O que desejam para 2024 alguns dos principais empresários e gestores? E qual deve ser a principal prioridade do próximo Governo? O ECO recolheu 47 testemunhos que antecipam o ano novo.
Paz lá fora e estabilidade cá dentro. Quase todos os empresários e gestores que aceitaram o desafio do ECO sobre 2024 mencionaram estes dois temas, o que não surpreende tendo em conta os eventos dos últimos 12 meses.
No campo internacional, o ano que acabou no domingo trouxe um agravamento das tensões geopolíticas, com o reanimar do antigo conflito entre Israel e o Hamas no Médio Oriente a juntar-se à guerra que estalara na Ucrânia em fevereiro de 2022 com a invasão russa. Duas frentes que preocupam não só pelas consequências diretas nas populações dos territórios em questão, mas também na economia global.
Ainda na ressaca da subida a pique da inflação em 2022, a política monetária continua no foco de muitos dos inquiridos, nomeadamente o arranque e o ritmo das descidas das taxas de juro pelos principais bancos centrais, decisões essas que também irão afetar uma economia mundial em franca desaceleração.
Na política nacional sobressaem, naturalmente, preocupações sobre a estabilidade, um bem que se evaporou de repente com a demissão do terceiro Governo de António Costa em novembro. Os CEO e gestores consultados pelo ECO desejam que essa estabilidade resulte das eleições legislativas de 10 de março, para que haja condições políticas de garantir maior crescimento da economia, investimento nas empresas (incluindo através da boa execução do PRR), melhorias nos principais serviços públicos e uma travagem do empobrecimento.
Ana Figueiredo, CEO da Altice Portugal
O que deseja para 2024?
Desejo um País que tenha ambição de crescer, que crie as condições para atrair e reter empresas e investimentos que beneficiam Portugal e os portugueses, que tenha capacidade de executar fundos europeus estruturais e fundamentais ao desenvolvimento, e que consiga reter e atrair talento e pessoas altamente qualificadas.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
A prioridade tem de ser a estabilidade política e o crescimento económico, e a resolução de questões estruturais fundamentais ao desenvolvimento de qualquer sociedade – saude, educação, justiça. É previsível uma descida da inflação, mas também um abrandamento da economia. As empresas terão, mais uma vez, de procurar crescer e inovar apesar do contexto desafiante. Na Altice Portugal, continuaremos o nosso caminho, a inovar e a melhorar o serviço que prestamos, contribuindo positivamente para o fortalecimento da nossa economia, apostando nas pessoas, na tecnologia e sustentabilidade, para um País mais próspero e um Portugal de futuro.
João Bento, CEO dos CTT
O que deseja para 2024?
Que o processo de enorme transformação em curso nos CTT se mantenha vivo e vibrante, continuando a cumprir e exceder as metas a que nos temos proposto, de crescimento, de rentabilidade e de modernização, para continuarmos a ser o parceiro de referência das empresas, desenvolvendo o e-commerce e simplificando a sua presença física e digital e também a marca de confiança das pessoas nos envios e nos serviços financeiros e seguros.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Manter a rota de “contas certas” e redução da dívida, coordenando essa disciplina orçamental com a aposta no crescimento económico sustentável e a dinamização da atividade económica, o que só será possível com o contributo das empresas, que são quem cria emprego e gera prosperidade que permitem ao Estado prover serviços públicos essenciais, próprios de uma sociedade que todos queremos mais próspera, mas também mais justa.
Miguel Almeida, CEO da Nos
O que deseja para 2024?
Para 2024, espero que se possa encontrar soluções de paz para os diversos conflitos armados que coexistem, nomeadamente na Ucrânia e no Médio Oriente, tendo em conta o impacto global que os mesmos têm, nos seus diversos níveis, desde logo o humano.
No plano nacional, seria desejável que as eleições de 10 de março proporcionassem uma solução política de estabilidade, que privilegie a criação de valor e de riqueza, contribuindo desta forma para um incremento das condições de vida da sociedade portuguesa.
Num ano que se antevê exigente, será fundamental conjugar os mecanismos de controlo da inflação com os estímulos ao crescimento económico, de forma a quebrarmos o ciclo em que temos vivido nos últimos anos, em que a crises globais se sucedem novas crises globais, criando um clima de incerteza que desincentiva o investimento por parte das empresas, do Estado e das famílias.
Num ano que se antevê exigente, será fundamental conjugar os mecanismos de controlo da inflação com os estímulos ao crescimento económico, de forma a quebrarmos o ciclo em que temos vivido nos últimos anos, em que a crises globais se sucedem novas crises globais, criando um clima de incerteza que desincentiva o investimento por parte das empresas, do Estado e das famílias.
No plano do setor das telecomunicações, gostaria que 2024 representasse também o iniciar de um novo ciclo, numa perspetiva de longo prazo e em que reguladores e regulados concorrem para oferecer aos portugueses mais e melhores soluções de comunicação, garantindo que Portugal continue na liderança do setor em termos europeus.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
A principal prioridade de qualquer governo deve ser contribuir para a criação de condições que permitam que os portugueses melhorem o seu nível e qualidade de vida. O seu contributo será tanto mais importante quanto mais esteja focado no incentivo à criação de riqueza, que reverte através do mecanismo de redistribuição para a sociedade portuguesa.
Nesse sentido, é fundamental olhar para as empresas como um parceiro nessa criação de valor, enquanto organizações que partilham a maior parte do valor criado com a sociedade onde se inserem.
Na perspetiva das empresas, o mais relevante passa por não criar mecanismos que, em vez de induzirem o investimento, a criação de emprego, a inovação tecnológica, social e o incremento da sustentabilidade, provocam exatamente o seu oposto, gerando instabilidade e incerteza nas organizações.
João Manso Neto, CEO da Greenvolt
O que deseja para 2024?
Enquanto CEO do Grupo Greenvolt, acredito que 2024 possa ser o ano da afirmação das energias renováveis. Sabemos que é cada vez maior a consciência dos líderes políticos, dos líderes empresariais e do público em geral quanto à necessidade de se acelerar no importante processo de transição energética, procurando desta forma contribuir para a luta contra as alterações climáticas. Dito isto, dessa urgência deverá resultar um crescimento acentuado de nova capacidade instalada, com especial destaque para a energia solar. E Portugal, que conta já com cerca de 3,5 GW de capacidade instalada em energia solar, apresenta ainda um enorme potencial de crescimento neste segmento, nomeadamente através de soluções de autoconsumo que são uma opção óbvia para as empresas, seja pela necessidade de descarbonização das suas atividades, seja pela poupança que permite na fatura energética.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Independentemente de quem quer que venha a governar, há um ponto que acredito que todos concordam: o País precisa das energias renováveis. Neste sentido, é importante que seja possível criar condições para acelerar os processos de licenciamento de projetos de energias renováveis, tanto de grandes projetos, os Utility Scale, como das soluções de autoconsumo coletivo, as Comunidades de Energia, que permitem levar as vantagens das energias renováveis às famílias.
Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Portugal
O que deseja para 2024?
2024 será mais um ano desafiante. A incerteza vai permanecer elevada, mas há indicadores que nos permitem estar mais otimistas: os preços da energia já corrigiram dos máximos recentes e as taxas de juro de referência dos bancos centrais já terão atingido o ponto mais alto. Espera-se que a atividade económica comece a recuperar e que possa trazer de volta o crescimento que todos ambicionamos.
Um dos maiores desejos para o próximo ano é: Podermos ver os negócios a crescer, a serem mais produtivos e a gerar sustentadamente riqueza, que permita aumentar os salários e reter todo o talento que temos. Além disso, continua a decorrer a execução dos fundos europeus e as reformas do PRR, que podem ser uma importante ajuda para que as empresas se tornem mais fortes, mais competitivas e com maior capacidade para inovar e fazer a diferença. Para isso, é fundamental que as empresas reforcem também a estratégia de transformação, climática e digital, dando suporte a este objetivo.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Acima de tudo, precisamos de ter um clima político de confiança e de estabilidade, que facilite o crescimento económico. Para planearmos a longo prazo e desenvolvermos o país de uma forma estrutural, necessitamos de um ambiente favorável ao progresso económico e de criar condições, nomeadamente pela redução da carga fiscal e de apoios ao investimento, para que as empresas continuem a transformar-se, serem mais produtivas, retenham o talento e tenham a capacidade para alcançar uma escala global.
O setor bancário estará, como sempre, presente para apoiar os projetos dos clientes que ajudam a elevar o potencial de crescimento da economia portuguesa e contribuirá para que as verbas dos fundos europeus cheguem de uma forma célere às empresas.
João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI
O que deseja para 2024?
