A chave para navegar na incerteza? Garantir agilidade para a mudança

  • Pedro Mêda
  • 26 Abril 2023

Se já era importante ter a agilidade para a mudança na agenda, a aceleração da adoção da IA torna-o imperativo. Vai impactar as nossas sociedades a todos os níveis. O momento para agir é agora.

Os estados, governos e organizações sempre enfrentaram disrupções que ameaçavam a sua prosperidade e, por vezes, sobrevivência. No entanto, como tem sido amplamente discutido, a frequência e velocidade destes fenómenos acelerou significativamente nas últimas décadas. Enquanto o telefone demorou 75 anos a alcançar 50 milhões de utilizadores, o ChatGPT levou dois meses para chegar a 100 milhões de utilizadores. A globalização e digitalização do mundo leva eventos tão distintos como a crise subprime e o Covid-19 a impactar as sociedades e economias em poucas semanas ou meses. No caso específico das organizações, a consequência é que a média de anos de existência de uma empresa S&P 500 em 1958 era de 61 anos, e as projeções para 2027 são de 12 anos.

Este contexto obriga as organizações a uma maior flexibilidade em todas as dimensões dos seus modelos de negócio e operativos, é por isso que é tão importante estudar e entender o que diferencia as organizações bem-sucedidas a médio e longo prazo. A conclusão é clara – organizações com comportamentos e rotinas consolidadas, que promovem um ajustamento contínuo a novos contextos de mercado, conseguem criar mais valor, e de forma mais sustentada, para os seus acionistas e demais stakeholders. Vários estudos apontam para um EBITDA duas vezes superior, assim como para a duplicação do Return on Invested Capital (ROIC) e um Total Return to Shareholders (TRS) três vezes melhor.

Quais são as rotinas que têm de ser desenvolvidos para garantir a agilidade para a mudança, e que permitem a adaptação a novos contextos de mercado? Pela experiência, diria que são essencialmente quatro:

  • Fomentar um clima de abertura e aprendizagem, onde todos se podem desenvolver com os sucessos e fracassos;
  • Estimular a inovação e a melhoria contínua de processos, desafiando sempre a forma tradicional de fazer as coisas;
  • Atuar com abertura e transparência, construindo um ambiente de confiança e respeito mútuo;
  • Promover uma cultura assente em valores claros e partilhados, incentivando as pessoas a assumirem-se como modelos a seguir.

As empresas com um elevado nível de proficiência nestas rotinas conseguem reajustar-se e enfrentar disrupções de forma proativa, dado que têm a flexibilidade para ajustar os seus modelos operativos.

Partindo da certeza de que a volatilidade que as organizações enfrentam não vai diminuir, existem três passos para preparar as empresas para navegarem na incerteza:

  1. Definir os comportamentos prioritários para fazer face aos desafios;
  2. Desenhar as iniciativas para promover a melhoria dos comportamentos priorizados;
  3. Desenhar um plano de transformação holístico, que permita alterar os comportamentos de forma sustentada.

O último ponto assume especial importância. A alteração de comportamentos é extremamente difícil. Tanto assim é que, em média, 70% das transformações falham. Nesse sentido, é crítico elaborar um plano focado nas principais alavancas de uma gestão para a mudança e acompanhar a implementação com foco e rigor.

Por último, se já era importante ter a agilidade para a mudança na agenda, a aceleração da adoção da inteligência artificial torna-o imperativo. Vai impactar as nossas sociedades a todos os níveis, e a velocidade da mudança será maior do que esperamos. O momento para agir é agora.

  • Pedro Mêda
  • Partner da Odgers Berndtson Portugal

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