a unanimidade dos partidos parlamentares relativamente à vantagem da dissolução da Assembleia da República”, mas alertou que, mesmo assim, “todas as dissoluções têm custos e que esta não foge à regra”.

O Presidente da República anunciou que as eleições legislativas antecipadas se realizariam em 17 de março de 2002 e assinou o respetivo decreto em 17 de janeiro, que foi publicado no dia seguinte.

O PSD foi o partido mais votado nas legislativas e formou um executivo de coligação com o CDS-PP, o XV Governo, chefiado por José Manuel Durão Barroso, suportado por uma maioria absoluta de deputados no parlamento.

Sexta dissolução, após Santana Lopes substituir Durão Barroso

A meio da XIX Legislatura, Durão Barroso apresentou a demissão do cargo de primeiro-ministro para exercer as funções de presidente da Comissão Europeia, dizendo não ver necessidade de eleições antecipadas. Depois de ponderar se dissolvia ou não o parlamento, o Presidente da República decidiu “dar oportunidade à atual maioria de formar um novo Governo” e PSD e CDS-PP formaram o XVI Governo Constitucional, chefiado por Pedro Santana Lopes, que tomou posse em 17 de julho de 2004.

Passados menos de cinco meses, em 30 de novembro, Jorge Sampaio anunciou, através de uma nota, que tinha comunicado ao primeiro-ministro a decisão de ouvir os partidos e o Conselho de Estado para dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas.

Para dar tempo para a aprovação do Orçamento do Estado para 2005, com votação final global em 06 de dezembro, o Presidente da República só ouviu os partidos em 09 de dezembro e no dia seguinte o Conselho de Estado, que deu parecer favorável, por maioria, à dissolução da Assembleia da República, de acordo com um comunicado divulgado na altura.

Em 10 de dezembro de 2004, o Presidente comunicou ao país a dissolução do parlamento e a marcação de eleições para 20 de fevereiro de 2005.

“Depois de lhe ter assegurado todas as condições necessárias para o desempenho da sua missão, o país assistiu a uma série de episódios que ensombrou decisivamente a credibilidade do Governo e a sua capacidade para enfrentar a crise que o país vive. Refiro-me a sucessivos incidentes e declarações, contradições e descoordenações que contribuíram para o desprestígio do Governo, dos seus membros e das instituições, em geral. Dispenso-me de os mencionar um a um, pois são do conhecimento do país. A sucessão negativa desses acontecimentos impôs uma avaliação de conjunto, e não apenas de cada acontecimento isoladamente. Foi essa sucessão que criou uma grave crise de credibilidade do Governo”, justificou.

O chefe de Estado entendeu que “a manutenção em funções do Governo significaria a manutenção da instabilidade e da inconsistência” e que “se tinha esgotado a capacidade da maioria parlamentar para gerar novos governos”.

Face às palavras do Presidente da República, em 13 de dezembro, Pedro Santana Lopes foi ao Palácio de Belém apresentar a demissão do Governo, numa audiência que durou menos de dez minutos.

A dissolução foi decretada em 22 de dezembro.

O PS venceu as legislativas de 20 de fevereiro de 2005 conseguindo a sua primeira maioria absoluta no parlamento e formou o XVII Governo Constitucional, chefiado por José Sócrates.

Sétima dissolução, após a demissão de Sócrates

Na XI Legislatura, com Cavaco Silva como Presidente da República, no início do seu segundo mandato, o parlamento foi dissolvido pela sétima vez, na sequência da demissão do primeiro-ministro, José Sócrates, que estava à frente do XVIII Governo Constitucional, já sem maioria absoluta.

A crise política foi aberta no final de fevereiro de 2011, quando o executivo minoritário do PS apresentou mais um pacote de medidas de austeridade, designado Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) IV, numa altura em que aumentavam os juros da dívida soberana portuguesa.

Ao contrário do que acontecera anteriormente, perante o PEC IV, o PSD presidido por Passos Coelho recusou-se a negociar com o Governo do PS, considerando que a credibilidade dos socialistas estava esgotada.