Desejo que a futura composição do Parlamento possa facilitar a definição e a concretização das reformas necessárias para o desenvolvimento do país. No atual contexto, é muitíssimo importante termos estabilidade e previsibilidade, para haver confiança para o investimento. Há que aumentar a atratividade do investimento estrangeiro de valor acrescentado e potenciador de inovação, e que atraia e retenha talento. Além disso, um eventual Orçamento Retificativo poderia, na minha opinião, ir um pouco mais longe em matéria de simplificação fiscal para as empresas, que têm tido um comportamento excelente. Finalmente, é importante acelerar a execução do PRR, que considero uma “oportunidade de ouro” para o progresso do país.
Anna Lenz, CEO da Nestlé Portugal
O que deseja para 2024?
Estou muito preocupada com a tensão política a nível global e as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente em particular. Por isso espero, sinceramente, um ano de menos conflitos. Em Portugal espero que possamos ter estabilidade política e uma redução das desigualdades sociais. Por fim, a título pessoal quero muito continuar este ano liderando a Nestlé Portugal – uma função que me apaixona.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Estabilidade e previsibilidade: A Nestlé é uma empresa a longo prazo e, por isso, tomamos decisões com uma visão plurianual. Para ser possível continuar a fazê-lo da melhor forma, precisamos saber em que condições poderemos operar no mercado e saber que essas condições são estáveis.
Competitividade do setor agroalimentar: A alta carga fiscal sobre o sector prejudica-nos e prejudica a nossa competitividade, bem como a capacidade de contratar talento. Precisamos de uma discussão aberta e participada da envolvente fiscal do setor agroalimentar entre o Governo, a Indústria e o Parlamento, por forma a criar condições mais competitivas para este sector.
Rui Miguel Nabeiro, CEO do grupo Nabeiro – Delta Cafés
O que deseja para 2024?
Para 2024, desejo estabilidade e bem-estar para as famílias portuguesas. Que seja um ano marcado por oportunidades económicas sólidas, serviços dignos e um ambiente favorável ao crescimento económico.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
O próximo governo deve ter como como principal objetivo o progresso económico, concentrando-se em políticas que impulsionem o crescimento sustentável, a criação de emprego e a estabilidade financeira e social. Isso envolve atrair investimentos, promover a inovação e fortalecer a área da educação.
Ricardo Alves, administrador da Riberalves
O que deseja para 2024?
Sobretudo Paz. A tragédia das guerras tende a normalizar-se, mas não podemos esquecer o drama social que afeta os diversos países e regiões em conflito. Que é, ao mesmo tempo, o maior entrave ao equilíbrio e desenvolvimento regional. E que tem sérias consequências a nível mundial. Vivemos momentos de enorme instabilidade e incerteza, na Europa, no Médio Oriente, na relação Estados Unidos – China. E estamos necessitados de grandes decisões e lideranças à altura das circunstâncias. Esta necessidade, creio, aplica-se igualmente para Portugal, um país que não pode continuar a ser adiado.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Uma visão política com distribuição de recursos justa, capaz de impactar setores fundamentais, dando oportunidades aos jovens, fixando-os, e respeitando os idosos. A governação tem que ser orientada neste sentido, aplicada com rigor, com meritocracia, impondo processos de gestão com exigência e ética profissional.
Daniel Redondo, diretor-geral da J. Carranca Redondo (dona do Licor Beirão)
O que deseja para 2024?
Ao nos aproximarmos de 2024, é inevitável refletir sobre as decisões políticas que moldarão o próximo ano. Enquanto diretor-geral de uma PME portuguesa, não busco aspirações grandiosas ou extraordinárias. O que realmente desejo é um ambiente de estabilidade onde as empresas possam prosperar e os cidadãos possam exercer suas liberdades individuais de escolha.
A proposta de subir o imposto sobre o álcool em 9,9% não é apenas uma medida fiscal; é uma ação que potencialmente limita as escolhas dos cidadãos, transformando certas bebidas em luxos acessíveis apenas às classes economicamente privilegiadas. Este aumento, embora possa ser apresentado como uma medida de saúde pública, tem implicações sociais profundas que merecem uma reflexão cuidadosa.
Ao tornar certas bebidas mais caras (não só licores, mas também aguardentes, medronho ou qualquer outra bebida espirituosa) estamos, de facto, a criar uma barreira económica que restringe o acesso. As classes mais desfavorecidas da nossa sociedade poderão ver-se impedidas de desfrutar de produtos que, para muitos, são apenas um elemento de convívio social ou cultural. Esta medida não apenas estigmatiza, mas também polariza ainda mais a sociedade, criando divisões entre aqueles que podem pagar e aqueles que não podem.
Além disso, a implementação desta medida poderá resultar em consequências indesejadas, como o aumento do mercado negro, a evasão fiscal e, possivelmente, um impacto negativo na saúde pública se as pessoas optarem por produtos alternativos potencialmente mais perigosos.
Em resumo, enquanto nos preparamos para 2024, é essencial que as políticas fiscais sejam equilibradas e considerem as amplas ramificações sociais e económicas. A subida injustificada de 9,9% no imposto sobre o álcool não é apenas uma questão de finanças públicas, mas também uma medida que vai restringir injustamente as escolhas dos cidadãos, exacerbando as desigualdades e limitando o acesso a produtos para classes economicamente menos privilegiadas. É imperativo que tomemos decisões informadas e equitativas que promovam a coesão social e o bem-estar de todos os portugueses.
Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal
O que deseja para 2024?
Naturalmente que desejamos o fim dos conflitos armados na Ucrânia e no Médio Oriente, na esperança de uma maior confiança nos mercados mundiais que se refletirá numa maior estabilidade económica mundial. A instabilidade económica mundial que estamos a presenciar está a afetar, também, o consumo mundial de vinhos.
Nesse sentido, e puxando para a nossa área de atividade, desejamos que 2024 seja um ano de superação de objetivos no que diz respeito à exportação dos vinhos portugueses para os mercados internacionais, apoiando os produtores nacionais nos seus negócios e, por consequência, valorizando a economia nacional.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Garantir a estabilidade política e económica, prestando também mais atenção ao setor vitivinícola e às necessidades de mudança que urgem implementar.
Devemos fazer deste setor uma bandeira na internacionalização de Portugal, com uma divulgação cada vez mais ampla dos nossos produtos e produtores. Sabemos que a qualidade dos nossos vinhos é de excelência e, por isso, o trabalho que desenvolvemos na ViniPortugal deve ser apoiado e encorajado.
Rui Ferreira, CEO do Super Bock Group
O que deseja para 2024?
Numa época de turbulência e grande volatilidade a nível global, desejo que o país se una e encontre um rumo e uma estratégia para resolver o seu maior problema que é o do empobrecimento relativo das últimas duas décadas.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Construir uma visão de médio prazo para endereçar dois desafios fundamentais ao país: aumento de competitividade do nosso tecido empresarial e prestação de serviços públicos eficientes que resolvam os problemas dos cidadãos.
Carlos Mendes Gonçalves, CEO da Mendes Gonçalves (Paladin)
O que deseja para 2024?
O que é óbvio e evidente, e infelizmente pouco provável: acabar com as guerras que causam tanta morte e destruição sem sentido. Desejo que consigamos olhar para as situações de pobreza sistémica com a missão de a erradicar. Desejo que sejam consideradas as questões do bem estar de todos, que se estão a degradar a olhos vistos, como a Saúde e a Educação, com o objetivo de atingir a qualidade e a disponibilidade que todos merecemos, que é possível e desejável. Também, ter condições para proporcionar melhores salários, de uma forma generalizada, e sobretudo para aqueles que os têm mais baixos, para que as condições de vida sejam dignas e com perspetivas de futuro e de desenvolvimento para as famílias.
Finalmente, que os jovens tenham possibilidades reais de se inserirem no mercado de trabalho, de forma a poderem influenciar as decisões com o seu conhecimento, vontade, talento e trabalho, dando consequência prática ao que se diz ser a geração mais bem preparada de sempre, mas que na verdade não tem tido grande poder de o comprovar nem aplicar na realidade. No fundo, ter uma sociedade mais justa e equilibrada, que nos últimos anos se degradou muito.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Criar condições para que as empresas possam fazer a sua parte em tudo o que acima está referido. Criar condições reais e transferíveis diretamente para as pessoas. De uma forma simples e comprovada, que esses benefícios permitam concretizar a ambição, por exemplo, da redução de carga fiscal direta sobre o rendimento do trabalho, principalmente a que recai sobre os jovens, e apoio efetivo e direto em investimentos privados, que ajudem o Estado nas funções sociais junto da sociedade.
Daniela Braga, fundadora e CEO da Defined.ai
O que deseja para 2024?
Em 2024, desejo que mais empresas questionem a origem dos dados dos novos modelos de IA que estão a utilizar. Desejo ver mais certificações sobre IA no mercado, algo tangível com foco na ética e transparência. Desejo mais awareness por parte das empresas que adotam estes modelos sem se questionarem da origem dos seus dados e como são construídos.
