Obrigações da Mota-Engil: quanto pagam? E os riscos? São sustentáveis?

- Alberto Teixeira
- 7 Maio 2025
A Mota-Engil arranca esta quarta-feira com um novo empréstimo obrigacionista no valor de 50 milhões de euros. Vale a pena o investimento? Cinco perguntas e respostas sobre a operação.
Obrigações da Mota-Engil: quanto pagam? E os riscos? São sustentáveis?

- Alberto Teixeira
- 7 Maio 2025
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Qual o valor do empréstimo?
A Mota-Engil procura levantar até 50 milhões de euros através destas ofertas (subscrição e troca) de obrigações ligadas à sustentabilidade com o prazo de cinco anos (2025-2030), mas admite que pode aumentar o montante até ao dia 15 de maio, isto no caso de registar uma forte procura junto dos investidores.
A operação arrancou esta quarta-feira e termina apenas às 15h00 do dia 20, daqui a duas semanas.
Proxima Pergunta: Quanto é que paga?
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Quanto é que paga?
Para atrair os investidores, a construtora acena com uma taxa de juro bruta de 4,5% ao ano. Mas nestas contas importa ter em atenção os impostos e outros encargos como comissões do banco através do qual irá comprar estes títulos, pelo que a rentabilidade líquida será inferior.
Em termos de comparação, esta taxa está abaixo dos 5% que a Mota-Engil ofereceu no empréstimo anterior realizado em outubro.
Mas para quem já tem obrigações do empréstimo 2021-2026, as que são o alvo da oferta de troca, há um reforço da remuneração em 25 pontos base, o que pode convencer os obrigacionistas desse empréstimo. Além disso, por cada obrigação trocada, a Mota-Engil dá um prémio em numerário no valor de 1,25 euros — além de pagar os juros corridos até à data de emissão das novas obrigações.
Adicionalmente, a Mota-Engil poderá ter de pagar um montante adicional caso não cumpra os objetivos associados ao facto de se tratar de obrigações sustentáveis.
Proxima Pergunta: Por que são obrigações ligadas à sustentabilidade?
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Por que são obrigações ligadas à sustentabilidade?
Segundo explica a própria Mota-Engil, estas obrigações são ligadas à sustentabilidade pois a construtora compromete-se a atuar de forma a melhorar a percentagem de talento local em posições de gestão (indicador medido por um KPI).
O objetivo passa por aumentar a proporção de talento local em posições de gestão para 76,8% face aos atuais 71,4% (final de 2024).
Caso a Mota-Engil não cumpra esta meta, terá de ‘compensar’ os obrigacionistas com uma remuneração de 1,5 euros por cada obrigação, um montante a ser pago na data de reembolso.
Proxima Pergunta: Para que servirá o financiamento?
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Para que servirá o financiamento?
Com este financiamento a Mota-Engil pretende obter fundos para dar continuidade à sua expansão internacional e alongar a maturidade da sua dívida “de modo a alinhá-la melhor com a geração de cash flow“, segundo explica.
Por outro lado, a oferta de troca permitirá substituir parte da dívida que vence este ano e no próximo por dívida que só terá de ser reembolsada daqui a cinco anos.
Embora preveja emitir 50 milhões de euros em novas obrigações, a construtora estima arrecada cerca de 47,9 milhões de euros em termos líquidos, dado que terá de assumir custos com a montagem da operação e outros encargos com a CMVM e Euronext.
Proxima Pergunta: Quais os riscos de investir?
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Quais os riscos de investir?
É importante ter em conta que este tipo de obrigações não tem capital garantido, pelo que os investidores estão expostos ao risco de falência da entidade que as emite.
Nesse sentido, recomenda-se a leitura atenta do prospeto desta operação, nomeadamente quanto ao capítulo 3 sobre os fatores de risco (a partir da página 28). Entre outros fatores, a Mota-Engil elenca riscos relacionados com a sua atividade — dependente do clima económico e político dos mercados onde está presente, da concorrência, dos mercados financeiros e outras variáveis.
Se tiver dúvidas, fale com o seu gestor de conta para analisar se este investimento se adequada ao seu perfil de risco.