Em 23 de março de 2011, a oposição em bloco aprovou no parlamento resoluções de rejeição do PEC IV e nesse mesmo dia Sócrates apresentou a sua demissão de primeiro-ministro, acusando o parlamento de deixar o executivo sem “condições para continuar a governar” ao inviabilizar as “medidas que o Governo propôs para evitar que Portugal tivesse de recorrer a um programa de assistência financeira externa”.

O Presidente da República falou ao país em 31 de março, comunicando que o Conselho de Estado, ouvido nesse dia, “por unanimidade, se pronunciou por unanimidade favoravelmente à dissolução da Assembleia da República” e que “todos os partidos políticos, sem exceção”, ouvidos em 25 de março, “expressaram a opinião de que, no atual quadro parlamentar, não é possível gerar uma outra solução de Governo com condições para resolver os problemas do país”.

“É visível para todos os Portugueses o aumento da falta de confiança recíproca entre as diversas forças políticas e a ausência de diálogo e de negociação entre o Governo e os partidos da Oposição. Concluí, assim, que só através da realização de eleições e da clarificação da situação política poderão ser criadas novas condições de governabilidade para o país”, acrescentou Cavaco Silva, anunciando eleições legislativas antecipadas em 05 de junho.

O decreto de dissolução do parlamento e marcação das eleições foi assinado em 07 de abril.

Na véspera, Portugal tinha feito um pedido de assistência financeira à Comissão Europeia e em 03 de maio o Governo assinou em nome do Estado português um acordo com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional – a chamada troika – para um empréstimo de 78 mil milhões de euros até 2013, compromisso que PSD e CDS-PP também subscreveram.

O PSD foi o partido mais votado nas eleições legislativas de 05 de junho de 2011, conseguindo com o CDS-PP maioria absoluta no parlamento, e as duas forças formaram o XXI Governo Constitucional, chefiado por Pedro Passos Coelho.

Oitava dissolução, após chumbo do Orçamento do Estado

A meio da XIV Legislatura, no primeiro ano do seu segundo mandato, Marcelo Rebelo de Sousa tornou-se o quinto Presidente da República consecutivo decretar a dissolução do parlamento, na sequência do chumbo do Orçamento do Estado para 2022 logo na generalidade.

O chefe de Estado colocou essa possibilidade em cima da mesa com antecedência, em 13 de outubro, depois de PCP e BE terem acenado com o voto contra a proposta de Orçamento do executivo minoritário do PS, o XXII Governo Constitucional, chefiado por António Costa. A ameaça de crise política surgiu num contexto ainda de pandemia de covid-19, duas semanas depois das autárquicas de 26 de setembro.

Não houve acordo entre o PS e os partidos à sua esquerda, PCP, BE e PEV, nem sequer para as negociações prosseguirem na especialidade, e o Orçamento para 2022 acabou chumbado, em 27 de outubro. Após ouvir os partidos políticos representados no parlamento e o Conselho de Estado, que deu parecer favorável à dissolução, por maioria, Marcelo Rebelo de Sousa confirmou a sua decisão, numa comunicação ao país.

“Uma semana e um dia depois da rejeição do Orçamento para 2022, encontro-me em condições de vos comunicar que decidi dissolver a Assembleia da República e convocar eleições para o dia 30 de janeiro de 2022”, afirmou, na noite de 04 de novembro.

O Presidente da República defendeu que a dissolução era “o único caminho” que permitiria aos portugueses “decidirem o que querem para os próximos anos, que são anos determinantes” e “escolherem aquelas e aqueles que irão o mais rapidamente possível votar o Orçamento que faz falta a Portugal”.

Terminava o ciclo de seis anos em que a maioria à esquerda apelidada de “geringonça” viabilizou orçamentos de dois executivos do PS, um quadro político inédito que já estava formado quando Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito Presidente da República em 24 de janeiro de 2016.

O Presidente da República oficializou a dissolução do parlamento, por decreto, em 04 de dezembro, um mês depois de ter anunciado ao país que iria “devolver a palavra ao povo”. O PS venceu as legislativas antecipadas de 30 de janeiro com maioria absoluta e formou o XXIII Governo Constitucional, o terceiro com António Costa como primeiro-ministro.

Nona dissolução, após a demissão de António Costa

O primeiro-ministro, António Costa, apresentou a sua demissão ao Presidente da República em 07 de novembro, por causa de uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio que levou o Ministério Público a instaurar um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça em que é visado.