Em 2024, desejo que mais empresas questionem a origem dos dados dos novos modelos de IA que estão a utilizar. Desejo ver mais certificações sobre IA no mercado, algo tangível com foco na ética e transparência. Desejo mais awareness por parte das empresas que adotam estes modelos sem se questionarem da origem dos seus dados e como são construídos.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Não regressar à estaca zero em relação a medidas já implementadas no passado. O novo governo deve dar continuidade ao que já foi estabelecido, nomeadamente aos apoios PRR, para que se continue a desenvolver o que até aqui já foi construído.
Marcelo Lebre, cofundador da Remote
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Do ponto de vista do ecossistema das startups nacionais, o novo governo terá que estar disponível para dialogar com as empresas e com os empreendedores, e ser um parceiro interessado, activo e agregador, para que se possa continuar a construir um dos mais promissores ecossistemas a nível europeu.
Diogo Mónica, cofundador da Anchorage Digital
O que deseja para 2024?
Para 2024, desejo que o tecido legal português continue a evoluir no sentido de vir a conseguir fomentar o empreendedorismo de que a nossa sociedade tanto precisa. Ah! Já me esquecia! Desejo também, de caminho, que a Bitcoin chegue aos $100k ainda neste ano.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Nestes últimos anos, tenho visto crescer em Portugal uma tendência nova, não tradicional nestas nossas paragens: o empreendedorismo. O paradigma que, em grande medida, orientou as duas nossas camadas geracionais anteriores — estabilidade e conforto financeiro baseado nos salários — está finalmente a dar lugar a uma ideia diferente e bem melhor: a de que “não quero ter um bom emprego; quero é ter uma boa empresa.”
Parece, assim, estar finalmente a querer terminar o nosso viés cultural de aversão ao risco que nos tem separado de sociedades mais inovadoras e empreendedoras. Mas para que esta vontade produza resultados substantivos, tem de ser apoiada por um enquadramento legal propício. Têm sido dados passos importantes neste sentido, o último dos quais há poucos meses, aliás, com a chamada Lei das Start-ups. Mas não chega. Os passos dados foram bons, mas tímidos; os conceitos definidos são úteis, mas ainda não se infiltraram no restante tecido jurídico. Estamos no bom caminho, mas ainda no início. Há que continuar e melhorar.
Andrés Ortolá, diretor-geral & presidente da Microsoft Portugal
O que deseja para o ano de 2024?
Depois de 2023 ter ficado marcado pelo desenvolvimento e adoção massiva de Inteligência Artificial no mundo, com a consolidação de Grandes Modelos de Linguagem como o ChatGPT e o GPT-4, e toda a atividade desenvolvida por empresas como a OpenAI e a Microsoft, entre outras, espero que o ano de 2024 traga consigo a materialização da adoção dessa tecnologia. Isto é, que sejamos capazes de sair do abstrato, e possamos já ver a concretude da inovação, os ganhos de produtividade e os benefícios para as nossas organizações e para as nossas comunidades. Espero que sejamos capazes, como sociedade e como País, de resolver alguns dos nossos desafios mais prementes através daquela que é a vaga de tecnologia mais transformadora das últimas décadas.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Vivemos tempos muito desafiantes e naturalmente acredito que as prioridades dos Governos devem ser as pessoas e os três pilares centrais de qualquer sociedade: Saúde, Justiça, Educação. Porque vivemos numa economia digital, considero naturalmente que a tecnologia pode e deve ser colocada ao serviço dessas áreas. Acredito que seria benéfico para o país a existência de uma pasta dedicada à Tecnologia e à Inovação, e que esta fosse transversal a todos os ministérios para garantir que estamos a dar as ferramentas certas a médicos e enfermeiros, para garantir que a Justiça é célere e acessível e que estamos a capacitar os nossos cidadãos, de todas as idades, para as competências do futuro. Importa perceber também como é que o nosso setor empresarial e industrial está a acolher as novas tecnologias e capacitá-los para construir daqui negócios para o mundo.
Vasco Pedro, CEO da Unbabel
O que deseja para 2024?
Acima de tudo, estabilidade – um fator chave para atrair investimento para Portugal. Ao assegurarmos uma base sólida e de confiança para o crescimento, estamos a criar um ambiente propício para atrair investimento, promover a inovação e impulsionar o sucesso no país. Na Unbabel, estamos empenhados em consolidar a nossa posição como líderes no setor de tecnologia de tradução e inteligência artificial (IA) e queremos continuar a contribuir para o ecossistema tecnológico em Portugal. Como tal, pretendemos não só manter, mas também fortalecer as nossas parcerias estratégicas, sendo a estabilidade essencial para garantir que continuamos a entregar serviços de excelência aos nossos clientes.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Em primeiro lugar, a educação, que é o nosso futuro. É um pilar fundamental para garantir o desenvolvimento do país e investir no sistema educacional não apenas aumenta o potencial das pessoas, como também impulsiona a inovação e a competitividade a longo prazo. Em segundo lugar, deve haver prioridade em assegurar que Portugal está a utilizar plenamente as subvenções europeias do PRR. É necessário aplicar estes recursos de maneira inteligente, monitorizando o seu impacto nos setores prioritários — o que não só impulsionará o desenvolvimento sustentável, mas também criará oportunidades significativas para o crescimento tecnológico e económico. Por último, espero que o próximo governo aproveite esta oportunidade para melhorar o serviço público, tirando partido da tecnologia, da IA e do ChatGPT – inovações que podem otimizar os serviços prestados, tornando-os mais eficientes, acessíveis e de alta qualidade.
João Baptista Leite, presidente da UNICRE
O que deseja para o ano de 2024?
Tenho esperança de que o novo ano possa trazer um ambiente político mais estável, que prima pela existência de uma governança eficaz, transparente, mas também maior responsabilidade dos líderes para com as reais necessidades do país e dos portugueses.
Entre essas necessidades, impera o compromisso que terá de existir para com o crescimento económico sustentável de Portugal. Teremos de garantir que ser a “cauda da Europa” é apenas uma questão geográfica e não um reflexo do potencial do nosso país. Para tal, a aposta no crescimento terá de beneficiar todos os setores da sociedade, num real esforço para diminuir as disparidades económicas e sociais que persistem, de forma a garantirmos que, por um lado, todos tenham acesso a recursos essenciais como saúde, educação e habitação, e, por outro, que os negócios – sobretudo os pequenos e médios negócios – tenham as condições favoráveis ao seu crescimento, como por exemplo um maior incentivo à inovação e introdução de novas soluções de pagamento que respondam as tendências do mercado e tornem os negócios mais competitivos – medida alinhada com a recente Estratégia Nacional para os Pagamentos de Retalho.
Indiscutivelmente, a prioridade terá de passar pela aposta no crescimento. Se por um lado o contexto inflacionista veio impactar o desenvolvimento da nossa economia (e até expor algumas fragilidades estruturais), em contraste tivemos (e estamos a ter) uma oportunidade para capacitar o nosso país, a nossa economia, as nossas infraestruturas e serviços, mas também as nossas empresas e trabalhadores através da maior tranche de fundos europeus que o nosso país já recebeu. É por isso fundamental ao próximo governo garantir a correta e transparente execução de fundos como o PRR.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Indiscutivelmente, a prioridade terá de passar pela aposta no crescimento. Se por um lado o contexto inflacionista veio impactar o desenvolvimento da nossa economia (e até expor algumas fragilidades estruturais), em contraste tivemos (e estamos a ter) uma oportunidade para capacitar o nosso país, a nossa economia, as nossas infraestruturas e serviços, mas também as nossas empresas e trabalhadores através da maior tranche de fundos europeus que o nosso país já recebeu. É por isso fundamental ao próximo governo garantir a correta e transparente execução de fundos como o PRR.
A par disto, o nosso crescimento deve também ser assegurado pela evolução dos sistemas já há muito obsoletos, e por isso aponto como uma segunda prioridade para o novo governo a necessidade de uma reforma da Justiça portuguesa. Teremos de ser capazes de não só de aumentar a capacidade de resposta do sistema judicial (sobretudo nas áreas não metropolitanas), como também implementar mecanismos que tornem a justiça mais eficiente e mais rápida.
No fundo, a missão do próximo governo será garantir que Portugal seja um país capaz de gerar confiança nos cidadãos, e ao mesmo tempo reter pessoas cada vez mais qualificadas e negócios cada vez mais competitivos.
Ana Paula Dinis, diretora executiva da ATP (indústria têxtil e vestuário)
O que deseja para o ano de 2024?
