Clube de Criativos de Portugal: “Deixem o medo em casa e apareçam”

A entrevista a José Ricardo Monteiro, copywriter freelancer e membro da direção do Clube Criativos de Portugal.

“Sem medos” é o tema deste ano do Festival Clube de Criativos de Portugal CCP e que acompanha a Semana Criativa, que decorre em Lisboa de 15 a 19 de maio. Este é o primeiro festival promovido pela nova direção do CCP e é um convite alargado à comunidade das marcas e da comunicação em Portugal. “Façamos uma reflexão destemida sobre alguns dos monstros que guardamos debaixo das nossas camas profissionais, e que tantas vezes nos impedem de avançar com coragem”, refere a organização.

Foi também “sem medos” que José Ricardo Monteiro, copywriter freelancer e membro da direção do Clube Criativos de Portugal, respondeu a algumas questões ao ECO, a partir de São Francisco.

“Sem Medos”. O que nos diz o tema deste ano sobre o atual momento da indústria criativa nacional?

O tema do festival é essencial para começar a delimitar e organizar o evento. Por isso, a sua definição foi uma das prioridades da presidente do CCP, Susana Albuquerque, e da direção. Reunimos várias vezes pela noite dentro e a escolha acabou por ser quase consensual. Não penso que o tema seja tanto sobre o atual momento da indústria. Identificamos o medo como um sentimento que perpassa toda a sociedade portuguesa. O medo de falhar, de dar nas vistas, de fazer diferente, do ridículo. No CCP julgámos que seria importante falar e refletir sobre isto e convocar alguns daqueles que, entre nós, conseguem contrariar essa pressão e que, sem medos, enfrentam todos esses papões de forma corajosa. Não se trata de ser inconsequente ou de fazer loucuras, mas de arriscar e de não ter medo de ter ideias originais.

De certa forma uma provocação a criativos e marcas para arriscarem mais?

Mais do que uma provocação é um convite para sermos mais corajosos. Todos juntos enquanto indústria: agências, publicitários, designers, clientes, diretores de marketing, meios… De facto, se olharmos para outros mercados próximos do nosso, seja pela língua, pela geografia ou dimensão, parece que encontramos maior diversidade de ideias e formatos. O mais do mesmo é apenas outro nome para a invisibilidade e para o desperdício de recursos. Precisamos de mais “papa-papões”.

Há um realinhamento nas categorias, a introdução de algumas novidades. Uma adaptação ao que é hoje a indústria criativa?

Uma das novidades é o alargamento das inscrições a agências in-house, os departamentos criativos dentro dos próprios anunciantes — que reflete, por exemplo, a situação em que me encontro. Outra novidade é uma maior abertura e atenção ao fenómeno dos profissionais da comunicação freelancers, outra das tendências em crescimento. Depois, relativamente à reorganização das categorias do Festival CPP que, lembremos, é o mais prestigiado evento do setor em Portugal, seguimos duas linhas de raciocínio principais: em primeiro lugar, encontrar uma lógica que permitisse diminuir o número de categorias e júris. Não fazia sentido ter 90 jurados a votar todos os anos. Era difícil encontrar profissionais com méritos e reconhecimento em número suficiente e dispostos a colaborar evitando repetições. Assim, o marketing relacional, enquanto “marketing direto”, “relações públicas” e “ativação e eventos”, deixam de ter categorias próprias e passam a integrar a de “experiências de marca”, e a categoria de “integração” passa a incluir “inovação”. Houve também alterações ao nível das subcategorias e foi criada nova subcategoria em “causas sociais”, com a inclusão de “responsabilidade social corporativa”, que irá somar pontos para o “Grande Prémio para o Bem”. Em segundo, alinhar as categorias, dentro do possível, com alguns dos principais festivais internacionais. A ideia é aumentar a qualidade dos jurados e dos trabalhos vencedores, aproximando-os dos critérios internacionais sem perder, claro está, o seu sabor local.

O que se pode esperar de grandes temas para este ano, à margem dos prémios?

Para aumentar a participação e visibilidade do festival, tentámos agrupar as atividades para facilitar a participação do público. Há a sessão de abertura ao final da tarde na quarta-feira, 15 de maio. A quinta será preenchida por inúmeros workshops com inscrições abertas a sócios e não sócios. Gostava também de destacar o Porfolio Night, uma ação conjunta com o One Club, onde os criativos têm de ganhar coragem e apresentam em sessões de cinco minutos o seu portefólio a, pelo menos, três diretores criativos do mercado. O melhor portefólio irá uma semana para Nova Iorque trabalhar num briefing real. Uma oportunidade única para mostrar o seu talento. Sexta-feira está reservada para as conferências, e a gala e entrega de prémios terá lugar sábado à noite. Este formato parece-nos mais simples, permitindo que os interessados possam organizar a sua agenda de forma a assistir às conferências. Acreditem que vai valer a pena. Fizemos um forte investimento para trazer grandes nomes da indústria da comunicação e também em alargar o espetro a outras áreas da criatividade e das ideias. Em breve haverá mais novidades. Além disto tudo, temos em paralelo a habitual Semana Criativa de Lisboa com o Mercado Criativo, que vai animar o Mercado de Santa Clara. Vamos ter também as exposições de Arte, Letras, Música, Ilustração, Filme, Fotografia, Escolas e Tecnologia com curadorias renovadas e o Projeto Piloto para um formato short content de entretenimento em parceria com a FOX Creative e muitas outras ações e atividades. Deixem o medo em casa e apareçam.

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