O chefe de Estado aceitou de imediato a demissão do primeiro-ministro, embora sem a formalizar, e nos dois dias seguintes ouviu os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado.

Terminada a reunião do Conselho de Estado, em 9 de novembro de 2023, Marcelo decidiu dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de março de 2024.

O Orçamento do Estado para 2024 foi aprovado em votação final global na Assembleia da República em 29 de novembro, com votos a favor da maioria absoluta de deputados do PS, abstenções dos deputados únicos de PAN e Livre e votos contra das restantes bancadas.

Debate da Moção de Confiança do Governo - 11MAR25

Décima dissolução, após a rejeição de uma moção de confiança

O Governo minoritário PSD/CDS-PP de Luís Montenegro caiu com a rejeição de uma moção de confiança apresentada no parlamento, no final de um debate dramático em plenário, no dia 11 de março de 2025.

Nesse debate, o Governo admitiu retirar a iniciativa caso o PS aceitasse reduzir a duração da comissão de inquérito à empresa familiar do primeiro-ministro, Spinumviva, mas o PS recusou, alegando que não cabe ao Governo determinar as condições do inquérito e responsabilizou o primeiro-ministro pela crise política, considerando que não deu os esclarecimentos que lhe foram pedidos.

A moção, que já tinha chumbo pré-anunciado, apenas teve os votos favoráveis do PSD, IL e CDS-PP. O Presidente da República recebeu os partidos no dia seguinte, e reuniu o Conselho de Estado hoje, anunciando que vai dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas para dia 18 de maio.

A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, e que foi entregue, apenas na semana passada, para os filhos de ambos.

Foram levantadas dúvidas sobre o cumprimento das obrigações declarativas do primeiro-ministro, e sobre se cumpria o regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos. O primeiro-ministro esclareceu que deixou a empresa quando foi eleito líder do PSD, em 2022, mas cedeu as quotas à sua mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos.

O Expresso escreveu duas semanas depois que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva por prestação de serviços, fazendo aumentar junto de vários partidos a suspeição e a desconfiança sobre a conduta do primeiro-ministro, nomeadamente se terá continuado a receber pagamentos de clientes já no exercício do cargo governativo.

O PS exigiu esclarecimentos e BE e Chega entregaram perguntas escritas a Luís Montenegro sobre os clientes, valores de faturação e serviços prestados. Luís Montenegro respondeu no dia 10, um dia antes do debate da moção de confiança, mas manteve a recusa em divulgar os nomes de alguns “clientes ocasionais”, responsáveis por uma parte menor da faturação, alegando que só os próprios o poderiam fazer.

A moção de confiança ao Governo foi anunciada em pleno debate de uma moção de censura apresentada pelo PCP, argumentando que era preciso clarificar se o Governo teria condições para governar. A moção do PCP, partido que centrou as críticas nas políticas do Governo PSD/CDS-PP, foi chumbada, tal como tinha sido rejeitada uma anterior moção de censura, apenas 10 dias antes, do Chega.

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Marcelo marca eleições para 18 de maio. “Não havia meio caminho”

O Conselho de Estado deu parecer favorável, por unanimidade, à dissolução da Assembleia da República. Presidente da República pede uma campanha digna e elevada, que não abra portas a uma ditadura.

É oficial. O Presidente da República dissolve o Parlamento e marca eleições legislativas antecipadas para 18 de maio, cumprindo assim o período mínimo de 55 dias que tem de mediar entre os dois atos, anunciou o chefe de Estado esta quinta-feira, numa comunicação ao país, a partir do Palácio de Belém. Presidente da República pede uma campanha digna e elevada, que não abra portas a uma ditadura.

Face ao “choque não tanto sobre políticas quanto sobre a confiabilidade, ou seja, a ética da pessoa exercendo a função de primeiro-ministro”, ao Presidente da República, “o primeiro interessado na estabilidade e na dispensa de novas eleições, e que tudo fez ao seu alcance para o salvaguardar, não restava senão anunciar a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições para o dia 18 de maio de 2025, a data preferida pela maioria dos partidos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

“Os partidos, ouvidos após a demissão do Governo, pronunciaram-se por unanimidade pela dissuasão da Assembleia da República e convocação de eleições. Embora, todos, como caminho que não desejavam, mas imposto pela realidade”, salientou. O mesmo “parecer unânime” foi dado pelo Conselho de Estado, “não desejando mas tendo de aceitar a saída determinada pela realidade”.