Desejo que em 2024 a Indústria Têxtil e Vestuário portuguesa retome a sua rota de crescimento, interrompida em 2023, e que seja mais valorizado e reconhecido o esforço que este sector tem feito para se tornar mais sustentável, circular, digital, inovador, tecnológico, eficiente, moderno e competitivo, com um contributo bastante generoso para a economia nacional e muitas vezes olhado com desdém por alguns franjas da nossa sociedade.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
O próximo Governo deve ter como uma das principais prioridades retirar Portugal da cauda da Europa, por isso, serão urgentes medidas de estímulo à competitividade e crescimento da economia, repensar a política fiscal e laboral (entre os fatores mais limitativos ao crescimento), e focar-se na modernização e sobretudo eficiências da Administração Pública (empresas e trabalhadores pagam demasiados impostos para o nível de serviço entregue).
Pedro Carreira, CEO da Continental Mabor
O que deseja para o ano de 2024?
Seria insano não começar pela paz na Europa, que a guerra acabasse, que a invasão da Ucrânia pela Rússia tivesse o seu termo. Esta guerra trouxe um clima de incertezas e claro, parou um conjunto enorme de desenvolvimentos económicos. E novamente todos os países estão a tentar perceber a situação em Taiwan, na Coreia do Norte, na China e agora recentemente em Israel/faixa de Gaza, mas no imediato, se a Rússia ganha ou não esta guerra. Depois temos ainda a tensão causada pelos Estados Unidos ao travar algum do seu apoio à Ucrânia. Com tudo isto desejo para 2024 um regresso à paz em todo o mundo e ao desenvolvimento económico que Portugal tanto precisa para continuar a prosperar.
Desejo a estabilidade governamental que permita a redução clara do IRC como motor para que as empresas possam continuar a investir. O Estado com os aumentos dos salários mínimos na forma como o tem feito e irá continuar a fazer, está ao mesmo tempo a fazer com que os salários médios subam e com eles arrecada mais impostos. As empresas continuam a ser oneradas pelos dois lados: pelos salários médios a crescerem puxados pela subida justa do salário mínimo acima das inflações e pelo Estado ao não aliviar impostos para que as empresas possam fazer face a todo um conjunto de situações que se tem vindo a agravar; isto resulta numa conjuntura preocupante que não será positiva para ninguém. Portugal infelizmente sofre os efeitos sempre tarde. Está a Europa a entrar em recessão? Estamos nós bem e a não perceber os sinais? Enfim precisamos de sair desta instabilidade e persistente crise e voltar a planear para o futuro a médio e longo prazo.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Que tome medidas de Estado, olhando o horizonte dos próximos 10 anos. Estamos há anos em discussões políticas de feitio e pouco de conteúdo, ficando as alterações importantes pela rama. Estamos a ser governados com medidas para curto prazo das quais não vislumbramos os próximos passos. Tínhamos um governo para quatro anos de maioria absoluta, com tudo e todas as condições para fazer crescer o País. Cai o governo e voltamos às discussões do daqui a pouco, do vai ter que ficar adiado lá mais para a frente. Os exemplos são tantos, tanto dinheiro gasto e num ápice fica de novo tudo em causa.
Uma empresa multinacional habituada a planear a 10 anos sente-se incomodada com a visão a curto prazo. A principal prioridade do próximo Governo deve ser a de devolver a capacidade financeira a todas as empresas com a redução dos impostos e libertar as verbas que possam ser investidas no desenvolvimento, na inovação e na sustentabilidade de modo a gerar mais valor acrescentado para o País. Cumprir também com os compromissos previamente assumidos. Como representante de uma empresa sediada no norte especificamente em Vila Nova de Famalicão, é também prioridade concluir a construção da nossa variante EN 14 que já tem mais de cinco governos diferentes e ainda não sabemos quando vai terminar, e não favorece apenas uma empresa, mas sim toda uma região exportadora e duas cidades sem alternativa rodoviária que pugnam pela mesma há mais de 30 anos.
Dar prioridade à execução do PRR e não desperdiçar tempo, nem a oportunidade única que este pacote nos pode trazer (a Portugal).
Nuno Terras Marques, CEO do Grupo Visabeira
O que deseja para o ano de 2024?
Para o ano de 2024 em termos estritamente nacionais, seria importante o país encontrar um quadro de estabilidade política que assegurasse o regular funcionamento das instituições. Em termos internacionais, mas com implicações locais, será determinante estabelecer-se uma solução pacífica para os conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia. Decorrerá da resolução daqueles conflitos, o alívio da pressão sobre os mercados e das elevadas taxas de juro praticadas, bem como o regresso ao controlo dos preços e a um regular fornecimento no mercado da energia.
A despeito da evolução do quadro político internacional, o Grupo Visabeira, tendo em conta o volume de contratos em carteira que excede os 4,8 mil milhões de euros, principalmente sustentados nos serviços de engenharia de redes de telecomunicações e energia na Europa e EUA, está otimista e considera que 2024 será um ano de crescimento das vendas superior a dois dígitos.
Para além da estabilidade governativa, será importante a execução oportuna do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Do ponto de vista dos fundos comunitários do Portugal 2030, as atuais regras determinam que uma grande empresa fica limitada a concursos de regime contratual com projetos a partir de 25 milhões de euros, o que manifestamente limita a participação de alguns projetos de grandes empresas.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
Para além da estabilidade governativa, será importante a execução oportuna do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Do ponto de vista dos fundos comunitários do Portugal 2030, as atuais regras determinam que uma grande empresa fica limitada a concursos de regime contratual com projetos a partir de 25 milhões de euros, o que manifestamente limita a participação de alguns projetos de grandes empresas. Desta forma, seria relevante que o próximo governo, procedesse a uma alteração na abertura dos concursos que permitisse às grandes empresas acederem ao regime geral.
António Portela, CEO da Bial
O que deseja para o ano de 2024?
O ano 2024 antecipa-se de ambiente igualmente exigente, com contextos económico e social desafiantes a nível global para pessoas e empresas. Gostaria muito que os conflitos existentes cessassem trazendo paz aos países hoje em conflito com enormes perdas humanas e grande sofrimento para milhões de pessoas. É desejável que a geopolítica internacional se mantenha focada na obtenção de acordos que pacifiquem estas nações.
Portugal, como pequena economia aberta, acaba sempre por ser bastante afetado por toda esta turbulência internacional. Necessitamos urgentemente que o novo ciclo político de 2024 seja de estabilidade governativa e de crescimento. Só com estabilidade será possível concretizar medidas que promovam a competitividade do tecido empresarial português num mercado global de extrema exigência. E que cada um de nós se lembre que o seu contributo é decisivo para termos um Portugal melhor amanha. Todos contamos!
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
Portugal não pode ser visto isoladamente do contexto europeu. Constatamos que a Europa está numa posição secundária em relação a outras geografias globais no que diz respeito à Investigação e Desenvolvimento. Apresenta um défice que importa superar para não se atrasar ainda mais face a outras potencias económicas. Este atraso deve-se, principalmente, a um distanciamento entre empresas e Academia, que é ainda mais evidente no nosso País. Temos a ambição de que o próximo governo crie condições para que exista maior cooperação entre empresas e ciência, usufruindo de forma mais eficaz do trabalho da Academia para a inovação do tecido empresarial.
Sabemos que o número de doutorados em Portugal tem aumentado significativamente, mas a maioria desses doutorados e investigadores está alocada à Academia, e por isso deslocados das empresas e da possibilidade de contribuírem para a criação de valor destas. A integração deste capital de conhecimento nas empresas possibilitará alavancar a atividade das empresas, sendo um contributo essencial para a competitividade e crescimento de Portugal.
Além da ambição de contexto académico e de maior ligação entre empresas e Academia, esperamos que o cenário de novo governo permita maior estabilidade e a implementação de medidas fundamentais para o crescimento do país.
Carlos Ribas, responsável da Bosch em Portugal
O que deseja para 2024?
Seria bom que 2024 nos presenteasse com um mundo mais pacífico, onde o ser humano se respeitasse e não escolhesse o caminho belicista em que todos perdem no final, sendo necessárias muitas gerações para sarar o sofrimento daqueles que perderam alguém próximo ou daqueles que ficam incapacitados para uma vida normal.
Que as guerras Ucrânia vs Rússia, Israel vs Faixa de Gaza, a instabilidade crescente provocada por fações radicais que se dizem guiadas pela religião, sejam ultrapassadas, que através do respeito e compreensão mútua todas as divergências sejam superadas.
Que a ambição e ganância desmedida pelo poder de alguns maus líderes, não hipoteque o futuro das gerações futuras e que a economia mundial não fique refém desses impactos negativos, que já sentimos todos os dias.
Seria bom que a tecnologia fosse guiada por princípios éticos para promover o bem-estar das pessoas e a sustentabilidade em todas as suas dimensões, assente em valores e princípios em que as causas sociais e o ambiente sejam sempre os vencedores.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
Na minha opinião, a principal prioridade do governo de Portugal para o próximo ano tem de ser escolher as pessoas mais capazes não só do ponto de vista técnico, mas também em valores morais e altruístas, que tenham a forte convicção de governar para servir e não para se servirem, que abordem as necessidades urgentes da população, promovendo um desenvolvimento económico sustentado baseado em conhecimento, criatividade, inovação e sempre assente em princípios éticos. Investindo mais na educação e saúde dos portugueses, que tenham a coragem de implementar as reformas necessárias para enfrentar os grandes desafios sociais como a habitação, saúde, trabalho digno, segurança, oferecer aos idosos condições para uma velhice de qualidade, infraestruturas, e recuperar áreas estratégicas que garantam a soberania nacional.
Luís Onofre, presidente da APICCAPS (indústria do calçado)
O que deseja para 2024?
Nesta fase conturbada que vivemos no plano internacional, os maiores desejos são naturalmente de paz e de prosperidade. Para um setor como o calçado que exporta mais de 90% da sua produção para os principais mercados internacionais, importa que se efetive uma plena recuperação económica, que favoreça o comércio externo.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
O principal desejo é de estabilidade. Só desse modo estarão asseguradas as condições para um normal funcionamento do país e das suas instituições. Depois julgo ser tempo de o Governo melhor perceber a dinâmica das empresas, nomeadamente exportadoras, reduzir o peso do Estado e a carga fiscal que incide sobre as empresas.
Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP (indústria da metalurgia e metalomecânica)
O que deseja para 2024?
Reconhecendo que há países que vivem tranquilamente sem governo e que as boas empresas devem trabalhar e gerar valor independentemente dos governos, um país com a dimensão e a cultura paternalista de Portugal precisa de ter governos estáveis que sejam capazes de promover as políticas públicas de que a economia necessita. Nesse sentido, desejo para 2024 a constituição de um governo estável em Portugal, que não intervenha excessivamente na economia e que seja capaz de criar condições para as empresas criarem riqueza que possa ser distribuída por todos.
A principal prioridade do governo deverá ser a descida dos impostos sobre o rendimento, no sentido de ajudar a aumentar os salários líquidos dos nossos trabalhadores através da redução do IRS e de promover o investimento com valor acrescentado por via da redução do IRC.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
A principal prioridade do governo deverá ser a descida dos impostos sobre o rendimento, no sentido de ajudar a aumentar os salários líquidos dos nossos trabalhadores através da redução do IRS e de promover o investimento com valor acrescentado por via da redução do IRC. Sublinho que ser prioridade não significa necessariamente ser uma bandeira. A reestruturação fiscal de que o país necessita para conseguir gerar mais riqueza deve ser feita num ambiente sereno e de algum consenso, sem dogmas, sem preconceitos e também sem grande alarido.
Manuel Oliveira, secretário-geral da Cefamol (indústria de moldes)
O que deseja para 2024?
Em termos globais, diria que o maior desejo para o ano de 2024 seria o final das guerras e conflitos que assolam a Europa e o Médio Oriente, que certamente trariam paz ao mundo e uma maior estabilidade económica e social. Tal seria fundamental e a base para um maior desenvolvimento e um novo ciclo de crescimento económico, nomeadamente na Europa que é o nosso principal mercado.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
Considero que a principal prioridade para o próximo Governo deveria ser a Economia, o seu crescimento e internacionalização como motor de desenvolvimento do país e elemento gerador de valor para podermos investir de forma sustentada em áreas como a Saúde, Educação ou Apoio Social.
Seria fundamental que se conseguisse um entendimento politico forte e alargado sobre questões estratégicas e que implicam diretamente com a competitividade nacional, como sejam a reforma e redução da carga fiscal que impera sobre empresas e famílias, a justiça, o apoio à manutenção e atração de talento e à criação de valor no País, a simplificação e modernização administrativa e instrumentos de politica pública que facilitem a geração de novos negócios e investimentos, apenas para citar alguns. As empresas e o seu crescimento sustentável serão o garante de uma sociedade mais forte e mais coesa.
José Couto, presidente da AFIA (indústria automóvel)
O que deseja para 2024?
Relativamente ao setor, àquilo que é o cluster automóvel e mais concretamente, aquilo que tem a ver com os componentes, o que nós desejamos é que as empresas continuem a ser competitivas, que aumentem a sua capacidade de produzir e, logo, que reforcem o seu posicionamento e que entrem em novos projetos. Isso, para nós é o mais importante, pois é isso que faz crescer as nossas exportações e manter o nível de atividade e o nível de emprego. No entanto, para atingir estes objetivos precisamos de investir no processo de transição digital e transição ambiental. Portanto, em 2024 gostaríamos também de ter um Governo estável que se preocupe com as empresas, que se preocupe com a capacidade de produção e com a competitividade do país e que assuma que é preciso competir com novos países. Países esses, que hoje têm uma agressividade e um conjunto de instrumentos para apoiar captar investimento.
Passar esta mensagem para o Governo português é, sem dúvida, uma das nossas prioridades. É muito importante que haja mais empenho na criação de infraestruturas para que as empresas tenham mais capacidade para competir e possam manter os clientes que têm, e conquistar novos.
Há também a necessidade de captar investimento estrangeiro, porque este tem um efeito catalisador relativamente à indústria nacional, uma vez que o investimento estrangeiro permite aumentar também o grau de competência instalado no país e, portanto, torná-lo numa montra capaz de oferecer soluções para os mercados internacionais. Por último, esperamos que 2024 permita iniciar processo de investimento nacional para diminuir as nossas distâncias relativamente ao mercado e aos centros de decisão.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
Penso que a prioridade devia ser, sem dúvida, a reforma fiscal, de forma a tornar o nosso país mais competitivo do ponto de vista fiscal e, consequentemente, diminuindo a distância das taxas e impostos quando comparamos com os nossos concorrentes e competidores. Isto é muito importante, porque estamos na frente no que se refere ao peso dos impostos. Porém, também é essencial criar uma política de captação ou, pelo menos, de diminuição da fuga de cérebros, de jovens para o exterior, porque são um ativo fundamental para a competitividade do país. É muito importante começarmos a fixar nosso país as pessoas com elevadas competências.
Consideramos na AFIA que há que nos preocuparmos nas reformas e nos investimentos que nos ponham numa plataforma de modernidade. Finalmente o Governo deve preocupar-se em pôr o país a crescer.
Inês Sequeira, diretora da Casa do Impacto da Santa Casa da Misericórdia
O que deseja para 2024?
Espero que 2024 nos traga um empenho maior de todos na direção da aceleração do cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, porque sem este novo paradigma económico e social, o mundo não estará preparado para enfrentar os desafios sociais, económicos e climáticos que temos pela frente.
Que conceitos como o impacto, sustentabilidade e propósito passem de tendências a regra. Que haja maior consistência por parte dos governos e organizações no prosseguimento destes objetivos.
No caso concreto de Portugal, temos de almejar alto, por isso espero que em 2024, na persecução do caminho acima referido, surjam mais fundos de investimento com foco em impacto e ESG, que as empresas façam uma evolução do modelo tradicional de responsabilidade social para a filantropia estratégica, que hajam cada vez mais apoio ao surgimento de empreendedores e startups de impacto e que as políticas públicas sejam no sentido da coerência com o que os governos apregoam, e haja a coragem de aprovar finalmente medidas como por exemplo: o enquadramento jurídico das empresas sociais, que os fundos públicos de apoios às empresas tenham em consideração os critérios ESG e que o Estado, finalmente, integre um modelo de compras públicas sustentáveis, que, felizmente, já iniciou o caminho no final deste ano com a inserção dos critérios ecológicos aplicáveis à celebração de contratos por parte das entidades da administração direta e indireta do Estado, no entanto, como sabemos os ODS não se restringem apenas às questões ambientais.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
As prioridades de um novo governo deverão ser, primeiro que tudo, concentrar-se em, devolver confiança às pessoas e mais concretamente reforçar a confiança das pessoas nas instituições. Reduzir as desigualdades sociais e acelerar o combate às alterações climáticas apostando mais em medidas que fomentem apoio a um modelo económico mais regenerativo.
Vivemos tempos perigosos, de grande desconfiança no sistema democrático e consequentemente nas instituições que o suportam. Perante esta realidade, temos assistido a uma crescente tendência de imobilização da máquina do Estado. Para reforçar a confiança dos cidadãos precisamos de um modelo de governance destas mesmas instituições que seja mais atual e melhor preparado para os desafios societais que enfrentamos enquanto humanidade. É necessário apostar, por um lado, em mais transparência, mas equilibrando-a com uma maior eficiência. Uma maior transparência não pode significar imobilidade, ou seja, temos de ter uma Administração Pública transparente mas mais eficiente, inovadora e sem medo de arriscar. Um novo governo deveria promover uma maior simplificação de processos e desburocratização, mas também uma cultura de empreendedorismo público dentro da máquina do Estado, pois precisamos urgentemente que isto aconteça para termos simultaneamente uma democracia e uma economia mais fortes.