A decisão foi comunicada depois de ter ouvido os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado. Nesta última reunião, que decorreu esta quinta-feira, entre as 15h e 18h, Marcelo Rebelo de Sousa terá dito que foi contra a opção de Luís Montenegro de apresentar uma moção de confiança, que acabou por ser rejeitada, ditando a queda do Governo.

De salientar que o primeiro-ministro demissionário tem lugar por inerência no órgão consultivo de Marcelo, pelo que ouviu do próprio a sua discordância. Também o líder do PS, Pedro Nuno Santos, que tanto insistiu para que Montenegro retirasse a moção de confiança, integra o Conselho de Estado, por ter sido eleito pelo Parlamento.

Em pouco mais de um ano, os portugueses voltam a ser chamados às urnas para eleger os 230 deputados à Assembleia da República, de onde sairá um novo Governo. Uma crise política que surge na sequência do chumbo da moção de confiança apresentada pelo Governo de Luís Montenegro que provocou a demissão do Executivo.

Inicialmente, Marcelo ainda equacionava a data de 11 de maio, mas, atendendo aos pedidos de alguns partidos como BE, CDS e PAN, decidiu adiar para 18 de maio, de modo a dar mais tempo às forças políticas para se organizarem e também para não coincidir com as habituais peregrinações a Fátima que se realizam por volta do dia 13. Definida a data de 18 de maio, a campanha eleitoral deverá decorrer entre 4 e 16 de maio.

Embora discordando de novas eleições, o Presidente da República reconhecer que “não havia meio caminho”. “Este panorama aparecia, neste termos, pela primeira vez na nossa democracia”, sublinhou.

Marcelo reconheceu que “muito provavelmente ninguém esperava e que ninguém queria” esta “terceira eleição para Assembleia da República em quatro anos”. E alertou que “começam agora a correr dois meses de debate eleitoral”, sendo “inevitável que o tema da crise ocupe parte do debate em particular nas primeiras semanas”.

Um “debate que pode e deve pesar e pesar bem os sinais e riscos para a democracia de situações de confronto, em que não é possível haver consenso nem que parcial seja porque se trata de conduzir a becos de natureza pessoal e ética que não têm saída que não sejam as eleições” avisou.

Marcelo salientou que seria “um desperdício imperdoável não discutir aquilo que tanto preocupa no dia a dia dos portugueses nestes e nos próximos tempos”, designadamente num “quadro de paz e de guerra e de uma muito difícil situação económica internacional”.

O Presidente da República garantiu ainda todas as condições “para que se não pare a execução do Plano de Recuperação e Resiliência, mesmo com Governo de gestão, sem atropelo, claro, das regras eleitorais”. “Qual o objetivo? Permitir uma transição, se possível, tão pacífica como a vivida em 2024. Só que agora em dois meses e meio e não em cinco, como então”, afirmou.

E alertou para o tom do debate da campanha eleitoral e o risco da ascensão de populismos: “Impõe-se que haja um debate eleitoral claro, frontal, esclarecedor, mas sereno, digno, elevado, tolerante, respeitador da diferença e do pluralismo. Que fortaleça, não enfraqueça a democracia. Não abra, ainda mais, a porta a experiências que se sabe como começam e se sabe como acabam”.

Por fim, fez um apelo: “Um debate que dê força a quem nos vier a representar na Assembleia da República, que dê força a quem nos vier a governar, que dê força aos portugueses para controlarem os seus representantes e os seus governantes, que dê força à democracia e, com ela, e a sua capacidade de enfrentar e superar crises, que só a democracia tem, não a ditadura”.

A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, – e que passou na semana passada apenas para os filhos de ambos – levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.

Depois de mais de duas semanas de notícias – incluindo a do Expresso de que o grupo Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva – de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro anunciou a 5 de março a apresentação de uma moção de confiança ao Governo.

O texto foi rejeitado na terça-feira com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.