A OCDE estima que os mais pobres demoram até cinco gerações para chegar à classe média em Portugal. Não é admissível que, em pleno século XXI, condenemos à nascença, pessoas à pobreza. Um novo governo deveria apostar em quebrar o paradigma de modelo social meramente assistencialista que existe em Portugal há séculos e criar medidas que apoiem uma verdadeira mudança sistémica. Apostar por um lado em modelos de financiamento e soluções inovadoras para a economia social, e um modelo educativo também mais inovador que tenha como objetivo capacitar os jovens para adquirirem as competências necessárias para empregabilidade no mercado de trabalho do futuro.
Apostar na educação, ainda mais no pós pandemia que manifestamente acentuou as desigualdades na educação, seja na formação dos mais jovens ou na requalificação dos adultos ao longo da vida, continua a ser condição necessária para a redução dos níveis de pobreza e para melhorar a mobilidade social.
Em tempos de inconstância e mudanças constantes, a agilidade em oposição ao imobilismo, é a chave para criar uma sociedade mais justa, promover a coesão social e impulsionar o crescimento económico.
Cristina Almeida, diretora da Maze Impact
O que deseja para 2024?
Estabilidade governativa e visão estratégica. Os últimos anos têm sido marcados por uma sucessão de episódios dantescos que comprometem a capacidade do país de construir uma visão para si próprio e seguir uma estratégia a longo prazo. Os desafios mais urgentes em Portugal neste momento são: habitação e crescimento económico. Nenhum destes desafios se resolve num país pobre, com salários baixos e uma economia sustentada em produtos e serviços de baixa complexidade.
A expectativa de crescimento para Portugal, segundo o Harvard’s Growth Lab no Center for International Development da Universidade de Harvard, é de 3.1% para a próxima década, com grande concentração em produtos e serviços de baixa complexidade em indústrias pouco modernizadas como a agricultura e têxtil, sem prejuízo do turismo e das TIC um pouco mais complexos mas insuficientes para melhorar a estimativa. Para fazê-lo, Portugal precisa de apostar na modernização, tecnologia e diversificação, para que indústrias atuais possam produzir produtos de valor acrescentado e maior complexidade em áreas que já domina. Segundo o estudo, os setores que oferecem maior oportunidade são equipamentos industriais e elétricos.
Qual deve ser prioridade do novo governo?
O próximo governo deve ter duas grandes prioridades de horizontes temporais distintos. No curto prazo, deve melhorar o acesso à habitação podendo recorrer a diversos instrumentos como redução de impostos à nova construção, redução do IMI para jovens e investimento em modelos inovadores de social housing que promovem colaboração entre financiamento público e privado, garantindo coesão social e territorial. No longo prazo, Portugal deve focar-se em acelerar o crescimento da economia investindo no desenvolvimento de produtos de maior complexidade. Há talento técnico e tecnológico em Portugal, mas as inovações não chegam ao mercado. Logo, é preciso melhorar a transferência de tecnologia entre o sistema de investigação / incubadoras e este. Portugal tem poucos doutorados a trabalhar em empresas, encontrando-se em 15.º lugar quando comparado com outros países Europeus (fonte, 2022). Isto significa que a inovação está a ficar dentro dos centros de investigação e das universidades.
O governo precisa de simplificar. Primeiro, simplificar a colaboração entre empreendedores, universidades e centros de investigação, empresas, e investidores seja pelo fortalecimento de parques tecnológicos, incubadoras e aceleradoras. Por outro, simplificar o próprio processo de transferência do ponto de vista legal, financeiro e técnico. Bons exemplos são o US University Startup Basic Outlicensing Template (US-BOLT) de 2003 e o mais recente Model Documents For Early-Stage Investments lançado este ano no Reino Unido. A Agência Nacional de Inovação (ANI) tem vindo a desempenhar um papel importante neste sentido e pode trazer ainda mais transparência ao mercado tornando públicos os dados e termos dos contratos de transferência de tecnologia para o mercado. No ano em que celebra 30 anos, é uma boa altura para acelerar a tendência e ultrapassar a expectativa de crescimento de 3.1%. Só assim conseguiremos atingir ganhos económicos tangíveis e a garantia de um Portugal mais saudável e sustentável para todos.
Jorge Portugal, diretor geral da COTEC
O que deseja para o ano 2024?
O próximo ano deverá ser um ano orientado para uma maior ambição no crescimento internacional do tecido empresarial exportador e no alargamento da sua competitividade, através de uma base crescente de empresas com capacidade tecnológica própria. No plano europeu, a co-presidência da COTEC na confederação CEA-PME será uma oportunidade para maior proximidade e contacto com as realidades das empresas de outras economias e acompanhamento das políticas europeias de apoio ao crescimento das PME inovadoras. Um novo impulso na aproximação entre empresas e universidades, explorando pontos de convergência na valorização do talento, harmonização entre teoria e prática capaz de gerar uma verdadeira cultura comum a empresários, gestores e académicos.
Qual deve ser a principal prioridade do próximo governo?
O próximo Governo deverá criar de condições de estabilidade para permitir a confiança das empresas no investimento orientado para o crescimento da produtividade e competitividade, a par de uma organização eficiente das políticas de incentivo à aceleração da transição digital e sustentável, sobretudo no universo PME. Neste sentido, o próximo Governo deve considerar como um grande objectivo nacional, o envolvimento e conjugação de esforços entre empresas e universidades para conseguirem levar para o mercado novos produtos e serviços inovadores e competitivos à escala global.
Pedro Ginjeira do Nascimento, secretário-geral da Associação Business Roundtable Portugal
O que deseja para 2024?
Desejamos que o nosso país tenha maior ambição de crescimento. Além da renovação que um novo ano transporta em si mesmo, em 2024 teremos um novo Governo. Com este, renasce a esperança de um novo rumo e de uma nova atitude de promoção e valorização do sucesso das pessoas e empresas. Precisamos de garantir condições de realização pessoal e profissional aos portugueses para que não tenham que deixar o seu país. Precisamos de incentivar o crescimento e escala das nossas empresas para sermos mais competitivos e concorrermos em igualdade de circunstâncias com os nossos parceiros e concorrentes europeus, e que isso se traduza em melhores salários e mais oportunidades de desenvolvimento e carreira para os portugueses. São as empresas que criam emprego e geram riqueza, e são as maiores que investem mais, inovam mais, pagam melhores salários. É, por isso, fundamental criar condições que permitam que as pequenas e médias empresas nacionais se tornem grandes e globais. Para isso, precisamos também de um Estado eficiente e promotor da igualdade de oportunidades para todos. Que o próximo ano seja O ano da inquietude e da mudança.
Precisamos de valorizar as pessoas que se esforçam, os empreendedores e as empresas, e incentivar a criação de riqueza. Só assim será possível garantir melhores condições de vida a todos os portugueses. É que com mais grandes empresas teríamos melhores salários e mais oportunidades de carreira. Uma das medidas seria igualar a taxa de IRC nominal com a taxa efetiva de 19% (segundo a AT). Esta medida permite combater os três pecados capitais do nosso sistema fiscal – penaliza o sucesso, é caro e complexo -, sem pôr em causa a receita fiscal.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
Precisamos de valorizar as pessoas que se esforçam, os empreendedores e as empresas, e incentivar a criação de riqueza. Só assim será possível garantir melhores condições de vida a todos os portugueses. É que com mais grandes empresas teríamos melhores salários e mais oportunidades de carreira. Uma das medidas seria igualar a taxa de IRC nominal com a taxa efetiva de 19% (segundo a AT). Esta medida permite combater os três pecados capitais do nosso sistema fiscal – penaliza o sucesso, é caro e complexo -, sem pôr em causa a receita fiscal. De que forma? Em primeiro lugar, deixaríamos de ter um imposto que, ao ser progressivo, desincentiva o sucesso e a escala. Em segundo, libertaríamos Portugal do imposto mais alto dos países europeus da OCDE, facto que penaliza a atração de investimento e a competitividade do nosso país. Por último, permitiria uma simplificação do sistema, levando à diminuição dos custos de compliance e à redução dos litígios e respetivos custos. Recorde-se que, nos dias de hoje, estão em litigância nos tribunais entre 5 a 7% do PIB nacional – montante que poderia estar a ser investido no país.
José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties
O que deseja para 2024?
A nível internacional, o fim dos conflitos, que para além da perda de vidas humanas e causa de enormes sacrifícios, é causador de instabilidades diversas.
A nível nacional, desejo um governo estável, com visão de mercado de curto, médio e longo prazo, claramente reformista e que compreenda que o crescimento económico depende essencialmente das empresas. Um governo que perceba que os subsídios sociais, não devem ser a norma mas a exceção.
No setor imobiliário, esperamos pela implementação bem-sucedida do Simplex do licenciamento e a revisão da fiscalidade aplicável à habitação.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
Ter uma visão clara e uma estratégia bem-definida com os respetivos meios para execução. Reforma do Estado, com forte enfoque na qualidade da gestão dos serviços que atualmente é, em geral, um desastre.
Fixar os mais jovens e qualificados em Portugal, incluindo aqueles que já saíram, nomeadamente e entre outros, através de pacotes de natureza fiscal.
PRR e Portugal 2030, com reforço dos apoios diretos às empresas, mais especificamente, ao investimento em equipamentos e tecnologia.
João Bugalho, CEO Arrow Global Portugal
O que deseja para 2024?
Seria excelente que os dois grandes conflitos armados em curso (Ucrânia e Israel) chegassem ao fim. Ainda que os problemas geo-políticos do nosso tempo vão muito para lá destes dois palcos, seria um alívio que estes processos parassem o quanto antes. No plano mais local, gostava que as eleições legislativas dessem lugar a um governo equilibrado e longe de agendas ideológicas e afastadas da realidade. Os últimos 20 anos de crescimento económico magro e agravamento das disparidades sociais tornam óbvio que tem de haver uma mudança material na condução dos nossos destinos.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
A prioridade do novo Governo deve ser o aumento significativo do parque habitacional, através do fomento à habitação a custos controlados e que seja acessível a uma franja social cada vez relevante do nosso tecido económico; encontrar soluções para acelerar os processos de licenciamento imobiliário; melhor serviço público ao utente através da redução do peso do estado na economia e subcontratação de privados para a prestação desses serviços.
José Theotónio, CEO Pestana Hotel Group
O que deseja para 2024?
Para 2024, desejo que possamos construir uma economia mais forte, que esteja verdadeiramente ao serviço das pessoas, promovendo uma sociedade mais equitativa e inclusiva. Que possamos retirar lições dos desafios já superados no passado, e que, diante destes tempos modernos, marcados por guerras, conflitos, custos de produção em ascensão e taxas de juro permanentemente altas, sejamos capazes de encontrar soluções que nos conduzam à paz e à estabilidade social.
Espero que o tecido empresarial português, um pilar fundamental na economia e no desenvolvimento do país, seja devidamente reconhecido e valorizado pela sua contribuição crucial neste processo. Que as empresas possam prosperar no próximo ano, contribuindo assim para o crescimento e melhoria da nossa economia e, consequentemente, da nossa sociedade, seja através da criação de emprego, atração de investimentos ou do desenvolvimento regional e local.
No que concerne ao setor do turismo, a minha aspiração é de que possamos continuar resilientes, a trilhar um caminho de inovação, de crescente aposta na sustentabilidade, sem nunca perder o nosso foco nas pessoas, investindo na sua formação, no seu desenvolvimento e valorização, como temos feito até aqui.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
A promoção da estabilidade é fundamental para a economia do país e para a vida das empresas. O país precisa dessa estabilidade para avançar em termos económicos e sociais e as empresas precisam dessa segurança para poderem planear e projetar o seu futuro.
Jorge Rebelo de Almeida, presidente da Vila Galé
O que deseja para 2024?
Estamos a terminar um ano de estagnação e lenta queda para o abismo. Para 2024, desejo que pelo menos algumas das coisas que podiam e deviam ter acontecido em 2023 venham a acontecer. Dificilmente se repetem condições tão favoráveis (maioria absoluta, PRR e até alguma disponibilidade para uma maioria política mais alargada).
Mesmo para um otimista como sempre fui, fica difícil acreditar que as reformas que o país desesperadamente precisa possam ser implementadas em 2024 (Reorganização administrativa do território, Administração Pública Central e Local, Justiça, SNS, Habitação que andou esquecida e para além do fogo de vista continua a estagnar, SEF, etc.)
Esperemos que a sociedade civil, com enfase nas empresas, possa envolver-se na missão de recuperar o país que tem um potencial grande para dar um salto de desenvolvimento.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
A prioridade para o próximo Governo é, antes de tudo, ter a capacidade de formar uma equipe com gente bem preparada, coeso, enxuto e com vontade de fazer coisas e ultrapassar as dificuldades, antecipando soluções para os problemas e, sobretudo, com coragem política para fazer as urgentes reformas de que o país carece e que tenha a habilidade de criar uma base de apoio sólida. Geringonça nunca mais!!!”
Pedro Coelho, CEO Square Asset Management
O que deseja para 2024?
Desejo que 2024 seja um ano em que as tensões geopolíticas diminuam, permitindo que a inflação prossiga a sua tendência de descida, levando à tão desejada queda das taxas de juro para que as famílias e as empresas tenham um esforço financeiro menor. Só desta forma poderemos evitar a recessão que se avizinha.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
A prioridade do governo deverá ser assegurar aquilo que se espera de quem governa um Estado, isto é, que se foque em fazer com que a justiça, a educação e a saúde funcionem, assumindo que as Finanças continuarão com as contas equilibradas.
Vasco Antunes Pereira, CEO do Grupo Lusíadas Saúde
O que deseja para 2024?
Na resposta a esta pergunta priorizo um desejo que pode e deve aplicar-se a todos nas esferas pessoal, familiar, profissional, corporativa, social, cultural e até governativa. Em 2024, desejo que sejamos, individual e coletivamente, mais inclusivos e espero que continuemos a diminuir a chamada pegada da (in)diferença.
A “Abertura” – Ser aberto às diferentes formas de ser, pensar e estar – é não só um desígnio pessoal, como também um Valor assumido na Lusíadas Saúde, essencial para a Missão e responsabilidade social do Grupo.
Felizmente, são cada vez mais as empresas que se preocupam com a diversidade e que estão empenhadas em assegurar o acesso de todos ao mercado de trabalho. Ainda que a empregabilidade inclusiva esteja longe de ser uma realidade ideal, a verdade é que as evoluções que se têm verificado são fruto do trabalho que as empresas, organizações sem fins lucrativos e o próprio Estado têm desenvolvido para assegurar a igualdade de oportunidades. Na Lusíadas Saúde, o projeto de empregabilidade inclusiva tem, desde 2021, cada vez mais “rostos” que nos orgulham e desafiam. Estamos convictos de que caminhamos na direção certa.
A nova Lei que veio determinar que empresas com mais de 100 colaboradores terão de passar a integrar pessoas com incapacidade igual ou superior a 60% foi também um passo importante a nível nacional. Todavia, é relevante que se continue a promover o conhecimento em tópicos como diversidade, inclusão, equidade, acessibilidade, entre outros, assegurando assim a plena integração de todos, independentemente das suas características.
Acredito que 2024 será um ano que irá reforçar, ainda mais, a tónica de que a inclusão é um propulsor da inovação e do crescimento das empresas, tornando-as mais resilientes. Só assim conseguiremos uma mudança verdadeiramente transformadora para a nossa sociedade.
Do um ponto de vista macro, nos últimos meses, os portugueses estão menos otimistas em relação à situação económica do País, a qual acresceram a conjuntura política inesperada e adversa e os “casos” que preenchem a agenda nacional. Numa perspetiva micro, e direcionando a resposta para o meu setor, o da saúde, o SNS, uma das maiores conquistas da democracia portuguesa a caminho do seu 45.º aniversário, está também sob os holofotes todos os dias, infelizmente pelos piores motivos.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
Na atual conjuntura, e sob pena de “a” principal prioridade governativa poder pecar por defeito, sugiro que o Executivo “Restabeleça a Confiança”.
Do um ponto de vista macro, nos últimos meses, os portugueses estão menos otimistas em relação à situação económica do País, a qual acresceram a conjuntura política inesperada e adversa e os “casos” que preenchem a agenda nacional.
Numa perspetiva micro, e direcionando a resposta para o meu setor, o da saúde, o SNS, uma das maiores conquistas da democracia portuguesa a caminho do seu 45.º aniversário, está também sob os holofotes todos os dias, infelizmente pelos piores motivos.
Assim, acredito que restabelecer a Confiança dos portugueses e recuperar o seu otimismo nestas frentes estará certamente no topo das preocupações do próximo Executivo, independentemente da sua cor política.
Lurdes Gramaxo, presidente da Investors Portugal e partner da Bynd Venture Capital
O que deseja para 2024?
O início de um novo ano é sempre uma oportunidade de renovar a esperança. Contudo, fruto do contexto complexo em que vivemos de instabilidade geopolítica internacional e de recomposição da relação de força entre países e regiões que influenciam tão negativamente o clima económico, temos de ser realistas e desejar que o Novo Ano decorra sem convulsões de maior, permitindo alguma estabilidade e previsibilidade tão necessárias ao bom funcionamento dos mercados financeiros, da economia e das empresas – e, consequentemente, das sociedades.