Segundo a Constituição, a não aprovação de uma moção de confiança implica a demissão do Executivo, o que aconteceu um ano e um dia depois da vitória da coligação AD nas legislativas antecipadas de 10 de março.

O XXIV Governo Constitucional tornou-se o segundo Executivo na história da democracia a cair na sequência da apresentação de uma moção de confiança, depois do I Governo Constitucional, em 1977, dirigido pelo socialista Mário Soares.

(Notícia atualizada às 20h37)

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Trabalhadores da Águas de Portugal com aumentos de 65 euros ou 3%

  • Lusa
  • 13 Março 2025

O acordo prevê ainda que o salário mínimo no grupo Águas de Portugal, que pertence ao setor empresarial do Estado, aumente para 970 euros.

A Águas de Portugal vai aumentar os trabalhadores com vencimentos brutos até 2.185 euros em 65 euros, enquanto os que têm ordenados superiores vão ter atualizações de 3%, segundo o acordo assinado hoje entre a administração e o SINTAP.

Em causa está um acordo assinado esta quinta-feira entre o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (SINTAP), afeto à UGT, que prevê “valorizações remuneratórias de 65 euros até ao nível G3 da Tabela [o equivalente a 2.185 euros brutos] e de 3% acima desse nível”, revela o sindicato liderado por José Abraão, em comunicado enviado às redações.

Por outro lado, o acordo prevê ainda que o salário mínimo no grupo Águas de Portugal, que pertence ao setor empresarial do Estado, aumente para 970 euros. Isto significa mais 100 euros (11,5%) face ao atual salário mínimo nacional (870 euros) e uma subida de 91,59 euros (10,4%) face à base remuneratória da Administração Pública (BRAP, vulgarmente conhecida por salário mínimo do Estado), que está atualmente nos 878,41 euros.

“Desta forma, foi absorvida a totalidade da margem dos 4,7%, incluindo 0,4% referente às progressões na sequência de avaliação do desempenho previstas pelos ACT [acordo coletivo de trabalho], acrescenta o sindicato, sublinhando que estes aumentos vão abranger mais de “3200 trabalhadores” e têm efeitos retroativos a janeiro.

Após a revisão da tabela salarial, segue-se agora o início da revisão global do acordo coletivo de trabalho, que prevê a “negociação das condições de trabalho, nomeadamente ao nível das carreiras”, explicou José Abraão, em declarações à Lusa. Segundo o secretário-geral do SINTAP, este acordo ainda deverá ser assinado por outros sindicatos.

“É um acordo importante”, destacou. Este acordo vai mais longe do que o assinado entre o entre o Governo e duas das estruturas sindicais da função pública (a Fesap e Frente Sindical), em novembro, que prevê aumentos de, pelo menos, 56,58 euros para vencimentos brutos mensais de até 2.631,62 euros e de um mínimo de 2,15% para ordenados superiores.

De recordar ainda que o Governo autorizou as empresas do setor público empresarial a aumentarem a massa salarial global até 4,7% em 2025, tendo o acréscimo salarial por trabalhador por referência os valores acordados para a função pública, segundo um despacho publicado em Diário da República no final de janeiro.

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APS está, oficialmente, nas redes sociais

  • ECO Seguros
  • 13 Março 2025

Numa primeira fase, a associação que representa os seguradores em Portugal vai estar presente no Facebook, Instagram e LinkedIn. 

A Associação Portuguesa de Seguradoras (APS) está, oficialmente, nas redes sociais. Um passo que considera importante para contribuir “para a mudança de mentalidade em relação ao seguro”.

Numa primeira fase, a representante dos seguradores em Portugal vai esta presente no Facebook, Instagram e LinkedIn.

Caminhar no mundo das redes sociais também vem com o objetivo de posicionar “o setor de atividade como um setor relevante para o bem-estar das pessoas, para o funcionamento das empresas e para o desenvolvimento do país”, afirma a APS.

Em funcionamento desde a passada quinta-feira, tem sido partilhado nas redes os seus associados sob o título “Quais são os associados da Associação Portuguesa de Seguradores”, já apresentou o presidente da APS, José Galamba de Oliveira, divulgou um dos cursos que oferece, Transformação Digital em Seguros, na Academia Portuguesa de Seguros e o podcast “Não é se. É quando”.

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