Para Portugal, espero que o resultado das eleições legislativas de março permitam formar um governo com uma base parlamentar coesa, com ambição e com uma estratégia clara de desenvolvimento sustentável para o nosso país, incentivando a iniciativa privada/empresas e o empreendedorismo tecnológico.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
“A” prioridade é difícil de identificar, mas espero que entre as principais prioridades esteja uma estratégia e políticas públicas bem definidas que contribuam para o desenvolvimento do empreendedorismo de base tecnológica e que reconheça o papel que este ecossistema representa para a modernização do tecido empresarial português pela sua capacidade de mobilização de investimento nacional e internacional e de atração e fixação de talento de que a economia portuguesa tanto precisa.
Miguel Santo Amaro, Cofundador e CEO da Coverflex
O que deseja para 2024?
Depois destes últimos dois anos, acho que estamos todos a precisar de, e merecer, um ano mais calmo. Por isso, espero que nos espere um 2024 com mais estabilidade social, mais empatia e menos violência.
A nível internacional gostava de ver acabar estas duas guerras – a da Ucrânia e a de Gaza. A nível nacional, sendo um ano de eleições há o potencial de ser um ano de grandes mudanças. Não sinto que seja o meu lugar opinar sobre em quem é que os portugueses deviam votar ou não, mas desejo que o próximo governo seja por um lado estável, por outro inovador.
A nível pessoal, espero que a Coverflex continue a crescer, claro: ajudando cada vez mais empresas em Portugal, Itália e Espanha a oferecer melhores condições aos seus colaboradores.
Qual deve ser prioridade do próximo Governo?
O novo governo tem de ter visão e coragem para repensar como é que se enfrentam os problemas chave da sociedade – nas áreas da saúde, da educação e da justiça. Se não começarmos por pensar nas reformas de uma forma séria e estruturada – ou pior ainda, se continuarmos a apostar nas mesmas medidas que, em grande parte, têm falhado até agora – como é que esperamos que se resolvam alguns dos maiores desafios da nossa geração?
Para além disso, sei que podemos apostar ainda mais nos nossos jovens, nos nossos pequenos e médios empresários, e no setor da tecnologia para deixarmos para trás a ideia de um país pobre e periférico. Ao contrário do que se ouve nos cafés, e se lê nas redes, eu sei que temos muito talento. Muita coragem. Vontade de fazer e de fazer bem. E por isso acredito mesmo que há aqui muito potencial para explorar.
Francisco Teixeira, CEO do GroupM
O que deseja para 2024?
Espero que 2024 seja um ano de viragem e que as políticas públicas ajudem finalmente a melhorar o estado do Estado, em áreas cruciais para o nosso futuro como a educação, a inovação e a saúde.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
Espero que o novo Governo saiba escolher e excluir muito bem, para que o País consiga alocar os nossos melhores e mais diferenciados recursos ao serviço do crescimento da economia.
Pedro Morais Leitão, CEO da Media Capital
O que deseja para 2024?
Pessoalmente, desejo que 2024 nos traga o fim da guerra na Ucrânia e em Israel, e mais um título de campeão nacional para o Benfica. Em nome da Media Capital, faço votos de que, em 2024, tenhamos energia e imaginação para provar o valor da televisão produzida em Portugal, ao público, aos investidores em publicidade, aos distribuidores de Televisão Paga, às plataformas digitais e aos reguladores nacionais.
Em nome da Media Capital, faço votos de que, em 2024, consigamos fazer-nos ouvir pela ERC, pela ANACOM e pelo Governo com respeito às graves implicações no setor da televisão da agonia da Televisão Digital Terrestre, que a ninguém aproveita e que, infelizmente, ninguém quer pôr fim.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
Pessoalmente, desejo que o novo Governo assegure apoio parlamentar estável para tomar e executar as decisões infraestruturais tão adiadas. Em nome da Media Capital, faço votos de que, em 2024, consigamos fazer-nos ouvir pela ERC, pela ANACOM e pelo Governo com respeito às graves implicações no setor da televisão da agonia da Televisão Digital Terrestre, que a ninguém aproveita e que, infelizmente, ninguém quer pôr fim.
António Cunha Vaz, presidente da H/Advisors CV&A
O que deseja para 2024?
Para 2024 o que mais se pode desejar é Paz. A injustiça que se abate sobre muitos povos inocentes, originada pelos diversos interesses políticos e económicos e que se expressa sob as formas de guerra ou terrorismo é inaceitável num mundo que se quer justo. Resolvida esta questão, o desenvolvimento sustentável estará no bom caminho.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
O novo governo deve cuidar do País assentando a sua ação em princípios de transparência e justiça social. Setores como a saúde, a segurança, a educação e cultura, o desenvolvimento económico, a justiça devem ser prioridades a nível nacional. A consolidação da liberdade passa por todos eles. No contexto internacional a contínua afirmação da CPLP como pilar da língua e cultura, bem como da União Europeia, são essenciais para a construção de um Portugal moderno, sem extremismos nem complexos ideológicos.
Luís Mergulhão, CEO do Omnicom Media Group Portugal
O que deseja para 2024?
Capacidade de construção de novas estabilidades políticas que permitam o país continuar a crescer, e consensos alargados no que diz respeito a políticas sobre a saúde, habitação e fiscais.
Qual deve ser a prioridade do próximo Governo?
Focus do Governo que saia das novas eleições no crescimento, na simplificação administrativa para empresas e cidadãos e na captação e retenção de jovens; preparação de medidas de política que permitam responder com agilidade a situações inesperadas derivadas de contextos internacionais adversos.
Luís Santana, CEO da Medialivre
O que deseja para o ano de 2024?
Além dos desejos comuns a todos, nomeadamente que os conflitos armados a que temos vindo assistir possam cessar e se encontrem caminhos de paz, gostaria que 2024 constituísse o princípio de uma fase de crescimento económico e de criação de riqueza. Era fundamental que a inflação pudesse ser debelada e que as taxas de juro pudessem entrar também elas no caminho de alguma normalização.
No setor dos media, o meu desejo é que o próximo ano possa trazer alguma luz sobre a regulação do mercado publicitário, nomeadamente em termos europeus, introduzindo um maior equilíbrio entre os media, e as plataformas de social media e streaming, que sem estarem sujeitas às mesmas condicionantes e regulação que os diversos players nacionais, beneficiam de um ambiente mais favorável na captação do investimento publicitário.
Os media nacionais estão a fazer o seu caminho, no sentido de provarem os seus fatores diferenciadores para veículo de mensagens publicitárias e de promoção das marcas junto dos consumidores. Mas é uma realidade que pouco vale se não houver uma regulamentação do mercado publicitário que permita aumentar a capacidade competitiva face aos grandes players internacionais.
Sendo o primeiro ano da Medialivre, gostaria que o grupo continuasse a sua afirmação pelo exercício de um jornalismo livre, independente, contribuindo para o aprofundamento de Portugal como um país genuinamente democrático, no ano em se celebram os 50 anos do 25 de abril.
Qual deve ser a principal prioridade do próximo Governo?
A prioridade do governo no que aos Media diz respeito deverá passar, em primeiro lugar, pelo reconhecimento do setor como fundamental para a promoção de uma sociedade democrática e plural. Tendo em conta o enquadramento em que os media atuam, seria também relevante que fossem tomadas medidas de forma a garantir a sustentabilidade da logística de distribuição.
A VASP, única empresa a operar na distribuição de publicações, vê cada vez mais a distribuição a nível nacional ameaçada, situação que a breve prazo impedirá que muitas regiões do país deixem de receber jornais e revistas. É urgente a adoção de medidas de fundo, muitas delas já apresentadas mas sem resposta das entidades competentes, para que todos os portugueses mantenham o acesso à informação a que têm direito.
Tomás Froes, CEO da Dentsu Creative
O que deseja para 2024?
Positivismo!! Gostava muito de ver Portugal e os Portugueses com dinâmica e espírito positivo no seu dia a dia, no trabalho, na família, na vida social, no desporto, na cultura… Porque uma dinâmica positiva conjunta, entre todos e como um todo, ajuda-nos a transformar e a ultrapassar as dificuldades que sabemos que existem, mas que podem e devem ser enfrentadas por todos. Acredito que se o “todo” for maior que as partes, ganharemos todos com esse contágio, sobretudo aqueles que mais precisam.
Qual deve ser a principal prioridade do próximo Governo?
Dinâmica!! Acho que o País precisa de uma dinâmica “positiva” que pode e deve começar pelo governo e por aqueles que o lideram. Os Portugueses já deram provas que são capazes de muito, e em muitas áreas, e o novo governo poderá ter um papel muito importante se for capaz de nos contagiar positivamente para fazer acontecer.
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Os desejos dos empresários e gestores portugueses para 2024
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